01 - Nascido da Noite - Sherrilyn Kenyon

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SHERRILYN KENYON NASCIDO DA NOITE A LIGA 01 Disponibilização: Yuna, Gisa, Mare e Rosie Tradução: Gisa Revisão: Juli Lira Revisão Final: Danielle Formatação: Pudim

PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES

Nascido da Noite

A Liga 01

Sherrilyn Kenyon

Nascida do fogo Despertando de um sono induzido pelas drogas em uma fria cela, Kiara se encontrava como prisioneira dos desumanos saqueadores que ameaçam o reino planetário de seu pai. Um salvador aparece milagrosamente, mas por trás de sua temível máscara está o belo rosto de um escuro vingador cujo contato furtivo faz com que até sua alma arda.

Nascido do desejo Chamavam-lhe Némesis. Uma vez foi um assassino renegado, agora é um guerreiro que tem muitos inimigos, e jurou proteger inocentes dos desumanos mercenários ao longo e ao largo das diversas galáxias. Assediado por ambos os lados, sabe que é um perigo para a bela mulher que salvou de uma morte segura. Mas a adorável Kiara desperta um faminto desejo em seu endurecido coração, lhe incitando a uma luta que poderia lhe devolver a honra e curar as feridas de um império sitiado... ou arrancar a Kiara de seus braços para sempre... Nomeada a melhor novela de ficção científica de 1996

Nota da Revisora Danielle: O livro começa bem, achei um pouco confuso esse negócio deles viajarem entre planetas, mas penso que isso se deve ao fato eu ser uma física (fim da divagação............rsssssssssss) a ameaça contra a mocinha, o mocinho mal e assassino, mas depois fica um pouco confuso. Gostei da Kiara, mas achei nosso herói muito confuso (repetitivo sei.....)................tive momentos em que quis matá-lo e outros em que eu achei que ele merecia um super abraço.................rssssssssssss A surpresa foi a equipe dele que é bem interessante, dá uma animada no livro e nos faz esperar pelas continuações...................eu adorei o Hawk....................por que, leiam e descubram..........................rssssssssss

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Nascido da Noite HAVIA UM PREÇO POR SUA CABEÇA, E UM TEMOR EM SEU CORAÇÃO. . . Nykyrian a agarrou pelo braço. Estava muito tranqüila. —Tem que partir. —Não posso. —Pítala e seu povo farão o que seja para completar sua missão. Isso inclui o bombardeio deu teatro e de todos os que estão nele. Não lhes importa quantas vidas se percam contanto que consigam o que querem. Kiara se afastou e caminhou pelo vestíbulo. Seu dedo do pé se golpeou com algo sólido. Olhou para baixo. Os corpos de seus guardas estavam espalhados pelo chão. Seus gritos ecoaram através do vestíbulo. Nykyrian a abraçou e lhe embalou a cabeça contra seu peito. —Não olhe. — sussurrou, com o peito apertado em um nó doloroso de emoções reprimidas. Sustentou-a enquanto soluçava. Suas lágrimas quentes lhe molharam a camisa, o fazendo sentir calafrios. Um leve cheiro de flores flusuava de seu cabelo. Apertou seus braços ao redor dela, enquanto desejava o que nunca poderia ter, querendo coisas que nunca poderia lhe dar, como paz, segurança e um mundo melhor. —Tudo estará bem. — disse meigamente. —Não, não quero. — soluçou Kiara. Quase tinha morrido. . . . . . E SÓ UM HOMEM PODIA SALVÁ-LA!

Prólogo —Como se atreve! —O Comandante Tiarun Biardi olhava carrancudo ao Embaixador, contendo a irritação sob seu rígido controle. Por todos esses anos tinha governado o Império de Gouran e tinha ocupado o posto de Presidente do Consulado de Gourish, e nunca havia se sentido tão frágil e necessitado como agora enquanto enfrentava ao Embaixador de Probekein. Nunca tinha se rendido diante das ameaças e não tinha nenhuma intenção de começar o que somente poderia ser um hábito destrutivo. Tiarun permanecia de pé, dirigindo impropérios à fonte de sua agitação. —Pode dizer ao seu imperador que nos negamos a permitir o acesso a Miremba IV! Serenamente, muito devagar, o embaixador se prostrou aos seus pés, a seda de suas túnicas sussurrou pelo volume de suas formas. —Obteremos os direitos desse forte, ou cada membro deu Concílio sentirá a mordida da justiça de Probekein. —Olhou fixamente aos oito conselheiros que estavam sentados na mesa redonda diante dele. Graças à luz projetada pelos lustres do teto, Tiarun viu como a cor murchava nas faces de seus companheiros. Seu coração pulsou de terror. Todos conheciam a ferocidade dos Probekeins, uma raça belicosa, que viviam ás custas dos mais frágeis. Mesmo, o desenho sanguinolento das túnicas ostentosas do embaixador, recordavam a um planeta injustamente conquistado. Os dois homens estavam de pé, olhando-se fixamente dos extremos opostos da mesa, nenhum se via mais longe de uma piscada. Tiarun sentia o medo dos Conselheiros enquanto pensavam na ameaça. Seu próprio medo se incrustou em suas veias como uma enfermidade, tentando tirar sua força e sua vontade. Endurecendo sua espinha, Tiarun sabia que não podia permitir que ele e seu governo

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estivessem sujeitos aos desejos da raça do embaixador, sem lhe importar as conseqüências. Era seu dever e o de cada membro presente, assegurar a existência pacífica de todos os habitantes do mundo. Se cedessem agora, os Probekeins acreditariam que eram fracos e impotente. —Pode me matar, se o deseja. — disse Tiarun corajosamente— Preferiria morrer que lhe permitir construir a arma que deseja! O embaixador o olhou sorrindo com malícia e loucura. —Como soldado, demonstrou que sua vida, significa pouco comparado com o bemestar de seu povo. Mas… — fez uma pausa, assumindo seu verdadeiro papel melodramático de Probekein, medindo as reações de seu público antes de continuar— Diria o mesmo da vida de sua filha? Tiarun apertou a beira da mesa e seus nódulos ficaram brancos. Teve que pôr muito de sua parte para não saltar e estrangular ao embaixador. —Minha filha é uma artista reconhecida e está protegida pelo Código. Você não pode tocá-la! O embaixador se mofou. —Não? O que acontece que os outros membros deu Concílio? Seus rapazes não estão tão protegidos. Mas lastimo que nenhum seja seu, Comandante. Conheço muitos que não respeitam ao Código nem aos seus ditados. Nos permitirá extrair o mineral de surata ou todos seus filhos morrerão. Tiarun não soube que o assustou mais, se a fria voz do embaixador ou seu intemo olhar. Sabia que não encontraria misericórdia nas mãos de Probekein. —Você não pode nos ameaçar! —respondeu o Conselheiro Serela, enquanto limpava a transpiração de sua testa com um lenço. Uma onda de respeito correu através de Tiarun. Agradecia que o Concílio continuasse apoiando sua decisão. O embaixador examinou Serela com intemidade, logo olhou fixamente a Tiarun. —Você ainda se opõe a nossa proposta? —Agora, mais que nunca! —Então cuidem bem de seus filhos. O embaixador se virou com uma volta rápida de suas túnicas de seda. Seus guardas o seguiram, como dois espectros silênciosos ao lado de um senhor demoníaco. A porta se fechou de repente atrás deles. Tiarun deu um suspiro de alívio ante essa saída dramática. —Querido Deus, nos proteja. — sussurrou Serela na cadeira que estava ao seu lado, enquanto uma lágrima deslizava por sua pálida bochecha— Só tenho um filho. Tiarun lhe pôs uma mão no ombro para confortá-lo enquanto pensava em sua própria filha, Kiara. —Assumo que devemos postergar esta reunião. O melhor será que retornemos aos nossos lares para reforçar a segurança de nossos filhos até que os Probekeins encontrem outra fonte para conseguir o surata que necessitam. A Câmara de vereadores esteve claramente de acordo. A reunião terminou em um estado de pânico controlado. Tiarun respirava com dificuldade. Fechou o arquivo que estava frente a ele, enquanto olhava aos seus amigos apressando-se para sair da sala. Tinha que encontrar a sua filha e protegê-la. Era a única família que restava. Não podia permitir que Kiara morresse por sua culpa, como lhe tinha ocorrido a sua mãe. O medo estreitou sua garganta, e lhe fez difícil respirar. Seu país ou sua filha: Céu santo, que terríveis opções! Isso o avocêrdiu. Saiu da sala, determinado a manter segura a sua estimada filha sem importar o custo.

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Capítulo 1 Tinha sido seqüestrada! Kiara Biardi despertou com um grito alojado em sua garganta quando recordou os eventos ocorridos no escuro quarto do hotel. Alguém tinha entrado em seu quarto no meio da noite e a tinha narcotizado. Tremendo de medo, ainda podia sentir o frio, o áspero puxão movendo-se sobre sua pele, a picada do injetor e a forma como a droga rapidamente foi absorvida por sua corrente sangüínea. Nunca teve a oportunidade de ver quem era, e inclusive não pôde pedir ajuda. Agora sua cabeça doía terrivelmente enquanto se desgastavam os últimos remanescentes da droga. Um fedor acre encheu seus sentidos, estrangulando-a por sua acuidade. Kiara tentou não respirar profundamente e abriu os olhos para confrontar quem ou que coisa a mantinha prisioneira. Para seu alívio, estava sozinha, posta de barriga para baixo em um colchão podre. Com uma careta de asco, empurrou-se e quase cai quando uma onda de vertigem zumbiu através de sua cabeça. Reclinou-se na parede que estava ao seu lado, um áspero pedaço de algo oxidado estava na palma de sua mão. —Maravilha. —resmungou— Isto não tem sentido. Supõe-se que devo esperar pacientemente a que retornem? Inclusive quando dizia essas palavras, Kiara sabia que não queria —não poderia— fazer isso. Seu pai não tinha criado a uma filha tola e ela tinha aprendido muitos truques em todos esses anos, inclusive a habilidade de abrir uma fechadura. Um sorriso se desenhou em seus lábios quando se dirigiu para a porta com passos inseguros. Era certo que tinham passado muitos anos desde que tinha aberto as fechaduras de sua casa para sair furtivamente e encontrar-se com seus amigos depois do toque de silêncio. Mas Kiara estava segura de que podia recordar como se fazia. Tinha que fazê-lo. Kiara pôs sua mão em cima do pequeno teclado. A fechadura parecia ser do tipo que usavam no exército, não era muito diferente da de seu pai. De fato... Ela se deteve, quando sentiu o frio do medo. Uma fechadura militar. Um nó de terror queimou sua garganta, quando compreendeu que não tinha sido seqüestrada para obter dinheiro. Era uma prisioneira política! —Oh, Papai. —Sussurrou, perguntando-se em que problemas ele estaria envolvido. Este sempre tinha sido seu pior medo, ser tomada por um de seus inimigos. Kiara nunca tinha acreditado nas advertências de seu superprotetor pai. Agora, desejava ter razão. Deixa de pensar nisso, ordenou-se. Se sua conclusão era correta, então devia libertar-se e retornar para casa antes que seu pai arrisque seu governo para procurá-la. —Esta fechadura será muito fácil. — se assegurou com confiança. Fazendo estalar seus nódulos, ingressou um código. A fechadura apitou melodicamente quando a pressionou. Uma luz se acendeu em cima da tela, desdobrando o código introduzido. Não aconteceu nada. Kiara o tentou de novo. Depois de quase meia hora de tentá-lo, estava a ponto de render-se. —Vamos, Kiara. — disse em tom alto— Tudo o que tem é tempo. Não tem nada mais que fazer, exceto se sentar ao redor e sentir compaixão de si mesma! Com um suspiro, olhou o quarto e notou a quantidade imoderada de lixo que tinha espalhada no chão. Kiara enrugou seu nariz de asco. O compacto de paredes de aço estava coberto por grandes manchas de óxido e corrosão. Perguntou-se como essa embarcação tinha passado alguma vez a inspeção espacial. Certamente não era adequada nem para levar

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suficientes meias, muito menos a ocupantes humanos. Retornou à fechadura e começou a apertar mais botões. Quando a luz zumbiu de novo, ouviu passos que se aproximavam fora do corredor. Kiara mordeu o lábio sem saber o que fazer. Olhou ao seu redor em busca de uma arma. Mas somente viu montões de lixo podre. Suspirou. A única ajuda que o lixo lhe oferecia era a possibilidade de que seus seqüestradores desmaiassem pelo fedor. Apertando seus dentes com determinação, testou outro código. *** —Penso que devemos tirar um pouco de prazer disto. — disse um homem, com sua voz aproximando-se devagar de seu quarto. —Viu-a? Kiara tragou um nó súbito de medo em sua garganta e retrocedeu até a parede, seu coração pulsava fortemente enquanto sua mente estava desesperada por pensar em algo, qualquer coisa que fazer. —Não sei, Chenz. — respondeu outro homem— Acredito que devemos esperar até que consigamos escapar. Pensei muito na mensagem que recebemos onde se diz que Némesis está tentando nos apanhar. Deveríamos matá-la quando nos paguem e logo esquecer sua existência. Seu estômago se atou. Eles poderiam matá-la, mas pensava lhes arrancar um grande pedaço antes de morrer! A risada de Chenz ecoou no vestíbulo. O som amargo lhe enviou um calafrio a sua espinha dorsal. —Não devemos temer a Némesis. Quando nos pagarem, penso que deveríamos desfrutar disto. Os ferrolhos da porta zumbiram brandamente quando escorregaram para cima. Por favor, Deus. — rogou Kiara silenciosamente— quem dera me matem antes que me violentem. Dois dos seres mais sujos que tinha visto alguma vez entraram no quarto. Se antes pensava que o quarto fedia, esse cheiro não podia comparar-se com o fedor que traziam grudados em seus corpos. Kiara se perguntou se tinham se banhado alguma vez em suas vidas. Pareceu-lhe que eram humanos, mas nenhum honrava a sua raça. —Olhe. —Kiara reconheceu a voz de Chenz— A beleza está acordada. Ela fez uma careta de desprezo ante o gordo e imundo homem. —O que quer de mim? —perguntou, conhecendo a resposta, mas esperando ganhar um pouco de tempo até que pudesse pensar em uma forma de escapar. Seu sorriso luxurioso lhe respondeu. Kiara o olhou fixamente, perguntando-se como podia manter-se em pé com tanta feiúra, com os vergões de seu rosto demoraria muito tempo em barbear-se. Mas compreendeu ao ver a quantidade de barba que havia sobre suas avultadas bochechas, que não era um hábito que fizesse muito freqüentemente. O homem que estava ao seu lado era apenas uns centímetros mais alto. Seus traços angulares compridos e afiados recordavam a uma das bestas com as quais sua babá a assustava quando era menina. Seus olhos refletiam a frieza de suas almas, isso a gelou. Agarrou-se pela beira da cama, com os nódulos apertados. Kiara os avaliou e tentou de medir a distância e o tempo que levaria para passar entre eles para chegar até a porta. Era muito rápida, mas não o suficiente para atravessar suas toscas formas. Desejava ser um mago ou um soldado em lugar de uma bailarina ossuda. —Meu pai lhes dará qualquer quantia que peçam, se me devolverem ilesa.

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Chenz deu um passo para ela. —Não pensamos em te devolver absolutamente. Um pânico frio e demandante atravessou seu interior, obscurecendo sua vista temporariamente. E antes que pudesse mover-se, Chenz a agarrou pelo braço. Furiosamente, Kiara arranhou a sua rosto. Por Deus, arrancar-lhe-ia os olhos por isso! Ele jogou seu punho para trás e a golpeou fortemente no rosto. Kiara caiu de costas, estrelando-se contra a parede. Escorregou ao chão, aturdida. Nunca em sua vida a tinham batido e a dor que lhe pulsava na bochecha e o olho, era contrário a tudo o que havia sentido alguma vez. Só o som de sua camisa de dormir ao ser rasgada a devolveu ao presente e afastou a sua mente da dor. Com uma maldição nascida do desespero, Kiara golpeou com o punho a flácida barriga de Chenz. Ao soltá-la, dobrou-se pela dor. Deu um chute no outro homem no centro de seu peito. Sua camisa de dormir rasgou ainda mais quando deu um salto em cima de seus corpos. Não podia permitir que a violassem. Preferiria morrer tentando escapar que se submeter docilmente a seus luxuriosos desejos. Kiara ignorou a frente meio aberta de seu vestido e correu para a porta. Alguém lhe agarrou o pé e a golpeou contra o chão com tanta força que a deixou sem respiração. Oh Deus, tinha que escapar! Kiara arranhou o lixo quando tentavam aproximá-la para eles. —Pagará por isso, cadela! —estalou Chenz, enquanto envolvia seu cinto ao redor de sua garganta. Kiara abriu a boca para procurar ar, mas o cinto mordia a carne de seu pescoço, estrangulando-a. Desesperadamente, tentou afastar o couro de sua garganta. Deu chutes aos seus tornozelos e tentou gritar. Mas nem sequer um murmúrio saiu de seus lábios. Estava morta, sabia. —Mate-a, Chenz! —disse o homem mais alto, enquanto esfregava o peito onde ela o tinha golpeado. O cinto se apertou. A visão de Kiara escureceu. Arranhou o cinto. Sua língua estava torcida, muito grande para o tamanho sua boca. Mas quando pensou que Chenz acabaria com sua vida, o cinto se afrouxou. Kiara tentou de tomar ar para levá-lo aos seus pulmões ardentes e a sua garganta. Esfregou seu pescoço e sentiu as queimaduras deixadas pelo couro áspero. Chenz envolveu as mãos em seu comprido cabelo, castanho escuro e a atraiu para seu corpo. —Sua vida não significa nada para nós, lindura. A forma em que nos trate os próximos minutos, decidirá se a matamos rápido ou de uma maneira realmente dolorosa. Tentou de não aspirar o fedor de sua respiração que caiu contra sua bochecha. E antes que pudesse pensar em uma réplica mordaz, lábios molhados cheios de cicatrizes cobriram os seus. Kiara apertou sua boca. —Por que você... —afastou-se para golpeá-la outra vez. Uma sacudida da nave os fez dar cambalhotas. Um som de advertência perfurou o ar. Os pulsos afiados desse som acenderam as luzes. —Estamos sendo atacados! —gritou o homem alto antes de correr fora do quarto. Kiara estava deitada sobre o chão, entorpecida pela dor física e pelo medo. Chenz a agarrou pelo braço e deu puxões aos seus pés para empurrá-la contra a parede. Olhou-o fixamente aos olhos com valentia, perguntando-se se a mataria antes de sair. Estava assombrada por não ter derramado nenhuma lágrima. —Terminarei contigo, quando tudo isto acabe. —prometeu, enquanto seus dedos apertavam furiosamente seu rosto ao tentar lhe retorcer a boca com a mão. Dando-lhe um sorriso de desprezo luxurioso a soltou e correu para unir-se ao seu companheiro. A porta se fechou de repente, acensuando o efeito desagradável do quarto. Kiara

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escorregou muito devagar para o chão, com sua mente muito cansada para pensar em algo distinto ao destino que a esperava logo depois que a batalha chegasse ao seu fim. Estava a bordo de um tipo de avião junto a dois assassinos, sem saber em que setor ou galáxia se encontrava, e agora estavam sob o ataque de alguém que poderia ser mais cruel que seus asuais captores. Em um breve momento, pensou que podia ser seu pai tentando resgatá-la. Mas sabia muito bem. Seu pai ainda estava no consulado, pensando que certamente estava protegida nos quartos do hotel da companhia de balé. As lágrimas deslizaram por suas bochechas, quando compreendeu quão desesperada era sua sisuação. Morreria no espaço, violentada e torvocêrada. A única esperança que restava era que quem quer que os estivesse atacando os aniquilasse. —Por favor. — rogou com voz quebrada— Deixe-me morrer durante a luta! Sua garganta se apertou quando escutou os sons da batalha. As paredes velhas da nave rangeram horrivelmente. As explosões golpearam a nave e esta balançava debaixo de seus pés. Kiara olhou fixamente a fechadura, tentada de tentar abri-la de novo. Mas que bom poderia ser isso? Escutava as explosões que danificavam os circuitos elétricos do vestíbulo. Agora, toda a energia das portas tinha sido drenada e se transferiu às armas da nave e a seus escudos. As luzes se apagaram. Kiara estava na escuridão total, limpando as lágrimas das bochechas. —Seja valente. — sussurrou, sua voz se perdeu entre os sons que vinham de fora. Era a filha de um comandante, serenamente encontraria sua morte, com dignidade. Depois de uma eternidade de naufrágios e nervos atormentados, a nave estava imóvel. O cheiro de arames queimados e da fumaça se filtrou em seu quarto. Kiara tossiu pela fumaça até que sentiu a sua garganta arder. Ainda estava viva, embora somente pudesse supor, a razão ou o destino que lhe esperava. Ao ouvir o som de passos aproximando-se, ficou rígida, mas eles avançaram rapidamente além de seu quarto. A estreiteza de sua garganta se afrouxou um pouco. Parecia que tinha envelhecido quarenta anos antes de escutar a alguém mais fora da porta. Seu coração pulsou com força e abreviou o som chilreante de uma tocha que queimava através do aço. Kiara agarrou o suporte da cama com a mão esquerda e agarrou os restos de sua camisa de dormir com a direita. Sua cabeça estava tão cheia de pânico, que temeu que pudesse desmaiar. Um estalo forte soou antes que um pedaço grande da porta desabasse. Seu estômago se atou em um volume frio. A luz de uma tocha se refletia no quarto, e se deteve quando a iluminou. Apesar da dor que lhe causou ajustar seus olhos, tentou ver além da luz, a quem quer que a segurava, mas tudo o que viu foi uma sombra grande e negra. A sombra passou através do buraco e entrou no quarto. Kiara envolveu suas pernas debaixo, para poder levantar-se rapidamente se a sisuação o merecia. O suor escorregava perto de suas orelhas. Esticou-se, pronta para golpear com todas suas forças a qualquer um, antes que seu cansado corpo lhe passasse em revista. As luzes se acenderam e queimaram seus olhos. Kiara pestanejou várias vezes e viu como a sombra se converteu em um soldado vestido com um traje de batalha negro. Um capacete negro e denso cobria seu rosto lhe impedindo de ver que raça pertencia. Nenhuma insígnia ou bandeira marcava seu uniforme. Quem era? Olhou-o fixamente, duvidando se a ajudaria ou a machucaria ainda mais. Até que não soubesse a resposta, trataria de ser dócil, acalmando-o para que não lhe fizesse mal. E se

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tentase feri-la, dar-lhe-ia com o joelho onde mais lhe doesse. Mas ele não se aproximou. Para sua surpresa, ele apagou a tocha e a pôs no chão. Ela se preparou para correr. Sem prever seu intento de escapar, o homem desabotoou o capacete das fivelas que o asseguravam ao seu traje de batalha e o tirou. Kiara ficou assombrada pela beleza de seu rosto. Seu comprido cabelo castanho estava amarrado para trás com um rabo de cavalo e duas argolas pequenas prateadas balançavam no ar do lóbulo de sua orelha esquerda. Seus olhos escuros olharam seu corpo medindo seu estado de desordem. Quando Kiara olhou seu rosto, somente viu piedade e preocupação. —Sou Rachol. — disse brandamente no idioma universal, parecendo um pouco nervoso— Não vou ferir-te. Kiara acreditou nele. Soltou seu agarramento da cama e outra onda de lágrimas escorregou para suas bochechas. Estava a salvo! O soldado se aproximou dela prudentemente. —Pode me entender? Compreendeu que seu acento era Ritadarion, um planeta aliado ao seu. —Sim. — disse Kiara, enquanto tentava conter suas lágrimas. Ele tirou a jaqueta e brandamente a envolveu sobre ela. —Tudo está bem, a levaremos para casa. —Ele se endireitou e lhe ofereceu a mão. Kiara pôs sua mão diminuta e gelada dentro da sua que era grande e quente. Tentou ficar de pé, mas alcançou a dar somente um passo antes de desabar-se. Rapidamente, ele se ajoelhou ao seu lado. —Está bem? —sua voz era calorosa devido à preocupação. —Não entendo. —resmungou— Não posso caminhar! —Outra onda de pânico a atravessou. —Shh. —a aliviou Rachol— Só está emocionada, é o mínimo que poderia te passar depois de ter perto a esses dois. Não se preocupe, já passará. —Com a mão a agarrou pelas costelas e a mediu com o olhar— Não posso te carregar —disse depois de um minuto— Tenho uma ferida sarando em meu flanco e se a levanto poderia abrir-se. Elevou-lhe o queixo para que olhasse fixamente seus olhos marrons. —Confia em mim? Por alguma razão desconhecida ela o fazia. —Sim. Rachol assentiu e lhe sorriu. —Vou pedir a um amigo que a leve a nossa nave. Me prometa que não desmaiará quando chegar. Kiara franziu o cenho por suas palavras, perguntava-se por que era necessário lhe pedir que fizesse essa promessa. —Não estou acosvocêmada a desmaiar. Rachol a olhou cépticamente, e tirou um intercomunicador portátil de seu cinto. —Némesis, necessito de ajuda. Kiara empalideceu. —Némesis! —chiou, tentando afastar-se de Rachol. Por um momento acreditou que poderia desmaiar depois de tudo. Némesis era o mais feroz assassino vivente. Todos os governos, incluindo o seu, queriam-no morto. —Não te fará mal. — a aliviou Rachol. Kiara não o estava escutando. Recordava os muitos repórteres de notícias que espalhavam regularmente algo sobre os brutais assassinatos a sangue frio que Némesis realizava. Ninguém conhecia seu rosto, nem seu verdadeiro nome. As únicas pessoas que tinham visto seu rosto, não viveram o suficiente para informar às autoridades. Se dizia que tinha matado aos seus próprios pais quando era um garoto, somente para praticar. Uma sombra grande se projetou sobre eles.

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Kiara se engasgou e olhou a forma tosca vestida identicamente a Rachol. Pelo menos, Némesis ainda tinha posto seu capacete. Possivelmente viveria depois disso… possivelmente. Tremeu de medo. Ao vê-la desfalecer, Némesis ultrapassou a Rachol e se ajoelhou ante ela. Sua mão grande enluvada, estendeu-se para lhe tocar a bochecha ardente, onde Chenz a tinha golpeado. Kiara se encolheu, tentando pegar-se à parede que tinha por trás e afastou seu rosto. Némesis deixou cair sua mão antes de lhe tocar a bochecha. —Não pode caminhar. — lhe explicou Rachol. Némesis assentiu. Sem dizer nenhuma palavra, pô-la em seus braços e a elevou como se não pesasse nada mais que o intercomunicador que levava em sua cinvocêra. Kiara tremeu, desejando retornar para casa para não estar nos braços dessa criavocêra tão perigosa. Ao chegar à porta, Némesis se deteve para enfrentar a Rachol. —Mate-os. — disse com uma voz eletronicamente distorcida. Seu tom indiferente a aterrou. Que tipo de ser poderia ordenar a morte de alguém sem alterar-se? Não querendo estar perto de tal criavocêra, tentou escapar de seus braços. Ele a apertou tanto que esteve a ponto de lhe causar dor. Levou-a através do vestíbulo para a ponte que vinculava as duas naves. Rachol ficou no corredor, desaparecendo de sua vista, certamente para levar a cabo a brutal ordem de Némesis. Kiara quis voltar a chamar Rachol. A última coisa que queria era estar perto dele, mas sua boca estava tão seca, que não podia nem sequer sussurrar através de seus lábios inchados. Uma vez dentro de sua nave, Némesis a levou a um dos quartos auxiliares que se supunha que servia como enfermaria. As ferramentas médicas estavam dispostas cuidadosamente, havia frascos de remédio em um armário de vidro e uma cama grande. O aroma do anti-séptico picou seu nariz. Tudo era antigo e ordenado, um contraste bem-vindo ante a sujeira de seus seqüestradores. Kiara olhava a Némesis, assustada de que quisesse matá-la também. Mas parecia que estava ignorando-a, ao menos tanto como podia, dado o fato de que estava entre seus braços. A pôs brandamente sobre a cama, e se virou para tirar um lençol de uma gaveta que estava ao fundo de um armário. E com uma bondade que jamais lhe teria atribuído a um assassino tão cruel, envolveu-a nela. Kiara o repassou minuciosamente. A luz se projetava em seu capacete com um brilho aterrador. Parecia maior que um humano, muito mais alto e forte. Não tinha nem idéia a que espécie pertencia, mas pelo menos parecia ser um humanóide. Olhou o jogo de músculos bem definidos que se percebiam através de seu traje de batalha, enquanto ele pressionava um tabuleiro ao lado da porta e abria o armário. Quem era esse assassino? Não era primeira a fazer essa pergunta e como todos os outros, sabia que nunca saberia a resposta. Némesis deu a volta, sustentando um traje de batalha negro igual aos que ele e Rachol levavam. Kiara podia sentir seus olhos sobre ela, eram quase tão tangíveis como uma carícia. Quando pensou que estava a ponto de falar, a porta se abriu para revelar a Rachol. Sem saber o que tinha interrompido, Rachol tomou o traje de batalha das mãos de Némesis. —Encerrei-os com chave no quarto de munições. Se forem rápidos, poderão escapar sem dano algum. Kiara ainda percebia o olhar de Némesis. Uma sacudida aguda lhe disse que a nave estava afastando-se da de seus

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seqüestradores. —Vai levar me para casa? —perguntou. Um silêncio terrível lhe respondeu. Finalmente, Némesis falou: —Logo. E antes que pudesse pestanejar, ele tinha partido. *** Nykyrian fechou com chave a porta e se afastou. Sabia que as habilidades de médico de Rachol seriam suficientes para sossegar a bailarina. Uma imagem do corpo de Kiara perfilado por sua luxúria com a camisa de dormir rasgada o chamuscou. Ainda podia senti-la apertada contra seu peito. Obrigando a sua mente a pensar em outra coisa, tirou o capacete quente e pegajoso. Libertou de sua umidade ao seu cabelo loiro desatando o laço de seu pescoço. Com um suspiro cansado, tirou uns óculos escuros de seu bolso e se encaminhou para unir-se ao resto de sua tripulação na sala de comando que estava à frente da nave. Dancer Hauk e Darling Crewell brincavam entre si quando entrou. —Rachol disse que tínhamos uma convidada. — comentou Hauk secamente. —Espero que não saia desse quarto e te veja sem seu capacete! Ignorando-o, Nykyrian deixou cair seu capacete ao chão e se sentou na cadeira do piloto. Checou suas operações, sabendo que não tinha que fazer nenhuma correção. Hauk e Darling eram os melhores. —Chenz e Petiri escaparam? —perguntou Nykyrian. Darling agitou a cabeça. —Converter-se-ão na isca do asteróide. Nykyrian assentiu. A justiça tinha sido servida. Amanhã Rachol informaria ao seu chefe sobre a morte de Chenz. Isso não devolveria a vida ao filho do conselheiro, mas lhe asseguraria que Chenz não decapitaria a outra criança. Pondo fora de sua mente esses pensamentos, Nykyrian olhou fixamente à janela enquanto a escuridão rodava ao redor deles. No vértice carente de luz, uma imagem da Kiara dançando em seu último balé fluvocêou ante seus olhos. Amaldiçoou os sentimentos que surgiam de seu ser, quando pensava nela. Tinha a capacidade de revolver seus sentidos. Cada vez que a via dançar, tocava uma parte de sua alma, uma parte que preferia pensar que estava morta e condenada faz tempo. Se as coisas fossem diferentes. Se ele fosse diferente... Nykyrian suspirou. Sabia. A forma em que recusou seu toque e se retorceu em seus braços lhe disse o que conseguiria se tentase falar com ela. —Quem é a mulher? —perguntou Hauk finalmente, afastando a Nykyrian de seus pensamentos. —Kiara Biardi, a bailarina. Hauk deu um assobio baixo e apreciativo. —O que estava fazendo ela com essas marcas espaciais? Nykyrian deu de ombros. —O discutiremos quando chegarmos à base e nos reunirmos. Demoraram uma hora, a chegar a sua estação. Rachol saiu da parte de trás, e lhe informou que Kiara dormia sossegadamente. Nykyrian colocou o capacete antes de retornar para procurar a sua paciente. Depois do desembarque, Nykyrian tirou Kiara da nave. Levou-a ao piso superior do Centro de Comando e encarregou a Mira seu cuidado até que despertasse. Mira estremeceu de emoção, ao lhe ser atribuído o dever de cuidar de uma

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personalidade tão famosa. Sorrindo nervosamente a Némesis, correu ao seu quarto para procurar um roupão de dormir para Kiara. Agitando a cabeça pela pressa indevida de Mira ao fugir de sua presença, Nykyrian levou sua preciosa carga a um dos aposentos e a pôs cuidadosamente em uma cama grande. Cobriu-a com uma manta extra. Quando se afastou da cama, ouviu-a sussurrar em seu sonho. Extasiado por sua melódica voz, retrocedeu para lhe jogar um olhar final e a viu descansando agradavelmente. Estava de pé sobre ela, embriagado pela suavidade de seus traços, seu nariz atrevido, suas maçãs do rosto altas, suas sobrancelhas finamente arqueadas. Seu comprido cabelo castanho escuro que desabava em adoráveis caracóis sobre ela. Riscou a linha de sua bochecha, tentado a tirar a luva para sentir a suavidade que sabia que toda sua pele teria. Deu-se conta da presença de Mira quando retornou. Ao olhá-la, viu como levantava as sobrancelhas e lhe formulava pergunta com os olhos. Nykyrian quis poder beijar a Kiara. Quase o fez. Só o conhecimento do olhar fixo e curioso de Mira lhe impediu de tirar o capacete e render-se a sua ardente necessidade. Algumas coisas não eram suas para senti-las, ou experimentá-las. Com uma reverência breve para Mira, abandonou o quarto. Nykyrian se reuniu com seus amigos na parte debaixo da estação, ansioso de terminar seu negócio e devolver à bailarina antes que o distraísse de suas obrigações. Rapidamente, guiou seus três soldados às câmaras do concílio onde Jayne já estava sentada esperando-os. O quarto estava recarregado com uma centena de cartas de estrelas, mapas e terminais de computador. Os assobios e sussurros enchiam o ambiente quando a informação passava através das equipes. Tudo era asseado, ordenado e eficaz, como gostava que fosse sua vida. Nykyrian caminhou até a impressora mais próxima e tirou várias folhas de papel. Enquanto esperava que seus amigos tirassem os capacetes e tomassem assento, leu atentamente os pontos a seguir. Enquanto esvocêdava as linhas, uma irracional imagem de Kiara fluvocêou diante de seus olhos. Apertando seus dentes, obrigou a seus pensamentos a concentrar-se em seus assuntos. Olhou levianamente ao pequeno grupo, tomou assento e pôs a pilha de papéis ante ele. Virou-se para Rachol. —Temo que, Probekeins contentou a Chenz e a Petiri. Rachol assentiu. —Envie uma mensagem a Tiarun Biardi onde o informe que devolverei a sua filha. Quero que saiba que o OMG não tem nada a ver com seu rapto. — dito isto, estreitou os olhos— Odiaria que alguém atirasse em mim por fazer algo bom. Rachol assentiu de novo, e fez uma rápida nota em seu computador. —Recebi as notícias de um de nossos espiões de que o Consulado de Gouran caiu em pedaços ontem, quando Probekeins ameaçou assassinar aos filhos dos Conselheiros. Oito contratos foram redigidos para efesuar os assassinatos. Encontraram a seis crianças mortas, incluindo o filho do Conselheiro Serela que vimos ontem à noite. Certamente Chenz foi o causador do assassinato brutal do menino. Nykyrian recordou o rosto atormentado de Serela e a visão do pobre menino mutilado. Se Kiara não tivesse estado a bordo a nave de Chenz, teria rasgado essa marca a pedaços. —Além de Chenz quem mais há aceitado os contratos de Probekeins? —Não sei. — respondeu Rachol. Nykyrian esfregou a mandíbula. —Que fez que as negociações entre os Probekeins e os Gourans terminassem? Franziu o cenho, ante o gesto negativo de Rachol. —Supõe-se que deve me informar sobre todos os contratos de assassinato. Quero

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que averigues as razões das matanças assim como o nome do último contrato e quem o aceitou. Minha hipótese é que os assassinatos se devem à nova arma que os Probekeins estão construindo. Se não for assim, precisamos saber por quê! Nykyrian se sentou em sua cadeira. —Deve informar imediatamente a Biardi que sua filha está a salvo. Imagino que estará angustiado por seu desaparecimento. Rachol ficou de pé, disposto a obedecer a suas ordens. —Penso que devemos apontar para o Imperador Abenbi. — disse Hauk enquanto observava a partida de Rachol— É tempo de que demonstremos aos Probekeins que não podem continuar assustando a outros governos. Nykyrian agitou a cabeça. —Essa decisão não está em nossas mãos. Devemos cumprir com os contratos atrasados. Levamos muito tempo sem prestar atenção neles. Passarão várias semanas até que possamos assumir outra designação. A estas alvocêras, teria que ser uma emergência para que aceitássemos um novo contrato. Jayne suspirou de irritação. —Por que não ampliamos nosso número? —perguntou, enquanto brincava com seu cabelo comprido e negro— Certamente lá fora, há uma multidão de pessoas que podemos empregar, alguns poderiam ser utilizados para fazer as execuções físicas dos contratos. Nykyrian enrugou a testa. —Confiarias a eles suas costas? Nós cinco somos amigos, foi assim durante anos. Nossa lealdade entre nós não tem discussão. Estaria disposta a expor sua vida nas mãos de um estranho? —Não, se o preço for minha cabeça. — respondeu Jayne— Suponho que tem razão. Rachol retornou. —Biardi estará te esperando. — disse a Nykyrian— Também quer reunir-se comigo. É cômico como deixam de perseguir aos criminosos até que os precisam. — murmurou Rachol enquanto se sentava— Acredito que Biardi vai te pedir que aceite o contrato para proteger Kiara. O coração de Nykyrian pulsou com força. —Fixou a data da reunião? —É esta tarde. Hauk girou em sua cadeira, com um sorriso afetado que lhe retorcia os lábios. —Pensei que estávamos ocupados e não podíamos tomar algo novo. Nykyrian lhe disparou um venenoso olhar. Hauk lhe pediu perdão com suas mãos. Satisfeito de que não seguisse questionando-o, recolheu as folhas da mesa e as entregou a cada especialista apropriado. Hauk se queixou imediatamente de sua atribuição. —Por que sempre devo proteger a Darling e a Jayne? —murmurou. —Especialmente a Darling. Desejo que a ensine como romper os códigos de acesso. —É perigoso! —O que sou perigoso? A última vez em que fomos juntos, fez disparar dois alarmes. Como engenheiro de circuitos, está seriamente obsoleto. —Tenha cuidado humano. — advertiu Hauk, mostrando a Darling suas presas— Poderia estar faminto uma destas noites e decidir que não necessitamos mais de um Técnico de armas. Nykyrian agitou a cabeça acima de todo seu teatro, sabendo que eram bons amigos, mas que continuamente se atormentavam entre si, sobre suas diferenças raciais. Darling era de Caron, um sistema humano. Hauk era Andarion, um humano avançado, uma raça predadora que às vezes se alimentava da carne de um humano menor. Como híbrido das duas raças, Nykyrian se encontrava freqüentemente tentando deter suas escaramuças.

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Hauk tinha todas as características do Andarion tradicional, era um ser com um rosto excepcionalmente formoso, o Andarions valorizava a beleza física sobre tudo o mais. O cabelo comprido e negro de Hauk estava entrelaçado em uma trança de guerreiro que lhe chegava até a cinvocêra. Suas íris brancas pintadas de vermelho, olhavam risonhamente a Darling. Os longos dentes caninos lançavam brilhos enquanto Hauk sorria. Nykyrian agradecia que seus dentes fossem uma versão menor dos de Hauk. Mas ainda assim, eram o suficientemente compridos para marcá-lo como um mestiço bastardo, sobretudo quando se combinavam com seus olhos. —Jayne. — disse Nykyrian, olhando de frente à assassina— Se necessita de ajuda com teus golpes, relevarei-te. Assim Hauk terá mais tempo livre. Jayne lhe brindou um sorriso sedutor. Amava a emoção de caçar e matar aos corruptos. Nykyrian recordou uma época aonde tinha compartilhado seu mesmo envocêsiasmo, mas esses dias tinham sido há muito tempo. Agora, só queria ter paz e solidão. —Não é um número muito alto esta semana. — disse Jayne, enquanto examinava sua lista— Penso que temos uma oportunidade de matar a Abenbi — sorriu a Hauk. Nykyrian negou com a cabeça. —Cumpre com os assassinatos políticos que te foram atribuídos. Não quero receber nenhuma mensagem sobre o assassinato do Imperador de Probekein. Hauk curvou seu lábio e se inclinou diante de sua cadeira. —Merece morrer! Nykyrian se esticou ante sua direta confrontação. —Necessitamos de uma prova sólida antes de agir. Quando a tiver, permitirei alegremente a você e a Jayne matá-lo. — tentou de tranqüilizar-se, para não brigar com um dos poucos amigos verdadeiros que restavam. Já tinha suficientes inimigos para fazer isso. Hauk se reclinou em sua cadeira. Nykyrian olhou ao redor a cada um deles. —Não temos nenhuma missão num futuro próximo que requeira ao grupo inteiro. Só alguns coincidem, as anotem e fiquem de acordo. Nossa próxima reunião será dentro de oito dias, a hora está anotada em suas atribuições. Boa sorte. — disse Nykyrian finalmente, mas como um hábito que por necessidade. Os membros agarraram seus capacetes e partiram. Rachol permaneceu sentado com Nykyrian, esperando que a sala ficasse desocupada. Quando a porta se fechou, enfrentou a Nykyrian. —Não acredito que deva aceitar o contrato de Biardi. Não podemos nos dar ao luxo de ter mais obrigações. Nykyrian odiava a maneira em que Rachol podia antecipar-se aos seus pensamentos. Embora mantinha suas expressões e humores cuidadosamente resguardados, Rachol sempre possuía a misteriosa habilidade de ver por trás da fachada. —Realmente desejo que tenha em conta minha opinião. Não podemos nos encarregar de algo mais. Deverá se desculpar com seu pai e lhe dizer que chame a suas tropas Gourish para que a protejam. Nykyrian ficou de pé. Moveu-se para uma parede e pressionou uns botões para trocar a roupa. —Não somos babás. — determinou, enquanto tirava seu traje de batalha. Rachol deu as costas a Nykyrian e continuou falando. —Você gosta dela, verdade? —Não sou cego. — estalou Nykyrian— Acaso não te parece atraente também? Rachol sorriu. —Oh sim. Mas, também sei quantas vezes foi vê-la dançar. Enfrenta-o Kip, está obcecado com essa mulher e isso não tem discussão. —A desejo, nada mais. —Nykyrian substivocêiu a parede, recolheu suas botas do

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chão e se sentou em sua cadeira. —Nada mais? —perguntou Rachol, girando em sua cadeira para enfrentá-lo com uma sobrancelha arqueada. Nykyrian o olhou carrancudo, enquanto dava puxões a suas botas para colocá-las. —Esta discussão terminou. — recolheu seus óculos da mesa e os pôs para esconder o estranho verdor de seus olhos humanos. Com uma última careta para Rachol, abandonou o quarto. Nykyrian ignorou as palavras de Rachol. Era um soldado, não algum idiota doente de amor. Sabia muito bem que seus deveres e obrigações, não lhe permitiriam que nada o distraísse. Caminhando para Mira e seu encargo, alegrava-se de agir como Némesis. O nascimento de Némesis tinha sido necessário, já que não tinha necessidade de estar fugindo dos franco-atiradores que queriam acabar com sua vida. E com sua aparência híbrida, se as autoridades descobriam ao fim a identidade de Némesis, não levaria a seus inimigos, muito tempo, para encontrá-lo. Por agora, as pessoas assumiam que Nykyrian Quiakides era o favorito de Némesis; um papel que lhe agradava desempenhar. Com tal de que sua identidade se mantivesse oculta, podia manter uma existência quase normal. Recordou que sua identidade era uma das muitas razões pelas quais nunca poderia envolver-se com alguém mais. Se tinha aprendido algo na vida, era que, não podia confiar em ninguém. As pessoas eram suas amigas, até que mostrava seu lado oculto. Nykyrian se afogou com as emoções que o invadiram quando pensou em Kiara, já que reverteram o vazio de seu ser, lhe causando alívio.

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Capítulo 2 Uma vez mais, Kiara despertou em um ambiente pouco familiar. Recordou a Némesis e seu coração pulsou depressa, alojando-se dolorosamente em sua garganta. Onde estava? O que tinham feito com ela? Kiara inspecionou o quarto rapidamente com seus olhos, procurando alguma pista sobre seu destino. A luz tênue se refletia contra as paredes de aço pálidas, lhes dando uma estranha aparência sombria. Atraída por um movimento súbito em um canto, enfocou seus olhos sobre uma recheadinha mulher mais velha que a olhava, enquanto reclinava sua cadeira. —Está a salvo. — a mulher lhe sorriu docemente, seu rosto velho era como a de uma avó amável— Ninguém lhe fará mal aqui. Os olhos marrons da mulher brilhavam com honestidade e calor. Kiara confiou nela. Quando as luzes se clarearam examinou o quarto e notou a riqueza dos móveis. A cama em que estava sentava era de uma escura madeira esculpida, uma raridade que poucos podiam permitir ao luxo de ter. A branca tela flusuante pendurava sobre as colunas altas e protegia à cama do frio. Kiara se virou para olhar à mulher. —Onde estou? —perguntou. —O onde não é o importante. Será enviada logo para casa agora que despertou. —A mulher ficou de pé e pôs uma cara de fanática que Kiara reconheceu imediatamente— Sente fome ou sede? Ante a negativa da Kiara, a mulher se aproximou da porta. —Meu nome é Mira. Fique aqui e procurarei algo que possa usar. Kiara a olhava enquanto partia. Na solidão intrínseca do quarto, escutou um vento feroz lá fora que golpeava insistentemente. Seu olhar se enfocou nas janelas coloridas que estavam na parede mais longínqua. Uma árvore estranha foi golpeada fortemente pelo vento e isso fez que seus ramos se chocassem com a janela. Kiara se sentia desvalida ante as forças desconhecidas que não podia controlar. Suspirou e seus pensamentos retornaram para seu pai. Sem dúvida nenhuma estaria lançando frenéticas maldições zangadas aos seus pobres soldados, lhes ordenando que fossem investigar cada fragmento do espaço em sua procura. Sua garganta se apertou rezando para que estas pessoas pensasem devolvê-la a Gouran. A porta se abriu, e a surpresa a afastou de seus pensamentos. Não era Mira, era um homem quem entrava em seu quarto. Kiara se tampou até o queixo, vacilando ante o estranho, não estava suficientemente assustada, mas agradecia a pouca proteção que lhe brindava o lençol. Nykyrian se deteve. Acreditava que Kiara ainda estaria adormecida. Devia ter suposto. Seus olhos ambarinos sobressaltados o olharam perceptivamente. Com um pouco de humor, perguntou-se como reagiria, se anunciava-se, como o temido e desumano Némesis. Mas não havia necessidade, já conhecia sua reação. Seus olhos sairiam de suas órbitas pelo pânico, indubitavelmente gritaria de terror e rogaria por sua vida. Suspirou cansado. Seu olhar o esvocêdava e seu corpo reagiu imediatamente como se o tivesse acariciado com suas mãos. Era a única mulher que tinha desejado em muitos anos. Teve que se controlar para não se render ante o desejo torvocêrante de beijá-la e averiguar como se sentiriam seus braços magros envoltos em seu corpo enquanto se enterrava profundamente em seu calor.

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Também sentia outra necessidade que nem sequer podia nomear. O coração de Kiara pulsava apressado. O homem era alto, vestido totalmente de negro. Inclusive através do diáfano véu que os separava, as incrustações chapeadas de suas botas e seu cinto de armas brilhavam fracamente com a luz. Uma longa capa negra fina se arrastava até seus tornozelos, a parte esquerda da capa estava retirada revelando a presença de um blaster1. Os primeiros três botões de sua camisa de seda estavam abertos, revelando a promessa de um corpo moreno e musculoso. Uma cicatriz profunda corria da base de sua garganta até ao longo da clavícula e desaparecia sob a camisa. Tinha um forte desejo de investigar até onde chegava essa cicatriz. Embora a metade de seu rosto estava coberto por óculos escuros, podia-se dizer que o homem era extremamente atraente. Seu rosto moreno e bem barbeado refletia uma determinação resistente. Seu comprido cabelo loiro quase branco estava preso em suas costas. Por isso determinou que fosse um guerreiro de habilidades extraordinárias. Uma aura de poder e perigo, emanava de seu corpo embriagando-a. Quase podia sentir sua força. —Suponho que Mira saiu há procurar roupa. — disse com um acento que não pôde determinar e com um profundo timbre de voz que enviou calafrios através de seu corpo. —É Andarion? —perguntou-lhe ao notar seus dentes. Sentiu temor de sua resposta. Nykyrian abriu a boca e passou a língua em cima de seus dentes caninos afiados. —Não se preocupe, não como aos humanos. —respondeu. Kiara se aliviou. —É quem me levará para casa? —perguntou quando ele avançou e se apoiou contra uma alta coluna da cama. —Se o prefere encontrarei a um humano para que a leve. Ela o considerou por um momento. Possivelmente estaria mais segura se tivesse uma escolta humana. Kiara jogou um olhar sobre seu corpo, admirando sua pose casual. As firmes calças de couro davam ênfase a suas coxas musculosas. Seu sangue se acendeu. Nunca lhe tinha atraído um homem dessa maneira. Lambendo os lábios repentinamente secos, decidiu que podia tolerá-lo enquanto a levava de volta para casa. —Não, confio em você. —Kiara sorriu. —Isso não é muito inteligente de sua parte, não sou muito confiável. —avisou lhe enviando uma onda de apreensão e curiosidade. Seu intercâmbio se abreviou quando Mira retornou com um traje de batalha no ombro. —Oh! Nykyrian. — disse sobressaltada— Não sabia que estava aqui. Kiara notou o óbvio desconforto de Mira. —Esperarei lá fora. — disse enquanto se dirigia à porta. O cenho de Mira o seguiu. Assim que partiu, Kiara afastou o véu da cama a um lado e saiu da cama. Seus dedos dos pés se congelaram pelo contato com o piso frio. —Não gostou dele? —perguntou. Mira saltou como se tivesse tropeçado.

Blaster: principal arma de distância dos militares e civis na galáxia em que se passa o Universo Star Wars. Blasters possuem variedade de formas e tamanhos, e uma grande diferença de destruição e capacidades de distância. Podem ser: Pistola blaster - pequena arma, fácil de esconder, usada com apenas uma mão, e semi-automática; Fuzil blaster – uma das armas de ombro, variando entre médias e longas distâncias para carabinas e fuzis militares; e Blast/blaster cannon - volumosa arma de mão blaster de longo alcance, projéteis de alta potência ou múltiplos projéteis de uma vez só. 1

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—Não. —disse apressadamente— Não é isso. Simplesmente é... Ele é... um pouco peculiar, suponho. —Mira lhe deu o traje. Kiara admitiu que também a tinha desenquadrado um pouco. —Quem é ele? —É Nykyrian... —Mira fez uma pausa, suas sobrancelhas se juntaram— Me esqueci de seu sobrenome, rara vez o usa. Parece que o detesta. —Que estranho. —Assim é. —Mira se apoiou mais perto e lhe sussurrou— É um Assassino renegado da Liga. O coração de Kiara se deteve. —Pensei que a Liga não permitia que seus assassinos desertassem. Mira agitou a cabeça gravemente. —Não o fazem. Nykyrian é o único que pôde afastar-se mais de uma semana. Escutei que é algum tipo de herói condecorado. Kiara franziu o cenho. —Um herói? E por que desertou? Mira agitou a cabeça. —Ninguém sabe com segurança. É muito reservado e inclusive quase nunca fala. — Mira suspirou— A maioria das pessoas daqui tende a evitá-lo porque é um híbrido. O cenho de Kiara se aprofundou. —O que é um Híbrido? —É metade Andarion e metade humano. —Que estranho. —Hmmm. —resmungou Mira— Estou segura de que te protegerá. É o melhor combatente que tem o OMG. Kiara se aproveitou da fofoca de Mira quando a ajudava com a manga de seu traje de batalha. —Já não assassina às pessoas? —Não, que eu saiba. —Mira ofereceu a mão a Kiara— Deixemos as intrigas para outra ocasião. Foi um grande prazer conhecê-la, Senhorita Biardi. Desejo-lhe muito êxito em seu novo show. Sorrindo Kiara tomou a calorosa e aveludada mão de Mira e lhe deu uma curta, mas elegante sacudida. —Foi uma honra conhecê-la, Mira. Obrigada por sua bondade. Se alguma vez quiser ver meu show, simplesmente me chame e lhe permitirei entrar. —Obrigada. Quem dera pudesse fazer isso. —Os olhos de Mira estavam cheios de amizade quando abandonou o quarto. Rapidamente, Kiara trocou seu vestido pelo traje de batalha negro. Depois que terminou de fechar a parte dianteira do traje, abriu a porta e saiu ao corredor para procurar a sua escolta. Nykyrian se separou da parede. Kiara se ruborizou quando compreendeu quão desarrumada devia estar. Olhou como o traje que levava posto que, obviamente, tinha sido desenhado para um homem, arrastavase pelo piso e ficava como um saco. Só o céu sabia como se via seu rosto depois da maneira como Chenz tinha jogado Griball com ela. Seus empresários de dança, abandonariam-na, definitivamente, se alguma vez a vissem em tal estado. Quantas vezes lhe haviam dito que sua imagem era o mais importante e que por isso devia conservar-se. Bem, não podia evitá-lo. Recuperou sua vaidade perdida sacudindo a cabeça e olhou a sua escolta. —Está preparada? —perguntou, com sua voz ressonando em sua mente, fazendo-a arder com seu tom rico e refinado. Kiara lambeu seus lábios, se perguntando o que sentiria ao beijar a esse assassino

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perigoso. Tinha escutado muitas histórias sobre os valorosos soldados da Liga. Eram um grupo livre, treinados para matar alvos políticos e viviam zelosamente protegidos como os mais valiosos artigos da Liga. Kiara se perguntou que tipo de homem podia desafiar a uma Liga nefasta, que protegia e intimidava a todos os governos com seu poder militar. Inclusive seu pai que tinha mais coragem que muitos, negava-se a desobedecer a uma ordem da Liga. Por um momento, pensou que Nykyrian poderia responder a suas inconscientes pergunta em troca de um beijo. Mas o mais incrível aconteceu, ele partiu. Kiara franziu o cenho, confusa, com as bochechas ardentes por seu rechaço. Nykyrian se deteve uns poucos passos dela. —Não fique aí. —a repreendeu— Tem que ir para sua casa. Seu pai está muito angustiado. —Chamaste-o? —perguntou Kiara, surpreendida de que fora tão considerado. —O fez Rachol. — disse antes de continuar descendo pelo vestíbulo. Kiara se ofendeu por sua ativocêde para ela. Tinha que se esforçar para manter o ritmo de seus longos passos, que rapidamente a guiaram até o corredor de baixo para a baía de aterrissagem. Nykyrian a levou a um avião de combate negro, que estava no extremo esquerdo da baía. Passaram ao lado de várias pessoas, mas ninguém dirigiu nem uma saudação a Nykyrian. Kiara pensou nas palavras de Mira. Não era estranho que o homem fosse reservado. Abriu a comporta da cabine do piloto ao apertar um botão ao lado da nave, logo pôs suas mãos ao redor de sua cinvocêra e a pôs sobre a escada. O calor de suas mãos fortes atravessou o material de seu traje e a estremeceu. A ligeira pressão deu uma massagem a sua pele e lhe tirou a respiração. Pare, disse-se, não é o primeiro homem que a segura. Um pequeno sorriso curvou seus lábios. Não era o primeiro, mas definitivamente era o mais intrigante. Tratando de controlar suas emoções vocêmulvocêosas, Kiara subiu ao topo da nave e fez uma pausa confunsa. Olhou para baixo, onde Nykyrian permanecia de pé, ignorando-a. Encheu-se de incerteza quando viu a única cadeira que havia dentro do avião de combate. Era a nave correta? Onde se supunha que devia sentar-se, em seu colo? Um calor a atravessou por esse pensamento. —Sente-se em frente do assento. — a instruiu Nykyrian de baixo quando por fim notou sua vacilação. Fez o que lhe ordenou. Da posição em que estava sentada, Kiara viu alguém avançando com dois capacetes e um registro computadorizado. Nykyrian assinou o registro rapidamente, agarrou os dois capacetes e se uniu a ela. Tentando evitar o corpo caloroso que se apertava em suas costas, estudou os comandos da nave. O tabuleiro principal recordou a uma peça de museu. Não podia assegurar quantos anos tinha de ter sido construída. Nykyrian deve ter notado seu interesse, porque lhe disse brandamente: —É um avião de combate Bertraud Trebuchet. —Pensei que tinham deixado de construí-los há faz anos e que o último que restava se vendeu a Némesis. —Somos bons amigos. — disse num tom estranho, que teria sido maravilhoso se fossem amantes. Antes que pudesse lhe fazer outra pergunta, pôs-lhe um capacete sobre a cabeça. Kiara sentiu seus braços movendo-se por trás e compreendeu que se estava tirando os óculos. Curiosa, tentou dar a volta. —Não o faça! —estalou-lhe.

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Kiara ficou rígida. Sua agitação a derreteu quando seus braços fortes estiveram ao seu redor para acender os interruptores que estavam à frente. Com um rugido ensurdecedor, os artefatos se acenderam e logo se estabeleceu um zumbido suave. No murmúrio ensurdecedor que enchia suas orelhas, escutou a voz do controlador através do intercomunicador que estava em seu capacete. Reclinou-se para trás. O corpo de Nykyrian se sacudiu pelo contato inesperado. Um sorriso malicioso curvou os lábios de Kiara. Bem, realmente não lhe era tão indiferente como queria lhe fazer acreditar. Nykyrian se inflamou imediatamente ao sentir seu corpo apertado contra o seu. Deus, era um idiota! Por que não pensou em pedir emprestada a nave de combate de duplo assento a Jayne? Como podia viajar até o Gouran se seus hormônios se apropriavam de seu senso comum? Afastou seus pensamentos do corpo que estava brandamente amoldado contra o seu e prestou atenção ao controlador para efesuar o lançamento. A força de gravidade atraiu seu corpo com mais força, e aumentava seu desconforto. E sua excitação. Sua mão tremeu quando apertou o acelerador. Nykyrian esteve tentado de abortar o lançamento e de se aproveitar da mulher que tinha em seu colo. Para sua decepção só pôde servir-se de sua afamada determinação férrea. Em poucos minutos, estiveram em órbita. Kiara viu como o planeta cinza escuro se afastava de sua vista. E por alguma razão inexplicável, sentia-se segura nesses braços estranhos. O senso comum lhe dizia que era um assassino militar especializado e que devia ter muito medo dele, mas ao seu coração não importavam seus medos. Por alguma louca razão, pensou que jamais lhe faria mal. Movendo-se no assento, escutou sua respiração entrecortada. —Permaneça sentada. —ordenou, com um tom de voz áspero. Isso a chateou. —Espera que fique embutida diante de você? —perguntou-lhe. —Espero que fique sentada. Com uma careta, Kiara se apoiou de costas. Sua ira se derreteu quando sentiu seu coração golpeando seu ombro. Percebeu o calor de seu corpo, seu forte cheiro masculino de couro e almíscar. Desejava a esse homem mais do que tinha desejado alguma vez a alguém. Kiara suspirou, sabendo que ele ultrapassava a todas suas exigências. Nykyrian sentia Kiara relaxada contra ele. Sabia que devia desculpar-se por seu laconismo. Mas jamais pedia desculpas por nada. Além disso, era melhor não lhe agradar. Não havia nenhuma esperança de que acontecesse algo entre eles. Recordou que tinha escolhido sua vida cuidadosamente, mas jamais uma decisão lhe tinha pesado tanto em sua mente. Eles permaneceram calados o resto da longa jornada. Kiara ficou enlevada quando seu mundo esteve à vista. Escutou a profunda voz de Nykyrian falando totalmente no idioma nativo de Gourish, explicando seus assuntos ao controlador. A voz do controlador rugiu quando lhe deu suas coordenadas. Kiara pestanejou, incapaz de acreditar no que seus olhos viam, uma esquadrilha aérea rodeando-os. As naves não estavam lhe fazendo uma festa de boas-vinda, eram naves de combate militares, totalmente armadas e prontas para disparar. Os braços de Nykyrian ficaram rígidos pela expectativa. Seu coração pulsou com força. O que aconteceria se um dos soldados de seu pai entrava em pânico e lhes disparava sem nenhuma razão? Embora os pilotos fossem cuidadosamente treinados, os erros aconteciam e não queria estar incluída nos livros de estatística. —Detenham os aviões de combate! —estalou.

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—Kiara? —a voz aliviada de seu pai estalou através do fone de ouvido— Anjo está bem?

—Papai, por favor. —rogou antes que ocorresse um desastre— Só veio para me trazer para casa. Aborta a suas tropas. O silêncio lhe respondeu durante uns segundos. Finalmente, seu pai suspirou e ordenou aos soldados retornar à base. Os braços de Nykyrian relaxaram ao seu redor quando os aviões de combate se afastaram. Tomou vários minutos chegar à baía de aterrissagem principal. O enorme cristal e a estruvocêra de alvenaria deram a boas-vinda a Kiara. Nunca havia se sentido tão feliz de chegar em casa. A cidade capital ressonou de atividade enquanto aterrissavam. Nykyrian executou uma aterrissagem sem problemas dentro da baía. Depois de soltar o dossel, desabotoou a Kiara de seu assento. Ela tirou o capacete e se virou para enfrentá-lo. Levantou uma sobrancelha quando notou que ele não fez nenhum movimento para tirar seu equipamento. —Não ficará conosco um momento? Olhando a um lado do avião de combate, notou a grande quantidade de tropas de seu pai. Nykyrian negou com um gesto. —Parece que estão nervosos. — disse secamente. Kiara lhe entregou o capacete. —Nunca poderei agradecer o suficiente pelo que fez. —Foi um prazer. Vivo para transportar mulheres bonitas. Kiara pensou que estava brincando, mas sua voz nunca trocou. —É um mistério. —lhe sussurrou, extasiada— Por que não vem esta noite a minha apresentação de abervocêra? Te darei de presente um par de ingressos. Nykyrian suspirou. —Não, obrigado. Deveria se abster de realizar qualquer apresentação até que encontrem e liquidem às pessoas que tentam te matar. Kiara ignorou seu conselho. Agora estava em casa e tudo estaria bem. Impulsivamente, inclinou-se e lhe deu um beijo a um lado do capacete. —Obrigada, outra vez. —disse, logo deslizou da nave. Uma vez que seus pés tocaram a terra, correu para os braços estendidos de seu pai. Seu coração pulsava tranqüilo agora que estava a salvo e de volta ao seu lar. As olheiras de Tiarun se acensuaram e seu rosto tinha um cenho profundo e proibitivo enquanto riscava o contorno de sua bochecha torcida. Kiara o abraçou com força. —Já não me dói. — lhe assegurou. —O OMG me disse que tinham matado aos responsáveis. Kiara tremeu quando o recordou tudo. —Fizeram-no. Tiarun a apertou tanto que temeu que suas costelas se romperiam. —A partir de hoje levará guardas armados a seu lado. Não sei por que razão o OMG a devolveu ilesa. Mas graças a Deus que está bem. A salvo. Kiara sorriu nervosamente. Encontrou difícil de acreditar que tinha estado no Centro de operações do Legendário Némesis, tinha-o conhecido e inclusive nenhum de seus mercenários tinha atentado contra sua vida. Por isso mesmo, não contaria a seu pai o pouco que tinha visto. Devia-lhes isso e muito mais. Dando a volta, viu como Nykyrian fechava sua comporta. Não sabia nada dele, mas por alguma razão queria vê-lo de novo desesperadamente. Nykyrian se deu conta que Kiara o estava vendo. Olhando-a pela última vez, preparou-se para sair. Uma dor o atravessou quando lamentou a necessidade de passar toda sua vida sozinho. Apertou seus dentes e separou.

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Quando o planeta diminuto desapareceu de sua visão, o remorso o consumiu. Possivelmente algum dia seria livre para manter uma relação com alguém, mas o duvidava. Simplesmente uma só vez, gostaria de saber o que se sentia ao ser amado, que o abraçassem pelas noites quando estivesse confuso e ferido. Seus olhos se estreitaram. Se nem sequer suas famílias reais ou adotivas lhe tinham mostrado alguma vez bondade, por que o esperaria de alguém mais? Para que necessitava de amor e bondade? Essas coisas só voltavam um soldado débil e vulnerável. Deu-se de ombros para jogar fora esses pensamentos melancólicos, retornou ao controle de sua nave e se dirigiu para sua casa isolada. Não demorou muito tempo para chegar ao planeta alaranjado e amarelo. Atracou no hangar pequeno que estava ao lado da casa. Apertou um botão no painel de controle que fechou o portal atrás de sua nave, e esperou que o ar artificial substivocêísse ao mortal e navocêral, enquanto isso um pensamento sobre uma bailarina magra invadiu seus sonhos. Suspirou querendo as coisas que seu dinheiro e sua influência não podiam comprar. O amor de Kiara e sua aceitação. Quando a luz lhe anunciou que era seguro o ambiente, saiu de seu avião de combate. Assim que entrou na casa, seus quatro mascotes o assaltaram com saltos felizes e lambeduras que deurraram toda sua melancolia. Os lorinas eram criavocêras felinas que muitos acreditavam que nunca poderiam domesticar-se. Tinha levado a Nykyrian muito tempo torná-los dóceis, mas como a maioria dos seres, uma vez que aprenderam que podiam confiar que ele não os machucaria ou os descuidaria, tornaram-se amigos rapidamente. Era o único bálsamo que aliviava a solidão em que vivia. Esfregando a pele suave de suas cabeças, Nykyrian deixou cair seu capacete perto da porta. Agradecia que ainda estivesse escuro em seu planeta. Com um pouco de sorte, poderia dormir um pouco. As estrelas brilhavam através do teto transparente, enquanto a casa flusuava placidamente sobre o mundo gasoso que a sustentava. Era um lugar pacífico e consolador que sempre aliviava a temão de seus músculos e expulsava os problemas de sua mente. Tinha comprado o planeta muitos anos depois de decidir que, estava cansado de viver em andares apinhados de cidades ruidosas e cheias de criminosos. Ninguém, exceto Rachol conhecia a existência da casa. Não havia ali nenhuma bailarina para tentá-lo. Tinha a solidão que necessitava para viver em paz. Fatigado, Nykyrian subiu os degraus a sua esquerda. A cama grande e suave lhe deu a boa-vinda. Soltou o laço de sua trança, agitou seu cabelo solto e de um golpe caiu em cima do cobertor negro de pele. Rodou por volta de suas costas e permaneceu durante horas olhando o céu que girava sobre ele. Apesar da tranqüilidade dos céus, sua mente não estava em paz. Os lorinas o cobriram, lhe oferecendo toda a distração que podiam. Acariciando sua pele, pensou em cachos castanhos escuros, de uma magra bailarina que corria para os braços de seu pai. Tragou-se um nó em sua garganta, sentindo-se mais só que nunca. Quando o céu começou a clarear, viu uma nave subindo verticalmente sobre o teto. Não se moveu esperando que Rachol aterrissasse e entrasse. Os lorinas escutaram o som agudo dos equipamentos de Rachol e saltaram da cama, ansiosos por saudar seu outro amigo. Nykyrian grunhiu quando usaram seu estômago como almofadinha de lançamento. —Kip! —Gritou Rachol de baixo, bombardeado pelos lorinas— Quando vai prender a estes cães cruzados lá em cima? Passando a mão através de seu cabelo desatado, Nykyrian se sentou. Os lorinas subiram os degraus, seguidos por Rachol. Nykyrian empilhou os travesseiros ao longo da parede e se reclinou contra eles. —E bem? —perguntou a Rachol quando esteve ao pé de sua cama.

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—Disse a Biardi que estávamos ocupados. O fulano nos ofereceu, entretanto muito dinheiro. Quase estive tentado a tomá-lo e cuidar dela eu mesmo. A moça parecia defraudada de que nos negássemos. —deu-se de ombros. Nykyrian agitou a cabeça. Como sempre, o relatório de Rachol era breve, mas eficiente, curto e cômico. Ele deslizou uma perna para cima e pôs seu braço sobre o joelho. —O que querem os Probekeins? —Querem que Gourans lhes doe todos os direitos que têm sobre Miremba IV. Tinha razão sobre a arma. Parece que os Probekeins necessitam dos recursos desse forte para completar o explosivo. Nykyrian franziu o cenho. —Não sabia que havia surata em Miremba. —Sua mente repassou os químicos que se necessitavam para fabricar a arma, o surata era o único que os Probekeins não tinham em seus territórios. Rachol não disse nada. Deu a volta e se sustentou com os cotovelos, olhando fixamente os raios rosados e ambarinos do céu. —Realmente esta é uma grande vista. Deve tratar de olhá-la quando estiver realmente aborrecido. Nykyrian franziu o cenho. —E você deve tratar de vê-la quando estiver sóbrio. —Isso doeu. —Rachol sorriu— Estou sóbrio e devo dizer que não é tão interessante. —Olhou a Nykyrian— Não bebi em três dias. Estou-o fazendo bem. —Pode fazê-lo melhor. Rachol soprou. —Deixarei minha bebida no dia de seu casamento. Nykyrian ficou de pé e não parecia divertido. —Preciso comer. — comentou distraidamente, antes de ir aos degraus. —Espera. —chamou Rachol detendo-o— Pensei que queria saber disto. Pitala e Aksel Bredeh aceitaram o contrato pela vida de Kiara. Não sei qual dos dois vai fazer o golpe. Nykyrian se congelou. Pitala e Bredeh faziam que Némesis parecese um pirralho. —Quando descobriu isso? —Quando vinha para cá. Os pensamentos giraram na mente de Nykyrian. Não podia permitir que Kiara morresse. Mas querido Deus como podia protegê-la, estando todos os dias perto dela sem enlouquecer pelas necessidades de seu corpo? Uma imagem de Kiara jazendo morta o atormentou. Tinha passado a metade de sua vida assassinando e sabia muito bem como era a mentalidade de um assassino, sobretudo sabia o que Pitala ou Bredeh fariam a Kiara antes de acabar com sua vida. Parte do trabalho de um assassino era fazer a morte tão repugnante como fosse possível para intimidar aos parentes das vítimas e a seus aliados. Nykyrian era agora um vingador, não um assassino. Quando desertou da Liga, tinha jurado que protegeria às vítimas inocentes escolhidas pela Liga e outros assassinos. Não poderia permitir que morresse. Recordou o que Rachol lhe disse uma vez, há muito tempo, que desde que abandonou a Liga já não obedecia à lei. Não, agora era só retribuição e justiça. A retribuição normalmente chegava muito tarde e a justiça não permitia que Kiara morresse por algo que nem sequer lhe concernia. Nykyrian olhou fixamente a Rachol um pouco indeciso. Não era seu trabalho ou sua responsabilidade cuidar de Kiara. Tinha sido condenado ao inferno por ter pertencido à Liga. Estar sozinho com ela e não tocá-la, era inclusive uma torvocêra maior que todas as missões que lhe tinham obrigado a executar contra sua vontade. Recordou os suaves e confiados olhos de Kiara e sentiu seu corpo amoldado contra o

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seu. Nykyrian tomou uma decisão. —Chama Biardi.

Capítulo 3 Kiara estirou suas articulações temas. Esperou poder fazer uma apresentação decente essa noite, mas o duvidava. Tinham passado quatro noites desde a última vez que dormiu tranqüilamente. Cada vez que tentava descansar, sua mente se infestava com as imagens de alguém a atacando pelas costas com uma faca e esse alguém sempre se convertia em Nykyrian. Com um suspiro cansado, olhou fixamente seu traje, verificando que seu traje não tivesse nenhum defeito. O apertado body vermelho brilhante, agarrava-se a sua figura, fazendo com que se precavesse da quantidade de doces que tinha comido essa tarde. Bem, pelo menos suas manchas quase tinham desaparecido. Estava um pouco surpreendida de que os meios de comunicação não tivessem perguntado nada sobre seu rosto golpeado. Dando-se de ombros, atribuiu isso à pesada quantidade de ouro que continha seu vestido. Provavelmente nem sequer o tinham notado. Kiara enfrentou a si mesma e foi para seu camarim. A solidão a invadiu quando inspecionou o diminuto quarto vazio. Seu pai pensava que sua ausência a confortava. Todos pareciam pensar que preferia a solidão antes de cada asuação, mas a verdade era muito diferente. Necessitava de companhia, sobretudo, antes dos primeiros minutos de um balé. Simplesmente o tom de outra voz, a aliviaria, do nervosismo que a atormentava. Pensou em Nykyrian. A deixaria sozinha também? Kiara negou com a cabeça perguntando-se por que tinha esses pensamentos. Por que seus sonhos a atormentavam convertendo a ele em seu perseguidor enquanto que sua mente consciente o via como seu salvador? Não obteve nenhuma resposta. Nervosamente, deu outro passo a mais para sair do quarto. Quando esteve perto da porta, ouviu as vozes surdas dos guardas de seu pai. —Digo que não me alistei para desempenhar este tipo de missão. Demônios, quase desejo que alguém tente matá-la somente para nos libertar desta chateação! O outro guarda sorriu. —Penso que há uma melhor maneira de terminar com este problema. —O que quer dizer? —Imagine-se cumprindo o dever novocêrno em sua casa. Invejo a Yanas e a Briqs. —Se eu gostaria de mostrar meu porrete novocêrno a esse pequeno bolinho cheio! Espantada por suas brincadeiras, Kiara cruzou o quarto e mediu a bolsa que estava na mesa. Tirou seu pequeno blaster e se assegurou que estivesse carregado até o topo. Nesse momento não sabia em quem confiava menos, nos Prokebeins ou nos soldados de seu pai. Não ia seguir pondo em risco sua segurança. Depois que recarregou a arma, ouviu um estalo afiado fora da porta. Kiara se voltou para investigar que tinha produzido o ruído. Uma sombra alta a atravessou quando se aproximou da porta. Retirou-se nervosamente. Não poderia ser. Simplesmente estava imaginando que a sombra parecia como um homem gigante. Não quis dar a volta, mas o fez e então desejou não havê-lo feito. Se tinha pensado que seus últimos dois assassinos eram feios, eles não eram nada comparado com este. Uns frios olhos negros a olharam fixamente de um rosto humana cheio de cicatrizes. Um sorriso maníaco torcia seus lábios. O medo a paralisou. O suor correu por todo seu corpo quando esperava que o

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homem fizesse outra coisa que olhá-la como um lorina raivoso. Olhou sua bolsa que estava sobre a mesa onde o homem se apoiava. Poderia alcançar seu blaster? E como se o assassino pudesse ler seus pensamentos, olhou sua bolsa. E com um golpe de seu braço a atirou ao chão. Kiara deu um passo, então gelou quando seu blaster caiu a seus pés com um golpe pesado. O homem sorriu cruelmente e a recuperou com sua longa perna de um talho. —Socorro! —gritou, sabendo que os guardas viriam a resgatá-la. Estalando a língua, o assassinou negou com a cabeça. —Não poderão te escutar. Todos estão mortos. Os pensamentos abandonaram a mente de Kiara em uma esteira de terror. O homem se aproximou dela. Sua respiração se tornou trabalhosa e rápida. Kiara desejava sair do quarto, mas suas pernas não cooperavam com ela. Estava morta, sabia. De repente, sua mente e corpo começaram a trabalhar em uníssono. A porta! Tinha que sair e pedir ajuda. Jogou uma cadeira ao assassino e correu. Sua mão tocou a maçaneta gelada. Agarrou-a como se fossea sua linha da vida, mas antes que pudesse girá-la para abri-la, um golpe lhe deu totalmente nas costas, enviando-a longe. Aturdida, golpeou-se contra o chão. Desesperada, quis gritar de novo, mas seus pulmões eram incapazes de fazer algo distinto a inalar o frio e cortante ar que sacudia seu peito. Rodou pelo chão em um esforço para pôr mais distância entre eles. O terror se apropriou de seu corpo cegando sua visão. O assassino a agarrou pela garganta, levantou-a do chão e a empurrou através da mesa. Seus frascos de perfume e sua maquiagem se sacudiram, mordendo suas costas e rasgando sua carne enquanto o homem a apertava. Não pôde controlar as lágrimas quando olhou fixamente a rosto insensível do assassino. Kiara soube que nunca sairia viva desse quarto. O assassino pôs o blaster contra sua bochecha. Sua risada torcida invadia seus ouvidos, enquanto esperava o som explosivo que poria ponto final a sua vida. Fechou os olhos e rezou. A porta se arrebentou e caiu totalmente. —Solte-a, Pitala. Kiara congelou de alívio ao escutar seu acento profundo. Era ele! Abrindo os olhos, girou a cabeça para ver seu salvador alto e loiro. Nykyrian permanecia calmo na porta com os braços estendidos a cada lado do marco. —A matarei, híbrido. — respondeu Pitala com uma voz serpentina e alta. —Então o matarei. Solte-a e poderá sair vivo daqui. O sangue de Kiara abandonou seu rosto. Tremeu desejando que não fossem tão indiferentes com sua vida. Pitala a olhou indeciso. Seu blaster se separou de sua bochecha. Kiara respirou inseguramente oferecendo uma oração para agradecer. —Pensa que tenho medo de você, semi-peixe? —Pitala sorriu com desprezo negando-se a soltar sua garganta. Nykyrian se apoiou a um lado da porta. —É realmente patético. Honestamente pensa que vou ficar aqui parado esperando que seu companheiro me ataque pelas costas? —Nykyrian estalou os dedos. Um homem inconsciente foi empurrado através da porta. Pitala amaldiçoou. —Realmente odeio jogar o lixo. — disse Rachol ao unir-se com Nykyrian. Pitala a soltou. Kiara esfregou o hematoma da garganta e desceu da mesa. Logo viu

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em um reflexo como Pitala dirigiu sua arma a dupla que estava de pé na porta. Antes que pudesse apontá-los, dois blasters que vinham de nenhuma parte dirigiram suas atenções para seu coração. —Pensa-o. — disse Nykyrian malignamente, enquanto pulsava o botão de descarga de seu blaster para trás com seu dedo polegar. Pitala sorriu nervosamente e levantou suas mãos. —Realmente não ia atirar em você. Só queria ver se era tão bom como todos dizem. —Melhor. — disse Rachol tirando o blaster de Pitala da mão. Nykyrian guardou sua arma. —Se desculpe com Tara Biardi e poderá partir. Uns olhos negros zangados olharam fixamente Kiara lhes fazendo a promessa tácita de que retornaria. Uma onda de terror a consumiu. —Desculpe-me. —estalou. Um suor frio envolveu ao seu corpo quando Pitala se inclinou e deu palminhas ao seu companheiro acordado. Depois de uns segundos, a dupla de assassinos partiu. O alívio por sua saída foi rapidamente minguado. —O que estão fazendo vocês aqui? —perguntou, sem saber quais eram as intenções de Nykyrian e de Rachol. —Te salvando. — disse Nykyrian distraidamente, enquanto olhava para o corredor. Essas palavras só a acalmaram um pouco. Kiara não estava segura de que o perigo tivesse passado. O OMG não tinha aceitado o contrato para protegê-la. Possivelmente somente a tinham salvado de Pitala, para poder acabar livremente com sua vida. Rachol a olhou fixamente. —Ainda não está suficientemente aterrorizada, mas aposto que desmaiará antes que a leve para casa. Kiara abriu a boca para lhe recordar que ela não desmaiaria, mas ficou calada quando Nykyrian retornou ao quarto. —Acha que vieram da parte de trás? —perguntou Rachol. —Sim. Aposto contigo cinqüenta dorcas de que estão preparando uma emboscada perto de minha nave. Rachol sorriu. —Sem aposta. Já os conheço. Sei que são muito estúpidos, óbvios e previsíveis. Nykyrian assentiu. —Sabe o que fazer. Encontrarei-me contigo na hora e no lugar do encontro. Rachol inclinou sua cabeça e sorriu alegremente a Kiara. —Se enrole e lhe acenda. — disse ao Nykyrian quando saía pela porta. Nykyrian voltou sua atenção para Kiara. Quis confortá-la desesperadamente, mas teve medo do que poderia acontecer se a tocava. As lágrimas ainda brilhavam em suas bochechas e lhe removiam a maquiagem. Apertou a mão ao redor do cabo de seu blaster. Devia ter matado a Pitala pelo dano que lhe causou. Refreando suas emoções, Nykyrian recolheu a capa que estava na cavilha da porta. —Toma. — disse, lhe entregando a capa— Devemos partir. Kiara tragou o nó que tinha na garganta. Nesse momento era incapaz de entender suas palavras através da escuridão que nublava sua mente. —Pensa que devemos ir? —perguntou. —Sim. —Tenho que fazer uma apresentação. —Sua voz soava espectral inclusive para ela. Tinha que dançar. As pessoas tinham pagado muito dinheiro para serem prejudicadas. Seus empresários nunca lhe perdoariam que os fizesse passar ridículo em público. Nykyrian a agarrou pelo braço quando tentou afastar-se dele. Sua lucidez o preocupava. Será que tinha ficado traumatizada pelo ataque? Estava muito tranqüila.

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—Tem que ir embora do teatro. —Não posso. Sua voz fantasmagórica e vazia o assustou. Nykyrian queria sacudi-la. Seus olhos ambarinos luziam transparentes, desprovidos de qualquer emoção. Rachol tinha razão, estava em choque. —Escuta. —disse, tentando penetrar em sua mente emocionada— Pitala e sua gente farão tudo o que seja necessário para completar sua missão. Isso inclui o bombardeio deu edifício. Não lhes importam as vidas que pereçam com tal de conseguir seu objetivo. Devemos sair daqui. Kiara sorriu, enquanto compreendia suas palavras. Soltando-se de seu agarrão caminhou para o vestíbulo. Seu dedo do pé se chocou com algo sólido. Olhou para baixo. Seu invocêmescimento a consumiu em uma esteira de terror. Espalhados no chão estavam os corpos de seus guardas. Seus olhos se abriram e brilharam de temor, o sangue empapava seus uniformes. Seu grito ecoou através do vestíbulo. Fazendo uma careta de dor ante seu grito, Nykyrian a colheu entre seus braços e lhe embalou a cabeça contra seu peito. —Não olhe. —sussurrou, seu peito se apertava em um nó doloroso de emoções reprimidas. Sustentou-a silenciosamente enquanto chorava. Tinha deixado de aterrorizar-se faz muito tempo ao ver corpos sem vida. A única emoção que sentiu foi a irritação por suas mortes. Suas lágrimas quentes lhe molharam a camisa o fazendo sentir calafrios através de sua pele. O cheiro leve de flores flusuava de seu cabelo. Seus braços magros o apertaram de desespero. Pôs seus braços ao redor de seus ombros, desejando ter o que nunca teria, desejando poder dar as coisas que nunca daria a ela, coisas como a segurança e um mundo melhor. —Tudo ficará bem. —disse meigamente. —Não, não quero. — soluçou Kiara. Suas emoções se estrelaram em sua mente em ondas de pesar terminante e agonia. Ainda sentia o blaster de Pitala na bochecha e podia ver seus olhos negros ameaçando-a. Oh Deus, quase tinha morrido! Kiara chorou no ombro de Nykyrian, enquanto o abraçava. Necessitava da segurança que ele oferecia, sua proteção. Encontrava um estranho consolo em seus braços. O batimento de seu coração era firme e consolador sob sua bochecha. Um cheiro fraco de couro e almíscar saía de sua pele. Aferrando-se ao seu corpo, ela necessitava de seu calor. Nykyrian apertou os dentes por esse abraço. Nunca em sua vida o tinham aferrado dessa maneira. Sabia que só seu estado emocional a incitava a tocá-lo. Se alguma vez se inteirasse de quem e o que era, o odiaria como o faziam todos outros. Tragando o nó de dor que queimava sua garganta a afastou. —Devemos ir. Kiara tomou a capa de sua mão e se envolveu nela. Tentou de afastar seus olhos dos corpos. Por agora não tinha mais opção que confiar nesse estranho para poder escapar de Pitala. Nykyrian tinha salvado sua vida, obviamente sabia o que estava fazendo. —Há outra saída além da porta de trás? —perguntou Nykyrian. —Os hosteleros entram por outra porta. — sussurrou ela. —Onde está? —Por aqui. —Kiara o levou para o corredor, mais à frente do lobby de entrada. Ao entrar na cozinha. Kiara se sentiu coibida. Os hospedeiros se detiveram e os olharam fixamente com interesse perspicaz. Seu estômago se sacudiu ante o cheiro dos bolos. Por um momento pensou que estava doente.

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Sem deter-se, Nykyrian a levou a porta traseira e saíram à rua. Ele clamou por um veículo de transporte. Kiara entrou em automóvel, afastando-se o mais longe que pôde em seu assento. Queria sumir na escuridão e nunca se preocupar em ser caçada de novo. Nykyrian deu sua direção ao computador. Ela se aterrorizou. —Como sabe onde vivo? —Neste momento, todos os mercenários sabem. Os Probekeins estiveram listando seu nome e direção durante a última semana a todos os caçadores de forvocêna. Suas mãos tremeram. Todo este tempo enganou-se pensando que estava a salvo. Sua vida era de verdade tão insegura? Seu estômago se atou ainda mais quando pensou nos soldados mortos. Tinham morrido por sua culpa. Se não tivesse sido por ela, ainda estariam vivos. Os Probekeins a queriam morta e qualquer um que estivesse perto dela, poderia ser a próxima vítima. —Não te dá temor estar ao meu lado? —perguntou-lhe silenciosamente. —Temor? —perguntou ele, surpreso. —O próximo assassino poderia te matar por acidente. Nykyrian agitou a cabeça. —Asseguro-te que ninguém me mataria por acidente. O contrato por sua vida, não se compara com o que existe pela minha. Kiara assentiu, incapaz de falar pelo nó de lágrimas que se apertavam em sua garganta. Estava sentava, ao lado de um verdadeiro mercenário, um assassino brutal se a verdade fosse dita. Por que estava ajudando-a? —Vai matar-me? —Sua voz se agitou pela temão e o medo de suas palavras. Nykyrian suspirou. —Se tivesse essa intenção, nunca haveria te devolvido a seu pai. —Mas por que está me protegendo? Pensei que os assassinos mercenários só estavam motivados pelo dinheiro. Nykyrian acariciou com a mão direita seu bíceps esquerdo. —Não conhecete a suficientes mercenários para fazer essa afirmação. Kiara lhe concedeu a razão. —Evitou minha pergunta. Por que está me ajudando? Sua mão se deteve. Parecia olhar longe dela. —Possivelmente sou seu fã. —É? —Sim. Kiara o olhou, fixamente, assustada e confusa para sentir algo. Nykyrian estava sentado imóvel ao seu lado, parecia quase etéreo. Seu cabelo loiro estava solto, esparramado em cima de seus ombros. E como antes os óculos escuros dissimulavam seus traços, lhe dando uma idéia diferente de seu rosto. —Quem é? —perguntou-lhe, precisando conhecer sua resposta. Nykyrian deu de ombros. —Nunca o deduzi, leva muito tempo pensar em mim e o tempo é um luxo que não possuo. Kiara ficou calada, pensando, recordando. —Sabe, matei a esses guardas. Suas palavras abrandaram um pouco sua rigidez. —Os Probekeins os mataram. Kiara agitou a cabeça, as lágrimas rodavam em suas bochechas. —Não, eles estavam me protegendo. Nykyrian suspirou de novo e a olhou.

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—Eram soldados. A morte é um dos riscos de seu trabalho. Eles conheciam esses riscos.

Suas palavras a atravessaram. —Como pode ser tão frio? —disse-lhe com um soluço— Eram pessoas com famílias. Nykyrian a olhou fixamente. Inclusive na piscada da luz débil, viu as lágrimas faiscando contra suas bochechas. Conhecia sua dor, sua culpa. De novo, a necessidade de confortá-la o consumiu. Afastando seus desejos, olhou fora da janela. —Sou um soldado. As emoções se deurram de nós durante o treinamento. Kiara se mofou. —É um mercenário. Há uma diferença. —É certo. Aos mercenários pagam muito melhor. A frustração abriu uma fossa no interior de Kiara. Como pôde pensar alguma vez que Nykyrian era diferente. Era do mesmo calibre que Pitala. Seria capaz de lhe pôr uma pistola na cabeça se lhe davam a quantidade correta de dinheiro? O pensamento a congelou. Será que seus sonhos lhe advertiam que não podia confiar nele. A confiança era coisa do passado. Tinha acreditado na segurança do hotel da companhia de balé e tinha sido raptada. Confiou nos soldados de seu pai e quase tinha sido assassinada. Nunca voltaria a ser tão tola. Vigiaria muito bem a Nykyrian. O transporte se deteve em frente de seu edifício. Nykyrian saiu primeiro e examinou a rua. Depois de um minuto, ajudou-a a sair do automóvel. Defendeu-a com seu corpo quando cruzaram a calçada e ela inseriu seu cartão na ranhura da porta. Quando a porta se abriu, agarrou-a por seu braço para lhe impedir de entrar no edifício antes que examinasse o vestíbulo e a rua. —Está me pondo nervosa! —estalou ela. —É navocêral que esteja nervosa. Kiara chiou os dentes pela frustração, caminhou pelo corredor e se dirigiu para o elevador. —Meu apartamento está no último andar. —Eu sei. Isso a enfureceu. Se sabia tanto, por que não a guiava? Oh, o que daria para golpear esse rosto duro. —Deve ser estremecedor estar sempre certo. —disse com irritação, enquanto pressionava o número de seu andar. Quando as portas se fecharam, enfrentou-a. —Pode me atacar tudo o que queira. Não vou morrer por gostar de mim ou não. Mas me respeitará, me escutará e me obedecerá! A irritação picou em suas bochechas por essa rápida mudança de ativocêde. —Não sou sua, não tem nenhum papel de propriedade sobre mim! Meu Deus, nem sequer o contratei. —Você não, mas seu pai sim. Kiara ficou rígida pela confusão. —O que se supõe que significa isso? Estava ali quando Rachol rechaçou a proposta de meu pai. —A reconsideramos. O nó em seu estômago se afrouxou. —Por quê? Ele caminhou a suas costas. —Por Pitala e Aksel Bredeh. Kiara franziu o cenho. A Pitala o conhecia bastante bem.

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—Quem é Aksel Bredeh? —É outro assassino mercenário perito, mu Tara. Ela apertou os dentes. —Por que segue me chamando de Tara? É um insulto? Nykyrian se esticou por um momento. —Em Andarion significa senhora. —disse brandamente e se afastou. —Oh! — sussurrou com curiosidade ao ter escolhido chamá-la assim, depois de tratála tão grosseiramente. —Quem é Aksel Bredeh? —perguntou-lhe, questionando-se sobre o que fazia que este novo mercenário motivasse a Nykyrian a ajudá-la. Poderia ser pior que Pitala? Estremeceu-se por essa idéia. Só o silêncio respondeu sua pergunta. Olhou a Nykyrian, esperando sua resposta. Antes que pudesse lhe perguntar de novo, as portas de seu apartamento se abriram. Nykyrian saiu e examinou o corredor. Esteve tentada de empurrá-lo e lhe dizer «buu», apostou a que saltaria do décimo segundo andar. Ou atiraria nela, acautelou-lhe sua mente. Se realmente fosse um exassassino da Liga, era muito perigoso tentar assustá-lo. Chegou até sua porta e se deteve. —Alguém a manipulou. — sussurrou a Nykyrian, enquanto olhava o dispositivo estranho que estava enganchado na ranhura da fechadura. Engoliu o pânico que surgiu através de seu corpo. Alguém estava dentro de sua casa! Podia ouví-los. O medo a consumiu. Nykyrian a pôs atrás dele e logo golpeou duas vezes. —Quem é? —um grunhido lhe perguntou de dentro. —A Besta de Tourah. —respondeu Nykyrian sarcasticamente— Abre a maldita porta antes que atire em você do vestíbulo! —Deus, mas que temperamento. — disse a voz, enquanto a porta se abria para revelar a um enorme varão Andarion. O coração de Kiara deslizou para seu estômago ao ver sua maciça texvocêra. Tinha pensado que Nykyrian era alto. Mas este homem era, uma cabeça ainda mais alto. Seus dentes longos a iluminaram. A estava considerando para o jantar? Nykyrian a agarrou pelo braço e a pôs frente ao homem. Seus olhos se abriram quando deu de bruços contra o peito do Andarion. Seus olhos de cor carmesim e branca, fizeram com que um calafrio percorresse a sua espinha dorsal. Não se surpreendia que Nykyrian levase óculos escuros. Esses olhos a estavam aterrorizando. —Onde está Rachol? —outra voz fez com que desviasse sua atenção até seu sofá. —Ocupando-se de seus assuntos. — respondeu Nykyrian. Kiara olhou fixamente ao varão humano que estava deitado no sofá, com os pés reclinados na mesa. Seu cabelo castanho avermelhado escuro era quase tão longo como o de Nykyrian, e se espalhava pelo lado direito de seu rosto. Parecia completamente cômodo em sua casa. Essa visão a encolerizou. Como se atreviam a invadir seu território dessa maneira. Sua agitação aumentou quando o Andarion se sentou em sua poltrona favorita, recolheu sua bolsa de friggles da mesa e começou a mastigá-los! Tirando-lhe a bolsa, olhou-o com um cenho. —Esta é minha casa, não uma casa de caridade! O Andarion olhou a Nykyrian aos olhos longamente. —Ela tem coragem. — lhe estalou com uma risada maliciosa— Aposto que sua carne

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é igualmente picante. Seu olhar a enfocou de novo. Kiara retrocedeu um passo, apertando a bolsa contra seu peito. —Penso que deve lhe devolver a comida. —disse Nykyrian atrás dela— É imprudente fazer passar fome a um Andarion. Se Hauk decide te morder um pouco, não há muito que possamos fazer. Hauk a repassou com um olhar fixo, como se a estivesse medindo. Sua irritação desapareceu. Devolveu a bolsa a Hauk e engoliu o nó de sua garganta. Como tinha se metido nisto? Como pôde seu pai confiar sua segurança a estas pessoas? —Só tentam a incomodar. —disse o homem do cabelo vermelho com um sorriso luminoso— Sou Darling Crewell. — ficou de pé e lhe estendeu a mão. Kiara sacudiu sua mão enluvada. Algo sobre a aparência de Darling recordava a um aristocrata. Parecia ser muito amável, a diferença dos dois Andariones. —O glutão é Dancer Hauk. — disse Darling, quando voltou a tomar assento. —Dancer? —sorriu Kiara, divertida pela revelação. —Significa assassino em Andarion. — estalou Hauk. Darling riu com um som gutural profundo. —Já quisera! Acredito que Nykyrian me disse que significava: o de bochechas bonitas. Hauk olhou intemamente a Nykyrian com vontade de matá-lo. Este deu de ombros, aparentemente indiferente ante sua hostilidade. —Bem, assim é. Kiara suspirou de alívio por seu teatro, isso acalmou os ânimos entre eles e lhe tirou seu nervosismo. Darling sorriu de novo. —Sinto muito, se ultrapassamos nossos limites. Sendo o único aqui com o Hauk, animei-o a que escolhese outras fontes de comida. Pelo menos Darling tinha modos. —Está bem. —assegurou ela— Ainda estou desgostada por tudo o que me aconteceu. Dando a volta, enfrentou Nykyrian. Ele se apoiou contra sua barra de exercícios com os braços cruzados sobre seu peito. Tinha a cabeça em um ângulo dirigido para Darling, mas estava segura de que a estava olhando. Sentia seus olhos sobre ela. Se não levase postos esses óculos poderia vê-los. Será que os tiraria alguma vez em sua vida? —Devo trocar de roupa. — disse ela distraidamente— Suponho que não preciso dizer a nenhum dos três que fiquem cômodos. Nykyrian sorriu afetadamente. Realmente odiava esses óculos. Desejaria poder ler suas emoções e humores. Kiara se deteve na entrada do vestíbulo e olhou aos três homens. Estava inccômoda de ter que tirar a roupa com esses estranhos rondando sua casa. Olhou o rosto estóico de Nykyrian. —Não tem do que se preocupar por nós. —disse, quase lendo seus pensamentos— A Hauk não atraem as humanas, a Darling não atraem as mulheres e eu… —Nykyrian fez uma pausa. O que poderia dizer? A recordava muito bem com sua camisa de dormir rasgada. E desejava ver um pouco mais de seu corpo. Seus olhos o olhavam espectadores. Ele se conteve. Nesse momento, ela pensava que era o herói que tinha salvado sua vida. E não o era. O melhor que podia fazer era obter que o odiasse agora, de uma vez por todas. —Não estou interessado. — terminou. Kiara ruborizou profundamente ante as palavras grosseiras que lhe dirigiu na frente

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dos outros dois homens. Estreitando seus olhos, ferveu de humilhação. O que a tinha feito pensar alguma vez que poderia querer a este homem? Só era um ser desprezível. Sem dizer uma palavra, correu às pressas do vestíbulo até seu quarto e fechou a porta de repente. O que tinha estado pensando quando o considerou atraente. Se nem sequer era humano! Kiara fez uma pausa. Esse devia ser seu problema. Não, ele havia dito que Hauk não gostava dos humanos e que ele não estava interessado. Tirando o traje a puxões, jogou-o sobre a cama. Nunca a tinham envergonhado assim. Quem acreditava que era? Um assassino mercenário? Certo! Não era digno desse aterrador título. Simplesmente era um bruto, malcriado com modos de mendigo! Demonstraria-lhe quão insignificante era para ela. De fato, nunca voltaria a lhe falar de novo. Kiara atou sua túnica ao redor de sua cinvocêra e entrou no vestíbulo. Deteve-se e viu ao longe o lugar onde Nykyrian se apoiava contra sua barra de exercícios. Seu corpo tremeu da raiva. A Nykyrian picou a pele. Sabia que estava sendo observado. Girando sua cabeça, viu os olhos ambarinos de Kiara olhando-o. Bom, já o odiava. O ódio era algo com o que podia lidar facilmente. Mas então, por que lhe doeu saber que ela o desprezava? Deveria estar contente. Afastando suas emoções, olhou de novo a Hauk. Percebeu o momento no qual Kiara entrou no banho. Quando a escutou ligar a ducha, uma imagem de seu corpo nu acariciado pelo toque da água atravessou sua mente. Contra sua vontade, seu corpo respondeu com uma necessidade martelante. —Está bem? —perguntou-lhe Darling. —Estou cansado. —Nykyrian clareou sua garganta—Me estava dizendo que colocou os scanners fora do corredor. —Correto. Hauk manipulou o sistema de comunicações para impedir que qualquer um possa acessar a ele. Os canais estão limpos se precisa nos contatar. Nykyrian assentiu. —Seguirei usando o intermediário. —Provavelmente é o melhor. — disse Hauk— Quando Bredeh se inteire de que está protegendo-a, vai atacar com todo seu arsenal. —Estou preparado. Hauk soprou. —Eu não seria tão arrogante. Bredeh não se apega às regras da Liga e o atacará abertamente. Quer sua vida mais que a de Kiara. —Hauk mordeu um friggle. Nykyrian deu de ombros. Aksel era a menor de suas preocupações asuais. Escutou quando Kiara saiu do banho. Suprimindo o desejo de olhá-la, devolveu seus pensamentos à discussão. —Asuam como se o desejo de Aksel de me ver morto fosse algo novo. Ele tentou me matar desde que fiz dez anos. Hauk soprou. —É verdade, mas… Um grito de Kiara ecoou na casa. Nykyrian se congelou. Agarrando sua pistola de raios, correu para o corredor, à parte traseira do quarto de onde se escutou o som. Cuidadosamente, entrou no estúdio e então se paralisou. Com um cenho acensuado, olhou como a raiva desfigurava a expressão do rosto de Kiara. Estava de pé no centro do quarto com as mãos nos quadris. —O que está acontecendo aqui? —estalou ele, encolerizado por seu chiado

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injustificado. —O que há feito? —grunhiu-lhe ela— Olhe meu quarto! —gesticulou para os escuros escudos anti-explosivos, que tampavam as janelas até o chão— Como se atreve sua gente a entrar em minha casa e reordenar meus móveis. E que é essa coisa? Guardando sua pistola, Nykyrian olhou fixamente a parede que cobria as janelas. —É um escudo antiexplosivos. Darling e Hauk trocaram olhadas prudentes. —Tinha esquecido de mencionar que, —disse Darling— cobrimos todas as janelas para impedir que os franco-atiradores encontrassem um alvo. Kiara jogou fumaça de fúria. —Quero que saiam daqui! Todos vocês. Fora! Nykyrian fez gestos a Hauk e a Darling, desculpando-os. Sem dizer uma palavra, partiram. —Essa mensagem também era para você. —O sei. Mas se acostume, porque não vou partir. Ela se aproximou para enfrentá-lo com seus punhos fixados hermeticamente em seus flancos. —Está despedido. Sua audácia quase o fez sorrir. Tinha passado muito tempo desde que alguém se atrevese a enfrentá-lo com irritação, sem uma arma lhe apontando à cabeça. —Você não me contratou. Os olhos de Kiara se abriram abruptamente. Nunca em sua vida tinha estado tão zangada. De fato, era estranho que alguma vez perdesse a calma. Olhou fixamente a Nykyrian desejando converter-se em Trisani para poder estrelá-lo contra as paredes só com seus pensamentos. —Quero que vá embora de minha casa. Por um momento breve, ela acreditou que ele tinha feito uma careta de dor, mas seu rosto voltou a ficar de pedra rapidamente. Logo partiu do estúdio. A invadiu a satisfação quando jogou uma olhada ao quarto vazio. Amanhã chamaria aos homens da manutenção do edifício e lhes ordenaria que tirassem todos os escudos. Esta noite desfrutaria da paz de estar sozinha e viva. Queria a sua vida de volta e pensava exigi-la! Um movimento em um dos espelhos chamou sua atenção. Caminhando mais perto do vidro, reconheceu a Nykyrian no quarto em frente. Tremeu da raiva. Não tinha partido. E com um furor acalorado foi tirá-lo de sua vida. Estava cansada de não ter o comando em tudo o que lhe acontecia. Tinha chegado o tempo de que as pessoas compreendessem que não toleraria mais invasões a sua liberdade! Ao chegar à cozinha, Kiara se deteve, assustada pela visão que tinha em frente. Acaso estava preparando o jantar? Sua irritação se dissolveu. Nunca teria esperado que um assassino mercenário soubesse cozinhar. —O que está fazendo? —perguntou-lhe um pouco mais acalmada. —Pensei que podia estar faminta, ao menos, eu sim o estou. Kiara o olhou enquanto ele enxaguava as verduras de brenna na pia. Tirou uma faca do aparador que estava fixado na parede e começou a cortar as verduras em pedaços diminutos. —Parece que sabe o que está fazendo? Nykyrian deixou de cortar e a olhou. —Surpreende-se? Inclusive os assassinos precisam comer. Ignorou seu óbvio sarcasmo. —Suponho que sim precisam comer, mas Cretoria? É isso o que está preparando? —Sim. —Terminou de cortar as verduras e as pôs no balcão. —Assim além de assassino é um chef.

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Nykyrian deu de ombros enquanto caminhava para o refrigerador e tirava a carne congelada. Logo retornou ao balcão. —Poderia dizer que sou um assassino chef. Sendo Andarion, eu gosto da carne humana bem preparada. Ela mordeu o lábio diante de seu tom indiferente que não expressava nenhuma emoção. —Disse-me que não comia humanos. Estava segura que debaixo de suas lentes a olhava com intemidade. Sem lhe responder nenhuma palavra, começou a cortar a carne. Kiara olhou à faca fazendo cortes e com cada golpe se encolhia mais e mais. Estava segura com ele? Suas mãos tremeram. Seu pai não o teria contratado se pensase que poderia estar em perigo. Verdade? Se tão somente pudesse ler seus pensamentos tão facilmente como parecia que lia os seus. —Alguma vez tira esses óculos? —Não. Franziu os lábios por essa breve resposta. —Envergonha-se ter os olhos como um Andarion? —persistiu ela, tentando deduzir as razões pelas quais os levava postos. Nykyrian grunhiu. —Nada sobre mim me incomoda. Mas meus olhos parecem que incomodam a todo o maldito mundo. —Inclusive a Hauk? A faca golpeava mais ruidosamente. —Sobretudo a Hauk. Kiara questionou suas palavras. Por que um Andarion poderia sentir-se incômodo por outro de sua espécie? Quem era este homem que estava em sua casa? Compreendeu que não averiguaria a resposta esse dia. —Devo ir me vestir. — disse isso brandamente e abandonou a cozinha. Obrigado, pensou Nykyrian. A parte baixa da frente de sua túnica lhe tinha causado um pouco de desconforto. Desde que a tinha visto no estúdio, a única coisa que realmente tinha notado eram as gotas diminutas de água que se aferravam à fenda profunda de seus peitos. Jurou manter a sua mente concentrada em seus assuntos e não no corpo de Kiara. Evitá-la seria sua meta, acendeu o fogo localizado no balcão da cozinha. Quando terminou de colocar a carne e as verduras em um prato, escutou a batida código de Rachol na porta. Kiara saiu correndo de seu quarto, fechando os últimos três botões da blusa. Nykyrian gemeu interiormente, lamentando lhe haver dito que não estava interessado em seu corpo. Sem dúvida alguma, ela se figurava que podia correr quase nua sem pervocêrbálo. Esta ia ser uma longa missão. Tentou devolver seu corpo ao seu rígido controle e se dirigiu à porta. Kiara a abriu dando entrada a Rachol e a seu pai. —Graças a Deus. — disse o Comandante e a abraçou— Quando vi os corpos, temi que tivesse resultado ferida. Outra onda de pânico ameaçou consumindo a Kiara quando pensou que esteve a ponto de morrer. —Por sorte Nykyrian e Rachol estiveram ali. —disse. Tiarun a soltou e enfrentou a Nykyrian. —Pensei que sua gente ia iniciar amanhã com sua proteção. —Se tivéssemos esperado até manhã já estaria morta. — disse Nykyrian com sua

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acosvocêmada indiferença, fazendo com que Kiara perguntar-se se algo o tirava alguma vez do sério, ou se era capaz de responder “normalmente”. Seu pai ficou rígido antes de assentir por suas duras palavras. —Quis te informar sobre isto. — disse a Kiara, ao lhe acariciar o braço meigamente— Estava esperando que terminasse com sua apresentação. Não quis te pervocêrbar. —Não estou aborrecida. —mentiu ela, não querendo ferir seus sentimentos. Tiarun sorriu prudentemente. Olhou a Nykyrian com um cenho duro que nunca tinha falhado em intimidar a Kiara. —Tenho um pressentimento sobre isto. O adverti a Némesis e agora o advirto a você. Se acontecer algo a minha filha não descansarei até que tenha destruído a cada membro do OMG. Nykyrian quase se afoga com seu bufo incrédulo. —Somos profissionais. Kiara está mais segura conosco que com você. —respondeu ele serenamente. Tiarun estreitou os olhos e isso fez que Nykyrian quisesse lhe grunhir em resposta. —Proteja-a. Tentarei manter contato constantemente. —Tiarun abraçou a Kiara firmemente— Odeio ter que partir, mas devo voltar para a base e falar com os repórteres sobre o que aconteceu esta noite. Se precisare de mim me chame. —Farei-o. —prometeu ela, ao beijar sua bochecha. —Avisar-te-ei quando puder retornar para casa. —De acordo. —Ela fechou a porta com relutância atrás de seu pai. Kiara franziu o cenho ao ver a expressão zombadora no rosto de Rachol quando caminhava para Nykyrian. —Os cuidados Paternais? Eca! —Rachol estremeceu. Nykyrian lhe empurrou o ombro. —Não te burles. —Vamos, Kip. Não te dá asco? Kiara olhou fixamente a Rachol, curiosa por suas palavras, encolerizou-a a maneira em que asuava ante a preocupação de seu pai. —Seus pais alguma vez se preocuparam com vocês? —perguntou-lhes ela, acidamente. —Que pais? —estalou-lhe Rachol. Uma onda de terror invadiu a Kiara. —Estão mortos? —Tome cuidado. —disse Nykyrian enquanto retornava à cozinha— Possivelmente não queira saber a resposta. Franzindo o cenho, tentou compreender essa adivinhação. —O que quer dizer? —Que Kip não nasceu, foi desovado. —Rachol sorriu. Agora estava completamente desconcertada. —Quem é Kip? Rachol assinalou a Nykyrian com seu dedo polegar. —Foi um bebê de proveta? Nykyrian estava concentrado em preparar seu jantar. —Rachol tem uma desordem cerebral que o obriga a mentir a maior parte do tempo. Ignore-o. Assim Nykyrian não tinha sido um bebê de proveta. Realmente nada do que estavam dizendo tinha sentido. —Nenhum dos dois teve pais? Nykyrian fez uma careta. —Somos órfãos. —Isso foi o que lhes perguntei desde o começo. — disse Kiara, enquanto olhava a

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Rachol tomando assento em um de seus tamboretes. Eles ignoraram a agitação de sua voz. —Vai ficar para jantar? —perguntou Nykyrian a Rachol, enquanto lhe dava um copo de suco de spara. —Importar-te-ia? —perguntou Rachol a Kiara. —Não. — disse ela, surpreendida pela honestidade de sua declaração. Por alguma razão gostava de Rachol apesar de seus olhares muito pouco ortodoxos. Seu cabelo castanho escuro estava amarrado com um rabinho. Seus olhos marrons estavam delineados com linhas negras, lhe dando a aparência de uma selvagem besta de caça. Duas argolas de prata penduravam de seu lóbulo esquerdo. Não era definitivamente o tipo de homem que a atraía, mas tinha que admitir que era surpreendentemente bonito. Kiara se virou para olhar a Nykyrian enquanto falava com Rachol. Ele parecia mais a gosto com Rachol que com seus outros dois amigos. Quando Rachol fez outra piada que ela não pôde entender, compreendeu que Nykyrian nunca sorria. Não pôde recordar havê-lo visto sorrir alguma vez. E por alguma razão, quis ver seus lábios curvarem-se e escutar sua risada. Como poderia fazer rir a alguém? Seu peito se apertou quando considerou a vida que deve ter vivido. Sem pais, sem risadas, um Assassino da Liga. De verdade, era um milagre que ainda estivesse vivo. Queria resolver o enigma. Possivelmente Nykyrian não estava interessado nela, mas isso não evitava que ela sentisse uma profunda curiosidade por ele. E nunca tinha podido deixar de resolver um mistério. Kiara se prometeu que nos próximos dias, escavaria sua mente para averiguar o que ele escondia por trás de suas lentes escuras.

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Capítulo 4 Kiara estava falando com seu pai no telelink quando Rachol partiu. Nykyrian escutava sua voz suave flusuando desde seu quarto. Seu tom de seda doce o furava. Obrigando a sua mente a concentrar-se em seus assuntos como se prometeu, tirou o Terminal de seu computador portátil da bolsa que Hauk tinha deixado para ele no chão. Sentou-se sobre a cama e desempacotou o Terminal. A risada de Kiara o invadiu lhe causando uma dor agridoce que retorceu seu estômago. Apertou os punhos e recordou a ladainha que seu pai adotivo lhe tinha obrigado a recitar enquanto crescia. É um guerreiro, um assassino. Não necessita de ninguém. Está melhor sozinho. Seus pensamentos retornaram ao seu trabalho e ligou o Terminal. A brilhante tela azul resplandeceu fazendo-o retroceder. Seus olhos arderam pela temão de levar as lentes postas no interior da casa, mas apesar da dor, não se atrevia a tirá-los tendo Kiara ao redor. Possivelmente devia ter atribuído a Rachol vigiar essa noite. Esta missão estava condenada a ser sua destruição. Tinha passado o jantar inteiro procurando-a, sentindo sua presença perto dele. Se tão somente não lhe tivesse permitido tocá-lo no teatro, já a teria banido de seus pensamentos. Nykyrian se mofou de suas idéias. A quem estava tentando enganar? Desde a primeira vez que a tinha visto dançando não tinha podido tirá-la de seus pensamentos. Desde então freqüentava seus sonhos como um fantasma, aproximando-se furtivamente para lhe roubar sua podre alma. Suspirou fatigado. Esta missão não era definitivamente o que necessitava para expulsá-la de sua mente. Escutou quando ela terminou sua conversa. Logo a viu entrar em quarto de frente olhando-o com um sorriso caloroso. O sangue de Nykyrian corria acalorado em resposta ao seu gentil olhar. —Foi-se Rachol? —perguntou ela alegremente. —Sim. — disse ele, esforçando-se para concentrar-se em seu trabalho. Kiara se sentou em sua cadeira favorita, em frente de Nykyrian. As palavras horríveis de seu pai ecoaram em suas orelhas. Tinha lhe advertido sobre a ferocidade da OMG, lhe dizendo que eles assassinavam por contrato sem ter em conta suas emoções. Olhando a Nykyrian de perto, tentou ler seus pensamentos. Embora seu rosto não expressasse nenhum sinal, sabia que as tinha. Ninguém estava desprovido totalmente de emoções. As próprias palavras de Nykyrian flusuaram através de sua mente. As emoções se afastam de nós durante o treinamento. Ainda assim, negava-se a acreditar que não tivesse emoções. Se fosse verdade, não a teria consolado quando esteve chorando. Um sorriso malicioso curvou seus lábios quando estudou sua estilizada massa muscular. Tinha olhado e tinha sido sustentada por muitos homens que constantemente trabalhavam para melhorar sua aparência física, mas nenhum deles a tinha atraído tanto, como o homem que estava ao seu lado. Um homem cuja distância a incomodava. Nunca tinha tido que lutar para obter que alguém prestasse atenção nela. Normalmente, lutava para escapar de atenções indesejáveis. Perguntou-se se possivelmente a parte que mais lhe atraía dele era seu rosto duro habisual. Mas enquanto o esvocêdava, compreendia que não só essa parte lhe atraía, era maior seu desejo de lhe mudar esse jeito de ser reservado. Havia algo que a chamava como se fosse um menino ferido, que necessitava de consolo. Kiara quase lançou uma gargalhada por esse pensamento. Olhou fixamente a Nykyrian, seu queixo temo, seus traços

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inexpressivos. Não, em nada parecia ser frágil. Então por que se sentia dessa maneira? —Em que está trabalhando? —perguntou-lhe finalmente. Nykyrian grunhiu uma advertência baixa em sua garganta, que a fez sentir um pouco intranqüila. —Tenho muito trabalho que precisa ser terminado. Não estou aqui para ser sociável. Somente devo a proteger. Kiara envolveu os braços ao redor de sua perna e descansou o queixo no joelho. Olhou o vôo de seus dedos, as teclas fazendo clique no Terminal debaixo deles. —Mas como está aqui… —Seus dedos se detiveram, o silêncio súbito ecoou ao seu redor, aumentando seu desconforto— Pensei que poderia me contar algo sobre você. Poderíamos passar dias juntos, semanas e por isso… —Bom. —estalou ele, interrompendo-a. Kiara escondeu seu sorriso triunfal atrás o joelho, mas estava segura que seus olhos brilharam pela travessura. Nykyrian se sentou e cruzou seus braços em cima de seu peito defensivamente. —Se isso obtiver que sua mente se tranqüilize, deixarei que faça oito pergunta sobre mim. Depois disso, nunca me perguntará nada sobre meu passado, ou meus amigos, e ficará calada para que possa terminar o que estou fazendo. O tom de suas palavras a chateou. Olhou-o fixamente tentando pensar em algo que pudesse lhe dar uma vantagem sobre ele. —De acordo. —disse, quando pensou na primeira pergunta— Qual é seu sobrenome? —Um. Quiakides. A surpresa alargou seus olhos. —Como o universalmente afamado e aclamado Comandante Huwin Quiakides da Liga Intergaláctica de Pacificadores? Ele suspirou. —Dois. Sim. —Era seu pai? Acreditou havê-lo visto apertar os dentes antes de responder. —Três. Sim. Kiara deu um bufo pouco feminino. —Isso não conta. Deveria ter me dito isso quando fiz a segunda pergunta. Nykyrian deu de ombros de uma maneira agravantemente desinteressada. —Seja mais específica. Tudo conta. Kiara se sentou durante um minuto, pensando na pouca informação que Mira lhe tinha dado na base do OMG. —Se era seu pai, por que desertou da Liga? Nesse momento, viu o tique-taque de aborrecimento em sua mandíbula que endureceu seus traços. —Como soube que estive na Liga. Kiara se assustou ante seu tom áspero e mortal. Nesse momento, imaginou rompendo a pedaços a alguém facilmente e não tinha o desejo de que esse alguém fosse ela ou Mira. —Só o escutei por aí. É verdade não? Foi um assassino da Liga? Um pouco de temão se suavizou em seus lábios e ela se perguntou por que. —Quatro. Sim. Kiara estava cansando-se de que numerasse suas respostas. —Sabe, deveria tentar ser mais amistoso. —Não me pagam para ser amável. Pagam-me para matar. Um nó de medo fechou sua garganta ante essa idéia. —Gosta de matar? —perguntou-lhe ela, com a garganta apertada pelos fortes

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batimentos de seu coração. Kiara foi testemunha de sua primeira resposta emocional visível: ele fez uma careta de dor como se o tivessem golpeado, sua respiração ficou trabalhosa pela fúria, fechou o Terminal de um golpe e o pôs a um lado. E sem dizer uma palavra partiu do quarto. Kiara ficou sentada na cadeira durante vários minutos perguntando-se que coisa tinha motivado sua reação. Se falase tão freqüentemente de suas matanças, por que sua pergunta o incomodaria? Foi averiguá-lo. Nykyrian estava de pé diante dos escudos anti-explosivos do estúdio. Olhou-o da porta concentrado, deslizando sua mão sobre os painéis plásticos como se estivesse procurando um orifício. Parecia tranqüilo. —Disse que responderia a minhas pergunta. — disse brandamente, tentando que a deixase olhar dentro dele ao menos um minuto, para averiguar por que era tão distante. Ele deixou cair sua mão. —Não esperava que me perguntase isso. Kiara esfregou os braços para dar-se calor. —Por que não? Nykyrian cruzou o quarto e se pôs em frente dela. Sua proximidade a embriagava mais do que mil taças de larna poderiam lhe fazer na vida. Em um momento pensou que ia tocá-la, porque estava a trinta centímetros dela, o que já era suficiente para esquentá-la com seu calor corporal, com a intangível parede que trazia ao seu redor, apesar disso não se atrevia a mover-se e tocá-lo como seu coração lhe pedia. —Por que poderiam te importar meus sentimentos? —sua suave voz parecia humilde e penetrante. Tragou-se o conjunto de emoções variadas que se batiam dentro de seu ser. —Não sei, somente me importam. Ele tomou uma respiração profunda e se deu à volta. —Pratica aqui? Kiara franziu o cenho pela pergunta inesperada, perguntando os motivos que o incitavam. —Sim. Nykyrian caminhou ao redor dos espelhos e tocou a barra de exercícios. —Desfruta do que faz? A pergunta a pegou fora de surpresa. Franziu o cenho de novo, pensando em sua resposta. —Nunca me pus a pensar nisso. —disse— Dançar é tudo o que sempre quis fazer na vida, suponho, que devo desfrutá-lo. Seu agarrão se intemificou sobre a barra. —Ou possivelmente somente o faz por que alguém o esperava de você? Um frio se alojou em suas costas. —O que o faz pensar isso? Nykyrian deu a volta e a enfrentou. —As fotos que tem no salão principal. Na maioria delas são de uma menina vestida com roupas de balé. Não parecia suficientemente crescida em nenhuma delas para tomar uma decisão por você mesma. Poderia dizer que dança somente porque lhe disseram que era o que devia fazer com seus talentos. A verdade de suas palavras penetrou sua consciência. Como podia ver algo sobre ela que nunca tinha notado? —Sempre é tão observador? Ele deu de ombros. —Em meu negócio, me pagam para conhecer e entender às pessoas. Isso me mantém com vida. Kiara sopesou essas palavras em sua mente. E nesse momento teve a primeira

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percepção dele. —É por isso que o faz? Porque alguém disse que podia ser um assassino? Só o silêncio lhe respondeu. —Ainda me deve seis respostas. —Quatro respostas. —corrigiu acidamente, cruzando os braços em cima de seu peito— E já respondi suficientes pergunta por esta noite. Nykyrian se afastou de Kiara e ela soube que o assunto estava tão firmemente fechado como se estivesse sustenido pela confiança dos Protetores da Liga. Com um suspiro cansado, compreendeu que não sabia mais dele agora que o que sabia desde o princípio. Frustrada, retornou ao quarto principal onde uma vez mais estava ocupado com o Terminal. —O incomoda se ligo o televisor? —Não. —respondeu laconicamente, enquanto seus dedos não duvidavam em sua batida rápida. De novo em sua cadeira, Kiara tomou o controle e começou a passar os canais. Mas escutava mais a Nykyrian O Briguento, que aos seus programas. Embora parecese que ele havia se esquecido dela, sentiu o muro rígido de defesas que tinha posto ao seu redor. Em alguma parte, tinha que haver uma brecha. Mas realmente queria encontrá-la? Kiara se afogou na trepidação quando considerou o que significaria para sua vida, que ele se abrisse a ela. Era um dos criminosos mais procurados por todos os governos. Se as pessoas a relacionavam com Nykyrian em um nível social, seria excluída do teatro. Havia passado muitos anos lavrando sua carreira para jogar tudo a perder por um homem bonito. Inclusive um tão delicioso como seu guarda costas. Não, não poderia permitir que todo o tempo e a energia que tinha gasto construindo sua vocação fosse a perder-se agora. Deixaria que Nykyrian se mantivesse afastado e distanciado tanto por sua causa, como para a sua. Desligou a televisão. —Vou para a cama. Nykyrian deixou de teclar e escutou seus passos descendo do vestíbulo até seu quarto. Fechou o Terminal para aliviar um pouco a dor de seus olhos e permitiu que a rigidez abandonasse seu corpo quando reclinou as costas contra o sofá. Os sons de Kiara preparando-se para dormir consolaram estranhamente a sua alma. Tirou os óculos e os balançou em seus joelhos, esfregou os olhos ardentes até que se ajustaram à luz. Sua alma não necessitava de consolo, necessitava de solidão. Seu trabalho era protegê-la, não seduzi-la. Contrário aos seus pensamentos e ao seu nobre código, uma imagem de Kiara abraçando-o passou por sua mente. Já é suficiente! Rugiu aos seus pensamentos traiçoeiros e imediatamente a imagem desapareceu. Nykyrian pôs seus óculos na mesa e se estirou sobre o sofá, escutando aliviado o silêncio vazio que o rodeava. Reuniu toda sua força e jurou manter seus pensamentos nos homens que rastreavam a Kiara, não em seduzi-la. ***** Kiara despertou em meio de um pesadelo. Uma vez mais seus sonhos a tinham atormentado com a visão de Nykyrian assassinando-a. Inalando profundamente e segurando a respiração, colocou a camisola e foi à cozinha para procurar seu risual copo de suco de spara. Ao entrar na cozinha, deteve-se surpreendida. Na mesa da cozinha, posto diante de sua cadeira, estava um apetitoso café da manhã e um copo de suco de spara. Assombrada

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pela cena, olhou a Nykyrian quem estava sentado em um tamborete da barra lendo uma pilha de papéis. Estava como de costume, ignorando-a. —Impressionante —disse ela, agarrando a torrada mais quente. Seus mingaus gustativos saborearam as estranhas especiarias que lhe tinha agregado ao pão—. Muito impressionante. Ele ignorou seus elogios. —O que tem que fazer hoje? —perguntou-lhe com uma voz rude que lhe fez chiar os dentes. Kiara tomou um pouco de suco. —Tenho que ensaiar esta tarde, então minha apresentação… —Não —a interrompeu ele—. Não fará nem apresentações, nem ensaios. Kiara pôs o suco na mesa e o olhou fixamente com a boca aberta. —Está demente se pensa que pode me impedir de dançar. Ele pôs os papéis no balcão e ficou de pé. —Da próxima vez eles bombardearão o edifício para te matar. Kiara sorriu afetadamente. —Como sabe? —Eu o faria. Sua inexpressiva voz a assustou mais que suas palavras. Kiara engoliu o nó que queimava sua garganta. —É de minha carreira da qual está falando. Faltar a uma apresentação poderia ser o fim. —A morte seria um final muito mais permanente. Bem, ela não podia defender-se dessa lógica. —O que supõe que devo fazer? Ficar aqui prisioneira, esperando ao próximo assassino que venha a me matar? Por que não só bombardeiam este edifício para que tudo termine de uma vez por todas? Nykyrian não fez mais que estirar um músculo quando lhe respondeu em voz baixa e firme: —São as regras da Liga. Kiara ficou rígida pela confusão. —O que? —A Liga proíbe aos assassinos livres detonar uma bomba em um edifício residencial. Ela riu do irônico que era que os assassinos contratados seguissem um código de honra. —Realmente me está dizendo que os assassinos têm que cumprir essas regras? Por que a alguém que mata para viver se importaria com um tolo regulamento da Liga? Ainda não havia nenhuma reação visível de Nykyrian, O Briguento. —Se alguma vez tiveste desobedecido à Liga não farias essa pergunta. Kiara se aproximou dele e se apoiou contra a barra. —O que acha que significa isso? Está me falando de sua própria experiência? Nykyrian se afastou dela. —Há poucos assassinos livres que têm a habilidade de burlar aos Assassinos da Liga. Apesar da corrupção inerente em seu próprio sistema, a Liga tenta manter algum tipo de lei por cima dos assassinos, para assegurar-se que não sejam mais poderosos que os burocratas mais ricos. Kiara franziu os lábios. Isso não respondia sua segunda pergunta absolutamente. Olhou a Nykyrian, encontrando divertido que permitisse que alguém governasse seus atos. Levantou uma sobrancelha incrédula. —E você cumpres essas regras? —Só quando me convém. Kiara apertou sua bata fechada. A ameaça que enfatizavam suas palavras não lhe

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passou desapercebida. Tinha razão, ele não respeitava as regras de nenhum homem, exceto as próprias. Ela clareou sua garganta e rapidamente mudou de assunto. —Posso ir às compras pelo menos? Tenho que comprar um presente de aniversário para uma amiga. Nykyrian ficou absolutamente imóvel e Kiara se questionou do por que sua pergunta o incomodava. —Se devemos fazê-lo —respondeu finalmente—. Suponho que quer ir hoje. Kiara estreitou seus olhos para ele. —Bem, como meu horário é tão apertado, não sei. Penso que poderia estar disponível entre meu almoço e a festa. Não se incomodou se queira em sorrir por seu sarcasmo. —Vá se vestir. Será melhor sair antes que a multidão agite as ruas. Com um suspiro, Kiara tomou seu suco e uma rodela de grasdin e se foi ao seu quarto. Não levou muito tempo banhar-se e vestir-se, mas antes de terminar escutou a Rachol e a Nykyrian no salão principal. Falavam em um idioma estranho que não podia entender, embora tentava escutar cuidadosamente seu nome ou qualquer palavra que pudesse reconhecer. Pelo menos, a aspereza de Nykyrian murchava um pouco quando estava ao redor de Rachol. Gostaria de ver uma reação diferente a seu guarda-costas que não fora seu habisual encolhimento de ombros ou suas réplicas mordazes. Um sorriso malicioso se desenhou em seus lábios. E antes que seu sentido comum a fizesse reagir mudou de roupa. Se havia algo que tinha aprendido em sua mavocêridade, era que os homens adoravam seu magro corpo bem proporcionado. Possivelmente ao mostrar um pouco mais, obteria algum tipo de reação por parte de Nykyrian. Colocou umas calças negras e ajustadas nos quadris, que combinavam com uma jaqueta esportiva que ressaltava suas curvas da maneira correta. Kiara se envolveu um cachecol branco no profundo decote, para masrostor o fato de que não levava posta uma blusa. Esta era a roupa que tinha feito que pudesse sair com alguns dos homens mais desejáveis do universo. Não podia esperar ver a reação de Nykyrian! Deslizando seus pés em um par de botas de salto baixo, saiu para unir-se a Rachol e Nykyrian. Quando entrou na sala, Nykyrian continuou com sua conversa e não ficou sem palavras, nem fez uma apreciação de surpresa como estavam acostumados a fazer normalmente os homens quando ela se vestia dessa maneira. Rachol deu a volta na cadeira e quase cai. Clareou-se a garganta. —Uau—disse, olhando a Nykyrian por trás. —Obrigada —disse ela, com um suspiro de desilusão. Nykyrian se levantou, ainda negando-se a lhe dar um reconhecimento por sua vestimenta. —Está preparada? Apertando os dentes pela decepcionante frustração, ela assentiu. Pensou que Nykyrian tomaria seu braço ao menos para mantê-la perto, mas tudo o que fez foi abrir a porta e examinar o corredor antes de tirá-la do apartamento. —Rachol vai ficar aqui? —perguntou ela, notando que ele não se levantava da cadeira. A risada de Rachol lhe respondeu. —Sim, Kip vai te proteger enquanto que eu protejo sua casa. A vida remói ao grande tee-tawa. Kiara franziu o cenho. —O grande o que?

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—Não demoraremos muito tempo. —Interrompeu-a Nykyrian antes que Rachol pudesse lhe responder. Ajustou e fechou com chave a porta. —Isso foi rude —o castigou. Em lugar da réplica mordaz que esperava, ele passou a mão por seu cabelo comprido destrançado. —Não pergunte a Rachol o que significa seu vocabulário. É melhor que não conheça o significado da maioria de seus acrônimos2. Kiara sorriu, agradecida pela distemão usual que tinha estranhado tanto. —Tee-tawa? Ele apertou o botão do elevador. —Não sei o que significa exatamente, mas suponho que não é adequado para todos os sexos. As porta se abriram com um zumbido suave. —E qual é teu Racholismo favorito? —perguntou-lhe ela, enquanto entravam no elevador. Um canto de sua boca se levantou bruscamente. Em um momento Kiara pensou que ia sorrir, mas ele somente se limitou a colocar as mãos dentro dos bolsos de sua larga jaqueta negra, enquanto as portas do elevador se fechavam com um som metálico. —Duwad —disse por fim. Kiara sorriu. —O que significa? —Um fulano com desejos de morrer. Kiara pensou um momento por que Rachol o teria proposto. —Criou-o para ti? —Não, Kip foi criado para mim. Perguntou-se como podia manter sua voz tão leve quando falava. Duvidava que ela pudesse imitá-lo, inclusive com anos de prática. —E o que significa Kip? —Keyaya imporus petana. Escutou a estranha linguagem saindo de seus lábios como se fora um líquido caloroso em um dia gelado, o som a aliviava como um arrulho. —E que implica que isso significa? —perguntou saindo do elevador, até a anti-sala. —A resposta é outra de suas tantas pergunta sobre mim, mu Tara. —Ele caminhou para fora e chamou um veículo. Kiara caminhou ante ele, invadindo seu espaço pessoal deliberadamente. Para sua surpresa, ele não se afastou. —Mesmo assim, eu gostaria de saber. Um transporte freou na calçada. Nykyrian lhe abriu a porta. —Em Ritadarion significa Irmão de espírito. Kiara se sentou no automóvel. —E o é? —perguntou-lhe teclando seu destino ao sistema de transporte antes de inserir seu cartão de débito. —De muitas maneiras. Sentia-se em uma muralha ao redor dele. Apesar de sua navocêreza inquisitiva, não podia sondar os limites dessa muralha. —Como são os irmãos de espírito? Nykyrian lhe deu as costas e olhou a paisagem imprecisa que girava mais à frente do automóvel. A princípio, ela pensou que não lhe responderia, mas então finalmente suspirou. —Como a maioria dos seres que tiveram um passado similar, nos unimos, nos

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Acrônimo: palavra formada por iniciais, e às vezes por mais letras, de outras palavras.

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entendemos. Ela tentou de sondar essa muralha um pouco mais. —A maioria dos seres pode entender aos outros se se explicarem corretamente. Ele soprou. —Se isso fosse verdade, a guerra não existiria. Kiara o considerou por um momento e decidiu que era verdade. —Como pode avaliar as sisuações tão facilmente? —fez uma pausa e não esperou a que lhe respondesse—. Permita-me supor, é outra mais de suas habilidades de sobrevivência. Nykyrian permaneceu lerdamente calado. Se não fora porque tocava a si mesmo os bíceps, teria acreditado que era uma estásua. Kiara suspirou desejando poder adivinhar seus sentimentos assim como ele fazia com os seus. Sentada no assento traseiro, tentou desfrutar do resto do passeio. Nykyrian cheirou seu perfume exótico e desejou enterrar os lábios na doce carne perfumada de seu pescoço. Encontrou que era difícil respirar tendo-a tão perto. Seria tão fácil de compartilhar seu passado com ela, envolvê-lo em seu encanto e seu engenho. Seu corpo pulsou com o desejo e por um momento, quis colhê-la entre seus braços e tomar dela o que mais desejava. Tomando coragem, atreveu-se a olhá-la. Sua respiração se estancou na garganta. Tinha os braços cruzados em cima de seu peito com abandono, enquanto olhava pela janela e lhe mostrava com essa pose casual o inchaço do topo de seus seios cobertos por roupa interior de renda negra. Sua mão desejou tocá-la, seus lombos se apertaram. Nykyrian se removeu no assento e respirou tremulamente. Tinha que se afastar dela. Não a necessitava para nada. Nunca tinha necessitado de ninguém. Finalmente, o automóvel se deteve em frente de um complexo de lojas. Kiara saiu do automóvel depois dele e olhou à multidão lotada por cima de seu ombro. —Parece que hoje todo mundo saiu cedo. Sua resposta foi um grunhido. Pelo menos estava melhorando um pouco, esse não era seu grunhido habisual. Sem meditá-lo, Kiara tomou sua mão para levá-lo a uma loja próxima. Nykyrian se libertou como se tivesse se queimado com fogo. —Nunca volte a me tocar —lhe disse lhe grunhindo ainda mais com essa voz intimidante que já tinha escutado uma vez. Engoliu o medo que a estrangulava. —Perdão —se desculpou fracamente—. O fiz sem pensar. Nykyrian colocou as mãos nos bolsos de sua jaqueta sem dizer nada mais. Dando-se de ombros e afastando-se de seu mal de raiva se dirigiu para sua loja favorita. Nykyrian ficou um passo atrás e olhou à multidão como se fora uma mãe gimfry esperando a seu filho. Quando entraram na loja, Kiara se fixou nas reações que ele inspirava ao redor das pessoas. Olhou-os e se precaveu de como as mães agarravam pelas mãos a seus filhos afastando-os do caminho de Nykyrian e como outros clientes o olhavam aterrados. O coração lhe doeu quando escutou por acaso alguns de seus sussurros cheios de ódio: —Assassino, canibal. —Procurou o rosto de Nykyrian e ao ver soube que também os tinha escutado já que se evidenciava na linha firme de seus lábios. Preferindo ignorar a esses imbecis e a seus preconceitos, dirigiu-se à seção de mulheres. Kiara levou uns minutos encontrar a uma empregada para que a atendesse. —Me perdoe —disse finalmente, encurralando a uma mulher antes que pudesse

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escapar a outro departamento—. Tem esta jaqueta em tamanho doze? —perguntou-lhe sustentando o presente para que o inspecionasse a empregada. Os olhos da empregada se elevaram em cima de seu ombro para onde se encontrava Nykyrian e Kiara quis sacudir à mulher por seu medo injustificado. O olhar da empregada retornou até a Kiara e a jaqueta. —Acredito que sim —lhe disse com voz tremente. Tomou a jaqueta da mão de Kiara e desapareceu na parte traseira. Os olhos de Kiara se estreitaram de irritação. Jogando um olhar ao redor, não podia acreditar que as pessoas a olhassem fixamente desta vez por algo diferente a sua fama. Depois de um minuto, empregada-a retornou com o tamanho correto. —Não necessita de nada mais, senhora? Kiara assentiu, seus dentes se apertaram. Depois de selar a ordem, a empregada se apoiou no balcão e lhe sussurrou: —Onde conheceu esse Andarion? Nunca tinha visto um em Gouran. Não lhe dá medo estar com ele? Kiara jogou uma mecha de cabelo por cima do ombro como se fora descuidadamente tola. —Por que o faria, não lhe tenho medo, ele já tem seu alimento diário. —Você o alimenta? —perguntou-lhe a empregada quase gritando com temor. Kiara a olhou incapaz de acreditar em seus nervos. Recolhendo seu pacote, abandonou a loja. Quis ir a outra loja, mas se arrependeu. Pela temão na mandíbula de Nykyrian, supôs que queria pôr fim a sua excursão. Assombrou-lhe que não lhe comentasse nada a respeito. —Estou pronta para ir para casa agora —sussurrou com sua garganta firme por sua dor pormenorizada. —Não é tão divertido estar comigo ao redor. Devia ter enviado a Rachol contigo. Ela ficou rígida pela forma simples em que ele declarou esse fato como se não lhe incomodasse no mais mínimo. —As pessoas sempre se comportam dessa maneira ao seu redor? Nykyrian deu de ombros como se fora simplesmente uma ocorrência normal que merecia ser passado por cima. —Deveria ver as reações quando tinha posto o uniforme da Liga. Kiara olhou fixamente a calçada enquanto ele chamava a outro transporte. —Os Andariones reagem da mesma maneira diante de ti? Ele se engasgou. Kiara estava muda do assombro de que sua pergunta lhe tivesse causado essa reação tão pouco navocêral de seu caráter. —Penso que isso significa que não. Nykyrian tomou uma respiração profunda e a enfrentou. —Os humanos me temem porque pensam que vou comê-los em um minuto, os Andariones me vêem como um lastimoso e desengonçado giakon. —Como se soubesse o que isso significa —disse ela amargamente. —Um covarde castrado. Sua boca formou um pequeno O. Seu cabelo ondeou pela brisa súbita quando um transporte se deteve na calçada. Entrando em veículo, pensou em suas palavras. Deprimida, apoiou-se no frio assento. Obviamente por isso era tão reservado com as pessoas. Estava no meio de todo o ódio e o medo de ambas as raças. —Alguém te atacou por seu sangue misto? —Pode deduzir isso sem minha ajuda. Ela suspirou por seu tom baixo e sem emoções. —Por que as pessoas são tão estúpidas? —perguntou ela retoricamente. Sua voz a surpreendeu.

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—Temem por sua própria vida. Sou o aviso de que os humanos e os Andariones são duas espécies separadas, mas derivadas da mesma maquiagem genética. Desgraçadamente nenhuma raça quer admitir qualquer possibilidade de ser como a outra. Deixei de culpá-los há anos por isso. A única coisa que tento é não me mesclar com eles. É mais fácil viver assim. A frieza a consumiu quando pensou como teria sido crescer como uma anátema para todos. —O que aconteceu com seus pais? —perguntou-lhe—. Como o resolveram? Ele tomou uma respiração profunda. —Minha mãe me abandonou quando tinha cinco anos. —E o comandante? —Ele me adotou. Kiara sorriu. Recordou ao pai de Nykyrian vagamente de umas das viagens políticas que tinha feito a Gouran quando era uma menina. —Deve ter te amado muito. —Não acredites nisso. Dessa vez, não havia nenhum equívoco na emoção de sua voz. Era ódio, frio e simples. Kiara tremeu, tentando recordar como era Huwin, mas tudo o que pôde revogar foi a imagem de um homem amável que lhe deu palmadinhas na cabeça enquanto falava com seu pai. Quis estender a mão e aliviar a dor de Nykyrian. Kiara não podia imaginar o que deve ter sido para ele. Seus pais teriam afastado a quem se atrevese a olhá-la da maneira como o fizeram com Nykyrian. Não podia acreditar que uma mãe abandonasse a seu filho por nenhuma razão. Kiara ficou em silêncio pelo resto do caminho para casa com sua mente ponderando as lições que tinha aprendido durante o dia. ***** Quando retornaram ao seu apartamento, Rachol estava olhando a televisão deitado no sofá com o prazer gravado em seu rosto. —Isso não levou muito tempo. Nunca conheci a uma mulher que não leve ao menos um dia para ir comprar algo. —Não posso imaginar por que a viagem foi tão curta —disse Nykyrian em uma voz sarcástica que fez com que Kiara o olhasse pela segunda vez. Rachol sorriu, enquanto apagava o televisor e se sentava. —Deve tratar de sorrir. Penso que isso poderia tirar o fio às pessoas. Nykyrian tirou sua longa jaqueta negra e a colocou em cima de uma cadeira. —Realmente eles temem que os tente morder. Uma vez que mostro meus dentes, tremem de medo. Inclusive hei visto alguns que perdem o controle de suas funções corporais. Rachol sorriu inclusive mais duro. Kiara não o encontrou divertido nem o mínimo. Recolheu sua bolsa da cadeira e se dirigiu a um armário para conseguir papel de embrulhar e fita. —Quer que te reveze esta noite? Kiara se deteve ante a pergunta de Rachol. Mordendo o lábio, olhou a Nykyrian. Ele continuava enfrentando a Rachol. —Não —lhe disse para seu alívio imediato—. Penso que posso me encarregar de tudo. Sabe que durmo muito pouco. Rachol soprou e olhou a Kiara. —Se saíres enquanto ele está dormindo, não o toque ou faça qualquer movimento

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súbito. É reconhecido por morder. Kiara tirou a fita do topo da prateleira. —Tomarei cuidado —disse distraidamente. Rachol elevou uma sobrancelha inquisidora. —Não te dá medo? Kiara deu de ombros e atirou as provisões para empacotar o presente no chão. —Sou a filha de um soldado. Se te atreveres a pervocêrbar o sono de papai te apontará com uma pistola na cabeça. Rachol sorriu inteligentemente a Nykyrian. —E eu que pensava que eras simplesmente você e teus costumes. Nykyrian deu de ombros e se sentou na outra cadeira em frente do sofá. —Hei-te dito que não penses. Simplesmente é um desperdício de tempo. Kiara o olhou surpreendida pelo comentário doloroso. Havia uma da super-pequena nos cantos da boca de Nykyrian que parecia ser um sorriso. Olhou a Rachol quem não tomou as palavras a sério. —Bom, suponho que devo ir. Tenho que rastrear a um psicopata. —Rachol duvidou um momento antes de lançar um olhar tímido a Nykyrian—. Ainda temos planos para amanhã? —Não podemos. Todos estamos ocupados amanhã. Rachol arranhou a cabeça. —Então quando vamos fazê-lo? Kiara franziu os lábios, desejando saber de que estavam falando. —Hauk estará livre no próximo dia. Ele pode cuidar de Kiara. Rachol assentiu. —Farei que Hauk retorne rapidamente —deu um sorriso alentador a Kiara—. Vocês dois tomem cuidado e não permitam que o diras os apanhe. Kiara esperou até que Rachol partisse para perguntar a Nykyrian. —Por que tem que sair? —Tenho coisas pendentes. Kiara desenrolou o papel de embrulhar e cortou um quadrado o suficientemente grande para a caixa. —Por que não deixa a Darling comigo em vez de Hauk? Ele virou a cabeça subitamente para ela. Viu como sua respiração se intemificava como se sua pergunta o ultrajasse. Muito tarde compreendeu seu engano. —Não é porque ele seja Andarion —lhe disse brandamente enquanto envolvia o papel ao redor da caixa—. Inclusive você deve admitir que Hauk não é a pessoa que alguém desejaria ter ao redor. Nykyrian se relaxou. —Suponho que não —disse com um suspiro—. Darling tem seus próprios assuntos a resolver. A Hauk somente gosta de intimidar às pessoas. Permanece firme e se voltará para trás. —Ou me terá cozinhada em bife quando retornar. —Sempre cabe essa possibilidade. Com uma careta, Kiara puxou a fita e está chiou estridentemente. ***** As horas passaram rapidamente enquanto Nykyrian trabalhava e Kiara tentava encontrar alguma coisa em que ocupar seu tempo. Relutantemente, Kiara chamou à companhia de balé para lhes informar de seu retiro temporário do Show. Deitada na cama, escutava o som das teclas do computador enquanto Nykyrian

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trabalhava em algo que parecia ocupar todo seu tempo. Se tão somente pudesse tirá-lo de sua mente tão facilmente como ele o fazia. Depois de um momento, levantou-se e foi ao estúdio para praticar. Não ia apresentar-se durante as próximas semanas, mas não podia se permitir o luxo de que seus músculos ficassem rígidos. Apesar dos esforços de Nykyrian para concentrar-se no papel, o som da música de balé de Kiara o tirou de seu casulo assim como Tyna tinha atraído a Brilar ao seu falecimento premavocêro. Sem um esforço consciente, encontrou-se caminhando para o corredor do estúdio. Sua respiração se deteve quando a viu em toda sua glória, girando com elegância no quarto. Um calafrio percorreu seu corpo. O que não daria de ter o direito de tirar de seu elástico corpo esse traje de exercícios apertado e lhe fazer amor durante toda a noite. Apertou a madeira do marco da porta até que seus nódulos ficaram brancos. Kiara se virou quando vislumbrou uma súbita labareda chapeada. Quase tropeçou quando se deu conta que Nykyrian estava olhando-a. —Desculpe. —disse, enquanto tomava respirações profundas e tranqüilizadoras, insegura do que a fazia ofegar mais, se era o exercício ou o óbvio interesse que ele demonstrava—. Não sabia que estava aqui. Dito isso foi desligar o reprodutor. —Não se detenha —disse ele, com uma nota estranha que não pôde compreender. Kiara permitiu que a seguinte canção começasse. Caminhou para ele levantada em seus dedos dos pés. Pensando que podia surpreendê-lo com sua pirueta, mas gemeu quando seu pé escorregou sob seu peso. Nykyrian a apanhou antes que caísse. O impacto súbito dos músculos fortes que a rodeavam, roubou-lhe a respiração. —Está bem? Ela sorriu por sua preocupação e o tom caloroso de sua voz. —É meu pé. Penso que posso ter me machucado. Ele a pôs no chão. Kiara desejou poder pensar em alguma maneira de manter seus braços ao redor dela, mas seu calor a abandonou deixando-a ofegante. Com movimentos ágeis, desatou seu sapato e o atirou a qualquer parte. Um sussurro escapou de seus lábios. Seus olhos se alargaram ante seu desdobramento emocional. —Meu Deus, o que aconteceu com seu pé? Kiara meneou seus dedos do pé e olhou para baixo ao membro que esperava ver quebrado ou inchado. Em troca, via-se bastante normal. —Não tem nada estranho. Nykyrian roçou com seus dedos o seu pé como se sustentara a uma relíquia Santa. Os calafrios se arrastaram de sua perna apesar da ardorosa sensação que sentia onde suas mãos a tocavam. —Tem mais bolhas no pé que as cicatrizes que tenho... —sua voz se apagou. Kiara soltou um risinho. —É um risco de meu trabalho —lhe respondeu— Estou acosvocêmada. Só me doem quando sangram. Seu agarramento se apertou. —Não deveria fazer isto a você mesma. Estou seguro que dói como o inferno. Kiara estudou seu rosto que estava ao meio lado dela enquanto examinava seu pé. —Por que se preocupa com o que eu sinta? —perguntou-lhe, assumindo que gostava de utilizar essas mesmas palavras a seu favor. Ele a olhou. —Não o sei, somente me importa. O calor inundou seu corpo. Kiara se inclinou para beijá-lo. Em um momento acreditou que teria êxito, mas então, ele se afastou e lhe soltou o pé.

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—Deve deixar que essas bolhas sarem em uns dias. Ao ritmo que vai, terminará aleijada quando tiver trinta anos. Zangada Kiara se desatou o outro sapato. —Por que pressinto que alguém te disse essas mesmas palavras? —perguntou-lhe enquanto tirava o sapato. —Em meu caso, não estarei aleijado, estarei morto. —disse e partiu. O medo lhe roeu o estômago quando lhe olhou as costas. Suas palavras enfastiadas a congelaram. Quase tinha parecido como se quisera morrer. E o que te importa? Gritou-lhe sua mente; é uma bailarina e ele é um assassino, os dois não são compatíveis. Mas então por que se sentia tão atraída por ele? Suspirando pela falta de respostas se levantou e foi banhar-se. Nykyrian escutou quando ela ligou a ducha. Caminhou até a porta e apoiou a cabeça contra o marco, querendo, desejando ter a coragem de entrar nesse quarto e sentir os braços dela envolvendo-o. Não, gritou-lhe sua mente. Não necessita disso. Que tipo de vida poderia lhe oferecer? Uma bala nas costas um dia deus quando algum estúpido quisesse vingança? Tinha escolhido permanecer sozinho. Não havia lugar em sua vida para ninguém. Queria... Nykyrian suspirou. Negou-se a pensar no que queria. Suas necessidades eram insignificantes. Ele tinha um trabalho a fazer e isso era exatamente o que ia fazer. Protegêla, nada mais. Afastou-se da porta e retornou à sala. Depois de uns minutos, Kiara saiu e lhe deu boa noite. Uma vez mais, escutou seus movimentos no quarto quando se preparava para dormir. Tremeu de desejo. Com uma maldição, tirou as botas. Em uma vingança mórbida se recordou quem era verificando as lâminas retráteis que tinha escondidas nas botas. O aço frio disparou para fora e brilhou com a luz. Tocou as folhas sentindo o fio da navalha contra sua pele. Ser assassino era o único destino que tinha. Satisfeito de poder controlar o que sentia por Kiara, empurrou as lâminas para seu compartimento oculto e acomodou as botas no chão ao lado da cama. Com um suspiro, pôs os óculos sobre a mesa. Seus olhos se banharam em luz e os esfregou ante a dor súbita que sentiu. Escutou a cama de Kiara chiando sob seu peso. Um nó de desejo fechou sua garganta. Apertou os dentes pela frustração. Tirou a camisa e se deitou no colchão para dormir. Kiara se moveu outra vez. Seu corpo continuou pulsando pelo desejo, apesar de todos os argumentos que se repetia constantemente do por que não podia estar ao lado dela. Depois de permanecer ali durante vários minutos, incapaz de ficar a vontade, rendeuse ante a secura de sua garganta. Pelo menos essa era uma necessidade que podia apagar. Encaminhou-se à cozinha. Serviu-se um copo de suco de spara do refrigerador. A porta de Kiara se abriu. Nykyrian se congelou. Olhou por volta da mesa da sala e se deu conta muito tarde que não podia alcançar seus óculos antes que ela pudesse vê-lo. Não tendo nenhuma opção, apertou firmemente o copo. Kiara bocejava enquanto se dirigia ao vestíbulo, assegurando-se de que a bata estivesse fechada. Deteve-se quando chegou à porta da cozinha ao ver as costas nuas de Nykyrian. Brancas cicatrizes profundas atravessavam sua morena e musculosa pele, eram tantas que não as podia contar. Seu coração se encolheu por essa visão. Quanta dor tinha suportado? Todas eram feridas de guerra? Atravessou o quarto, sentindo vontade de tocá-lo para aliviar essa pele enrugada pelas cicatrizes. Estendeu a mão, mas se deteve antes de alcançá-lo. Ele não apreciaria esse

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gesto e já estava o suficientemente grande para que alguém o consolasse. —Tinha sede. —sussurrou ela, como se tentase desculpar-se. Sem lhe dizer uma palavra, Nykyrian lhe passou um copo em cima de seu ombro. Enquanto Kiara se servia o suco, compreendeu que ele não levava postos os óculos. Surpreendeu-se por esse fato e esqueceu o que estava fazendo. O suco transbordou de seu copo, molhou-lhe a manga de sua bata e salpicou suas pernas e seus pés. Surpreendida, pôs o copo sobre o balcão da cozinha e procurou uma toalha. —Eu o limparei. —lhe grunhiu ele. A mão de Kiara tremia enquanto punha a toalha no balcão. Tentou ver seu rosto, mas ele a esquivou. Entendeu sua indireta e apesar de sua enorme curiosidade, tomou o suco e partiu. Kiara correu ao seu quarto sentindo emoções que não podia nomear e sem estar segura de conhecer seu significado. Nykyrian limpou o suco pegajoso com seus pensamentos e emoções revoltas. Desejou poder confiar em Kiara. Mas a experiência lhe tinha ensinado que não podia confiar em ninguém. Rastrearia aos seus assassinos logo e a devolveria a seu pai. Com Bredeh e Pitala fora de ação, ninguém mais se atreveria a aceitar o contrato por sua vida sabendo que o OMG a estava protegendo. Então seria livre de voltar para sua vida. Sozinho. Uma dor o percorreu, pior que qualquer dor física que tivesse experimentado alguma vez. Apertou os dentes e jurou encontrar logo a Bredeh e a Pitala.

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Capítulo 5 Kiara caminhava de um lado a outro em seu quarto, completamente desesperada, e ainda não era meio-dia! O que presumiria que devia fazer? Ficar os próximos dias, semanas, meses abrindo uma fossa em seu tapete enquanto esperava que Probekeins revogasse a ordem a seus cães? —Queria enfrentá-lo! —gritou— Isto é abusar muito de uma pessoa! Não havia nada para ver na televisão, seus amigos estavam trabalhando ou estavam ocupados, estava cansada de escutar música e Nykyrian a ignorava. Que mais podia fazer? Inclusive aos prisioneiros se tratava bem! Pelo menos lhes atribuíam trabalhos para que seus dias passassem mais rápidos. Este tipo de restrição nunca a tinha padecido na casa de seu pai. E francamente, quase nem podia estar de pé sem fazer nada. Zangada, foi procurar Nykyrian para desafogar-se de sua frustração. E como o esperava, estava sentado no sofá, martelando as teclas de seu Terminal para harmonizar perfeitamente seu isolamento. Quis lhe arremessar algo. —Estou cansada! Nykyrian deixou de teclar e a olhou sobre a tela sem alterar-se. Se não tivesse posto seus óculos, apostaria que estava lhe levantando uma sobrancelha. —Ontem te disse que não posso ficar aqui sem fazer nada. Estou aborrecida. Nykyrian voltou sua vista à tela. —Enquanto permanece aí com as mãos nos quadris, porque não deixa de dar chiliques e ficar de cara feia como uma menina pequena. Kiara estreitou os olhos e deixou cair os braços aos lados. Suas palavras a enfureceram. —Eu não fico de cara feia! O bufo com o qual ele respondeu a fez desejar estelar algo contra a cabeça dele. Ofendida por sua prisão e sua vida em geral, Kiara se sentou rigidamente em uma cadeira. —Acaso não podemos fazer algo? Se permanecer aqui mais tempo, vou enlouquecer. Ele suspirou e fechou seu computador. —O que quererá fazer mu Tara, ir às compras de novo? Apesar de sua voz inexpressiva, entendeu seu sarcasmo. —Não necessariamente. —Então o que? Kiara pensou durante um minuto. Tinha que ser algo onde não pusessem em perigo suas vidas e onde as pessoas não prestassem atenção ao seu guarda. —A festa de Tiyana! Kiara sorriu, recordando o motivo pelo qual tinham ido às compras ontem. —A festa de aniversário de minha melhor amiga é esta tarde. Podemos ir lá! —Uma festa de aniversário? O medo era óbvio em sua voz. Kiara o olhou fixamente, perguntando-se por que uma ocasião como essa poderia causar uma resposta emocional de sua parte. —Bem, e por que não? É num edifício residencial, as únicas pessoas convidadas são amigos e sócios do trabalho. Tiyana me disse que era uma reunião pequena. Ele grunhiu. Kiara lhe deu de presente o sorriso que sempre dobrava a vontade de seu pai. —Por favor? Nykyrian grunhiu de novo e por um momento, Kiara pensou que se negaria.

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—Se isso evitar que enlouqueça, está bem. Mas, —disse interrompendo seu sorriso— só vamos ficar uma hora. Nem um minuto mais. Kiara franziu os lábios. —Bom isso é melhor que ficar aqui todo o dia. —disse com um suspiro. Levantandose da cadeira, viu como ele retornava ao seu trabalho— É às quatro e meia. Dessa vez, nem sequer se incomodou em lhe grunhir, somente a ignorou. Suspirando cansada, Kiara foi ao seu quarto onde decidiu que passaria o resto de seu tempo lendo. ***** Kiara esticou seu vestido com as mãos, revisando duas vezes que parecese elegante para a festa. Tiyana tinha lhe advertido que um grupo de empresários assistiria e um empresário desiludido poderia lhe fazer um machuco a sua carreira similar à morte. No negócio da dança, a imagem o era tudo. Abrindo a porta de seu quarto, saiu a encontrar-se com seu guarda mal-humorado. Uma vez mais, Rachol estava sitiando a casa como ele dizia tão ironicamente. Esse esforço lhe parecia uma perda de tempo. Não entendia porque necessitavam que alguém ficasse na casa todo o tempo. Mas não tinha desejos de discutir, por fim ia poder sair do confinamento dessas quatro paredes. Ambos estavam absortos olhando o computador. Falavam nesse idioma estranho, e como coisa rara, ignoravam-na. Kiara tomou uma respiração profunda. Era a primeira vez que se sentia tão ignorada e percebeu que a experiência era horrível e um pouco humilhante. O que tinha que fazer, atravessar a casa nua para que lhe prestassem atenção? —Me perdoem? —disse. Ambos a olharam simultaneamente. —Vamos chegar tarde. Nykyrian se levantou da mesa. —Começa com isso. —disse a Rachol. Rachol assentiu e lançou um sorriso sedutor a ela quando a olhou fixamente. Sem dizer outra palavra, Kiara tomou o presente de Tiyana da mesa da cozinha e caminhou para a porta. Nykyrian se adiantou a ela e lhe abriu a porta. —Não demoraremos muito tempo. —disse ele a Rachol. Kiara se conteve de não lhe fazer um comentário ofensivo. Prometeu-se que ia desfrutar da festa de qualquer maneira. A casa da Tiyana estava simplesmente a duas ruas. Kiara e Tiyana tinham sido companheiras de classe e as melhores amigas, tinham esvocêdado juntas em várias academias e como adultas dançavam para a mesma companhia. Quando Kiara começou a procurar um lugar para viver, Tiyana insistiu que encontrasse um lugar perto para que pudessem continuar com suas longas sessões de fofocas e suculentas comidas toda a noite. Preferindo ignorar a Nykyrian e ao seu último estado de mau humor, Kiara tocou o timbre. Depois de um breve momento, Tiyana abriu a porta e fez um gesto de alegria com seu formoso rosto quando reconheceu a Kiara. —Meu bem! —exclamou, abraçando a Kiara ferozmente— Estava preocupada de que não pudesse vir. Kiara sorriu, se liberando do abraço antes que Tiyana lhe rompesse as costelas e olhou o verde luminoso de seus olhos. Ela era tudo o que sempre tinha querido ser: alta, loira, volupvocêosa, vistosa, sofisticada, sem mencionar que era forte. —Como poderia perder isso. —disse-lhe Kiara alegremente— Nem todos os dias se completam vinte e seis.

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Tiyana se estremeceu e colocou um dedo nos lábios perfeitamente maquiados. —Não diga isso tão alto. —sussurrou, jogando um cacho loiro em cima de seu ombro— Hei dito a todos os empresários que tenho vinte e dois anos. Se alguma vez averiguarem o perto que estou dos trinta, eu estou… —sustentou sua mão contra a cabeça como se fora uma pistola e simulou que apertava o gatilho. Kiara riu do gesto. —Me faça o mesmo favor e o faremos juntas! —Feito! —disse Tiyana, abraçando-a novamente. Kiara sentiu quando Tiyana ficou rígida. —Quem é seu par? —sussurrou. Kiara se separou de Tiyana e olhou fixamente a Nykyrian. —Ele não é meu par, é meu guarda-costas. Os olhos de Tiyana se alargaram. —Seu pai devia ter usado um de seus velhos truques. Kiara assentiu. Tiyana lançou um sorriso deslumbrante a Nykyrian, mas ele nem sequer lhe prestou a mais mínima atenção. Kiara se sentiu satisfeita de que fora imune também aos encantos de Tiyana. Um cenho de desilusão transtornou o rosto de Tiyana e desapareceu rapidamente. Virou-se e olhou a Kiara. —Bom não posso culpar a seu pai por ficar neurótico depois da maneira em que esses sujeitos irromperam em seu quarto de hotel e dessa noite no teatro. —Tiyana agitou a cabeça. —Basta! —disse Tiyana interrompendo-se, e arrastando Kiara para dentro da casa pela mão— Entre. —Tiyana fechou a porta atrás de Nykyrian— Acredito que já conhece todos aqui, se não for assim, me faça um sinal e a apresentarei. Tiyana se aproximou de Kiara e lhe sussurrou na orelha. —Advirto-a que Paulus está aqui e está bêbado. Kiara pôs os olhos em branco. Paulus era o pesadelo de todas as bailarinas. Seu pai tinha feito forvocêna com uma companhia de classe média antes de voltar-se patrocinador de arte e por isso, Paulus acreditava que tinha o privilégio de dormir com qualquer bailarina que pudesse imaginar. Kiara se encolheu de asco. Sempre tinha podido evitá-lo no passado, por agora tinha mantido suas mãos afastadas de seu corpo. Com um sorriso final, um abraço rápido e tomando seu último presente, Tiyana se afastou e se introduziu na multidão. Kiara inspecionou a grande reunião procurando pessoas conhecidas. Ao contrário das palavras de Tiyana de que havia convidado só a uns “poucos” amigos e sócios. Parecia como se no lugar estivessem todas as pessoas com as quais Tiyana tinha falado alguma vez. Kiara olhou para trás a Nykyrian. —Como solucionaremos isto? —perguntou ela. Em lugar de olhá-la, ele examinou à multidão. —Vou cobrir-te como se fosse um abutre. —Kiara notou a irritação de sua voz e se perguntou que o pervocêrbava mais, o fato de que ela o houvesse trazido para essa reunião, ou porque ali havia muitas pessoas— Simplesmente, não se afaste de minha vista. Kiara sorriu com afetação. —Isso soa como se me estivesse cobrindo. Ele não lhe respondeu. Bem, pensou Kiara, dirigindo-se para a mesa de refrescos. Ele é um assassino experiente, pode defender-se sozinho. —Kiara Biardi! Kiara procurou ao seu redor até encontrar-se com o rosto de Elfa Dicuta, sua substivocêta.

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—Olá Elfie, Como está? Elfa lhe deu de presente um desses sorrisos falsos muito famosos. —Muito bem. Não posso lhe expressar quão aflita estou porque tenha tido que abandonar o espetáculo. Sinto-me terrível por isso. —Aposto que sim. Como está indo com o espetáculo? Desta vez, Kiara suspeitou que o sorriso poderia ser real. —Maravilhoso. —Os olhos de Elfa se dirigiram para onde Nykyrian estava apoiado contra uma parede— Diga-me que não veio com esse Andarion? Kiara tomou uma taça de ponche, querendo virá-la em cima da loira pequena. —Sim, vim. Um olhar intrigado cruzou o rosto de Elfa. —Aos empresários não gostariam escutar isso. —Kiara escutou uma nota de esperança sob o tom da moça—Há estado saindo com ele faz muito tempo? Apertando fortemente a taça, Kiara tomou um pouco de ponche. —Não estou saindo com ele. Só é meu guarda-costas. —Bem doçura, ele pode proteger meu corpo quando queira! Kiara deu a volta ao escutar essa voz em seu ouvido. —Shera! —disse ela, aliviada por encontrar outro rosto amistoso em meio dessas águas infestadas de vocêbarões. Shera a abraçou rapidamente. —Não me enrugue a roupa. —disse Shera, afastando-a— Alguns de nós temos que lutar para ter boa aparência Não é certo Elfie? Elfa soprou até o ponto que Kiara suspeitou que podia estalar. Estreitando os olhos, deixou-as sem nem sequer lhes dizer “Com licença”. Kiara sorriu com Shera, sua desenhista favorita. Shera sempre era boa para manter afastada a depressão e as preocupações. —Estou feliz de que estejas aqui. —disse ela, apertando a mão de Shera. —Acaso tinha alguma opção? —perguntou Shera, gesticulando dramaticamente como uma diva—. Tiyana ameaçou de me tirar a vida se eu perdesse isto. —Ficando séria, afastou Kiara do grupo mais próximo de pessoas—. É verdadeiramente seu guarda-costas esse belo homem? Kiara assentiu. O sorriso de Shera era amplo e faminto. —Se eu fosse sua namorada, já estaria em casa dançando a dança do lençol com esse moço! Kiara sorriu, olhando para onde estava Nykyrian, que permanecia quieto, aparentemente evitando às pessoas que estavam ao seu redor, sabendo que eles o olhavam intemamente. —Temo-me que ele não está interessado. Shera sorriu, seu rosto era uma máscara de comédia. —Então, encontraria a maneira de interessá-lo! Kiara sacudiu a cabeça, agradecida por poder sorrir tanto de novo. —É incorrigível. Shera deu de ombros de maneira indiferente. —Sempre hei dito que a incorrigibilidade é boa para a alma, mas o sexo é imensamente melhor! Kiara pôs os olhos em branco. —A sério o penso. —disse Shera, olhando para onde Elfa tinha desaparecido—. Quero te advertir sobre sua substivocêta. As risadas de Kiara morreram. —O que? —perguntou ela, com temor crescente. A pequena duas faces fez uma apresentação fantástica ontem à noite e desde então

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é para os empresários e diretores a principal bailarina, diferentemente de outra que eu conheço. —Eu a matarei! —Kiara deixou a taça sobre a mesa e começou a caminhar para Elfa. Shera lhe agarrou o braço. —Agora não. —disse na orelha de Kiara— Há muitos empresários aqui. Se começares uma discussão, ela lhes dirá que és muito temperamental e que é impossível trabalhar contigo. Kiara apertou os punhos aos lados, querendo arrancar a pedaços cada mecha loira da cabeça de Elfa. Shera lhe deu tapinhas no braço. —O melhor que pode fazer para vencê-la é retornar o quanto antes ao Espetáculo. Juro-te, que sua apresentação não é tão boa como a que você faz. —A risada de Shera retornou—. Ademais pensa nisto, tive que aumentar o tamanho de seu traje duas vezes para poder acomodar seu excesso de gordura! Apesar de sua fúria Kiara sorriu. —Realmente o fez? Shera assentiu. —E o vermelho não é a cor apropriada para essa moça. ***** Kiara tomou novamente seu ponche da mesa e permitiu a contra gosto que Shera partisse. Olhando a Nykyrian quis lhe sorrir, quando recordou as palavras de Shera. Ele inclusive era definitivamente o homem mais bonito da festa, embora esses óculos escondessem a maior parte de seu rosto. Gostaria de praticar o balé do lençol com ele, se somente cooperasse. —Oh, aqui está. Tiyana me informou que estava aqui. Kiara se encolheu. Não era Paulus, era inclusive pior. Tratava-se de Wicmon o empresário de seu espetáculo, o homem ao qual ela não podia permitir o luxo de insultar sem importar o horrível que se comportasse com ela. —Olá. —disse ela, lhe brindando seu sorriso mais resplandecente. Wicmon lhe tomou a mão e lhe pôs um beijo lamacento em cima dos nódulos. —Decepcionei-me muito quando soube que abandonaste o espetáculo —disse ele, olhando-a luxuriosamente—. Tinha esperado poder te conhecer melhor. Kiara tentou retirar a mão diplomaticamente, mas seu agarramento se apertou. Admitiu que o homem era bonito, se apenas não mantivera a frieza nesse olhar interessado, por trás de seus olhos azuis claros. Nesse momento se sentia como um pássarinho encurralado. Como podia escapulir dele sem ofendê-lo? Preocupada, olhou como Nykyrian se aproximava até eles. Um sorriso curvou seus lábios quando ele se deteve ao seu lado. —Kiara, Tiyana está te procurando. A irritação nublou os olhos de Wicmon por essa interrupção. Ele deu a volta e logo retrocedeu um passo. Kiara se afogou da risada por sua reação. Sem dúvida nenhuma, tinha assumido que Nykyrian era outro dos bailarinos que o estava acostumado a intimidar. E como todos, tudo o que pôde fazer foi abrir a boca pela surpresa. —Se me perdoa, Wicmon. —disse ela, caminhando ao lado de Nykyrian, com o coração lhe pulsando de alívio. —Obrigada. —sussurrou ela a Nykyrian, quando se separaram do campo auditivo de Wicmon— Como sabia que devia vir?

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Ele deu de ombros. —Parecias inccômoda. Com adoração nos olhos por sua preocupação e suas ações, ela o olhou fixamente. Desejava beijá-lo por sua bondade. —Devo-te uma. Agora, era ele quem parecia incômodo. Sem lhe dizer uma palavra, para sua maior decepção ele se separou dela. Kiara quis bater o pé pela frustração. Como podia ser tão amável em um momento e logo ser tão áspero? Seriamente ofendida, caminhou para o balcão. Ao separar-se da multidão, uma mão áspera lhe agarrou o cotovelo. Kiara teve intenções de gritar, mas pensou que certamente era outro empresário. —Sabia que nos encontraríamos de novo. O sangue lhe escorreu do rosto, enquanto seu coração pulsava com força. Pitala. Dois pensamentos dispararam ao mesmo tempo através de sua mente. Um era o medo de que ele a matasse e o outro era o medo de que viveria e esse episódio acabaria com sua carreira. Kiara sentiu uma espetada afiada nas costelas. —Saia do vestíbulo, como se quisesse falar comigo. Não faça nenhum movimento súbito, se não quiser que aperte o gatilho e disperse seus intestinos no chão de sua amiga. Kiara assentiu com o coração alojado em sua garganta. Ela procurava Nykyrian, mas parecia que tinha desaparecido. Que tipo de protetor era ele? O suor empapou seu corpo enquanto se movia para fazer o que o sujeito lhe havia dito. Rezou para que ninguém se aproximasse deles. Olhando-o indiretamente, notou que Pitala se havia vestido com um traje caro e mantinha o cabelo preso com um rabo de cavalo. Para qualquer observador, ele aparentaria ser um aristocrata ou um empresário endinheirado. O medo a estrangulou enquanto as lágrimas se agrupavam em seus olhos. Furiosamente, mordeu o lábio para evitar gritar ou pedir ajuda. Kiara se aproximou da porta. Gotas de suor escorregavam por suas têmporas. Se cruzasse a soleira, sabia que Pitala a mataria. Se ficasse dentro do andar de Tiyana, todos observariam seu desenlace: os empresários, os diretores, todos. Sua vida ou sua carreira? Mordeu o lábio com indecisão. Sem sua carreira, que tipo de vida levaria? Com esse pensamento final, abriu a porta. Pitala a empurrou através dela, então fechou de repente a porta a suas costas. Kiara caiu ao chão. Seu corpo se estremeceu completamente, olhou para cima para ver Pitala dando a volta para enfrentá-la e nesse momento se precaveu da presença de Nykyrian que se escondia a um lado da porta. Ele tirou o blaster da mão de Pitala e pôs seu próprio blaster no queixo do homem. —Só vou te dizer isto uma só vez. —disse Nykyrian com voz letal— Kiara está sob proteção da OMG. Se a feres, a ameaças, ou inclusive a olhas outra vez, vai receber uma visita de Némesis. Uma visita que lamentará em muito tempo e que te custará esquecer. Inclusive Kiara se encolheu pela ameaça. Nykyrian curvou seus lábios com um grunhido feroz. —Encontrará ao seu companheiro no vestíbulo trancado com chave no armário de armazenamento. Tire-o e saiam. Se valorizar a posição asual de todas as partes de seu corpo, revogará o contrato pela vida de Kiara, amanhã mesmo. —Ele pressionou o botão de seu blaster—. Entendido? O suor banhou o rosto de Pitala. —Minha revocatória se anunciará amanhã. Juro-te isso. Nykyrian soltou o gatilho de seu blaster. —Bom. — disse ele, enquanto se separava de Pitala. Kiara observou quão veloz o assassino correu para ir para o vestíbulo. Olhou ao seu

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salvador, sua respiração ficou difícil, sua cabeça foi invadida pelo pânico. Nykyrian guardou seu blaster, e lhe ofereceu a mão. Ela a agarrou com mãos trementes, enquanto a ajudava a levantar do chão. —Sinto não haver te ajudado com prontidão. —disse ele brandamente—. Mas supus que não quereria que seus amigos se inteirassem do que estava acontecendo. —Antes que pudesse partir e antes de poder deter-se envolveu seus braços ao redor dele e aprisionou sua magra cinvocêra enquanto o alívio percorria seu corpo. —A maioria deles não é meu amigo. —disse ela, enquanto compreendia uma terrível verdade—. Eles são duas faces, são cães desalmados que não são muito melhores que Pitala. Kiara apoiou a bochecha contra seu peito, e escutou o som consolador de seu coração. Embora seu corpo estava rígido, não fez nenhum movimento para afastá-la. Ela tremeu, sabendo que Nykyrian nunca permitiria que lhe fizessem mal. Estava segura ao seu lado. Nykyrian a sustentou contra seu corpo, desfrutando da percepção dos braços que o rodeavam. Nesse momento, era tão fácil esquecer-se de seu passado, esquecer-se dele mesmo e ficar com ela. Mas não podia. Sabia. Seus braços se aferraram ao redor dele e jogou a cabeça para trás. Inconscientemente, ele se moveu para beijá-la, mas se conteve antes de cumprir seu objetivo. Sua respiração caiu contra seus lábios e tomou toda sua força de vontade não completar o que mais desejava fazer. —Devemos ir para casa. —disse ele, afastando-se. O calor formigou nas bochechas de Kiara. Abatida, assentiu, tentando acalmar o tremor de seus membros. Por que tinha se incomodado? Nykyrian não estava interessado nela nem o mínimo. Se tivesse dignidade, esquecer-se-ia dele e simplesmente seguiria com sua vida ignorando-o tão facilmente como ele o fazia com ela. —Bem. —disse ela, com a voz agitada pelas lágrimas que estava esforçando-se por não derramar. Sem lhe dizer uma palavra, conduziu-a para o vestíbulo, verificando a cada passo que Pitala não estivesse atrás deles. Kiara se sentia estranhamente torpe enquanto o seguia, como se seus pensamentos flusuassem em cima da festa e do ataque. Possivelmente estava envelhecendo. Possivelmente era o medo do que tinha acontecido com Pitala, ou o que tivesse acontecido se todos os empresários os tivessem visto. Certamente por isso não tinha desfrutado do dia de hoje, porque os comentários agudos de Elfa a rasgaram muito mais que o ano passado quando tinha acontecido o mesmo. Kiara não podia recordar ter tido um pior momento em sua vida. Voltou-se para olhar a Nykyrian enquanto a tirava do edifício. Pelo menos agora havia um assassino a menos atrás dela. Com um pouco de sorte, Némesis poderia intimidar ao resto de seus perseguidores para que não a seguissem atacando, então poderia retornar a sua antiga vida. Poderia fazê-lo? Kiara engoliu o nó de lágrimas. Só estava cansada. Se dormisse um pouco, tudo voltaria a estar bem. Estaria bem. ***** Sentada em sua cadeira favorita, Kiara olhava a Nykyrian enquanto este limpava seu blaster, sua mente ainda estava atordoada pelo ataque de Pitala. A morte se converteu em uma fascinação mórbida para ela, enquanto observava como Nykyrian afastava cada parte de sua arma, limpado cada uma delas cuidadosamente com um pedaço de pano branco e uma solução de cheiro penetrante.

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Desde que Rachol partiu, Nykyrian não havia dito nenhuma só palavra, e após duas horas de silêncio absoluto, Kiara estava a ponto de enlouquecer. Enquanto ele trocava a bateria, ela recolheu o cabelo na nuca. —Por que não matou Pitala? —perguntou-lhe ela, com uma voz tão silenciosa que parecia um grito depois de toda essa quievocêde. Ele atarraxou outra parte de seu blaster. —Preferiria que o tivesse feito? Um calafrio percorreu seus braços. —Não. —disse ela, tratando de dar-se calor— Só me parece estranho que tenhas lhe permitido escapar duas vezes. Nykyrian suspirou. —Se matasse a todos os que me incomodam, então todo mundo me caçaria como assassino. Kiara assentiu compreendendo o que queria lhe dizer. —Sem dúvida eu estaria no topo de sua lista de mortes. Olhou-a, mas seu rosto não dizia nada, era ilegível. Ela observou como juntava as partes do blaster, suas mãos realizavam todo o procedimento com facilidade. Era um balé estranho, magnético. —Quando decidiu desertar da Liga, como o fez? Só lhes disse um não obrigado ou algo assim? Ele lhe fez uma careta, enquanto fechava de repente uma parte da agarração em sua posição. —Por que quer sabê-lo? Ela deu de ombros, uma imagem dos empresários atravessou sua mente e lhe fez ver como reagiriam eles se lhes dissesse que fossem assar suas partes, como tinha querido lhes dizer muitas vezes no passado. —Só é curiosidade. Ainda me deve quatro respostas. —Três. —corrigiu ele, antes de baixar o canhão de seus blaster. Kiara lhe sorriu com tristeza. —De acordo, três. Como saiu da Liga? Ele pôs seu blaster sobre a mesa que havia entre eles. Apoiou-se contra o sofá e a olhou fixamente. —Saí das câmaras de designações uma tarde e nunca retornei. Ela franziu o cenho. De algum modo sabia que não era fácil desertar da Liga. —Por que? —Queriam que matasse a um amigo. A surpresa a atravessou e repetiu sua pergunta. —Por que? Ele tragou com dificuldade e parecia ausente. —Por uma falsa acusação de traição que lhe tinha imputado, e seu governo queria que o executassem. Kiara mordeu o lábio, enquanto considerava suas palavras. —Como sabia que era inocente? Se uma corte o encontra culpado… —Nenhuma corte estava envolvida. —a interrompeu Nykyrian— Por um bom pagamento, a Liga declararia culpado e executaria a qualquer um. Sua garganta se apertou pelo terror. —Assim que a Liga realmente não protege a ninguém. —Só aos políticos milionários. Seu estômago se atou ante essa idéia. —Por que ninguém os detém? Nykyrian deu de ombros como se tudo lhe parecese aborrecido. —Quem sabe?

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Deslumbrada por esse conhecimento recém descoberto, Kiara se levantou da cadeira e se dirigiu ao seu quarto. Fez uma pausa no vestíbulo, voltando o olhar para o sofá no qual ele estava sentado. —Nykyrian? Kiara esperou até que ele a olhasse aos olhos. —Quando desertou da Liga se sentiu bem? Ele parecia tão afastado e por um momento ela pensou que a ia ignorar como sempre. —Senti-me muito bem. Ela assentiu, enquanto seu coração lhe pulsava fortemente ao momento de realizar a única pergunta que precisava lhe fazer. —Pensou em morrer? Ele passou a mão pela mandíbula. —E você não? As lágrimas se deslizaram de seus olhos. —Nunca tinha pensado nisso até agora. —Suas lágrimas empaparam suas bochechas—. Tenho tanto medo de morrer! —soluçou ela. Cobrindo o tremor de seus lábios com sua mão, correu pelo vestíbulo para a segurança de seu quarto. Kiara se atirou na cama, enquanto os soluços sacudiam sobre seu corpo. Não queria morrer, nem agora, nem nunca. Tinha ainda tantas coisas a fazer, a experimentar. De repente, sentiu os braços de Nykyrian ao seu redor enquanto a colocava em seu colo. Ele se sentou na beira da cama, sustentando-a contra seu corpo como se fora uma menina pequena que tinha quebrado seu brinquedo favorito. Ela apoiou a cabeça contra seu ombro e soluçou com toda a dor que sentia. Nykyrian permaneceu calado, confortando-a, sustentando-a, tirando o cabelo de sua bochecha e balançando-a brandamente entre seus braços. Kiara nunca se havia sentido tão protegida. Não teve idéia de quanto tempo chorou, mas quando finalmente se afastou, a seda de sua camisa se pregava ao seu peito no lugar onde suas lágrimas se derramaram. —Desculpe. —disse ela, enquanto se limpava a bochecha com o verso de sua mão. Ele estendeu uma mão e limpou a umidade de seu rosto. —Se sente melhor? —perguntou-lhe ele, com voz rouca. Kiara assentiu. —Nunca choro. —sussurrou ela, enquanto desfrutava da percepção de suas mãos calorosas e fortes que se moviam sobre suas geladas bochechas. —É compreensível. Não se habivocêe a ter às pessoas sustentando blasters contra sua cabeça. Ela engoliu as lágrimas, desejando novamente poder ver seu rosto e ler seus pensamentos. —O sente? Ele tomou uma respiração profunda, e com sua mão lhe pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha. Kiara o olhou fixamente. Em muitas maneiras era um completo estranho, mas ainda assim se sentia como se fossem velhos amantes. Estava ardendo por ele, desejosa de beijar seus lábios, mas sabia que se o tentava, ele a empurraria longe novamente e acabaria com esse momento de paz. E não desejava que acabasse nunca. —Não tem medo de morrer? —perguntou-lhe ela, enquanto temia afogar-se com a seguinte onda de lágrimas que ameaçavam derramar-se—. Não temes que algum dia não possas escapar quando alguém ponha um blaster na cabeça? Seus braços se estirostom ao redor dela. Por um momento, temeu que se levantasse e partisse. Mas a resposta que lhe deu, não era a que tinha esperado. —A única coisa que temo é que estou envelhecendo. —E o que tem de errado envelhecer? —perguntou-lhe ela, enquanto desejava tocar

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sua bochecha. —Nada. —disse ele asperamente— A menos que o faça sozinho. Seu coração se rasgou, e então para sua desilusão, ele ficou de pé. Logo se inclinou e tocou sua bochecha como se estivesse tocando porcelana fina. —Ninguém vai fazer te mal. Por minha vida, juro que te protegerei —lhe disse ele e partiu. Ele coração de Kiara revocêmbou pela sinceridade audível por trás de suas palavras. Sua bochecha ardia pela lembrança de seus dedos. Havia tantas coisas que ela queria lhe dizer, que lhe perguntar, mas não sabia como fazê-lo. Ele era tão contraditório. Em um minuto a afastava e a repreendia como se ela não pudesse nem sequer lhe tocar a mão, mas no seguinte a sustentava como se fora um tesouro e a consolava por suas lágrimas. Kiara respirou tremulamente, desejando ter o valor de tirar a roupa e sair para a sala aonde Nykyrian dormia. Shera havia feito isso para conquistar a seu último amante e havia dito a Kiara que era uma tática muito infalível e que devia usá-la quando de verdade quisesse a alguém. Mas Kiara não podia fazê-lo, era uma covarde. Suspirando, inclinou as costas em sua cama, imaginando o que seria ter a Nykyrian ao seu lado, lhe fazendo amor e aliviando seus medos toda a noite. Essa idéia ainda esteve em sua mente, enquanto se deslizava finalmente em um sono incerto. Quando Kiara despertou, Nykyrian já havia saído. Apressou-se para ir vê-lo antes que partisse, mas tinha chegado muito tarde. Hauk estava sentado no sofá, mastigando o que restava de seus friggles. Dando-lhe um sorriso tímido e de decepção, foi se vestir. Kiara tomou seu tempo, desejando permanecer na cama e dormir para proteger-se de seu tosco guardião Andarion. Não tinha nenhum desejo de passar o dia sob o brilho intemo de seu olhar e de suas ameaças. Quando retornou à sala, Hauk tinha colocado um prato de pãozinhos para ela. —Não são tão bons como os de Nykyrian, mas não lhe matarão. —disse ele asperamente, como se ser amistoso com ela lhe envergonhasse. —Acaso não me odiava? —perguntou-lhe ela, enquanto tomava um dos pãozinhos. Ele deu de ombros e começou a passar os canais da televisão. —Odeio a todas as pessoas privilegiadas em geral. Só cais nessa categoria. Ela engoliu o que tinha mordido de seu pãozinho. —Parece-me que Nykyrian não é alguém realmente pobre. Como filho de um comandante respeitado e endinheirado, acredito que ele também entra em sua categoria. Um som provocado por sua garganta foi tudo o que lhe respondeu. Depois de um momento, lhe grunhiu: —Suponho que deve ter uma melhor maneira para passar nosso tempo? Não há nada aqui o suficientemente bom para apodrecer meu cérebro. Kiara sorriu, compreendendo seu mau humor muito bem. —O que outra coisa além de comer humanos e friggles você gosta de fazer? Hauk ficou de pé e ultrapassou sua alvocêra. —Algo que não seja falar. Ela suspirou ante a hostilidade subjacente de suas palavras e lhe assinalou o armário com seu dedo polegar. —Tenho alguns jogos. Sem lhe dizer uma palavra, ele se dirigiu ao armário e começou a procurar intemamente entre suas coisas. Emergiu dali com um sorriso amplo, com as presas brilhantes. —Tareba! —exclamou ele, enquanto tirava o jogo de estratégia—. Importaria-se se jogo um pouco?

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Kiara sorriu ante seu cepticismo. —Claro que não. —disse ela. Estava como um menino com um brinquedo novo enquanto tirava as partes e preparava a tabela. Um sorriso curvou seus lábios ao notar seu envocêsiasmo. —Aonde se dirige Nykyrian? —perguntou-lhe ela, enquanto o observava. Ele levantou o olhar da caixa com um cenho profundo. —Não lhe perguntou? —Não tive tempo. Seu cenho se relaxou. —Foi procurar informação sobre as pessoas que te perseguem. Ela lambeu os lábios, enquanto tentava ter coragem para lhe fazer a seguinte pergunta. —Por que Aksel Bredeh é tão importante para Nykyrian? —O que se importa? —ladrou-lhe ele. Kiara o olhou, suas bochechas se esquentavam pela irritação ante sua hostilidade injustificada. —Vocês os homens, devem ser o grupo mais defensivo do mundo. Mia Kitana, Podese ao menos tirar uma simples resposta de algum de vocês? Hauk riu das profundidades de sua garganta, foi um som que esteve longe de confortá-la. —Tem razão. Somos muito dados à evasiva. Deve jogar às Pergunta um dia com eles. Nunca conheci a alguém que perguntase tanto como Nykyrian e Rachol. Era mágica a maneira em que sua personalidade mudava de tosca a amistosa. —Nem sequer estou seguro do que acontece entre Aksel e Nykyrian. Só digo, que não há muito que saiba de Nykyrian, da única coisa de que estou seguro é do fato de que ele morreria por mim. Ela franziu o cenho ante esse novo descobrimento. —Por que diz isso? —Ele recebeu suficientes disparos para proteger meu tosco traseiro durante anos. Kiara o olhou, enquanto terminava de armar a cena do jogo, pensando em suas palavras. —Viu-o alguma vez sorrir? Hauk fechou a caixa, com os olhos cuidadosamente abertos. —Não. Sua resposta lhe provocou uma dor em seu peito. Usou a seguinte tática para obter mais secretos de Nykyrian de parte dele. —Há quanto tempo que o conhece? Hauk a olhou fixamente. —Desde que tinha nove anos. Ela deixou cair sua mandíbula pela surpresa, sua revelação a percorreu como um calafrio. —E ainda assim nunca o vistes sorrir? Hauk deu de ombros. —Ele não sorri. Infernos, quase nem fala. Era pior quando era menino. Pelo menos agora não se enfurece e estala cada vez que alguém lhe diz algo. O coração da Kiara cambaleou ante essa idéia. Nykyrian era uma fascinação estranha para ela, por isso queria saber mais sobre seu passado, queria saber tudo sobre ele. —Então, viu seus olhos. — disse ela, esperando averiguar o que Nykyrian escondia. Hauk permaneceu perfeitamente sentado, olhando-a. —Sim, tenho-o feito. —E como parecem? Iguais aos teus?

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—Se ele quiser que o saiba, tirará suas lentes. Se fosse você, não esperaria a chegada desse dia. Kiara se sentou sobre seus talões, chiando os dentes pela frustração. A esse ritmo, morreria de velhice antes que qualquer um desses lábios avaros e apertados lhe desse qualquer informação sobre seu querido companheiro. Muito bem, só teria que procurar a maneira de poder ver os olhos de Nykyrian. Nunca podia resistir ante um mistério e muito menos deixá-lo sem resolver!

Capítulo 6 Kiara e Hauk estavam vendo uma comédia quando Nykyrian retornou. Ela o olhou sorridente, mas ele nem sequer se incomodou em olhar até sua direção. Decepcionada, voltou seu olhar para Hauk que lhe respondeu com uma apologética caída de ombros antes de ficar de pé. —Bom, suponho que é a hora de que esta babá se evapore. —disse Hauk, assentindo para Nykyrian— Tome cuidado com seu assado —disse ele, antes de partir. Nykyrian a olhou. —De que estava falando? —perguntou ele com aspereza. Kiara deu de ombros. —Disse-me que tinha gostado. Quer prová-lo? Deixei um pouco esquentando na esvocêfa. —Ela pôs um travesseiro em seu regaço e a cavou entre suas pernas. —Eu o buscarei. —disse ele, atravessando seu corpo pela porta. Estava asuando de uma forma estranha, inclusive para ele mesmo. Kiara o olhou movendo-se devagar na cozinha, com um profundo cenho em seu rosto. O que tinha acontecido? Passaram vários minutos enquanto ela esperava que ele se unisse a ela, mas ficou na cozinha fora de sua vista. Preocupada e curiosa, foi jogar-lhe uma olhada. —Algo anda errado? —perguntou-lhe Kiara. Imediatamente, ele se endireitou e tomou seu garfo. —Só estou cansado. —disse ele, antes de morder um pouco. Kiara se sentou em frente dele. Encolhendo as pernas na cadeira, sustentou o queixo sobre seus joelhos. —Hauk e eu passamos a tarde jogando. —disse ela, tentando lhe tirar algum tipo de conversação para afastar essa melancolia que parecia invadi-lo— Jogou alguma vez? Ele apertou o garfo fortemente. —Não. Exasperada, ela o olhou fixamente. —Não tem que ladrar comigo, só estava… —Olha. —a interrompeu Nykyrian, fazendo-a saltar de surpresa por seu tom afiado— Não tenho humor para ser sociável. Por que não me deixa em paz! Jogando fumaça de indignação, Kiara ficou de pé. Deu-lhe uma volta à mesa e ficou ao lado de sua cadeira. —Sabe, estou me pondo muito doente por este abuso. Se tivermos que estar juntos constantemente, o mínimo que poderia fazer é ser um pouco civilizado. Nykyrian se levantou e a cadeira chiou contra o piso de cerâmica quando a afastou com a perna. —Por que continuas me perseguindo se já sabe que não tenho nenhum interesse em ti como mulher? És incapaz de ter um homem em sua casa sem te deitar com ele?

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Ela nunca tinha escutado palavras tão ofensivas em sua vida. Antes que pudesse pensar, esbofeteou-o no rosto tão fortemente como pôde. Ele nem sequer retrocedeu. Apenas ficou ali, imóvel. Ela nem sequer notou o levantamento e a queda de seu peito. Kiara se horrorizou pelo que tinha feito. Sua palma lhe ardia pelo golpe. Nunca na vida tinha golpeado a ninguém por nada. —Me perdoe. —ofegou ela, colhendo sua rosto entre suas mãos. Ele afastou as mãos de seu rosto. —Não me toque. —grunhiu ele, com uma voz baixa e feroz. Ela abriu a boca para falar, mas um golpe seco na porta a obrigou a guardar silêncio. Nykyrian foi abrir a porta. Kiara ficou de pé na cozinha, agarrando o balcão enquanto um monte de emoções rasgava seu interior. O que a tinha impulsionado a fazer tal coisa? Seu insulto invadiu suas orelhas, lhe recordando que sua ação estava plenamente justificada. Ou não? Com um nó na garganta, moveu-se por volta do quarto de frente para ver quem estava ali e o que estava acontecendo. Dirigiu-se ao vestíbulo, e observou como Rachol desabotoava e levantava a camisa das costas de Nykyrian. Sua testa se enrugou com ternura ao ver a forma em que suas mãos se moviam sobre o corpo de Nykyrian. Ele não protestou nem o mínimo. Em lugar de estalar a Rachol, somente o olhou. Rachol amaldiçoou antes de afastar-se. Kiara se paralisou quando compreendeu por que as mãos de Rachol estavam cobertas de sangue. —Como te abriu novamente essa maldita coisa? —ladrou a Nykyrian. Kiara deu um passo à frente, querendo ajudar, enquanto seu estômago se retorcia ao ver a ferida. Ao vê-la mover-se, Nykyrian a enfrentou: —Vá embora. —grunhiu, lhe mostrando os dentes. Engolindo seu medo ante sua reação, ela correu pelo vestíbulo para seu quarto, com as lágrimas derramando sobre seu rosto. ****** sofá.

—Isso não era necessário. —disse Rachol, enquanto empurrava a Nykyrian para o

Nykyrian não lhe disse nada. Tomava toda sua concentração permanecer consciente pela batida e pela agonia ardente que sentia em seu flanco. Respirar estava sendo mais difícil com cada segundo que passava. Esticou-se quando Rachol lhe tocou um nervo, mas não disse nada. Pensou no que havia dito a Kiara e desejou poder dar a volta a isso. Mas nesse momento se arrependeu também de muitas coisas. Podia usar a dor como desculpa, mas só seria isso: uma desculpa. Nykyrian apertou os dentes ante sua esvocêpidez. E que lhe importava? —Vou te dar um pouco de Synethol. —disse Rachol ao ficar de pé— Sei que o odeia, mas te ajudará muito mais rápido a sarar e neste momento não posso me permitir ao luxo de te atender uma ferida. Nykyrian assentiu, sabendo que Rachol tinha razão. Fatigado, olhou a Rachol limpando o sangue de suas mãos e procurou intemamente entre suas coisas até que encontrou um injetor. Rachol jogou a manga de sua camisa para trás. Ao expor o cotovelo de Nykyrian, pôs o injetor sobre sua pele. —Ficarei esta noite aqui. Só espero que Kiara tenha um saco de dormir. —Dito isto, apertou o êmbolo.

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A agulha penetrou ao braço de Nykyrian e o espesso xarope atravessou sua pele com uma dolorosa lentidão. Tirou as lentes e as deu a Rachol. —Diga-lhe que sinto muito o que disse. —sussurrou, antes que o efeito da droga lhe nublasse a visão. Rachol franziu o cenho a Nykyrian. Era a primeira vez que Kip se havia desculpado por algo ante alguém. O que tinha interrompido? Logo depois de colocar o injetor de volta a sua embalagem, refez a atadura de Nykyrian. Uma mancha vermelha já estava transpassando o tecido branco. Amaldiçoou. A pequena bailarina havia custado quase a vida a Nykyrian e por isso desejava rasgá-la em pedaços. Kip era a única família que tinha na vida e por Deus, que não ia ficar tranqüilo vendo como o único amigo/familiar que tinha tido alguma vez morria por causa de uma harita. Com passos largos e zangados, Rachol caminhou pelo vestíbulo por volta do quarto de Kiara. Golpeou a porta, usando à madeira como uma vítima para seu mau humor. —Entre. Rachol escutou o som das lágrimas em sua voz e duvidou, toda sua irritação desapareceu. Sempre tinha se comportado como um idiota ao ver uma mulher chorando. Apertando os dentes, abriu a porta. Encolhida em uma bola pequena sobre a cama, ela parecia mais triste que qualquer pessoa que ele tinha visto alguma vez, e já tinha visto muita miséria crescendo nas ruas. Clareou a garganta pelas estranhas emoções que ameaçavam estrangulando-o. —Preciso encontrar alguns lençóis ou algum saco de dormir. Aspirando, ela limpou as lágrimas do rosto. —Vai ficar esta noite? Ele assentiu. Kiara ficou de pé e se dirigiu até o armário. Contrário ao seu código normal de não atravessar a soleira até que o convidassem, Rachol cruzou o quarto. Kiara lhe deu uma pilha de lençóis e dois travesseiros. —Nykyrian nunca me pediu nada. —sussurrou ela, com sua voz mais invadida de lágrimas e de agonia para que ele pudesse permanecer de pé. —Sim, bom, nunca pede muito, além disso, normalmente dorme descoberto. Decepcionada, ela assentiu com a cabeça. Rachol amaldiçoou silenciosamente. —Não me olhe com esses olhos tristes. Jesus, recorda a um homem condenado na corte. As lágrimas se deslizaram por suas bochechas. Rachol gemeu e deixou cair as mantas. —Vamos. —disse ele, levando-a de volta à cama— Diga-me o que aconteceu. Ela o olhou sobressaltada e ferida. Rachol se sentia como um piolho, enquanto se sentava no colchão. Demônios, não tinha feito nada de errado. Então por que se sentia tão terrível? —Kip queria que te dissesse que sente muito qualquer coisa que te haja dito. Conhecendo-o, provavelmente, disse-te algo horrível, mas não o fez com intenção. Quando está ferido, é tão mordaz como uma lorina selvagem. Kiara abriu amplamente seus olhos ambarinos enquanto o olhava. As lágrimas brilhavam entre suas escuras pestanas. —O que aconteceu esta noite? —perguntou ela, com um sussurro lastimoso—. Como se feriu? Sua irritação cresceu quando recordou sua missão. Levantando-se, Rachol caminhou ao redor da cama. —Fomos nos encontrar com um informante. Desgraçadamente, alguns dos cães de Bredeh o assassinaram. Quando chegamos, os bastardos tinham tomado a seu pequeno filho

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como refém. Necessitando desesperadamente de uma saída para sua irritação, estrelou de repente seu punho contra a parede. A dor explodiu através de seus nódulos, entorpecendo sua mão, mas isso não diminuiu a dor de sua consciência. —Rachol? Não pôde deixar de notar o medo na voz de Kiara quando o olhou fixamente com os olhos bem abertos. —Desculpe. — disse ele, com uma desculpa algo humilde—. É só que estou fodidamente furioso com a vida e por como brincam com… —sua voz desceu de tom. Ele suspirou fatigadamente—. Mataram ao pai do menino justo em frente dele. —Rachol, sinto muito. —Kiara se levantou da cama e se dirigiu para ele. Rachol retrocedeu e agitou a cabeça. —Não me toque. —disse, esquivando-a. Ela colocou as mãos contra a boca e parecia estar lutando contra outro surto de lágrimas. —É o mesmo que Nykyrian me disse. Ele cabeceou entendendo o que lhe queria dizer. —Realmente não somos ogros. —disse Rachol, enquanto se perguntava o por que se incomodava em lhe explicar algo. Ela retornou à cama e se sentou com as pernas cruzadas. Seus grandes olhos ambarinos cheios de dor, olhavam-no fixamente. —Você não gosta que o toquem. —Exatamente. Seus soluços estremeceram seu corpo e condenou a sua alma. —Ei, não faça isso. —disse ele, enquanto se passava a mão pelo cabelo— Tenha piedade de mim, não posso suportar ver uma mulher chorando. Ela apertou o travesseiro contra seu estômago e chorou como se seu coração se estivesse rompendo. —Mas por que, por que não posso tocá-lo, por que não posso tocá-lo? Rachol ficou quieto por um momento, pensando em alguma maneira de fazê-la entender. Seu olhar fluvocêou para a prateleira que estava ao lado da porta e para as estavocêetas de griata que a delineavam. Dirigindo-se para elas, tomou uma da prateleira. —Aqui. —disse ele, enquanto a dava a ela— Diga-me o que vê. Ela o olhou como se estivesse louco. —É apenas uma de minhas… —Não, realmente quero que a olhe. Ele viu como seus elegantes dedos se deslizavam pelos duros planos de um menino que estava de pé ao lado de seu cão. —Quando a sustenta, —explicou— é afiada, fria e ambos sabemos que a griata é uma das substâncias mais duras do universo. Ela assentiu, com um diminuto sorriso curvando seus lábios quando compreendeu o que queria lhe dizer. —Também é o mais quebradiço. Se lhe dá por engano um golpe, ou lhe rompes um lado se fragmentará em pedaços. Rachol voltou seu olhar para ela. —É por isso que a navocêreza deu a griata uma diminuta casca que a cobre para mantê-la segura. Antes que possas exigir o tesouro, deve tirar seu escudo cuidadosamente. Ela limpou os olhos com o verso de sua mão, lhe recordando a uma menina que tinha conhecido faz muito tempo. —Sua coberta não pode ser tocada. —sussurrou ela. —Você o conseguiste. É muito fácil permanecer distante se não confias em ninguém para algo, inclusive se essa criavocêra te conforta com suas carícias.

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Ela lhe lançou um olhar dúbio. —E não está farto disso? Ele deu de ombros. —Sou muito mais quebradiço que Kip. Na realidade, minha vida foi mais fácil que a sua. Em lugar da griata, ele se parece mais a uma torna. —O que é uma torna? —É uma flor que cresce em Ritadaria. Se tenta capturar seu viço, as folhas se envolvem ao redor de ti e te estrangulam até a morte. Horrorizada por suas palavras, ela o olhou fixamente. Ele deu de ombros. —Você perguntou. —Inclinando-se, recolheu os lençóis do chão —. Odeio os lençóis. —murmurou ele, deixando-a a sós com suas palavras. ***** Nykyrian despertou primeiro. Silenciosamente caminhou sobre o corpo adormecido de Rachol, suas lentes foram esquecidas. A dor em seu flanco tinha diminuído e se converteu só numa pequena moléstia, um triste aviso da vida que se perdeu ontem à noite por um momento de descuido. Apertou os dentes ao pensar no informante, culpando-se por tudo o que tinha acontecido. Quando chegou até a porta do banheiro, a porta de Kiara se abriu. E antes que ele pudesse pensar em afastar seus olhos de sua vista, viu-os. A boca de Kiara caiu. Os olhos que a olhavam fixamente não eram nada que tivera imaginado. Eram claros e luminosos, com a mais formosa sombra esverdeada, com uma linha marrom ao redor da borda da íris. Seus olhos eram humanos e formosos. Sua garganta se apertou de felicidade. Esses olhos lhe deram o primeiro vislumbre de sua alma. Neles, viu toda sua desconfiança, sua irritação e sua amargura. Era como se o estivesse vendo nu. Kiara desejou poder tomá-lo entre seus braços para aliviar toda a dor que se rodava nesses magníficos olhos. Mordendo o lábio, ela mudou seu olhar para lhe ver todo o rosto. Ali, não se surpreendeu de nada. Ele era tão bonito como o tinha suspeitado. Ele pestanejou e olhou ao outro lado, aparentemente envergonhado. —Sinto muito o que disse ontem à noite. —sussurrou, enquanto a olhava para demonstrar sua sinceridade antes de afastar seus olhos de novo. Ela clareou a garganta pela emoção súbita que sentiu ao escutar sua desculpa. —Rachol me disse isso. Eu também o sinto. Não devia ter te batido, tudo foi um engano. Ele deu de ombros e caminhou para o banheiro. Kiara tremeu ante seu recente descobrimento. Sem lentes, não era um fantasma tenebroso que freqüentava seus sonhos. Era um homem mortal que podia ser ferido e também podia ser amado. Ela ofegou ante seus pensamentos. Amor? Isso não era o que desejava dele. Ou sim? Já não se sentindo tão satisfeita, começou a fazer o café da manhã. ***** As mãos de Nykyrian se estremeceram enquanto as arrastava sobre seu rosto. Bom, pelo menos teria uma coisa a menos com o que se preocupar. Ela o tinha visto finalmente. Agora seria o começo. Primeiro sentiria piedade, pelo pobre mestiço, logo viria a pior

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parte, o ódio evensual de seu sangue misto, pelo fato de que ele tinha muitas características de ambas as raças. As pessoas nunca tinham visto nada mais nele que a antítese de seus próprios traços, não compreendendo ou preocupando-se de que o desdém que sentiam por ele lhe fazia dano. Apertando os dentes, tirou a atadura do flanco, sentindo um pouco de satisfação ante o protesto palpitante de sua pele. A dor física era mais fácil de suportar e afastava a sua mente de outras coisas. Ao despir-se, entrou na ducha. A água lhe queimou quando deslizou sobre sua ferida. Apesar da dor, uma imagem de Kiara o atormentou. —Não! —vaiou, golpeando a parede com a palma de sua mão. Ela não merecia a alguém como ele. Necessitava de alguém livre que a amasse completamente, não um homem que tinha dividido suas lealdades, procurado pelas autoridades e pelos criminosos. Pensou em todas as noites que ela passaria sozinha enquanto ele se ocupava de suas missões, atormentada pelo temor de que fora assassinado. Kiara poderia estar melhor com alguém mais. Não podia permitir o luxo de amá-la. Nunca. ***** Kiara sorriu a Nykyrian apesar da advertência que havia feito a si mesma de permanecer afastada. —Vou ter que me acosvocêmar de novo. —disse, enquanto lhe dava um prato. Ele não lhe respondeu. Encheu um prato para ela e se sentou frente a ele. Seu branco cabelo molhado estava afastado de seu rosto. Seus olhos, com suas pestanas longas e escuras, lhe encantaram totalmente. —Como se sente? —perguntou-lhe. —Como se me tivessem disparado. —respondeu ele secamente. Ela sorriu. —Deus, por que será? Ele a olhou fixamente, e rapidamente olhou a sua comida de novo. —Estou surpreso de que fales comigo apesar do que te disse ontem à noite. Ela deu de ombros. —Papai me ensinou as vantagens da amnésia. Sempre me disse que era um ingrediente necessário para a amizade. —clareou sua garganta e lhe disse com voz profunda—: Kiara, meu anjo, não importa quanto tempo vives ou quantos bons amigos tem, alguém sempre vai dizer ou vai te fazer algo que não quer fazer. Se forem de verdade teus amigos, os perdoarás e esquecerás. Nykyrian bebeu um gole de seu suco. —Seu pai é um sábio. —Bom dia! —Rachol bocejou, estirando-se enquanto entrava na cozinha—. O que cheira tão bem? —Bolos de Frisanian. —disse Kiara, devolvendo o sorriso. Caminhou para tomar as mais quentes e tirou um par. Rachol se voltou e sorriu. —Se quiser a um homem em sua vida, me chame quando quiser. Kiara sorriu, assombrada do bonito que se via sem seu delineador de olhos e suas argolas nas orelhas. Mas ainda assim, não era nem de perto tão bonito como Nykyrian. —Serei abençoada com vocês dois hoje? —Kiara mordeu sua fruta. Rachol se sentou ao lado dela.

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—Maldita, seria uma descrição mais concisa. Nesse caso, respondo-te afirmativamente. —Sorriu a Nykyrian—. Kip não deixa nenhuma dúvida, e pode ver a prova em seu olhar, e tudo porque eu estou ao redor. —Não necessito de uma babá. —disse Nykyrian silenciosamente. —Bom em meu caso, seria um babá. Assim não te incomodes com sua zombaria habisual, já estou comprometido. —Deveria está. Kiara estalou em uma risada ante a resposta de Nykyrian. Rachol gesticulou ao falar. —Kiara, por favor. Não o anime para que abuse de mim, já me faz suficiente dano sozinho. Nykyrian soltou o garfo e olhou a Rachol com um cenho sombrio. —Sabe, sempre me perguntei o que se sentiria ao estrangular um Ritadarion. Kiara olhou a Rachol, sem estar segura de que Nykyrian estivesse brincando. Rachol continuou sorrindo. —Perdeu sua oportunidade há três anos em Tondara. —E nunca o superei. Kiara continuou escutando suas brincadeiras. Estava assombrada do bem que se davam, sabendo que Nykyrian não permitiria a ninguém mais tratá-lo com essa confiança. Depois de uns minutos, Nykyrian se desculpou e se dirigiu à sala. —Ele está realmente bem? —sussurrou Kiara a Rachol. Rachol se inclinou para ela. —Sussurrar não funciona junto dele, pode escutar a metros de distância. É uma de suas condenadas características de Andarion. Rachol se endireitou e seguiu falando. —Ele tem um humor tão azedo como um gimfry zangado —chocou seus nódulos — A que problema nós enfrentamos? —Pensei que tinha muitas coisas a fazer para preocupar-se por este lugar. —a voz de Nykyrian foi até a cozinha sem necessidade de que ele gritasse. Kiara elevou as sobrancelhas, surpreendida de que realmente pudesse escutá-los. Rachol pestanejou ante ela. —As tenho, mas está louco se acha que vou deixar a esta doçura sozinha, com sua áspera presença. Nykyrian disse algo mais nesse idioma estranho que utilizava com Rachol. Kiara olhou a Rachol e viu como seus olhos se alargavam antes que saísse disparado da cozinha. —Bredeh está vindo atrás dela. — disse Nykyrian em Ritadarion a Rachol. Levantou o olhar fixamente para ver como Kiara se unia a eles na cozinha. —Acha que ele vai bombardear o edifício? Nykyrian assentiu, seu estômago se apertou ante esse pensamento. —Devemos tirá-la daqui. Ligue para seu pai pelo telelink, e lhe informe que ele tem menos de meia hora para chegar aqui e vê-la antes que nos partamos. Corre para enviar a mensagem. Rachol assentiu e se moveu para cumprir a ordem. Nykyrian chamou a Kiara para que se aproximasse dele. Ela duvidou um instante, antes de dar um passo adiante. Tomando um lápis óptico e uma agenda eletrônica, Nykyrian escreveu suas ordens para ela: “Temos razões para acreditar que estamos sendo vigiados. Necessito que reúnas suficiente roupa para vários dias. Temos que sair daqui rapidamente.” Seus olhos se alargaram quando leu a nota. —Oh Deus. —sussurrou ela e correu por volta do quarto. Kiara tremia de medo. Quem estava vigiando-os? Seria acaso o misterioso Aksel? Abriu a porta de seu quarto e escutou a Rachol discutindo com seu pai no telelink que estava

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ao lado de sua cama. Através da tela, pôde ver o rosto preocupado de seu pai enquanto olhava a Rachol. Um suor frio e viscoso, congelou suas mãos. —Papai. —disse ela, ao caminhar dentro da área do espectador e interromper a longa lista que pensava fazer Rachol—. Tudo está bem. Confio neles completamente. —Eu não. —estalou ele, enfocou-se em Rachol com um brilho intemo e assassino. —Confie em meus instintos. —exclamou ela, enquanto colocava uma mão no ombro de Rachol para lhe demonstrar suas palavras. Estava um pouco surpreendida de que Rachol não tivesse protestado. Em lugar de acalmar a seu pai, esse gesto parecia fazer ferver sua irritação. —Não se atrevam a movê-la daí antes que chegue, ou desejarão que Deus os tivesse deixado no buraco do qual se arrastaram! —cortou a transmissão. —Jesus. —soprou Rachol — Que carrancudo. —Só está preocupado comigo. Rachol coçou a barba que havia em sua bochecha. —Sim, bom, o homem necessita de um par de goles. Antes que Kiara pudesse lhe responder, Nykyrian passou através da porta e atirou a Rachol sua pistola de raios. —O ataque começou. Kiara se congelou. Nykyrian retrocedeu e Rachol ficou à frente. —Estou assustada. —sussurrou ela, quase esperando desmaiar a qualquer momento. —Não o esteja. —a tranqüilizou Nykyrian— Primeiro têm que passar sobre mim e não sou nenhum obstáculo fácil —sustentou a pistola em sua mão esquerda e estendeu sua mão direita para ela. Sem vacilar, ela pôs sua mão gelada dentro da sua que era calorosa e grande. Sabia que estava segura. Levou-a com ele para o vestíbulo. Juntos se agacharam ao lado da barra de exercícios. Nykyrian a rodeou com seu calor, e manteve suas pernas contra seu peito. Podia cheirar o limpo cheiro de sabão de sua pele. Rachol se escondeu por trás da cadeira que estava mais próxima à porta. Kiara olhou fixamente como o laser cortava através da porta, fazendo-a recordar aquele breve instante ocorrido na nave de seus seqüestradores. Engoliu seu pânico, dizendo a si mesma que Nykyrian estava com ela desta vez e que a manteria segura. E como se tivesse lido seus pensamentos, ele a acariciou com sua mão consoladora, debaixo do braço. Ela olhou fixamente sua mão esquerda que estava perto de seu rosto, observando como ele empurrava o botão de sua pistola de raios. Esperando. O sussurro da tocha cada vez era mais ruidoso. —Quando eles a atravessem, se prepare para correr. —sussurrou Nykyrian, revolvendo seu cabelo com sua respiração calorosa, provocando que um calafrio percorresse sua bochecha. Ela assentiu. —Se encontre comigo no lugar de sempre. —gritou Rachol quando sentiu que a porta se estilhaçou. O coração de Kiara pulsava em suas orelhas, ensurdecendo-a ante os outros sons. O fedor carbonizado se pegou a sua garganta e a estrangulou. O medo restringiu sua visão e tudo o que podia enfocar era a débil porta que os separava dos homens que queriam matála. Onde estava a segurança do edifício? Rezou. Com uma nuvem de fumaça e um alarido triunfante, um grupo de homens passou através da porta. Rachol disparou neles, matando aos dois primeiros. Rachol fez um gesto santo com seus lábios e correu para o caos que havia no vestíbulo. Não podia acreditar no que viam seus olhos. Nykyrian envolveu seu braço direito ao redor de sua cinvocêra como se fora um cinto de segurança, e a pôs de pé. Ela tremeu de medo, rezando para não tropeçar e que isso não lhe custasse suas

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vidas. Nykyrian a manteve contra ele, seu corpo a defendia do fogo das pistolas. Ela tropeçou contra ele quando a levava através da fumaça que infestava o vestíbulo. Ele disparou sua pistola, enquanto apertava seu braço ao redor dela. Apesar de seu medo, queria ver o que estava passando. —Não olhe. —estalou Nykyrian antes de pô-la atrás dele— Deus, odeio este trabalho —grunhiu, girando ao redor e disparando a algo que estava por trás deles. Empurrou-a para o corredor, longe da revolta. Com um chute abriu as escadas, examinou os degraus, e a empurrou através da porta. Tirou um dispositivo de seu bolso e o utilizou para manter a porta fechada atrás deles. —Espere aqui, necessito… —Não me deixe! —ofegou Kiara, aferrando-o desesperadamente. Ele apertou os dentes. Respirando profundamente, puxou-a pela mão e a guiou para que baixasse os degraus até a baía de desembarque que estava no porão do edifício. Suas pernas tremiam, Kiara tropeçou duas vezes. —Me deixe. —disse ela, enquanto a ajudava a ficar de pés— Eles o deixarão ir. Nykyrian soprou ante suas palavras. —Acredite em mim, Aksel preferiria me arrancar a cabeça que a você. Se tranquilize, o está fazendo bem. —Como pode estar tão condenadamente calmo? —estalou ela. Ele deu de ombros e seguiu levando-a para as naves. —Ou o fazemos ou nos matarão. Se nos matarem, não poderão nos torvocêrar. É uma sisuação de todo ponto de vista muito vitoriosa. Por alguma razão, Kiara não acreditou em sua filosofia. Então, escutou-os. Seu coração pulsou fortemente quando compreendeu que alguém estava aproximando-se! Nykyrian lhe cobriu os lábios com um dedo e lhe assinalou as sombras da baía de desembarque. Quando o soldado se deteve vários metros, Nykyrian lhe tirou o dedo dos lábios. —Escuta. —sussurrou na orelha—, tenho que te deixar sozinha. Tenho que me ocupar dos homens que vigiam minha nave, de acordo? Ela esfregou os braços para esquentar-se. —Estou assustada. Ele assentiu. —Eu também. —disse e partiu. Kiara se agachou na parte traseira da nave, esforçando a suas orelhas para poder escutar o que estava acontecendo. Os passos retornaram e ela se internou um pouco mais nas sombras. Nykyrian se moveu sobre as naves, tão silencioso, como um espectro, feito pelo qual era reconhecido. Ao escutar, deduziu que havia três soldados na baía, dois estavam juntos e um deles vagava por todos os lados. Tomando uma respiração profunda, examinou a cena e carregou sua pistola de raios, para assegurar-se de que tinha suficiente suco para tirá-los dali com vida. O bloqueio frio de medo que sempre tinha odiado sentir, assentou-se em seu estômago como uma pedra. Bom, era o momento de trabalhar. Saltou da nave e se interpôs entre os dois soldados. Um guarda o enfrentou, a boca do homem se abriu e se moveu convulsivamente como um peixe. O homem ferveu antes de levantar sua pistola. Nykyrian disparou nele, então pensou em apanhar ao segundo guarda antes que o outro soldado lhe disparasse pelas costas. Um calafrio percorreu o cabelo de sua nuca. —Te peguei híbrido! Nykyrian apertou os dentes pela irritação e pela frustração, não era Aksel, mas era muito pior. Era seu louco irmão mais novo. —Te dirija você mesmo para Aksel, e a deixarei ir.

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—Sim, como não. —murmurou Nykyrian, enquanto recarregava sua pistola de raios— Eu não sou um repartidor de esterco aleijado. Maldição! Como tinha feito Arast para caminhar por trás dele e encontrá-la? Seu ouvido já não era o de antes. Nykyrian rodeou a área ao redor das naves para onde o idiota estava de pé, apontando com sua pistola, à cabeça de Kiara. —Híbrido! —Nykyrian, corre! —gritou-lhe Kiara. Arast apertou seu agarrão ao redor de sua garganta. —Digas outra palavra, harita e te romperei o pescoço —lhe estalou. Nykyrian sabia que só tinha uma única oportunidade para arriscar-se. —Quer um pedaço de mim? —perguntou-lhe ele, sua voz ecoou na baía. Arast deu a volta, procurando a direção de onde vinha a voz. Nykyrian o viu, suas mãos lhe tremiam de medo pela vida de Kiara. —Onde está híbrido? —Deixe-a ir e solte a arma. —E deixo que atire em mim? —Arast sorriu com sarcasmo— Não sou idiota, híbrido. —Só igualmente inteligente que minhas botas. —sussurrou Nykyrian, duvidando de sua própria inteligência ao permitir que o imbecil tivesse vantagem. Apertando seus dentes com determinação, Nykyrian deslizou sua pistola através do piso. O som fantasmagórico e penetrante do metal contra o pavimento gradeado, estrelou-se contra as orelhas de Nykyrian. Arast desejava algo mais que matá-lo, e Kiara só estava no meio do campo de batalha. Nykyrian sempre tinha sabido que chegaria este dia. —Deixe-a ir, e te darei a oportunidade que tanto estiveste esperando. —gritou, enquanto observava a Arast cuidadosamente. Arast afastou violentamente a Kiara. E sem esperar que o bastardo lhe disparasse, ou que baixasse sua arma, o qual seria um milagre, Nykyrian se lançou das sombras diretamente para seu objetivo. Kiara gritou quando viu os dois homens entrelaçados. Moviam-se tão rapidamente, que tudo o que podia ver era um borrão negro e marrom, movendo-se em um balé espantoso, a vida de Nykyrian se balançava como resultado. Esfregou-se a garganta com seus dedos trementes, sentindo as manchas que lhe tinham deixado as cruéis mãos do assassino. Uma labareda de luz foi disparada. Nykyrian amaldiçoou. O assassino ficou de pé e apontou sua pistola para Nykyrian, mas antes que pudesse lhe disparar, Nykyrian o agarrou pela cabeça e a retorceu. Ela reconheceu o som de ossos quebrados um segundo antes que o sangue se derramasse da boca do soldado e se derrubasse lentamente no piso. Horrorizada, olhou fixamente a Nykyrian enquanto ele se inclinava sobre o corpo do homem, para tomar o pulso. Tinha-o matado somente com suas mãos! Nykyrian ficou de pé. O coração de Kiara palpitou com força pelo terror. Pela primeira vez, compreendeu quem era realmente Nykyrian e o que era capaz de fazer. —Vamos. —disse Nykyrian, enquanto lhe oferecia uma mão—. Os outros virão logo. Suas ilusões se derrubaram, as lágrimas correram por suas bochechas como dois atalhos gelados. —Kiara! —estalou Nykyrian, lhe agarrando o braço e empurrando-a para a nave—. Temos que sair daqui. De algum jeito, ela conseguiu subir pela escada de mão e sentar-se na cabine do piloto da nave. Seu coração martelava em seu peito quando ele se uniu a ela. Atou os cintos de segurança de ambos, e endireitou o corpo. Kiara levantou o olhar para ver se havia mais soldados entrando na baía. Nykyrian acendeu os interruptores que estavam na frente dela. Os motores de sua nave se acenderam com um ruído ensurdecedor.

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Emocionada pelo grande grupo de assassinos, Kiara os olhou fixamente. Um homem destacava como cabeça dos soldados, enquanto olhava a ela e a Nykyrian com um rosto atrativo e frio, que refletia crueldade e ódio. Aksel olhou fixamente a seus dois objetivos, sabendo que Nykyrian uma vez mais tinha lhe escapado das mãos quando a nave Arcana saiu voando da baía. —Maldição! —gritou. Nesse momento, foi quando viu o corpo de seu irmão. Seus dentes estalaram com raiva e ódio. —Encontrem-no! —grunhiu aos seus soldados—. Tomarei a vida desse híbrido, ou a de vocês! Afastando a seus homens de seu caminho, Aksel retornou a sua nave. Isto tinha chegado muito longe. Acabaria com a vida de Nykyrian como fosse!

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Capítulo 7 Kiara tremia emocionada pelo medo. Uma e outra vez, recordou como Nykyrian tinha quebrado o pescoço do soldado, o som do osso quebrado, o sangue… Tinham aterrissado nos subúrbios do edifício onde vivia Rachol. O cheiro do sangue, ardente e pegajoso, invadiu-a. O sangue tinha que ser do assassino ao que tinha matado Nykyrian, pensou, seu estomago se retorceu. Tentou levantar do assento, mas seus membros não se moveram. Nykyrian envolveu brandamente seus braços ao redor dela e a levou ao apartamento de Rachol. Kiara desejava ter forças para empurrá-lo, para apagar o cheiro do sangue de seu corpo. Mas só então, tomou toda sua força para manter afastado de sua mente a lembrança de toda a luta, e a suas orelhas de escutar uma vez mais o estalo final e macabro do osso. Nykyrian a pôs sobre um sofá. Sentando-se ao lado dela, esfregou suas frias mãos. A mente de Kiara protestou. —Não me toque! —gritou-lhe ela, enquanto o empurrava—. Deus, matou a esse homem com suas próprias mãos! Suas mãos ficaram rígidas sobre as delas, logo partiu sem dizer nenhuma palavra. Kiara se apoiou no braço do sofá e chorou. Era certo que ambos tinham falado de sua profissão muitas vezes, Nykyrian incluso tinha feita piadas sobre isso, mas a realidade do que verdadeiramente ele podia fazer, nunca a tinha golpeado até agora. Nykyrian a olhou fixamente enquanto seus ombros se estremeciam, desejando consolá-la, mas sabendo que não podia. Pensou em Arast e seus intestinos se ataram. A culpa o consumiu. Desde que ele, Aksel e Arast tinham desertado da Liga, fazia seu melhor esforço para evitá-los, sabendo o que aconteceria se alguma vez se encontrassem. Sua garganta se contraiu quando escutou seu lamento. Sabia qual ia ser a reação de Kiara, uma vez que ela compreendesse o que ele realmente era. Agora o odiava. Pelo menos assim se manteria de agora em diante afastada. Já não o incomodaria fazendo intentos para conseguir sua amizade. Mas ainda assim, suas lágrimas o rasgaram. Olhou o tremor de seus ombros e seu coração fez um ruído surdo, um batimento vazio contra suas costelas. Não devia ter aceitado esse contrato. A porta se abriu. Nykyrian deu a volta ante o som, apontando com sua pistola à figura. Rachol levantou as mãos. —Quieto, amigo! Nykyrian fechou os olhos e embainhou sua pistola. —Desculpe. —resmungou. Rachol agitou a cabeça, com um sorriso inteligente em seus lábios. —O que seja que fez a Aksel, fez com que se zangasse muito. Enviou a todos seus homens para que te buscassem. —fez uma pausa quando se deu conta da presença de Kiara— Ela está bem? Nykyrian agitou a cabeça, cheio de culpa. —Matei a Arast na baía antes que escapássemos. Rachol empalideceu. —Você o que? Está bem? Ele deu de ombros, sem estar seguro de nada nesse momento. —Tenho algumas coisas a fazer. Proteja-a. Kiara ouviu quando Nykyrian saiu, mas não se incomodou em levantar o olhar. Não

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estava segura de se preferia estar com Rachol ou com Nykyrian nesse momento. Querido Deus, entre os dois, a quantos homens teriam matado? —Aqui. Saltou quando Rachol lhe ofereceu um copo de brika. —Eu não tomo bebidas alcoólicas. —disse ela, ao cheirá-la. —Ajudará-te. —disse ele, lhe pressionando o copo em sua mão. Sem mais discussões, ela esvaziou o líquido abrasador em sua garganta, o qual lhe queimou todo o caminho para seu estômago. Ficou quase sem fôlego, seus olhos ficaram chorosos. Devolveu o copo a Rachol e estudou seu rosto pensativo. Acaso ele era tão desalmado como Nykyrian? Um novo nó se formou em sua garganta. Ninguém podia fazer o mesmo que Nykyrian e seguir tendo uma alma, ou inclusive seguir sendo uma pessoa normal. Tudo o que ela podia afirmar, era que ele tinha assassinado a esse homem como se estivesse atando os cordões dos sapatos. Rachol suspirou, fazendo com que se interrompessem seus pensamentos. —Se prefere, podemos te enviar de volta a seu pai. Mas te advirto, se o fizermos, a assassinarão. Ela levantou o olhar para ele, seus olhos lhe ardiam por todas as lágrimas que tinha derramado. —Preferiria me arriscar com os homens de meu pai. Confio neles. —Pensei que confiavas em nós. —Confiava. Ele estreitou os olhos. Pela expressão de seu rosto, pensou que ele queria estrangulá-la. Em seu lugar, fez um gesto cansado e soltou um grunhido feroz. —Por que não deixa de sentir tanta compaixão por ti mesma. Acredito que estou cansado disso. O calor ruborizou suas bochechas. —Como se atreve a me insultar! Rachol se apoiou em um braço do sofá, forçando-a a retroceder. Ele colocou seus braços a cada lado dela, encurralando-a. Não gostava de sentir-se encurralada. Os olhos dele arderam, e por um momento ela pensou que de verdade queria golpeá-la. —Acha que é intocável. Como te atreve a te sentar ali como se fosses uma rainha, que obriga a fazer sua vontade a outros. Se te desceste do altar no que vives, poderia se dar conta que além de você, as demais pessoas também têm sentimentos e necessidades! A respiração dele caiu sobre sua bochecha em furiosas batidas, que enfatizaram cada palavra fervente. —Eu… —Você o que? —ele sorriu com desprezo— Sabe quem são Aksel Bredeh e Arast? Ela negou com a cabeça, sem saber como agir. —São os irmãos de Nykyrian. Soltou a respiração de seu corpo pela comoção. —Não. —sussurrou ela, enquanto a atordoava uma onda de cepticismo. Rachol se separou dela e caminhou para a bancada que separava ao quarto principal da cozinha. —Oh, claro que sim. Agora mesmo, em qualquer lugar onde se encontre Kip, certamente não se sente muito bem. Se você acha que está ferida, imagina como se sente ele. Passou os últimos anos evitando-os, permitindo que as pessoas o chamem de covarde, para que não acontecesse o que você provocaste hoje! Seu temperamento explodiu ante sua acusação. —Você não pode me culpar disso! Rachol curvou seu lábio com desprezo. —E quem mais tem a culpa? Se não fora por teu maldito traseiro, ele não teria

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estado tão perto deles hoje. Suas mãos tremeram enquanto ela as apertava em seu regaço, pensando em suas palavras. —Como pôde matar a seu próprio irmão? —sussurrou ela, incapaz de compreender tal coisa. Rachol negou com a cabeça. —Se cale, por favor. —ladrou— Não esbanje sua piedade sentindo pena de Arast. Se ele tivesse tido a oportunidade, te teria violentado, ou talhado em pequenos pedaços para dar a seus cães. E isso não é tão ruim, comparado com o que teria feito a Nykyrian. Kiara o olhou fixamente, perguntando-se se lhe estava lhe dizendo a verdade. Não, ela não podia acreditar que alguém pudesse ser tão cruel com seu próprio irmão. Nykyrian era o demônio, não Arast. —Não entendo como pode assegurar tal coisa. —Não, nem o faz, nem tampouco o tenta. Ela endireitou sua coluna vertebral. —Como posso fazê-lo, se tudo o que vocês fazem é me agoniar. Para sua surpresa, a comoção ondeou pelo rosto de Rachol antes que soltasse um meio sorriso. —Suponho que isso é certo. Ela esfregou a testa, onde uma pequena dor estava começando a pulsar. —Assim que o que sugeres que entenda dele ou de ti neste assunto? Rachol soprou. —Duvido que possas entendê-lo alguma vez. —O que se supõe que significa isso? Ele deu de ombros. —Duvido que possas imaginar o tipo de lar no qual Kip e eu crescemos. Esses não existem nos mundos doces e abrigados das garotinha mimadas. Sua voz zombadora a fez zangar. —Eu não sou uma menina. —Então por que está te comportando como uma? Olhou-o fixamente. —Suponho que assassinar a um homem é sinônimo de mavocêridade. —A merda com sua autocompaixão. Kiara ficou sentada, olhando-o fixamente, enquanto suas palavras se mantinham sobre o ar que havia entre eles como se fosse um pano morvocêário. Ele rompeu o contato com seus olhos e se dirigiu à bancada. Tomou uma garrafa de brika e encheu um copo grande. Mirou fixamente ao copo por um momento, então amaldiçoou e o esvaziou na pia. —Autocompaixão. —resmungou ele, em um tom de voz tão baixo, que Kiara se perguntou se na verdade o tinha escutado. Encheu seu copo de água desta vez e a tomou de um gole. Uma súbita revelação a golpeou quando olhou a forma invejosa em que ele olhava fixamente à garrafa de álcool. —Tem um problema com a bebida, verdade? —perguntou-lhe, tentando descobrir que outras surpresas tinham reservadas Nykyrian e Rachol. Ele a assinalou com o copo de água. —Não tenho nenhum problema para estar sóbrio. De todas as formas isso faz com que Kip enlouqueça. Se alguma vez quiser vê-lo realmente furioso, só tem que vê-lo cheirar o álcool em minha respiração. Odeia todos os hábitos autodestrutivos. Sua irritação se aplacou. —É um duwad? —ele lhe sorriu, seus olhos escuros cintilaram. —Isso te teve que haver dito Kip.

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Ela assentiu com a cabeça, perguntando-se como podia ele mudar da irritação à diversão tão rapidamente. Rachol baixou o copo e percorreu com a mão a condensação que estava ao lado dele. —Não, sou muito covarde para tentar me matar abertamente. O álcool só é uma boa maneira de me atordoar até que a navocêreza se ocupe de mim. Um duro golpe ressonou na porta. Kiara ofegou, temendo que Aksel a tivesse encontrado. —E você se pergunta por que bebo. —disse Rachol, enquanto tirava sua pistola da capa. —Fique abaixo. —advertiu, enquanto se arrastava para a porta. Olhou no painel e então soltou um suspiro de alívio. Embainhou novamente sua pistola. Dando-se conta por seu gesto que era uma visita amistosa, Kiara se ergueu. Rachol abriu a porta e praticamente arrastou a Darling pelo braço para que entrasse no apartamento. —Ei! —Estalou Darling— Que demônios está fazendo? —Aksel está atrás de nós. —disse Rachol, enquanto fechava a porta com chave. Darling a olhou e a saudou com um gesto da cabeça. —Não é estranho que Nykyrian estivesse tão tirado do sério. Kiara olhou fixamente o olho negro que danificava o lado exposto do rosto de Darling. Tinha o olho vermelho e toda a bochecha inflamada. —Meu Deus. —disse Rachol, ao precaver-se de seu estado finalmente— O que te aconteceu? Darling suspirou. —O que acha que me aconteceu? —Juro que vou matar a esse boowah algum dia. Darling soltou uma risada amarga. —Kip disse praticamente o mesmo. Mas isso não importa agora, enviou-me para que conseguisse esse disco no qual está trabalhando, da base de Aksel em Oksana. Rachol franziu o cenho. —Por que? —Acaso acha que me disse isso? Rachol passou as mãos pelo rosto como se tivesse uma dor de cabeça parecida a de Kiara. —Está no cofre do meu quarto. —Rachol olhou fixamente os olhos de Kiara— Darling, odeio ser grosseiro, mas tenho que levá-la a um lugar seguro antes alguém averigúe onde vivo. Fecha com tranca minha porta e não esqueça de conectar meu scanner. —Entendido. Rachol ofereceu uma mão a ela. —Vai a vir convosco a vossa nave rainha? Kiara aceitou sua mão, sem estar segura de se o que fazia era o melhor. —Por hora. —Ele a impulsionou para a pôr de pé e se dirigiram à porta. Kiara esperou até que estiveram na nave de Rachol e fora da órbita do planeta antes de falar. —O que aconteceu com Darling no olho? Rachol ficou rígido enquanto acendia os interruptores de seu painel. —Arturo. Ela franziu o cenho. —Sua família? —É uma forma de dizê-lo. —disse o com um suspiro— Seu padrasto se converteu em seu tutor legal. Kiara sopesou a informação, enquanto seu coração pulsava como uma dor nervosa.

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—Por que Darling não parte de sua casa? Rachol respirou profundamente. —Porque não pode. Segundo a lei dos Caronese, ele é menor de idade até que complete os vinte e seis anos. E ainda lhe faltam três. —Rachol girou a nave à direita— Se surpreendeu seu olho? —Não. —disse Kiara— O que me surpreende é que ele permita que Arturo o bata. Rachol suspirou novamente. —Essa é uma longa história e estou seguro que Darling não quereria que você a escutasses. Ela assentiu com a cabeça, sem estar segura de querer escutá-la tampouco. —Aonde me leva? —perguntou. —À casa de Kip. Apesar de seu melhor esforço, seu coração correu desbocado. —Estou impressionada de que ele me permita aproximar de sua casa. —Também eu. —Rachol se removeu em seu assento— Além de mim, é a única pessoa a que lhe permitiu saber onde vive. Ela franziu o cenho, confusa. —Então por que vai levar-me a sua casa? —Porque ele me pediu isso. Com essa simples declaração de lealdade, ela ficou calada e olhou as estrelas que foram deixando para trás fora da janela. Não demoraram muito em chegar ao planeta. Kiara olhou fixamente a roda alaranjada e à neblina amarela que a rodeava. Parecia um lugar tão pacífico e isolado. Rachol aterrissou no exterior de uma casa que era tão grande como todo o edifício onde ela vivia. Atracou na baía e apertou um botão. —Temos que esperar até que a baía se pressurize, para que possamos respirar nesta atmosfera. Ela não lhe respondeu. Em seu lugar, concentrou-se em observar a baía enorme e vazia. Depois de um par de minutos, desceram da nave. —Fique atrás. —advertiu Rachol, antes de abrir a porta. Kiara franziu o cenho ante sua advertência, então foi bombardeada por uma enorme lorina. O animal saltou sobre ela, lhe lambendo a bochecha com sua língua grande e áspera. Três mais dançavam ao redor deles. —Odeio estas coisas. —ladrou Rachol, tratando de afastá-los dele— Eles acreditam que são bichinhos de estimação que se podem levar no regaço. Kiara sorriu, enquanto um dos mascotes lhe lambia o braço. —Só há quatro? —Sim. Me acredite, quatro são suficientes. Entra na casa e fique cômoda. Não sei quando retornará Kip. Rachol atravessou a casa e acendeu as luzes com um comando manual. —Esta é a cozinha. —disse ele, enquanto lhe mostrava uma área branca à direita da porta—. O quarto de Kip está acima, junto com o banheiro. Kiara jogou um olhar ao redor. Todo o lugar estava limpo. Não havia nada em desordem. —Pode controlar toda a casa com isto. —disse ele, enquanto oferecia o comando manual a ela—. Pode iluminar o teto para ver o céu, e pode fazer o mesmo no teto do quarto onde dorme Nykyrian. Ela escutou a Rachol seguindo-a, enquanto lhe mostrava dois quartos na parte traseira da casa, um quarto de exercícios e um quarto para ver televisão. —Este é um lugar impressionante. —sussurrou ela— Não sabia que ele tinha tanto dinheiro.

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—Se te mostro suas declarações tampouco poderia acreditar nos balanços de suas contas. —resmungou Rachol, enquanto se dirigia a um escritório que estava no fundo do quarto principal—. Olhe, tenho que fazer algumas coisas. Revisa o lugar, ou faça qualquer coisa. Kiara esfregou os braços, seus olhos examinavam os escassos, mas luxuosos móveis que havia no interior da casa. No quarto principal só havia dois sofás de cor creme, uma mesa baixa e uma custosa mesa de madeira onde Rachol estava trabalhando. Certamente não lhe permitiria ver o quarto que ela ansiava conhecer: a alcova. Normalmente as pessoas guardam seus artigos mais importantes em seus quartos. Possivelmente poderia jogar uma olhada depois. —Há livros ou arquivos para ler neste lugar? —perguntou. —Sim, olhe o armário que está atrás de mim. Ela abriu o armário e se congelou. Soltou um assobio baixo ante a quantidade e variedade de livros ocultos em seu interior. —Ele lê em todos estes idiomas? —E em muitos mais. —comentou Rachol distraidamente— Se graduou em primeiro lugar de sua classe na Academia Pontari, como perito em Traduções e Interpretações. Obviamente impressionada, ela tirou um dos volumes de poesia Gourish. —Rachol? Esperou até que ele levantou o olhar para ela. —Posso te fazer uma pergunta? —De Kip ou de mim? Apertou o livro para dar-se coragem. —Bom, de ambos. Ele voltou o olhar para a tela do computador por vários segundos e mordeu o lábio inferior. —Te escutarei e logo decidirei. Kiara se sentou no sofá, preparando-se mentalmente para escutar sua resposta. —Que coisa tão horrível aconteceu a vocês em seus passados, que lhes impede agora de se abrir às demais pessoas? Rachol respirou profundamente antes de girar sua cadeira para enfrentá-la. Dobrou os braços sobre seu peito e afastou seus olhos cuidadosamente. —Em meu caso, minha mãe abandonou a mim e a minha irmã aos cuidados de nosso pai, quando eu tinha três anos. Meu pai era Bynan Verlaine, o infame ladrão e espião. Ela apertou o livro, notando o ódio na voz de Rachol quando mencionou o nome de seu pai. Conhecia bastante bem a história que havia por trás de Bynan Verlaine. Sua carreira e seu ensaio político tinha sido um dos eventos de mais publicidade em toda sua vida. —Ele foi executado quando eu tinha dez anos. —Sinto-o. —disse ela, enquanto esfregava com seu dedo polegar o lombo de couro do livro. Ele deu de ombros. —Não o faça, eu não o sinto. Ela o olhou por um momento, seus olhos marrons, cravaram-se em seu rosto, lhe expressando claramente o que estava sentindo. —E sua irmã? Seu olhar se endureceu. —Se suicidou seis meses antes que meu pai fora apanhado e sentenciado. Kiara fechou os olhos, uma onda de dor a invadiu. —Então não tem família. Ele assentiu com a cabeça, com uma expressão no rosto tão estóica como a de Nykyrian. —Cresci na rua e minha casa era uma caixa de cartão.

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Ela digeriu essas notícias devagar, compreendendo nesse instante quão aforvocênada sempre tinha sido. —Assim foi como conheceu Nykyrian? Rachol riu e desenredou seus braços. —Tentei lhe roubar. Um sorriso divertido se desenhou bruscamente nos lábios de Kiara. —O fez? Rachol coçou a orelha, enquanto um sorriso amplo se estendia por seu rosto. —Oh sim, não podia acreditar quando ele me comprou o jantar em lugar de me mandar ao inferno. Um calor a inundou ao pensar na bondade de Nykyrian. —Conhece-o desde então? —Pode-se dizer que sim. Mas realmente acredito que ninguém o conhece absolutamente. O motor de uma nave rugiu no exterior da baía. Kiara mordeu o lábio inferior, compreendendo que Nykyrian tinha retornado. Baixou o olhar para seu braço onde ainda tinha sangue seco. O despregou com a mão. Nesse momento não estava segura do que sentia por Nykyrian, ou por si mesma. A porta se abriu. Nykyrian fez uma pausa na porta, e cravou seus olhos nos dela. Tiroue a mochila do ombro, e a deixou cair no chão junto a seu capacete. As lorinas o rodearam e se esfregaram contra suas pernas. Ele lhes deu tapinhas, mas seguia olhando-a fixamente todo o tempo. Ela não sabia como romper esse silêncio temo. Por sorte, Rachol o fez por ela. —Em onde estiveste? Nykyrian afastou o olhar e teve que passar al lado dela para acomodar-se na mesa do fundo. Apoiou um braço e examinou a tela do computador. —Recolhendo informação. —disse ele silenciosamente, enquanto seus olhos examinavam a tela. Rachol levantou a vista para ela. —Encontraste algo interessante? Nykyrian pressionou um par de teclas. —A direção de Arturo. —exclamou ele e se endireitou. Rachol se removeu em sua cadeira. —É essa? —perguntou ele apontando à tela. —Sim. Rachol sorriu a Kiara. —Não quer mandá-lo ao inferno? Nykyrian a olhou timidamente. A culpa consumiu a Kiara quando compreendeu o motivo pelo qual ele duvidava. —Não. —disse ele, ao fim— Darling me fez prometer que não faria nada. Mas isso não significa que Hauk não possa fazê-lo. Rachol sorriu. —Obrigada pela isca. Nunca poderia resistir a intimidar a um valentão. Nykyrian se moveu para ficar de pé ao outro lado do sofá e a olhou fixamente. Havia tantas coisas que Kiara queria lhe dizer, mas não se atrevia a fazê-lo diante de Rachol. Desejava desculpar-se por sua esvocêpidez e pelas palavras que lhe havia dito, depois que lhe tinha salvado sua miserável vida. —Rachol e eu temos assuntos a discutir. —disse ele em um tom afiado que a rasgou profundamente— Se não te importa, precisamos estar sozinhos. Ela assentiu com a cabeça, abatida e se dirigiu de volta ao quarto de televisão. Ao abrir a porta, quis voltar a chorar. Por que lhe havia dito essas cruéis e estúpidas palavras? Kiara recordou como a tinha protegido durante a briga, a forma em que a tinha salvado.

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Rachol tinha razão, ela era uma pirralha mimada que não podia compreender quão aforvocênada era a vida que vivia. Suspirando, pôs o livro sobre o sofá branco e caminhou para a tela que estava sobre a parede. Havia um armário cheio de discos no canto. Abriu a porta do armário e rebuscou entre os discos de vídeo de Nykyrian. Um sorriso desenhou em seus lábios quando se deu conta de que ele tinha vários discos das apresentações que ela tinha realizado no passado. Um calor inundou seu corpo. Apesar de seus constantes rechaços e o desinteresse que lhe demonstrava, Nykyrian devia estar um pouco fascinado com ela para incomodar-se em comprar todos esses discos. Quando encontrou um grupo de discos marcados como particulares, seu coração se deteve. Tirou vários deles e olhou fixamente às peças frias de metal que poderiam lhe contar mais em uns minutos, do que poderiam lhe dizer em todo um ano desses homens de lábios apertados que a rodeavam. A luz do teto brilhou através dos discos em um arco íris luminoso de cores. Sua consciência lhe disse que os voltasse a colocar em seu lugar, que não era correto espiar seu passado, mas também tinha muita curiosidade para averiguar o que continham. Afastando sua consciência longe dela, Kiara inseriu um disco no aparelho. Tomou o controle e ligou a televisão. Com um sorriso de satisfação, lançou-se sobre o sofá para ver quão horríveis eram os secretos que continham os vídeos. As linhas difusas se clarearam no rosto de um menino. Seu sorriso se alargou quando reconheceu a Nykyrian, quando tinha cerca de dez anos. Ele estava sentado em uma mesa com outros dois meninos loiros, quem parecia ser uns anos maiores que ele. —Olhem para cá. —disse a voz de uma mulher fora da câmara. —Por que estamos fazendo isto? —choramingou o menino mais velho. —É o aniversário de Nykyrian. —disse ela, enquanto caminhava ao redor da câmara para endireitar o pescoço da camisa de Nykyrian. Nykyrian não se moveu, só olhou distraidamente a superfície da mesa, com um enorme olho negro em sua bochecha esquerda. —Não vamos celebrar seu aniversário. —disse o menino menor, enquanto chutava a cadeira de Nykyrian. Nykyrian não se moveu. Permaneceu ali sentado, olhando fixamente a mesa como se estivesse em meio de um sonho. —Arast, Aksel. —estalou a mulher, apontando com os dedos aos meninos— Quantas vezes hei dito a vocês que não devem meter-se com ele? Vocês são duas vezes maiores! Aksel se levantou. —Só porque você é uma psico, o que seja, não significa que deva me dizer o que devo fazer. —Além disso, —choramingou Arast, enquanto afastava seu prato, derramando a comida pelas bordas— ele é um monstro. Por que não o levam de volta aonde seja que o encontraram. A enfermeira tentou acalmá-los, mas eles não a escutaram. Antes que pudesse fazer algo para detê-los, Aksel empurrou a Nykyrian da cadeira e Arast o chutou nas costelas. Nykyrian lutou contra eles sem lágrimas ou palavras. A babá desapareceu. Kiara apertou os dentes ante os selvagens golpes que Aksel e Arast repartia, assombrada de que Nykyrian não chorasse nem choramingasse. Agüentou os golpes, mas era muito difícil para ele defender-se dos dois. Depois de um momento, a babá retornou junto com o Comandante Quiakides. —Meninos! —disse ele, enquanto estalava as mãos quando ficou em frente da babá. Imediatamente, eles soltaram a Nykyrian. —O que está acontecendo aqui? —exigiu o Comandante, seu olhar afiado perfurou ao grupo. —Ele se meteu com minhas coisas de novo, Papai —replicou Aksel defensivamente—

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Estou cansado disso também. A babá protestou atrás do Comandante. —Isso não foi o que… —Basta. —disse o comandante, interrompendo-a— Não quero mais conflitos em minha casa. Me deixem com Nykyrian. O olhar de Kiara caiu para onde Nykyrian estava sentado, esvocêdando silenciosamente o desenho do chão de cerâmica. Ele não se incomodou em ficar de pé. O quarto foi desocupado e o Comandante levantou Nykyrian do chão pelo braço com tanta força, que fez que Kiara se encolhese instintivamente. —Entrou outra vez em seus quartos? Nykyrian seguiu calado. —Me responda. —grunhiu o Comandante, enquanto o sacudia. Nykyrian o olhava com um ódio tão frio que congelou a Kiara. A resposta do Comandante foi muito pior, deu-lhe uma bofetada. Nykyrian não retrocedeu, nem se lamentou. O dar-se conta disso feriu a Kiara muito mais que a brutalidade do Comandante. —É um animal híbrido. —grunhiu o Comandante— Nem sequer seus próprios pais lhe quiseram! Terá sorte se alguém o fizer alguma vez! Ou respeitas minha casa e minhas regras, ou te devolverei à casa de trabalho, encadeado na parede! As palavras arderam através do corpo de Kiara, e não foi capaz de seguir olhando tal crueldade. Mudou o disco. No seguinte disco Nykyrian tinha ao redor de quinze anos. Praticava em um quarto de exercícios com seus irmãos. A Kiara pesou o coração quando observou a brutalidade com a qual eles treinavam. Se Nykyrian errava em alguma defesa, recebia um golpe severo de algum dos dois. Seu bonito cabelo loiro estava cortado quase a ponta de sua cabeça e uma longa e rosada cicatriz percorria a parte traseira de seu pescoço, ao longo de sua espinha dorsal. O Comandante entrou e Kiara acreditou vislumbrar uma expressão de orgulho em seus olhos quando olhou aos seus filhos. De repente, e sem nenhuma razão, Nykyrian deixou cair sua arma e se ajoelhou. Respirava com dificuldade, agarrava-se a cabeça como se uma dor intolerável lhe atravessasse o crânio. Ao ver o Comandante, Aksel deixou cair sua arma, sorriu, então Arast deu palminhas atrás dele e ambos saíram do quarto. Huwin se moveu para ficar em frente de Nykyrian, com as pernas separadas. Ele tamborilou o chão com sua bengala prateada em um rimo constante. Nykyrian baixou as mãos de sua cabeça e levantou seu rosto para olhar fixamente com um ódio amargo a seu pai. —Ainda te dói sua ferida? —perguntou-lhe Huwin com um tom de voz quase afevocêoso. Nykyrian permaneceu em silêncio. Huwin tamborilou com a bengala mais perto de Nykyrian. O som se deteve. Agarrou pelo cabelo a Nykyrian e o atirou aos seus pés. Nykyrian nem sequer fez uma careta. —Recebi alguma informação penosa sobre você. —disse Huwin, enquanto o apertava mais forte pelo cabelo—. Algo relacionado contigo e a filha do Embaixador Krila. —Nykyrian só o olhou fixamente. Huwin levantou sua bengala e dirigiu a ponta afiada da asa até os olhos de Nykyrian. —É verdade? —Não. —cuspiu Nykyrian. Huwin o soltou. —Bom. Seu sangue está corrompido. A única coisa que deve fazer é estar são para matar. Não quero escutar mais rumores sobre nenhuma mulher. A única coisa que uma mulher poderia querer de ti é meu dinheiro, e não quero que nenhuma descendência bastarda de um híbrido como você, desfrute do que construí em toda minha vida!

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Nykyrian abriu sua boca para falar e recebeu um feroz reverso. —Recorda minhas palavras. —O que está fazendo! Kiara saltou ao escutar o grunhido de Nykyrian. O calor picou sobre suas bochechas ao ser descoberta bisbilhotando. Correndo para frente, Nykyrian desligou o televisor. Seu olhar afiado e feroz a petrificou. Ela afastou os olhos sentindo-se culpada. —Só queria ver como foi sua infância. —sussurrou ela. Ele passou uma mão pelos bíceps, com o olhar cravado sobre ela. Kiara podia jurar que via como sua mão tremia. —Não quero que nunca volte a ver nenhum de meus arquivos pessoais. —disse ele, em um áspero sussurro. Furioso, saiu do quarto. O desalento, a culpa e a dor a invadiram enquanto se sentava, sustentando ainda o controle em sua mão. Não tinha querido feri-lo, só tinha querido ver como tinha sido sua infância. Agora, entendia muito bem, a razão pela qual ele a mantinha oculta. Soltando um suspiro doloroso, foi buscá-lo para lhe pedir desculpas por tudo. Kiara duvidou no vestíbulo justo antes de entrar no quarto principal. Nykyrian estava sentado no escritório, sustentando sua cabeça com as mãos, vendo-se mais miserável que qualquer coisa que ela tivesse visto alguma vez. Procurou Rachol, mas possivelmente ele já partiu. Avançou, ajoelhou-se ao lado de sua cadeira e lhe pôs uma mão na coxa. —Sinto muito, não queria bisbilhotar. Nykyrian olhou fixamente seu apologético rosto. Não podia acreditar que ela tinha podido encontrar seus arquivos. As lembranças amargas, agônicos, rasgavam-no. Muitas vezes tinha querido ter uma pessoa com quem falar, alguém que o abraçasse, que apagasse essas lembranças de sua mente e o deixase chorar. Mas o que ganharia com isso? Olhou a dor refletida no rosto de Kiara enquanto o olhava. Ali encontrou o carinho sincero que ele sempre tinha pedido. O desejo de tomá-la em seus braços e encontrar o consolo que precisava ardeu em seu interior. Estava seguro que entre seus braços encontraria a paz que sua alma pedia a gritos. Quão fácil seria confiar em uma pessoa. Kiara o olhava com uma adoração, como se quisesse aliviar sua agonia. Ele necessitava de seu calor, suas carícias, seu amor. Sua mente protestou brutalmente. Ele não podia confiar nela, não podia confiar em ninguém. Mas pela primeira vez, não escutou a voz que estava em seu interior, nem a todas as advertências que gritavam a ele. Ele estendeu a mão para ela, estremecendo-se com a força de suas emoções.

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Capítulo 8 A mão de Nykyrian se deteve umas polegadas de seu rosto. Sorrindo por esse gesto, Kiara apertou sua mão com as suas e lhe beijou as pontas geladas de seus dedos. Sua mão tremeu enquanto ela a sustentava. A indecisão obscureceu seus brilhantes olhos verdes. Kiara esperou enquanto lhe acariciava os tendões de suas fortes mãos, rezando para que a abraçasse. Nykyrian enterrou a mão que tinha livre no cabelo dela, os dedos lhe acariciavam o couro cabeludo brandamente fazendo com que um calafrio percorresse todo seu corpo. O desejo explodiu dentro dela e soube que essa noite não queria, e não poderia deixá-lo partir. Possivelmente amanhã estariam separados, mas teriam esta noite contra todo prognóstico. Seus braços a apertaram e a pressionou contra seu corpo. Seus lábios reclamaram os dela com uma paixão nascida de uma necessidade desesperada. Kiara gemeu de prazer e escutou como lhe quebrava a respiração quando lhe mordiscava os lábios. Abrindo a boca, deu a bem-vinda ao seu calor. Nykyrian se deslizou da cadeira e suas mãos fizeram magia sobre seu corpo. Tocou-a por toda parte e a fez arder de desejo. O coração dela pulsou depressa quando pôs as mãos sob a suave seda de sua camisa, encantada pela forma em que seus duros músculos se curvavam sob a ponta de seus dedos. Desejava-o mais que a qualquer coisa na vida. Nykyrian enterrou os lábios no pescoço de Kiara inalando a fragrância doce de seu perfume exótico. Tremeu pela força de sua necessidade e se perdeu na primeira verdadeira bênção que lhe tinha sido concedida em toda sua existência. Seus braços lhe deram a bem-vinda e o sustentaram em um gentil abraço que ele nunca pensou que pudesse alguma vez sentir. O desejo correu por suas veias como fogo líquido. Aferrou-se a ela desesperado, necessitando-a, desejando-a. Os calafrios lhe percorreram as costas sob o calor de suas mãos. Abriu a boca e deixou que sua língua vagasse ao longo de seu pescoço, com os dentes a mordiscou brandamente. Fechou os olhos para seguir desfrutando dessa sensação. Reclamando seus lábios, beijou-a profundamente. E pela primeira vez na vida se sentiu amado, desejado. O corpo de Kiara pulsou com uma necessidade dolorosa, exigindo poder sentir seu corpo nu contra o seu. Pôs os dedos debaixo da gola da camisa, mas isso não a aplacou, somente intemificou mais seu desejo. Gemeu de prazer quando ele pôs a mão em cima de seu seio, sob seu estômago e sob a barra de seu vestido. Calafrios a percorreram quando acariciou com sua mão a pele de seu estômago. Kiara o beijou furiosamente querendo mantê-lo ao seu lado. Com um gemido, Nykyrian se afastou condenando-se por suas ações. Respirava com dificuldade enquanto ficava de pé. Olhou fixamente os olhos desconcertados de Kiara e seu corpo pulsou dolorosamente excitado. O que estava fazendo? Percorreu com suas mãos trementes o seu cabelo, não podia acreditar no que tinha feito, o que poderia ter feito e o que ainda queria fazer com essa pequena bailarina. —Sinto muito. Kiara pestanejou, sua desculpa a confundia mais que as emoções que se rodopiavam em seu interior. —Por que? —perguntou-lhe. Ele fechou os olhos e se deu a volta. —Não tinha nenhum direito de te tocar. —sussurrou. O coração de Kiara cambaleou por essas palavras cheias de dor.

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Aproximando-se, pôs-lhe a mão sobre as costas. —Tem mais direito que ninguém. —disse ela, lhe agarrando o braço e girando-o para que a enfrentasse. Nykyrian a olhou fixamente com esses olhos maravilhosos e formosos. Kiara lhe pôs a mão sobre a bochecha e lhe passou a palma sobre a barba. —Desejo-te. A dor lhe nublou os olhos. Ele se separou dela como se sua carícia o queimasse. —Tem pena de mim. E não a necessito, não a quero. —Não tente me dizer o que é que sinto! —Kiara cruzou a sal e se pôs em frente dele. Ele tentou partir de novo, mas ela lhe agarrou o braço e o deteve. —Não pode te afastar de mim, não te permitirei isso. Sua mandíbula se esticou. —Possivelmente, eu não te desejo. Um canto da boca dela se levantou. Recordou o número de discos que ele tinha em seu armário sobre suas apresentações, e o olhar que tinha no rosto há uns momentos enquanto estendia uma mão para ela. —Se isso fosse certo ficarias e não tentarias escapar de minha presença. Enfrenta-o soldado, me quer mais que tudo! A intemidade de seu olhar se afiançou. —Essa é uma hipótese bastante arrogante de sua parte. Kiara sorriu amplamente. —Acaso não é verdade? O humor faiscou nos olhos de Nykyrian quando a olhou fixamente e então murchou. —Você não me deseja. E estou seguro como o inferno que não me necessita. Kiara fechou os olhos pela frustração e rezou para que alguma ajuda divina a auxiliasse para fazê-lo mudar de parecer. —Por que pensa isso? Nykyrian se afastou e tomou sua longa jaqueta negra do sofá aonde a tinha estendido. —Aqui estarás segura. Retornarei em um momento. O desespero a invadiu. Se ele partia, sabia que se afastaria dela para sempre. —Por Deus, híbrido. —gritou— Não se afaste de mim! O olhar assassino que lhe lançou enquanto dava a volta, a fez retroceder um passo. Nykyrian manteve a mão apertada em seu flanco e ela teve o pressentimento de que queria matá-la. —Pensei que os soldados eram treinados para controlar os conflitos, não para afastar-se deles. —disse ela, ainda negando-se a se dar por vencida. Ele a olhou. —O que é o que te assusta de mim? Não lhe respondeu. Kiara quis gritar pela frustração. Poderia ser verdade que realmente não a desejae? —Retornarei mais tarde. —disse ele e se dirigiu para a porta. Como se fora uma inspiração divina, Kiara recordou as cenas dos discos e compreendeu o que ele estava fazendo e por que não permitia que ninguém, nem sequer a Rachol estar ao seu lado. —Por que acha que não pode ser amado? Ele se congelou. —É isso não? —perguntou-lhe ela, tentada a rir pela absurda idéia—. Em algum lugar obtiveste a idéia de que ninguém podia te amar. Bem, amo-o, e não vou permitir que me abandones! —Seus olhos se abriram espantados quando compreendeu o que escorregou de sua boca. Horrorizada pelo que havia dito, mordeu o lábio. De onde tinha saído isso? Nykyrian deu a volta devagar. Uma gama de emoções flusuava por seu rosto quando

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compreendeu suas palavras. Uma luz de esperança faiscou em seu interior, mas Kiara sabia que tinha que ir devagar. Fechando o espaço entre eles, pôs uma mão na bochecha dele. Ele não partiu. —Te amo. —disse Kiara com convicção, compreendendo exatamente a razão pela qual havia dito essas palavras. Nykyrian a colheu entre seus braços, esmagando-a contra ele. Sua bochecha se apertou contra seu peito e ouviu o batimento forte de seu coração, percebendo o calor do corpo que a rodeava. Sabia que nunca ia querer abandonar esse paraíso. Nesse lugar estava segura, ali era aonde pertencia. —Preciso de você. —Seu sussurro lastimoso a estremeceu. Kiara o olhou aos olhos, que estavam obscurecidos pela paixão e viu quão profundo era seu amor por ela. —Me deixe te amar Nykyrian. —suplicou. Seus braços se apertaram ao redor dela, recolheu-a do chão e se dirigiu para os degraus. —Sua ferida. —ofegou ela, assustada de que lhe abrisse de novo. —Estou bem. —disse. E então a coisa mais maravilhosa aconteceu, ele lhe sorriu. Kiara o olhou, fixamente, boquiaberta. —Tem covinhas! Imediatamente, seu sorriso desapareceu. —Eu sei. —São bonitas! —sorriu-lhe Kiara— Mostre-me outra vez. —tocou a bochecha tentando que ele desse outro sorriso. Nykyrian a pôs na cama e se estirou em cima dela, essa pressão contra o colchão a excitava. Ele a olhou fixamente aos olhos e lhe sorriu outra vez. —Sinto-me estranho. —disse Nykyrian depois de um minuto— Estou seguro de que pareço um tonto. Kiara sorriu. —Parece maravilhoso. Rachol tinha razão, deve sorrir mais freqüentemente. Ele lhe tomou a mão e lhe beijou a palma. Sua respiração calorosa lhe eletrizou o braço. —Qual é teu segundo nome? —perguntou-lhe ela subitamente. Ele lhe soltou a mão e a olhou fixamente como se tivesse se posto corada de repente. —O que? —Seu segundo nome? Ele franziu o cenho. —Por que me pergunta isso? Kiara brincou com uma mecha de seu cabelo loiro, encantada por sua suavidade. —Quero saber tudo de ti e me parece que esse é uma boa maneira de começar. Ele agitou a cabeça para ela lhe espalhando o cabelo loiro sobre seu rosto. —Caesare. Ela sorriu percorrendo com a ponta de seus dedos as curvas de sua boca. —Nykyrian Caesare Quiakides. Soa bastante nobre. Um momento breve de dor lhe acendeu os traços. Cruzou por seu rosto tão rapidamente, que ela se perguntou se o tinha imaginado. Então a olhou outra vez com esses maravilhosos olhos verdes. —Quer que escureça o quarto? —perguntou-lhe ele. O calor arrasou suas bochechas. —Por favor. Ele rodou fora dela e alcançou um controle da mesa que estava ao lado de sua cama. As luzes se apagaram e no teto sobre suas cabeças enfraquecia a transparência. Mil

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estrelas cintilaram, sua luz banhou ao quarto com sua incandescência suave e branca. —Parece um sonho. —sussurrou ela intimidada pela beleza— Já vejo por que gosta de estar aqui. Ele tirou as botas. —As estrelas não são nem a metade de belas que você. Sua voz era tão baixa, que Kiara se perguntou se ele o havia dito, ou só o tinha imaginado. Ela se sentou e se reclinou contra suas costas. A sucção afiada de sua respiração trouxe um sorriso a seu rosto. Percorreu com suas mãos o lugar debaixo dos braços dele e se deleitou com a sensação de seus músculos esticando-se sob suas mãos. As quatro lorinas estavam junto à cama em seguida. A maior empurrou a Kiara tentando separá-la de Nykyrian. Nykyrian resmungou uma maldição. —Pixley, desce! —ordenou a maior. —Não sabia que eles tinham nomes. —disse Kiara, enquanto acariciava ao menor atrás das orelhas. Nykyrian assentiu. —A que está acariciando é Cintara, Pixley é o maior, Ulf é o que tem a mancha branca e o outro é Ilyse. —disse enquanto empurrava a Pixley para os degraus. Uma vez que os tirou do quarto, fechou a porta com chave. —Quanto tempo faz que vivem com você? —Oito anos. —disse ele, enquanto tirava a camisa pela cabeça. A timidez superou a Kiara quando olhou o conjunto de músculos bem definidos. Sua boca secou ante o espetáculo que lhe oferecia essa pele morena e quis passar suas mãos por todo seu corpo. Viu a tasuagem de um dragão e uma adaga, debaixo de sua clavícula esquerda, a marca de um Assassino da Liga. De algum modo sua carreira já não a incomodava. A cama se afundou sob seu peso. Ele se estirou ao lado dela e com uma mão lhe sustentou a cabeça tentando esvocêdá-la com uma intemidade que ela encontrou pervocêrbadora. Kiara imitou seu gesto. Ficou olhando-o, temerosa de tocá-lo, porque pensava que ele poderia mudar de idéia e deixá-la. Depois de vários segundos, ele estendeu sua mão e lhe tocou o cabelo, lhe estendendo as longas mechas negras. Kiara sorriu calorosamente com o coração lhe pulsando com força. Apesar de todas as cicatrizes que ele tinha no peito, pensava que Nykyrian tinha o corpo mais bonito que tinha visto em toda sua vida. Ela tocou a pior de suas cicatrizes que lhe percorria a clavícula até sua tasuagem. Parecia como se alguém lhe tivesse cravado uma enorme garra no pescoço. O nó de tristeza em sua garganta estrangulou sua respiração quando pensou em tudo o que ele tinha padecido na vida. Nykyrian tirou a mão de seu cabelo. —Há mudado de idéia? O desalento que escutou em sua voz, a fez querer chorar. —Não. —sussurrou. Ele franziu o cenho, enquanto lhe alisava um cacho na bochecha lhe acariciando a maçã do rosto com seu dedo polegar. —Se parece tão triste. Ela sustentou a mão sobre sua bochecha, desfrutando da sensação de sua palma calosa sobre sua pele. Kiara levou essa mão para os lábios e lhe beijou os nódulos. —Desejo poder afastar de você a dor. —sussurrou ela— Desejo poder retornar ao momento em que nasceu e te levar a um lugar seguro. Longe de todas as pessoas que te feriram. Os olhos dele estavam embaçados. —O está fazendo agora. —Ele se inclinou e a beijou nos lábios.

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Kiara deu a bem-vinda à percepção de senti-lo sobre ela, apertando-a contra o colchão. Seus lábios vagaram por seu corpo, abrindo um atalho de fogo por onde passavam. Nykyrian levantou a barra de seu vestido e lhe beijou o estômago. Kiara agarrou sua cabeça pelo êxtase vertiginoso que a percorreu. Nykyrian se maravilhou ao sentir toda sua carne sedosa. Adorou a maneira em que ela tremia por seu toque mais leve e sussurrava seu nome. Ele tinha esperado sua vida inteira para sentir-se amado. Agora, não estava decepcionado. Kiara se esqueceu de seu acanhamento quando ele lhe tirou o vestido e o deixou cair ao chão. Olhou-o explorando seu corpo, cada nervo vivia e se harmonizava com ele. Ela riu e mordiscou os lábios enquanto os cabelos de sua barba lhe faziam cócegas na pele. Ele fechou os olhos antes de deixá-la para tirar as calças. Kiara jogou uma olhada ao seu magnífico corpo, o calor ardeu sobre suas bochechas. Nunca tinha visto um homem nu e se maravilhou ao ver a beleza desse espécime tão incrível. Kiara ficou sobre ele e riscou com as mãos as cicatrizes de seu peito até o pequeno atalho de pêlo que estava debaixo de seu umbigo. Nykyrian fechou os olhos e respirou ofegantemente. Quando a mão dela viajou mais abaixo, ele abriu a boca. —Agora é meu. —disse ela diabolicamente, enquanto lhe mordia o pescoço— Nunca o deixarei ir. Ele gemeu e a liberou de seu corslet3. Sua respiração se deteve quando ele lhe acariciou com as mãos seus seios nus. O calor ardente percorreu suas veias até que quis gritar pela dor agridoce. A boca de Nykyrian substivocêiu às mãos de seus seios e sua respiração calorosa a levou a uma alvocêra até mais vertiginosa. Ela jogou sua cabeça para trás rendendo-se ante ele, ante a noite. Suas fortes e calosas mãos rodearam sua cinvocêra e vagaram por sua espinha. Brandamente pôs suas costas contra o colchão aprofundando seu beijo. Kiara retorceu os dedos sobre seu cabelo loiro atraindo-o para ela. Gemendo, Nykyrian se afastou e lhe tirou a roupa interior. Estirou-se totalmente sobre ela. Kiara lhe sorriu desejando que nunca se detivera essa torvocêra tão doce. —É linda. —sussurrou ele, antes de reclamar seus lábios. Kiara lhe devolveu o beijo com toda sua paixão e abriu as pernas para ele. Aceitou seu convite com um gemido acalorado. Kiara ofegou pela dor súbita que superou ao prazer quando ele a penetrou. O corpo de Nykyrian ficou rígido sobre ela. Deteve-se e a olhou confunso quando se deu conta de que ela era virgem. —Me ame. —sussurrou ela, enquanto lhe alisava o cenho de seu rosto com os dedos. Ele apertou os dentes e por um momento, ela temeu que a abandonasse. Por isso envolveu as pernas ao seu redor e o manteve aferrado. Finalmente, ele começou a balançar seus quadris muito devagar contra ela. —Me diga se te causo dor. —sussurrou. Depois de um momento, a dor minguou e foi substivocêída por um novo prazer. Kiara respirava com dificuldade quando ele se movia mais rapidamente. Pôs as mãos sobre seus

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Corslet: pedaço de armadura defensiva que cobre o corpo. Nos exércitos da Grécia Antiga, a

infantaria pesada, usara um corslet de bronze, conhecido como o tórax (ou uma versão de linho conhecida como o linothorax para proteger seu corpo superior). O corslet consistia em duas chapas ligadas nos lados por dobradiças e alfinetes de bronze. No século dezesseis, o corslet, soletrado também como corselet, era popular como uma meia-armadura-laminada para uso militar, por exemplo, por guardas de povoados.

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ombros, tentando perceber sua força. Era seu e pensava mantê-lo ao seu lado a qualquer preço. Uma nova demanda cresceu dentro dela. Kiara balançou seus quadris contra os dele. Emparelhou-se ao seu ritmo, assombrada pelo agudo e intemo prazer. E quando pensou que nunca mais poderia voltar a levantar-se, seu mundo explodiu em um formigamento que jamais teria acreditado possível. Nykyrian enterrou o rosto em seu cabelo e se uniu a ela em sua liberação. Ele respirou a fragrância doce de suas mechas de seda. Ela envolveu seus braços e suas pernas hermeticamente ao redor dele, tratando de apagar toda a dor de sua alma. Sua mão brincando com seu cabelo, enquanto o sustentava. Ele era incapaz de acreditar que isso fora real. Esperava despertar a qualquer momento e encontrar-se sozinho, pensava que a noite inteira não tinha sido nada mais que um sonho cruel. Então se perguntou se a realidade dessa noite, não era inclusive pior que um pesadelo. —O que está pensando? —perguntou-lhe Kiara ao notar seu distanciamento. —Nada. —disse ele e afastando-se. Ela franziu o cenho, enquanto o olhava caminhando para o banheiro. Em uns poucos segundos, retornou e se sentou a beira da cama. Não a olhou aos olhos. Em seu lugar, abriu-lhe as pernas e lhe limpou o sangue das coxas com uma toalha quente. O cenho escuro de seu rosto a preocupou. —O que acontece? —exigiu-lhe ela. Ele a olhou com os olhos em branco. —Por que? Ela lhe replicou com o cenho franzido. —Por que, o que? —Por que não me disse isso antes? Não a haveria tocado se me houvesse dito isso. Ela sorriu. —Por isso não lhe disse, tolo. —Kiara lhe tocou a bochecha. Poderia dizer que sua resposta não o tranqüilizou, ao ver a expressão em seu rosto. —Te amo. —disse ela brandamente— Nunca tinha sentido o mesmo por ninguém. Ele parecia tão triste que lhe doeu. Por que não lhe permitia estar dentro dele? Como podia fechar-se depois do que tinham compartilhado? Nykyrian se levantou e retornou ao banheiro. Kiara escutou correr à água querendo gritar. Quando ele voltou um momento depois, ainda levava o cenho franzido. —Se não tirar essa careta de seu rosto, soldado, vou disparar em você! Seus olhos se abrandaram um pouco. —Desculpe. —disse, e se deitou de costas na cama. Ele a colheu entre seus braços e a apertou fortemente. Kiara escutava o batimento de seu coração, desejando conhecer a maneira de localizá-lo, para lhe fazer entender que o necessitava, que o amava. Por agora, dar-lhe-ia tudo o que pudesse e esperava que algum dia ele compreendesse que podia ser incluída dentro de seu mundo de solidão. *** Tiarun inspecionou os danos do apartamento com fúria. Quando os segundos passaram sem encontrar nenhum rastro de Kiara, sua irritação se triplicou. Mataria esses bastardos ainda quando isso significasse perder sua vida! —Comandante? —seu segundo ao comando lhe aproximou timidamente—. Emiti os contratos pelas cabeças de Rachol e de Nykyrian. —Bom. —grunhiu ele— Quero que me tragam seus corações em uma caixa! Tiarun estreitou seus olhos ante o soldado.

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—Selem esta área. Não quero que ninguém toque nas coisas de Kiara. —Ao dizer isso, saiu do apartamento. O caminho para casa foi árduo para Tiarun. Estava doído pela culpa porque sabia que tinha entregue sua preciosa filha a seus próprios executores. As lágrimas se derramaram por suas bochechas ao recordar o que aconteceu a sua esposa Lassa, sua risada tranqüila e o som da pistola que acabou com sua vida. Pelo menos a morte de Lassa tinha sido rápida e sem dor. Só Deus sabia o que esses bastardos estavam fazendo ao seu bonito anjo. Se tão somente ele não tivesse sido tão superprotetor, possivelmente Kiara ainda estivesse vivendo em sua casa com ele. Era sua culpa. Devia ter dado a liberdade que ela queria. Se tão somente pudesse devolvê-la tudo, nunca permitiria que ela se separasse dele novamente. Em um silencioso desespero, rezou. Ela devia retornar para casa com ele. Não podia viver consigo mesmo se ela morria por culpa de seus tolos ideais. Ao entrar em sua casa, derrubou todos os quadros da parede, tentando acalmar a culpa que o angustiava, a impotência de sua alma. De algum jeito, de algum modo, jurou que mataria a Nykyrian. ***** Nykyrian observava o céu pintado de rosa. Kiara, ainda dormia, roncava brandamente ao seu lado. Ele não queria mover-se, mas tinha muitas coisas a fazer para ficar na cama. Tão brandamente como pôde, afastou os braços dela e saiu da cama. Olhou Kiara acomodando-se no colchão, seus quadris se menearam provocativamente. Um sorriso se desenhava em sua boca. Ele a cobriu com um lençol e logo escureceu o teto, para que não se refletisse o sol do amanhecer. Kiara se via formosa em sua cama. A contra gosto se dirigiu ao banheiro para tomar uma ducha. Sua mente o castigava pelo que tinha feito na noite passada. Tinha sido um engano amá-la. Ela pertencia ao dia, ao calor e ao sol. Seu mundo era claro e maravilhoso, cheio de amor e riso. E ele tinha nascido da noite. Sua mãe era a escuridão, seu frio abraço era tudo o que ele tinha direito a pedir. Assim como o sol destruía a noite, estava seguro que o amor de Kiara podia destruí-lo, a não ser que seus inimigos a matassem primeiro. Ele se negava a vêla morrer. Um nó de dor ardia em sua garganta, seu coração lhe suplicava que permitisse a ela ficar com ele, mas nunca mais poderia escutar essa parte de seu corpo. Conservaria em sua mente as lembranças da última noite, mas isso seria tudo. Banhou-se rapidamente, vestiu-se e se dirigiu ao andar inferior sem olhar a silhueta tentadora de Kiara. As lorinas o atarostom abaixo, infelizes por lhes ter proibido a entrada ao seu quarto. Suspirando, disse-se: Se elas me amam o suficiente, por que precisava estar com alguém mais? Ensurdeceu a sua mente para não escutar a resposta. Nykyrian agarrou um copo de suco e se dirigiu ao seu trabalho. Ao acender o Terminal de seu computador, passou a mão através de seu cabelo molhado. Examinou os novos contratos, sem lhes prestar muita atenção. Bebeu seu suco e mudou a tela. Quase se engasga. Piscando, não podia acreditar no que tinha visto. —Merda! —grunhiu, enquanto alcançava seu intercomunicador. Passaram alguns nervosos minutos antes que Rachol lhe atendesse com uma maldição. —Já te disse Hauk, não vou. Pode assar a você…

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—Rachol, sou eu. Nykyrian o ouviu bocejar através do intercomunicador. —Que hora acha que é aqui? Nykyrian não se incomodou em responder sua pergunta. —Biardi emitiu um contrato para que nos matem a ambos. Vá embora de teu apartamento. —Não vou sair daqui por nada do mundo! Nykyrian sufocou um sorriso ante quão ultrajado soava Rachol. O sujeito amava sua casa. —Nem sequer por Aksel ou Shahara? Escutou como Rachol atirava algo de sua mesa de noite, sem dúvida se tinha levantado subitamente pela comoção. —Shahara Dagan? —Sim. —Caillen sabe que sua irmã nos está perseguindo? —Duvido-o. Mas isso não importa. Necessito que consiga a informação sobre ambos e averigua onde estão vivendo. Com todo o dinheiro que lhes ofereceu Biardi e depois de que acabei com Arast, Aksel não vai se deter até que meu cérebro fique feito mingau. —Sim, nem de brincadeira. Estarei aí muito em breve. Nykyrian tirou o intercomunicador e voltou a revisar o contrato. Este fazia que todos os outros contratos que tinha feito em sua vida, parecesem uma piada. Biardi tinha dado aos seus inimigos total imunidade, em qualquer processamento, o qual significava que eles podiam esquecer-se das regras da Liga e persegui-lo sem barreiras. Seu estômago se retorceu. Isto simplesmente era maravilhoso. Agora Kiara estava em mais perigo que antes. Seu pai tinha que ter o coeficiente intelecsual de uma fruta de Spara, para fazer algo tão tolo. Biardi só conseguiria que assassinassem a sua própria filha. E agora que, demônios, achava que devia fazer? —Com um cenho como esse, poderia aterrorizar as criançinhas e também aos maiores. —disse Kiara, sobressaltando-o. —Não sabia que tinha despertado. —disse e apagou a tela. Kiara se confundiu por sua expressão distante. —Acontece algo? Ele se apoiou no respaldo da cadeira e a olhou. —Teu pai me quer morto. Kiara deixou cair a boca pela comoção. Ele tinha que estar brincando. —O que? —perguntou, enquanto atravessava o piso para ficar de pé ao lado do escritório. Nykyrian abriu o contrato e a atraiu até o escritório para que ela o lesse. —Por essa quantidade de dinheiro, estou tentado a me matar eu mesmo para cobrála! Kiara ficou nervosa. —Não é divertido. —estalou, incapaz de acreditar que seu pai fora tão cruel. O contrato descrevia minuciosamente como queria seu pai que fora executado Nykyrian— Como pôde fazer ele uma coisa como esta? —sussurrou. Nykyrian levantou o olhar para ela, com os olhos em branco. —Ele está preocupado contigo. Quem sabe o que deve ter pensado, depois de ver em que condições deixamos o seu apartamento ontem. Ela queria gritar ante a injustiça do contrato. —Preciso chamá-lo. Tem um telelink? Ele negou com a cabeça. —Nunca necessitei de um.

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Kiara se esfregou os braços da exasperação. —Temos que falar com ele antes que alguém avocêe com base nesse contrato! —Não acredito que seu pai queira te escutar agora. Kiara franziu o cenho. —Bem, me leve a ele, eu lhe explicarei. —Observa o contrato. Estou seguro de que ele pensa que nós lhe assassinamos. Se me atrevo a invadir seu espaço aéreo, seu pai fará que disparem em mim antes que tenha a oportunidade de lhe dizer uma palavra. Kiara mordeu a unha de seu dedo polegar, ao tentar pensar em alguma maneira de acabar com esse pesadelo. —Então que vai fazer? Ele se reclinou em sua cadeira e suspirou. —Vou às compras quando Rachol chegar. Ela deixou cair a mão de seus lábios quando a incredulidade a percorreu. —O que vai fazer o que? Não pode estar falando a sério. Ele deu de ombros. —Você não tem roupa. Kiara não podia acreditar nele. —Eu não tenho cartão de débito. —disse ela sarcasticamente— Não posso acreditar que embora haja um contrato por sua vida, e um pela minha, tudo o que você quer fazer sobre ambos, é ir às compras, o qual odeia. Acaso está louco? Um sorriso se desenhou bruscamente ao redor de seus lábios. —Aonde vou levar-te, isso não importa. Estaremos suficientemente seguros. Duwad, sua mente lhe gritou. Ele não parecia estar preocupado pelo contrato que exigia sua vida. —Se me disparam, ou te matam, nunca o perdoarei por isso! —Não se importará, se eu morrer. Seu tom aborrecido a fez querer golpeá-lo de novo. Furiosa, deu-se a volta e foi trocar a roupa acima. —Como se a ele importasse. —resmungou ela, tragando o nó de lágrimas que tinha em sua garganta enquanto tirava o vestido e o atirava no chão do quarto— Se a ele não lhe importa sua vida, por que deve importar a mim? Uma mão lhe tocou o ombro. Ela ofegou, incapaz de acreditar que ele a tivesse seguido tão silenciosamente. Nykyrian lhe tocou a bochecha, lhe pedindo desculpas com os olhos. —Sinto muito. Kiara sustentou sua mão em sua bochecha e assentiu com a cabeça. —Não poderia resistir que te ferissem por minha culpa. —sussurrou ela. Uma lágrima se deslizou por sua bochecha. Nykyrian a apanhou com seu dedo e afastou a umidade. Kiara recebeu seu beijo faminto. Ele a manteve apertada, em um firme abraço que lhe transmitiu, sem palavras, o muito que ela lhe importava. Seus lábios se deslizaram através dos seus com uma crua e exigente insistência, que lhe tirou a respiração e fez com que seu corpo doesse, pedindo mais. O som de um motor no exterior da baía, fez-lhes romper seu mútuo abraço. —Rachol. —disse Nykyrian enquanto se afastava. Dirigiu-se para os degraus. —Nykyrian? —Kiara esperou até que ele se deu a volta— Te amo. Ele fechou os olhos como se suas palavras o ferissem. Sem lhe responder, deu a volta e a deixou em seu quarto. Pixley se esfregou contra sua perna. Kiara suspirou, temendo que tudo se complicasse. Era como se todas as coisas estivessem contra ela. Mas acaso que queria ela realmente? Com Nykyrian, ela poderia ser vetada do teatro. E sem ele, ela se perderia. —Que problema. —resmungou e se dirigiu para a ducha.

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Rachol atravessou a porta com suficiente fúria para fazer estalar suas cosvocêras. —Quero sangue! —disse, enquanto cruzava o quarto até chegar onde estava Nykyrian sentado em seu escritório—. Dois dos cães de Aksel me encurralaram perto de Tondara. Dispararam em mim! —gritou incredulamente—. O disparo desses bastardos realmente abriu uma fossa em meu estabilizador do tamanho de Mirala! Nykyrian só ficou olhando-o. —Não me vai dizer nada? —Feriram-te? A expressão de Rachol trocou, sua irritação diminuiu um pouco. —Não. —Então por que está tendo um ataque? Rachol sorriu. —Não sei, acredito que me faz sentir melhor. Nykyrian negou com a cabeça, incrédulo. —Fizeram muito dano a sua nave? Rachol suspirou. Deu a volta e ficou por trás de Nykyrian, para poder ler por cima de seu ombro. Acontecia algo estranho com seu amigo, e Rachol não podia decifrar o que era. —Não, não realmente. Só o suficiente para me fazer enfurecer. Os olhos de Rachol se ampliaram quando revisou o contrato. —Jesus santo. —exclamou— Biardi não está brincando com isto. —Não, não o está. Rachol tomou uma respiração profunda. —Então vamos nos encarregar disto? Meu voto é para que acabemos com esse gratter. —Nykyrian o olhou ameaçadoramente—Ele o merece. —disse Rachol defensivamente. —Sim, mas não podemos nos dedicar a matar a funcionários respeitáveis. Rachol soprou, desejando que pudessem fazê-lo. —Acredito que devemos nos esquecer de todo este lixo de proteção e mandar Kiara de volta em uma nave. —Ele se moveu para deitar-se em um dos sofás. A porta de cima se abriu. A expressão de ternura que viu no rosto de Nykyrian enquanto olhava fixamente à bailarina, fez com que Rachol apertasse os dentes. Levantou o olhar do sofá e notou o rubor de Kiara, nesse momento, soube o que tinha acontecido entre eles. —Ai Deus. —murmurou. Nykyrian lhe lançou um olhar letal. —Por favor, negue-me isso. —suplicou Rachol. O rubor de Kiara se aprofundou. Rachol tirou os pés do sofá e se levantou. —Perdeu todo seu cérebro? Nykyrian se levantou e Rachol reconheceu o movimento furioso de sua mandíbula. —Isto não é de sua incumbência. Apertando os dentes, Rachol cedeu. —Certo. —estalou, enquanto olhava a Kiara com toda a malícia que sentia. —Kiara e eu temos coisas a fazer esta manhã. Necessito que fiques aqui e se encarregue de localizar a Aksel e a Shahara. Quando retornar, repararemos sua nave. Rachol queria obrigar ao seu amigo que recuperasse seus sentidos. Nykyrian não era dos que jogava a segurança ao vento por nada, muito menos por uma mulher. —Certo. —disse Rachol, sabendo que não era o momento de discutir, mas prometeu que faria Kip repensar, assim tivesse que lhe disparar—. Necessito uma nova chapa para meu propulsor traseiro. —Não há problema. —disse Nykyrian, enquanto se dirigia para as escadas— Devo ir me trocar, depois partiremos.

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Rachol voltou seu olhar intemo para Kiara. Segundos depois, Nykyrian lhe gritou: —Necessito que encontres a direção da esposa de Aksel. Seu nome é Driana Bredeh, ela deve estar no sistema Solaras. Rachol franziu o cenho. —Não sabia que esse doente estava casado. —murmurou. Kiara caminhou ao redor do sofá, luzindo uma expressão estranha no rosto quando se aproximou dele. —Por que Aksel e Nykyrian se levam tão mal? Rachol se encolheu de ombros. —O favorito filho mais velho do comandante Huwin, morreu em batalha. Por alguma razão, não acreditou que Aksel ou Arast fosse um bom material para serem soldados, por isso decidiu adotar a outro filho. Rachol levantou o olhar para os degraus, perguntando-se se Nykyrian podia escutálo. Malévolamente, decidiu que não e continuou: —Huwin encontrou a Nykyrian em uma casa de trabalho. Aksel odiou a Kip do primeiro momento em que o viu. E quando Nykyrian se graduou em primeiro lugar em sua classe e entrou na Liga como o funcionário comissionado mais jovem na história, Aksel não pôde suportá-lo. Desde então, sempre perseguiu a Kip. Kiara abriu a boca para lhe fazer outra pergunta, mas Nykyrian retornou. Rachol notou a expressão de advertência nos olhos de Kip, de que ainda devia controlar sua língua ao redor de Kiara. Um sorriso vingativo se desenhou em seus lábios quando se atreveu a dizer algo a Kip dissimuladamente. Pelo menos Kip se vestia com sua roupa de rua usual, jaqueta longa negra que ocultava sua pistola de raios, óculos e lâminas retráteis de prata embutidas nas botas. Rachol sabia que Kip podia cuidar de si mesmo, mas ainda assim desejava que raciocinasse e detivera essa tolice com Kiara antes que fora muito tarde para todos. Nykyrian ofereceu uma mão a Kiara e Rachol amaldiçoou entre dentes. Com seu caráter apenas controlado, Rachol os observou quando partiam. Enquanto acariciava a cabeça de Ilyse, escutou o momento em que acenderam os motores. —Espero que saiba o que está fazendo. —sussurrou a ele— Sobre tudo, espero que ela valha a pena. Inclusive ao lhe dizer essas palavras, Rachol tinha tido a estranha premonição, de que Nykyrian se dirigia diretamente para sua morte.

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Capítulo 9 —Onde estamos? —perguntou Kiara quando aterrissaram no interior de uma baía extremamente iluminada, em um planeta que ela nunca tinha visto antes. —Na cidade de Verta. —disse Nykyrian, enquanto apagava os motores. —Verta? —repetiu Kiara, enquanto uma emoção rapidamente a percorria. Ela sempre tinha querido visitar as infames tendas de Paraf Run, mas seu pai sempre lhe havia dito que ir muito longe era muito perigoso. Toda mercadoria duvidosa, inclusive os escravos, era comprada e vendida nesse lugar, pelos seres mais perigosos do universo. —Está seguro de que aqui não nos acontecerá nada ruim? —perguntou ela. Nykyrian abriu a comporta. —Claro. Sou bem conhecido neste lugar e ninguém é tão tolo para cruzar-se em meu caminho. Um pensamento travesso lhe ocorreu e não pôde resistir o impulso de lhe perguntar: —O que aconteceria algum aristocrata de alta hierarquia me vê e exige meus serviços particulares? Suas mãos se estirostom ao redor dela enquanto soltava os cintos de segurança. —Arrancar-lhe-ia o coração e o faria engolir. Kiara não estava muito segura de que tivera gostado muito de sua resposta. Engoliu saliva quando uma imagem da morte de Arast passou por sua mente. Depois de lhe soltar o cinto de segurança, Nykyrian a ajudou a descer, tirou-a da baía, e a levou a uma rua lotada de pessoas. —Fique ao meu lado. —disse ele, enquanto envolvia um braço possessivamente sobre sua cinvocêra. Kiara observou a rua, assombrada pela variedade de seres e culvocêras que interagiam nela. Viu princesas enriquecidas vestidas com os tecidos mais finos que existiam, a malandrinhos da cidade e sujos que apenas levavam suficiente roupa para cobrir sua nudez. Um menino sujo passou correndo ao lado deles. Nykyrian a soltou. —Jana! —gritou e o garoto se deteve imediatamente. Kiara olhou assombrada como Nykyrian assinalava ao garoto um esconderijo rapidamente antes que um Guardião zangado virasse na esquina, com um pau na mão. O Guardião olhou em todas as direções, e logo os olhou. Separou-se de seu caminho a toda a multidão, olhando fixamente a Nykyrian. —Viu Jana o ladrão? —estalou ele. Nykyrian cruzou os braços sobre seu peito. —Não. Por que? Pelo rosto do Guardião, Kiara pôde deduzir que o homem pensava que Nykyrian estava mentindo, mas não lhe disse nada mais. Com uma careta em direção a ela, o homem lentamente baixou pela rua. Kiara mordeu o lábio inferior, perguntando-se o que estava acontecendo. Nykyrian colocou uma mão nas sombras e tirou o menino pelo braço. —O que está fazendo? —exigiu-lhe Nykyrian firmemente, mas seu tom de voz ainda era calmo. O menino a olhava timidamente. —Não fiz nada, Nykyrian, juro-lhe por minha vida! O gesto de dureza no rosto de Nykyrian se abrandou. —Do que te acusam?

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O menino lambeu os lábios e baixou a cabeça. Seus ombros magros se agitaram e Kiara se deu conta de que estava chorando. —Minha mãe morreu há dois dias. —soluçou— Eles querem me levar para uma casa de trabalho. A mandíbula de Nykyrian começou a apertar-se, expressando seu gesto de aborrecimento usual. Para sua eterna surpresa, ele puxou ao menino sujo entre seus braços e o abraçou. —Tudo está bem, Jana. Não vou permitir que eles te façam isso. Um nó se apertou na garganta de Kiara quando olhou a forma tenra em que levantou o menino em seus braços. Os pequenos braços magros de Jana o abraçaram enquanto soluçava contra o pescoço de Nykyrian. —Você me parece muito terno, para ser um homem sem sentimentos. —disse ela, enquanto afastava uma mecha de cabelo enredado da bochecha suja de Jana. Nykyrian não disse nada. Em seu lugar, levou-a rua abaixo, à parte traseira de uma loja. Tirou os óculos e bateu na porta traseira, onde esperaram, até que uma atrativa mulher apareceu. —Nykyrian! —exclamou ela alegremente, ao abrir a porta, olhando-o de cima a baixo, como uma mãe olha ao seu filho depois de uma longa ausência. Kiara reconheceu de repente à mulher, como a enfermeira que tinha cuidado de Nykyrian no primeiro disco que ela tinha visto no dia anterior. —Olá Orinthe. Podemos entrar? —perguntou ele, olhando fixamente a Kiara. —Sabe que é bem-vindo aqui quando quiser! —disse ela com um sorriso e abriu muito mais a porta. Nykyrian se afastou e deixou que Kiara entrasse primeiro. A mulher a guiou através de um armazém de alimentos imaculado e a levou a um pequeno salão de descanso que estava à direita. Jana tinha deixado de chorar e estava jogando um olhar ao redor da comida com tanto desejo, que Kiara quis chorar por ele. Nykyrian sentou Jana em uma das quatro cadeiras que bordeavam a uma pequena mesa redonda. Orinthe foi para uma prateleira e tomou uma bandeja cheia de frutas e pães doces. Com um sorriso tenro, a pôs diante de Jana que avidamente caiu sobre ela. Um estranho olhar cruzou pelo rosto de Orinthe enquanto olhava a Jana. —Ele recorda a outro menino que conhecia faz muito tempo. —disse ela a Nykyrian. Nykyrian não se moveu. Ficou quieto, olhando vários segundos a Jana. —Ele necessita de um lar. —disse ele depois de uma longa pausa— Não sei aonde mais levá-lo. Orinthe assentiu com a cabeça. —Poderia necessitar dele para que me ajude aqui no escritório. O menino que fazia meus recados me deixou faz três dias e não tive tempo de procurar outro. Jana levantou o olhar de sua comida, com os olhos abertos. —Ficar aqui? —perguntou o com um tom de temor—. Com toda esta comida? O brilhante sorriso de Orinthe, esquentou o coração de Kiara. —E pode comer tanto quanto quiser! Jana olhava a Nykyrian e a Orinthe com uma felicidade radiante. —Claro. —disse ela seriamente—. Que terá que te manter limpo e te lavar atrás das orelhas. Jana enrugou o nariz. —Mas posso comer tudo isto? —Tanto quanto quiser. — repetiu Orinthe. Jana sorriu. —Nykyrian. —disse Orinthe, enquanto ficava de pé— Pode levá-lo para cima e banhá-lo. —Claro. —disse ele, então tirou a Jana e a seus pães fora da sala. Kiara sorriu atrás deles, seu coração pulsava de orgulho e amor ante a ternura de

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Nykyrian. Orinthe voltou seus pálidos olhos azuis para Kiara, com um olhar fixo e escrutinador que deu a impressão a Kiara de que não poderia esconder nada à sábia mulher. —É a mulher de Nykyrian? —perguntou ela com um tom baixo. Kiara suspirou. —Duvido-o. Orinthe riu de suas palavras, com um brilho nos olhos. —Bem, se se tranqüiliza, é a primeira mulher, com a qual o vi —passou um tecido úmido sobre a mesa, limpando as migalhas que Jana tinha deixado em sua avidez de encher-se de comida—. Como se chamas, menina? —Kiara. Seu sorriso se ampliou. —Um nome tão bonito como a proprietária. —Obrigada. —disse ela, com as bochechas ruborizadas. Orinthe dobrou o tecido e sentou-se à mesa. Kiara olhou a amável mulher, enquanto um milhão de pergunta sobre Nykyrian giravam em sua mente. —Você foi babá de Nykyrian verdade? Orinthe mordeu seu lábio inferior, então ficou de pé e fechou a porta que conduzia ao quarto de cima aonde Nykyrian tinha levado Jana. Logo se sentou em sua cadeira novamente, fazendo gestos a Kiara para que se aproximasse um pouco mais a ela. —Já sabe, que ele pode nos escutar. Kiara sorriu, recordando muito bem que Nykyrian possuía um ouvido extraordinário. —Eu fui sua psicanalista. —disse Orinthe em voz baixa— Depois de sua adoção, necessitou de ajuda para adaptar-se à família. Kiara franziu o cenho. —Por que? Orinthe se reclinou em sua cadeira, com os olhos embaçados pelas lembranças. Tomou uma respiração profunda e olhou com um pouco de temor para a porta fechada. —Quando me encontrei com Nykyrian da primeira vez, nunca antes tinha visto um menino em tão mal estado. Nem tampouco depois. Kiara mordeu uma unha, escutando atentamente, esperando que a mulher continuasse. E como Orinthe parecia estar satisfeita com o pouco que disse, Kiara a incitou: —Em que estado? Os lábios de Orinthe tremeram. Ela negou com sua cabeça, seus olhos cinzas luziam preocupados. —Não se imagina. Ele tinha permanecido encadeado em uma parede, na casa de trabalho para crianças, alimentado somente com água e lixo. Os trabalhadores temiam lhe dar carne. Pensavam que ao prová-la, poderia fazer com que seu sangue de Andarion entrasse em um frenesi alimentício. Suponho que pensaram que o melhor era mantê-lo encarcerado e morto de fome —ela negou com sua cabeça—. Ele tinha manchas em todo seu corpo, horríveis cicatrizes físicas por todas as atrocidades que tinha passado. Só posso imaginar o que faziam a ele. Orinthe soltou uma respiração tremente e olhou aos olhos a Kiara. —Ele era tão esquálido e hostil com qualquer um que se aproximasse dele. Demorei semanas tão só para conseguir tocá-lo, sem que ele me desse um chute ou me sussurrasse como uma serpente. Permanecia enroscado como uma bola no chão, olhando tudo com desconfiança, negando-se a falar. As lágrimas molharam aos olhos de Kiara. —Eles o encadearam a uma parede? —perguntou, incapaz de compreender as palavras de Orinthe, mas sobre tudo essas— Por que?

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Orinthe negou com a cabeça. —Eles tinham medo de que ele machucasse as outras crianças. Aquela era uma casa de trabalho humana. —suas mãos tremiam inquietas, contra o tecido úmido— A cicatriz que leva que vai de seu pescoço a sua clavícula foi causada pela corrente que eles usavam. Kiara mordeu o lábio, uma lágrima deslizou por sua bochecha. Abriu a boca para lhe perguntar algo mais, mas Nykyrian retornou. Rapidamente, limpou a umidade de sua bochecha. Ele estava parado por trás da cadeira de Orinthe e lhe pôs uma mão no ombro. Orinthe a cobriu com sua própria mão. —Jana está tomando uma sesta. —Bom. —disse ela com um sorriso tenro— O deixarei dormir até a hora do jantar. Nykyrian afastou sua mão —Transferirei fundos da sua conta para ele. Orinthe cuspiu enquanto falava. —Não fará tal coisa! Somente o céu sabe que me dá mais que suficiente! Por um momento, Kiara pensou que ele se ruborizou. Tragou saliva, olhando-a fixamente, então olhou novamente a Orinthe. —Obrigado por dar asilo em sua casa a Jana. Se te causar algum problema, me chame e eu falarei com ele. Orinthe sorriu meigamente, o carinho que sentia por Nykyrian se refletia em seus olhos. Nykyrian deu a mão a Kiara. Ao levantar-se, Kiara envolveu sua mão com a sua. Um cenho cruzou a rosto de Orinthe. —Vão partir agora? Ele assentiu com a cabeça antes de colocar seus óculos. —Se necessitar de algo, chama-me ou a Rachol. Orinthe suspirou em uma forma que fez pensar a Kiara, que as palavras de Nykyrian a envergonhavam. Ela levantou sua vista para Nykyrian, e seu sorriso caloroso, amistoso, retornou. —Cuide de você e de sua bela dama. Os dois fazem um bonito casal. Kiara sorriu a amável mulher. —Obrigada. Ao ver a rosto de Nykyrian, Kiara podia afirmar que esse elogio o incomodou. —Virei a visitá-los em um par de semanas. Orinthe assentiu com a cabeça e os acompanhou até a porta. Nykyrian a guiou rua abaixo. Kiara observava a rigidez de sua coluna vertebral e sabia que algo o incomodava. —O que acontece? —perguntou-lhe. Ele deu de ombros. —Desejaria que Orinthe não te houvesse dito nada. A Kiara lhe retorceram as vísceras. Acaso havia algo que este homem não pudesse escutar? —Teria desejado que me dissesse você mesmo isso. Nykyrian a olhou com vacilação. Kiara desejava que ele não levase postos os óculos para poder interpretar seu humor, suas emoções. Um minuto depois, ele se moveu. —Por que quer saber o que me aconteceu em minha infância? Prefiro não pensar no que me ocorreu nesses dias. Para mim esses momentos estão mortos e esquecidos. Kiara o olhou com ironia. —Esquecidos? Se isso fosse verdade, você não seria tão distante comigo. Por que não me deixa entrar em seu coração? Sua mandíbula se esticou e olhou ao redor da rua cheia de gente.

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—Este não é o lugar para manter uma discussão íntima. Deixe de me perguntar essas coisas, antes que perca a paciência. —Kiara suspirou, desejando estrangulá-lo. Obrigando-se a guardar silêncio, seguiu-o até chegar a um enorme complexo de lojas que estava ao final da rua. Esqueceu-se de sua irritação, quando olhou surpreendida, a variedade de mercadorias que deslumbravam seus olhos. A todas as partes que olhava, saudava-a a luminosidade das cores. Nykyrian a levou para um elevador e subiram ao segundo andar. Ali, havia enormes vitrines cheias de acessórios e enfeites. Os vestidos de marca estavam pendurados sobre os manequins abstratos, que representavam a forma em que a roupa apreceria nas distintas silhuetas humanas. Kiara observou os finos tecidos que havia ao seu redor, e então compreendeu que nesse segundo andar, vendiam-se os artigos mais caros da loja. —Havia muitos vestidos bonitos embaixo. —disse ela, intimidada pelo preço que via nas etiquetas. Nykyrian a agarrou pelo braço quando começou a dar a volta, com a mandíbula tema. —Sou mais que capaz de te encher vários guarda-roupas com artigos deu lugar. —Mas… —Mas nada, mu Tara. Começe a comprar. Kiara mordeu o lábio ansiosa, negando-se a ceder tão facilmente. —Isto realmente não é… —Kiara. —grunhiu ele letalmente. Ela suspirou zangada. —Certo. Quando estiveres na bancarrota, recorda que tratei de te deter. Um sorriso se desenhou em seus lábios. Extasiada por suas bonitas covinhas, Kiara desejou poder conseguir que esse sorriso nunca se apagasse de seus lábios e fazê-lo sorrir mais freqüentemente. —Kiara Biardi! Kiara deu a volta para encontrar-se rosto a rosto com uma envocêsiasmada vendedora. A moça a olhava fixamente com uns enormes e emocionados olhos marrons. —Oh meu Deus! Eu a adoro! —disse-lhe ela efusivamente—. Vi a Oração Silenciosa o ano passado e pensei que era a melhor produção do mundo! Você é a melhor! Kiara sorriu, ruborizada por seu elogio, mas as palavras da mulher pareciam incomodar a Nykyrian muito mais. Ele deixou cair o firme agarrão de seu cotovelo. —Obrigada. —disse Kiara à vendedora, enquanto se perguntava que novo problema tinha Nykyrian agora. —Meu nome é Terra, e se necessitar qualquer coisa, só me diga isso. Oh meu Deus. Não posso esperar para dizer a minha mãe, nunca acreditará em mim! Kiara olhava com insistência a Nykyrian para ver como estava levando a contínua adoração da vendedora. Agora, ele apenas a olhava, com seus traços estóicos. Kiara permitiu que a vendedora a tomasse pelo braço e que lhe mostrasse uma variedade de tecidos. Apesar de toda a generosidade de seu pai, Kiara compreendeu que nunca tinha visto tecidos mais extravagantes. Cada pedaço de tecido era tão suave e gracioso como a seda mais fina. Terra lhe explicou que muitos desses tecidos eram fabricados em mundos não humanos, e trazidos à loja por um preço exorbitante. Kiara olhava sobre seu ombro, insegura de quanto dinheiro estava desejoso de gastar Nykyrian em suas roupas. —Eu gosto deu. —disse ele, assinalando o que Terra tinha sustenido— Não se preocupe pelo preço, só te dedique a comprar o que necessita. Terra lhe sorriu. —Se você não for dos que contam as moedas, eu tenho uma linha de roupa muito melhor na parte traseira!

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Ante seu assentimento, levou-os até as linhas exclusivas. Apesar de sua relutância, Nykyrian e Terra encheram Kiara com tanta roupa, para vesti-la por dois meses. Quando Terra saiu para fazer o pedido, Kiara franziu o cenho a Nykyrian. —Não posso acreditar que tenhas gastado todo esse dinheiro comigo! Ele deu de ombros. —Maldição Nykyrian, eu não posso aceitar tudo isto. —desejou poder ver seus olhos. Mas em seu lugar, sua expressão de aborrecimento se refletiu através de suas lentes escuras. Terra retornou com sua agenda eletrônica e Nykyrian assinou com seu nome rapidamente e lhe indicou o lugar aonde deveriam lhe enviar os pacotes. —Necessita de algo mais? —perguntou-lhe ele, enquanto devolvia a agenda a Terra. Kiara apertou os dentes. —Dificilmente. Com uma inclinação de cabeça para Terra, ele a tomou pelo braço e a tirou da loja. —Precisamos conseguir a peça para a nave de Rachol. Kiara permaneceu calada enquanto Nykyrian efesuava a transação na loja de acessórios. Tudo o que queria conhecer, eram as respostas as milhões de pergunta que tinha sobre o homem ao qual se tinha entregado. Por que simplesmente não as respondia ele mesmo? —Tem fome? —interrogou-a ao sair da loja, enquanto levava a peça de Rachol envolvida debaixo do braço. —Sim. —respondeu ela hostilmente, enquanto seu estômago lhe revocêmbava em somente pensá-lo. Tomou sua mão e a levou por uma rua de negócios para um café pequeno. Sua mão ardia sob seu toque e ela esqueceu sua irritação. O coração de Kiara pulsava mais fortemente a cada momento que passava, desejava que chegassem em casa logo, para que pudessem estar sozinhos. Enquanto caminhavam na calçada, Kiara notou um pequeno grupo de Andarions que os observavam. Nykyrian ficou rígido, ao dar-se conta também. —Conhece o príncipe Jullien? —perguntou ele com voz sutil. —É esse que está aí! —exclamou Kiara, aliviada de saber porque o pequeno e gordo Andarion lhe parecia tão familiar. Notando o apertado que tinha as mandíbulas Nykyrian, perguntou-se que tipo de animosidade tinha com o homem. Era por alguma coisa ou por alguém? Nykyrian não se opôs? Sentou-se com ela na parte de trás do restaurante, com as costas apoiadas contra a parede para poder vigiar aos ocupantes. De repente, seu corpo se esticou e ela detectou que estava zangado ao ver como seus lábios desenhavam uma careta. Kira deu a volta para poder ver o que era que agora o incomodava, e viu como Jullien se dirigia diretamente para eles, com seu séquito de guardas a somente um passo atrás dele. Sem dizer uma palavra de cortesia, Jullien tomou assento ao lado de Kiara e lhe levantou a mão com sua palma suave e gordinha. Kiara se encolheu ao ver como sua mão era imbuída por essa carne branca, perguntando-se que o fazia pensar ao príncipe que ela tinha algum desejo de ser tocada por ele. A última coisa que desejava nesse momento era ter um fanático adorador que lhe jogasse saliva em cima. Especialmente esse príncipe que a tinha perseguido continuamente no ano passado, quando tinha realizado uma apresentação para seu pai em Triosa. —Tarn Biardi, é um prazer vê-la de novo. —Jullien riu com segurança, lhe expressando com esse sorriso a horrível arrogância que possuía. Ela sorriu rigidamente. —É um prazer voltar a vê-lo, Sua Alteza. —respondeu ela, desejando poder pensar

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em algo que o afastasse de sua vista. Seus dedos acariciavam os dela enquanto a olhava fixamente aos olhos, com um desejo que lhe provocava náuseas. Enquanto ele afastava uma mecha de cabelo negro de seu ombro, seu sorriso se tornou sedutor. Sua óbvia vaidade a chateou. Tão gordo e feio como era, tinha sorte se encontrasse uma concubina que estivesse desejosa de satisfazer suas necessidades. Sem dúvida Jullien pensava que por si, ele era um bom partido devido a sua riqueza e seu dinheiro. Kiara olhou com firmeza a Nykyrian. Parecia tranqüilo, salvo que suas mãos estavam agarradas no menu, e ela tinha o claro pressentimento de que lhe custava muito controlar seu autodomínio para não saltar sobre Jullien e estrangulá-lo. Ao olhar a Jullien ao rosto, encontrou-se com seu olhar e teve que conter um tremor ante seus reflexivos olhos de cor verde e marrom, bordeados de vermelho. Seu sorriso se alargou. —Falei com meu pai para que retorne a Triosa e realize sua apresentação. Ele está escravizado com sua beleza e talento quase tanto como eu. —Jullien quase cintilava com a satisfação. Nykyrian baixou o menu. —O Imperador Aros é extremamente generoso ao dizer tais palavras. —chiou Nykyrian, com os dentes apertados. Jullien levantou uma sobrancelha, incrédulo, e se voltou em sua cadeira para olhar Nykyrian. Kiara conteve a respiração, sem saber o que aconteceria depois. Ninguém dirigia a palavra a um príncipe a menos que o conhecese de antemão. —Não me tinha dado conta de que tinha falado com você. —disse Jullien, em uma voz que Kiara sabia, tiraria do sério a Nykyrian. Os lábios de Nykyrian se apertaram com um grunhido feroz. —Eu não reconheço a suas regras de superioridade. Os olhos de Jullien se estreitaram e por um momento, Kiara pensou que ia chamar a seus guardas para que prendessem Nykyrian. —É um de meus súditos. Exijo o respeito que mereço! —Titana você. Kiara não soube que tipo de resposta inexpressiva lhe tinha dado Nykyrian, mas pelo rubor das bochechas do príncipe, soube que não tinha sido nada cortês. Rezou para que Nykyrian se tranqüilizasse antes que os guardas Andarions de Jullien o atacassem. —Nunca conheci a um Andarion que branqueasse seu cabelo como se fora um giakon. —Jullien sorriu com desprezo. Kiara segurou a respiração, temendo a resposta de Nykyrian. —Melhor que ser gordo, grotesco… —Sua Alteza. —cortou Kiara, antes que os guardas pudessem lançar-se contra Nykyrian— Honraria-me me apresentar em Triosa. Se você contatar com meu empresário, estou segura que algo se pode arrumar. —brindou a Jullien um sorriso falso. Jullien olhou com intemidade a Nykyrian. —Muito bem, mu Tarn. Não tenho desejos de seguir envergonhando-a. —Jullien ficou de pés, cravando seus olhos no rosto de Nykyrian. Nykyrian ficou sentado, com os braços cruzados sobre o peito como se nada tivesse passado no universo. Kiara esperou até que Jullien tivesse se afastado e estreitou os olhos para ele. —Isso foi incrivelmente grosseiro! —Ponho-me pior com os anos. A Kiara picou a palma com as vontades que tinha de lhe dar uma bofetada. Nunca tinha estado tão zangada com uma pessoa em sua vida. —Por que o atacaste dessa maneira? O que te há feito para que o ofendas assim? —Nasceu.

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A expressão distante de Nykyrian a tirou do sério. Kiara se sentou novamente em sua cadeira. —Bem. —estalou. Kiara continuou olhando fixamente a seu estóico rosto até que não pôde suportar mais. —Estou cansada de que me esquives. Possivelmente deveria ir melhor com o Jullien. Estou segura de que me daria a bem-vinda alegremente! A expressão de ódio que atravessou o rosto de Nykyrian a sobressaltou. Por um momento, pensou em lhe pedir desculpas, mas sua irritação pôde mais. Ele tinha começado essa discussão, então que agüentasse seu mau humor. —Provavelmente você gostaria de ter a teus filhos bastardos. —resmungou Nykyrian num sussurrou feroz—. Não te orgulhes nem por um minuto, ao pensar que ele poderia te ter como algo mais que sua amante. Seu insulto a fez ruborizar. —Como se atreve! Acha que pode fazê-lo melhor? Não vi nenhuma mulher que te queira absolutamente! No momento em que essas palavras saíram de seus lábios e seu cérebro as processou, Kiara ficou sem respiração. Não podia acreditar que lhe houvesse dito isso. Quantas vezes seu pai tinha lhe advertido que devia fechar a boca quando estava zangada? —Nykyrian. —disse ela brandamente— Sinto muito. Ele ficou tão imóvel até que ela pensou que a faria gritar. —Acredito que devemos partir. —disse ele, ao ficar de pé. Kiara levantou o olhar para ele. Não parecia expressar nenhuma irritação nem em seu rosto, nem em seu corpo. O pior, era que Kiara se deu conta de que o tinha ferido profundamente por seu estúpido comentário cruel. —O que sente por mim? —perguntou-lhe ela, sua voz era algo menos que um murmúrio. —Pensei que sabia. Ela negou com a cabeça. —Não, não sei. Em um minuto me sustenta como se tiveras medo de que fora a te abandonar, e no seguinte me estalas e murmuras como se quisesse que partisse. Sem lhe responder, ele deu a volta e saiu do café. Gemendo de frustração, Kiara se uniu a ele. Nunca tinha estado tão confusa. Queria lhe agitar o punho, lhe bater, sacudi-lo, aliviá-lo e o que mais a aterrava, queria lhe fazer amor. Apertou os dentes, frustrada. Sentiria ele o mesmo por ela? Era por isso que ele estava fazendo isso, porque estava tão confuso com suas emoções, como ela? Por que não podia simplesmente lhe falar e lhe dizer o que o incomodava? Por que se comportava desse modo? Nykyrian se manteve olhando sobre seus ombros, para assegurar-se de que Kiara seguia atrás dele. Arrependia-se de suas próprias palavras. Portanto, arrependia-se de sua vida. Sabia que devia lhe explicar seus sentimentos, mas não estava seguro de poder resistir à barreira de emoções que estremeciam sua alma se liberava toda a dor de seu passado. Não, era melhor que ela estivesse longe e que não soubesse nada sobre ele. Não era muito tarde para que encontrasse a alguém mais. Alguém que… —se formou um nó em seu estômago. Não podia resistir ao pensamento de viver uma vida sem ela. O que ia fazer? Kiara olhava as costas do Nykyrian, perguntando-se se alguma vez sentiria algo absolutamente. Tudo o que queria era que desse um sinal de que se importava, que podia amá-la. Seu coração pulsou com força. Era acaso muito pedir? Recolheram seus pacotes e fizeram seu caminho de volta à casa de Nykyrian. Kiara permaneceu em silêncio, suas emoções se agrupavam em um nó apertado em sua garganta. Rachol parecia divertido ao vê-los desgostosos quando ajudou a descarregar à nave. A única palavra que Nykyrian lhe dirigiu, foi para lhe dizer onde devia guardar sua roupa.

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Depois disso, recolheu uma caixa de ferramentas e caminhou para a baía para trabalhar na nave de Rachol. Com furiosos e iracundos puxões, Kiara tirou sua roupa das bolsas e caixas, e as pôs no guarda-roupa. A cada segundo que passava, ficava cada vez mais furiosa por lhe importar o que pensava Nykyrian. Estava agindo como uma adolescente doente de amor. Se ele não a queria, bem. Podia encontrar a alguém mais com facilidade. Seu coração se afundou ante essa idéia. Ela não queria a ninguém mais. Queria a Nykyrian. Ignorando sua nova roupa sobre a cama, encolheu-se no colchão e soluçou ante a miséria que ardia em sua alma. —O que fizeram vocês dois hoje? —perguntou Rachol, enquanto ajudava a Nykyrian a abrir o painel de seu estabilizador. —Nada. —disse Nykyrian— Imagino que encontraste a direção de Driana. Rachol assentiu com a cabeça e seus olhos sondavam a Nykyrian, dessa forma que sempre fazia com que quisera golpeá-lo com algo. Rachol lhe deu uma chave de energia. —Também encontrei algo muito interessante sobre Driana e você. Nykyrian estreitou os olhos. Definitivamente queria golpear a Rachol. —Não se supunha que devia te misturar em sua vida pessoal e muito menos na minha, para fazer seu trabalho. Rachol deu de ombros e desembrulhou a nova peça. —Não pude resistir. Nykyrian segurou a respiração, esperava que Rachol tivesse a suficiente coragem de lhe fazer a seguinte pergunta. Obviamente, teve coragem. —Como foi que ela se casou com Aksel e não contigo? Nykyrian soltou a peça, em sua mente se removeram aquelas lembranças nas quais odiava pensar. —Seu pai e o Comandante pensaram que ele seria um melhor marido. —Sim, mas… —Basta! —rugiu Nykyrian—. Não quero pensar nisso nunca mais. Aconteceu há muito tempo. Não me recordes. ***** Kiara acariciava as orelhas de Ilyse, enquanto limpava as lágrimas de seu rosto. Semanas atrás, ela sabia muito bem quem era e o que queria. Agora, não estava segura de nada. Por que estava tão atraída por um homem ao qual não parecia lhe importar absolutamente? Era certo que tinha dormido com ela, mas isso não era amor. Com um suspiro trêmulo, levantou-se da cama e começou a dobrar sua roupa. Não entendia por que Nykyrian se comportava assim. Por que lhe comprava tantas coisas, se queria que partisse? Ele tinha sido tão tenro na noite anterior, que ela tinha estado segura que a amava, que a necessitava. Então na manhã, tinha amanhecido e havia voltado a comportar-se outra vez distante. Apertando os dentes contra a miserável dor de seu peito, pressionou o botão para abrir a porta do armário. Um brilho de luz nas janelas lhe chamou a atenção e se aproximou da parede branca que estava perto do banheiro, para ver Nykyrian e Rachol trabalhando na nave. A voz de Rachol se escutava distante, mas era claramente audível enquanto falavam, e pela primeira vez, faziam-no em um idioma que ela podia entender. —Espero que tenhas pensado muito no que está fazendo —disse Rachol, enquanto

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entregava uma ferramenta a Nykyrian. Nykyrian a recebeu. —Kiara é meu problema. —Não, ela é um problema de todos nós. Meu Deus, com só uma palavra ela poderia te destruir. Demônios, possivelmente também a todos nós. Nykyrian fez uma careta enquanto puxava uma parte. —Assim que acha isso. Rachol agitou a cabeça. —Você sabe muito bem. Seja razoável. Temos trabalhado muito duro para que te separe de nós por culpa de uma harita. Se tudo o que quer é uma boa… —Rachol apenas teve tempo de esquivar à ferramenta que passou voando por sua cabeça. Nykyrian saltou da nave e agarrou Rachol pela gola de sua camisa. Kiara segurou a respiração, assustada do que ele pudesse fazer. —Nunca volte a insultá-la outra vez! —ladrou ele, enquanto mantinha suas mãos apertadas ao redor da camisa de Rachol—. É minha vida que está em risco, não a sua. A fúria nublou o rosto de Rachol e por um momento, Kiara temeu que eles poderiam se pôr a brigar. —Maldito seja Kip, não faça isto. És tudo o que tenho. Não vale a pena que perca sua vida por ela, não o entendes? Necessitamos de ti. Eu necessito de ti. Mais lágrimas deslizaram pelas bochechas de Kiara enquanto olhava a Nykyrian soltando a Rachol. Nykyrian ficou de pé, olhando-o, com uma expressão ilegível no rosto. Passados uns segundos, ele suspirou. —Muitas pessoas hão dirigido minha vida por mim. Estou cansado de fazer o que outros esperam. Pensei que você, entre todas as pessoas, compreenderia o que é desejar algo, e uma vez que se consegue, não querer deixá-lo ir. Rachol negou com a cabeça com os lábios apertados. —Vamos, você sabe bem. Quando foram confiáveis as mulheres? Elas te deixam no momento em que vêem que tudo fica difícil. Nykyrian soprou. —Isso não é certo. Rachol levantou as sobrancelhas com ironia. —Não? Ela nunca deixará ao teatro para estar contigo. E você não pode viver como as pessoas comuns. Se o tenta, sabe que não passará muito tempo antes que um Assassino da Liga te corte a garganta. Nykyrian golpeou com o punho a lateral da nave. O som seco ecoou na baía, e atravessou a mente de Kiara. —Passei toda minha vida escutando as pessoas me explicando por que não podem me amar. —a amargura de sua voz rasgou a Kiara— E sempre disse a mim mesmo que não me interessava, que não necessitava que ninguém me amasse. Nykyrian passou a mão pelo cabelo e olhou fixamente a Rachol. —Tudo era mentira, sabe. Interessa-me e também quero a Kiara. Se perder minha vida por estar com ela, não importa. De todas as maneiras já vivi meu passado. Levanto-me cada manhã com mais dor em minhas articulações que no dia anterior. Se tiver que morrer, prefiro morrer sabendo que alguém me amou, ao menos uma vez. Kiara quase nem escutou o final de suas palavras. Os soluços sacudiram seu corpo enquanto se derrubava no chão. Enterrou a cabeça em suas mãos e chorou. Ele a amava. Não sabia como ia ganhá-lo, mas se prometeu que algum dia, muito em breve, o faria, tinha que fazê-lo. Sua felicidade dependia da sua habilidade de exigi-lo totalmente como seu, para lhe fazer admitir o muito que ela lhe importava.

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Capítulo 10 Nykyrian saiu da ducha e se secou. Possivelmente Rachol tinha razão, talvez Kiara poderia ser sua morte. Mas de qualquer maneira, a morte era o que mais tinha pedido na maior parte de sua vida. Com um suspiro cansado, envolveu a toalha ao redor dos quadris e abriu a porta. Imediatamente se congelou. Kiara jazia sobre a cama com um suave negligé4 negro, tinha penteado o cabelo ao redor dela. Seu sangue se acelerou ao vê-la. Tentou de controlar-se. —Pensei que estava lá embaixo. —disse, tentando parecer distante, sabendo que era inútil. Ele estendeu as mãos para recolher sua roupa da cama. Sua sedosa mão cobriu a sua. A pele de Nykyrian ardeu por seu gentil toque, desejava que ela o rodeasse mais do que tinha desejado alguma coisa em sua vida. Seu olhar vagou de sua mão, ao seu perfeito braço, até a beleza de seu rosto. Seus suaves olhos ambarinos, faisrostom na tênue luminosidade do quarto. —Desculpe pelo que te disse hoje. —sussurrou ela— Sei que Jullien merece tudo o que lhe disse e muito mais. Tendo a dizer esse tipo de coisas quando estou zangada, coisas que raramente desejo dizer. Nykyrian esteve tentado lhe pedir desculpas também, mas não teve forças para que essas palavras saíssem de seus lábios. Deixou cair a toalha e recolheu suas roupas da cama. O rosto de Kiara se ruborizou antes que afastasse a vista de seu corpo. Enquanto colocava a roupa, esvocêdava seu perfil. Era certo que ele tinha estado com mulheres mais belas que ela, mas nenhuma lhe tinha feito sentir tanto alívio, ou suavizar a dor dentro dele. Tinha tantas coisas a dizer a ela, mas tinha medo de fazê-lo. Inspirou profundamente. De qualquer modo, havia coisas que ela devia saber, se o devia. Kiara voltou seu olhar a Nykyrian, quando a cama se afundou sob seu peso. Já estava vestido e a olhava de uma forma estranha. Ergueu-se, perguntando-se se ele lhe diria o que o incomodava desta vez. Ele estendeu sua mão e brincou com alguns dos cachos que caíam em seu ombro. —Tem o cabelo mais bonito—disse ele, com uma voz rouca, que fazia que seu sangue ardesse. Ela sorriu, ao tomar a mão dele com a sua. Kiara abriu sua boca para falar, mas ele lhe pôs um dedo sobre os lábios. —Tenho coisas a te dizer e necessito que me escutea. Ela engoliu saliva, curiosa pela gravidade de seu tom. Ele a olhou fixamente durante um bom momento como se quisesse memorizar seu rosto. —Eu não sou o que pensa. Não. —exclamou ele, colhendo sua bochecha quando ela começou a protestar— Escuta. Fiz muitas coisas em minha vida das quais me arrependo. — parecia tão afastado dela, sua mão se afastou. O vazio a consumiu, Kiara queria voltar a sentir seu toque caloroso sobre sua pele com desespero. Para lhe dizer que não lhe importava seu passado, que ele nunca faria nada que pudesse afugentá-la. Nykyrian suspirou. Seu olhar estava fixo em algum ponto na parede. —Estava acostumado a dizer a mim mesmo, que fazia o correto, que os assassinatos 4

Negligé: p. francesa. Uma leve camisola feminina, curta, de tecido delicado, algumas vezes

transparente e rendada.

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que levei a cabo protegiam ao governo e às vidas inocentes. —a fúria fazia com que sua bochecha desse um puxão de determinação—. Então, inteirei-me da verdade. Ele estava de pé, caminhava ao redor da cama com furiosas pernadas. O coração de Kiara pulsava desbocado e desejava alguma vez poder aliviá-lo Nykyrian levantou o olhar para ela, com uma expressão de preocupação. —Não posso te explicar o que se sente ao compreender que tudo sobre você é uma mentira e que tudo o que estiveste fazendo durante seis anos era imoral e malvado. —Por isso desertaste da Liga? Ele assentiu com a cabeça. Desenhou-se um sorriso nos lábios dela, as lágrimas molharam seus olhos. Seu coração golpeou contra suas costelas e o amor se estendeu através dela. —Nesse momento me converti em Némesis. Seu sorriso murchou, e quando ele a olhou aos olhos, suas palavras penetraram em seus pensamentos. —O que? —Eu sou Némesis. A mente de Kiara nublou. Uma e outra vez, escutou os jornais de notícias que informavam ao público sobre aqueles espantosos assassinatos. Saltou da cama, um terror gelado a percorreu. Queridíssimo Deus, estava sozinha em casa com um assassino brutal! Nykyrian a agarrou pelos braços quando ela tentou sair correndo para as escadas. —Kiara, me escute. —Não! —chiou ela, tratando de afastar-se dele—. Meu Deus, você rasgas às pessoas em pedaços! Você… comes partes deles antes que expulses ao lixo a seus corpos! Nykyrian fechou os olhos e a soltou. Sem lhe dizer uma palavra mais, deixou-a sozinha no quarto. Kiara se derrubou no chão, incapaz de acreditar em suas palavras. Némesis. Queridísimo Deus, com quem se havia envolvido? Era óbvia a razão pela qual Rachol estava tão desconfiado dela. Com este conhecimento, poderia entregar Nykyrian às autoridades e acabar com todos seus assassinatos brutais. Tudo o que ela tinha pensado dele era uma mentira. Era um assassino. Um assassino de sangue-frio e cruel! Uma imagem de Jana passou através de sua mente. A forma em que Nykyrian o tinha protegido, o alívio do menino antes de levá-lo a um lugar seguro. Eu também estou assustado, escutou a Nykyrian suspirar no dia que a salvou de Aksel. Tinha sido encadeado à parede, disse Orinthe em sua orelha. Kiara respirou profundamente, para tentar acalmar o batimento furioso de seu coração. Nykyrian tinha acreditado nela. Havia-lhe dito o segredo mais cotado do universo. Sentou-se no chão quase uma hora, tentando assimilar suas belicosas emoções. Uma parte dela queria fazer o correto e lhe dar as costas, mas seu coração e sua alma não o permitiam. Nykyrian não era um assassino brutal, sabia. No mais profundo de seu ser, viu a parte dele que tinha salvado um menino faminto da rua, que tinha ajudado a Rachol, e a tinha protegido. Havia muito mais nesse Némesis do qual as notícias falavam. Levantandose, Kiara foi encontrar-se com Nykyrian, e com a verdade que escondia por trás de sua fachada. Encontrou-o no quarto de exercício, nu até a cinvocêra, golpeando uma bolsa de boxe. Cada golpe que dava à bolsa era de pura fúria concentrada. Podia sentir sua ira e sua dor como se se tratasse dela mesma. —Nykyrian. —disse ela brandamente. Ele vacilou, voltando seu olhar para ela. A bolsa deu uma volta e o golpeou no flanco. Ele grunhiu fortemente e empurrou a bolsa longe de seu corpo. Kiara agüentou a risada ante a expressão de surpresa em seu rosto. —O que está fazendo aqui? —exigiu-lhe ferozmente, enquanto golpeava a bolsa novamente com o punho—. Poderia te tirar sangre.

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Ela tragou o nó de sua garganta quando ele se virou para liberar uma sucessão de rápidos e furiosos golpes contra a bolsa. Kiara observava como suas mãos golpeavam a lona áspera. —Sinto muito minha reação, mas o que esperavas? Sua mão voou contra a bolsa, com uma porrada tão forte que fez com que as correntes se sacudissem nas vigas do teto. —Não espero nenhuma fodida coisa de você. Somente tire seu dissimulado —ele golpeou à bolsa—, mísero —outro golpe poderoso—, traseiro de minha vista antes que te mostre o que Némesis é capaz de fazer. O senso comum de Kiara insistiu para que saísse, que ele estava muito zangado para falar, mas não pôde fazê-lo. Antes que pudesse voltar a pensar em suas ações, cruzou o quarto e o separou da bolsa. Ele a olhou surpreso. A bolsa girou e efevocêou um arco entre eles. —Vai falar comigo! Nykyrian soprou. —Ou o que? Não acha nem por um minuto que pode me fazer algo pior do que já me tem feito. Kiara apartou o olhar de seu rosto quando a dor a consumiu, desejando conhecer a maneira de penetrar suas superdesenvolvidas defesas. Foi então, quando viu seus nódulos. Ficou sem fôlego, ao ver como o sangue gotejava de suas mãos. —O que fez? —perguntou-lhe, cruzando a distância que havia entre eles, para tomar seus nódulos inchados e sangrentos em suas próprias mãos. —Não me dói. —murmurou ele, tratando de afastar-se. Kiara o aferrou fortemente. Com um cenho feroz o olhou aos olhos e percebeu sua agonia. Ele fechou os olhos e olhou para outro lado. —Nykyrian, fale comigo, por favor. Juro que te escutarei. Se que não és capaz de rasgar ninguém em pedaços. Em lugar do efeito consolador que ela esperava, suas palavras o enfureceram muito mais. Caiu sobre ela com um grunhido, lhe empurrou as costas contra a parede, seus olhos claros luziam furiosos cheios de emoções que não podia decifrar. Kiara tragou saliva sentindo-se culpada, um estremecimento se estendeu por todo seu corpo. —Realmente acha que não posso rasgar alguém em pedaços? —grunhiu com raiva— Fui treinado para rasgar homens tão rápido, para que eles nunca tivessem a oportunidade de ver que órgão lhes tinha arrancado antes que caíssem mortos ao chão! —pôs seus braços a cada lado dela, temos—. Há segurado o coração latente de alguém alguma vez em suas mãos? Sentir o deslizamento do sangue quente e pegajoso entre seus dedos enquanto ainda pulsa. As lágrimas rodaram pelas bochechas de Kiara. Ele tinha que ter alma, tinha-o visto fazer muitas coisas boas que contradiziam sua brutalidade. —Uma vez te perguntei se te gostava matar. —tomou uma respiração profunda— Gosta? —sua expressão era tão distante. Por um momento ela pensou que não lhe responderia, mas então, ele negou com a cabeça. —Odiava-o. —sussurrou ele, apartando-se dela— Cada maldito minuto no qual tive que fazê-lo. Uma sensação de esperança a percorreu. —Não assassinaste a ninguém desde que desertou da Liga, verdade? —Ele se esfregou seus bíceps direito, sua mão vacilava sobre a tasuagem da Liga. —Não. Uma sensação de satisfação a percorreu deixando-a tremente. Kiara vacilou, recordando as reportagens dos noticiários. —Então de onde provém sua reputação? —Ele levantou o olhar para ela, com um

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diminuto sorriso desenhado em seus lábios. —De Jayne. —Uma onda de surpresa a invadiu. —Jayne? —repetiu ela. Ele assentiu com a cabeça. —Uma ex-assassina Hyshian. Ela comete os assassinatos e eu fico com o crédito. Isso a mantém protegida. Os únicos crimes que lhe acusam são o de contrabando e espionagem. Um nó se formou na garganta de Kiara quando sopesou suas palavras. —Então ela é livre para matar, e se te apanham, executar-te-ão por algo que não fez. Ele negou com a cabeça. —Dificilmente. Cometi suficientes assassinatos na Liga para garantir que me imponham todos esses contratos por minha vida. —Mas aqueles eram assassinatos legais. Ele se mofou. —Legais, mas muito mais corruptos e imorais que os que Jayne há realizado. Kiara digeriu suas palavras, enquanto seu coração pulsava por ele. Ele se apoiou contra a parede, olhando-a com os olhos entrecerrados. —Não me importa se você me dá as costas, mas quero que me jures que nunca trairá a Hauk, a Rachol, a Darling ou a Jayne. Kiara sorveu suas próprias lágrimas. —Nunca trairia a nenhum de vocês. Nykyrian assentiu com a cabeça. Começou a afastar-se da parede, mas Kiara lhe reteve com sua mão. Havia muitas outras partes perdidas desse enigma, e ela tinha que conhecer suas respostas. —Por que Aksel te odeia tanto? Nykyrian tomou sua mão de seu peito e brincou com seus dedos, provocando que um calafrio percorresse seu braço. Surpreendeu-lhe que se incomodasse em responder sua súplica. —Ele estava zangado com o comandante por me haver adotado. E como não podia fazer nada contra o comandante, voltou toda sua maldade para mim. —E Huwin alguma vez tentou detê-lo? Nykyrian negou com a cabeça. —Ele não queria a um filho, já tinha a Aksel e a Arast. O que queria era ter uma lenda que se destacasse nos arquivos da Liga. Desejava que seu nome inspirasse terror em qualquer lugar que se escutasse. —É por isso que Aksel mudou seu sobrenome? A dor embaçou seus olhos em uma brevidade de tempo, logo essa expressão se apagou de seu rosto. —Não, Aksel o mudou para que ninguém o relacionasse com um giakon híbrido. Kiara percorreu com sua mão a cicatriz que ele tinha ao longo de sua clavícula. —Tanta dor. —sussurrou ela, ao olhar a oscilação acelerada debaixo de seus dedos. Ele baixou o olhar para ela com os olhos inundados de agonia levando toda essa dor até seu peito. Nykyrian tomou as mãos e as girou para cima. —Em suas palmas, pus minha vida, meus segredos. —sussurrou, sua respiração batia contra sua bochecha, lhe mordendo a pele— Te dou a liberdade para me abandonar quando quiser. Eu não sou fácil de amar, eu sei. Tudo o que te peço é que sempre guardes silêncio, se não for por mim, então faça-o pelas famílias dos outros a quem você destruirias. As lágrimas deslizaram por suas bochechas sem controle, derramando-se por seu queixo. —Nunca te faria mal. —disse ela, enquanto colhia seu rosto com suas mãos. Seus lábios cobriram os dela. O sabor salgado de sua lágrima ardia sobre seus lábios

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enquanto ele a beijava apaixonadamente. Kiara deu a bem-vinda à percepção de sua boca calorosa, à ânsia de sua necessidade por ela. Apertou-o, precisando sentir seu corpo. Kiara passou suas mãos sobre a dura e musculosa parede de suas costelas. E para sua surpresa, Nykyrian sorriu. Ela aquietou suas mãos e o olhou ao rosto. —De que te ris? —disse ela quase sem fôlego. Um sorriso se desenhou em seus lábios. —Acredito que tenho cócegas. —disse ele assombrado. Maliciosamente, Kiara lhe passou as mãos outra vez por suas costelas. Sua rica e gutural risada invadiu suas orelhas com sua melodia e seu coração com felicidade. Seguiu lhe fazendo cócegas, fascinada com a maneira em que ele se retorcia. —Piedade. —suplicou ele ao fim. —Está bem. —disse ela e o beijou na bochecha. Ele a atraiu para seu corpo com uma expressão de seriedade em seu rosto. —Não me deixe nunca. —disse ele com um tom de voz tão triste, que quase a fez chorar. —Nunca te deixarei. —prometeu, com todo o amor que corria através de seu corpo. Com um movimento ágil, lhe tirou o vestido e a baixou até o chão. Kiara desfrutava da sensação de sua pele contra a sua. Acariciou os duros tendões de suas costas, desejando que sempre estivesse com ela. Um ruído forte rompeu o silêncio. Nykyrian levantou o olhar com uma careta. —O que é isso? —perguntou ela ofegante. —É o intercomunicador. —disse ele, com um tom carregado de preocupação. Kiara recolheu seu vestido e o olhou enquanto corria rapidamente até o quarto. Logo depois de acomodar sua roupa, seguiu-o. Nykyrian estava sentado no sofá, de costas para ela. —Darling está aqui em meu apartamento. —Kiara reconheceu a voz de Rachol—. Está em mal estado. Posso me defender de Aksel, mas se eles chegarem aqui enquanto estou com Darling, farão dele pedaços. Kiara pôs uma mão consoladora no ombro de Nykyrian. Ele levantou o olhar para ela com um sorriso tenro. —Traga Darling aqui. —disse ele. —Está seguro? —É o único lugar no qual estará seguro enquanto sara. —Certo. Levarei-o aí rapidamente. Nykyrian desligou o intercomunicador e o jogou sobre a mesa. Passou as mãos pela rosto, em uma careta profunda que delineava seus traços. —O que acontece? —perguntou-lhe Kiara, enquanto lhe escovava o cabelo com seus dedos. —Arturo golpeou Darling de novo. Devia havê-lo feito em pedaços. Kiara se ajoelhou no chão e pôs seu queixo sobre seu ombro. —Darling ficará bem? —Isso espero. —sussurrou ele, enquanto acariciava o braço que ela lhe tinha envolvido ao redor de seu pescoço. Kiara plantou um beijo sobre seu ombro nu. —Sempre vives cheio de problemas? Ele soltou uma risada curta. —Se considerar tudo o que aconteceu, foi uma semana muito lenta. —Ele a atraiu do braço do sofá e a pôs sobre seu regaço— O que me tem feito, mulher? Se Rachol me escuta rir, realmente lhe dará um ataque. Ela lhe acariciou uma mecha de cabelo que estava sobre seu ombro. —Deixe-o que se acostume. Me encanta muito, o som de sua risada, para permitir que o escondas.

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Ele a beijou com ternura. Virando-se para trás, estudou seus olhos. —Felizmente as paredes de cima são a prova de som. Não acredito que nosso convidado vá ser uma moléstia. Seu sorriso diabólico a fez ruborizar. Antes que ela pudesse lhe responder, ergueu-a e recolheu sua camisa. Kiara não sabia que tinha feito a este novo Nykyrian. Mas decidiu que lhe gostava definitivamente. ***** Terminaram no quarto da televisão, esperando a chegada de Rachol e de Darling. Kiara se surpreendeu quando Nykyrian pôs a cabeça em seu regaço e se estirou no sofá. Ela brincou com seu suave cabelo enquanto permaneciam silenciosos na escuridão, observando imagens oscilantes. Kiara tinha o que queria. Ele confiava nela. Um nó apertou em sua garganta quando baixou o olhar para ele. Suas longas pestanas batiam com força. Afastou o cabelo de seu pescoço para ver os pêlos curtos de bebê que frisavam em sua nuca. Com suas unhas, escovou-os brandamente. Um calafrio percorreu seu pescoço e ele fechou os olhos soltando um suspiro. Com a ponta de seus dedos, percorreu a linha de sua bochecha e seus lábios. Voltando-se, ele abriu os olhos para encontrar-se com os seus. O amor que ela viu dentro desses olhos de cor verde clara a fez arder. Ele estendeu sua mão e baixou sua cabeça para si para que recebesse seu beijo apaixonado. Kiara gemeu, seu corpo se acendeu com seu toque. Os braços de Nykyrian se estirostom. Os motores de Rachol trovejavam na baía. —Recorda esta posição para uma referência futura. —sussurrou Nykyrian contra seus lábios, sua respiração calorosa provocou que diminutos calafrios percorressem todo seu corpo. Ele se ergueu e ela queria amaldiçoar pela frustração. Controlando suas emoções vocêmulvocêosas, seguiu-o até a porta. Esperaram vários minutos até que finalmente a porta se abriu. Kiara ficou sem respiração. Rachol trazia a Darling apoiado sobre seu ombro. Darling estava apoiado, pesadamente, contra seu flanco, incapaz de caminhar sem ajuda. Seu rosto estava ensangüentado e golpeado, era quase irreconhecível. Seu braço esquerdo balançava no ar em uma posição estranha e Kiara se deu conta que o trazia quebrado. Nykyrian amaldiçoou, então trocou Darling para seus braços. Rachol saiu correndo por volta do quarto da televisão. Kiara os seguiu, seu coração se retorcia ao ver a condição abatida de Darling. Rachol já tinha feito uma cama com o colchão quando chegaram ali. —Me deixe pôr um lençol. —resmungou ele. —Ao inferno com o lençol. —grunhiu Nykyrian— Comprarei outro sofá se tiver que fazê-lo. Rachol assentiu com a cabeça, e se encontrou com os olhos de Kiara. A hostilidade que viu em seu olhar a fez retroceder um passo. Ignorando seu olhar cheio de ódio, Nykyrian deitou a Darling. Rachol rompeu o contato com seus olhos para ocupar-se de Darling. Kiara ficou parada na porta, com as lorinas enroscadas em suas pernas, seus membros tremiam de temor e compaixão. Franziu o cenho quando se deu conta pela primeira vez, a razão pela qual Darling mantinha seu cabelo em cima do lado esquerdo de seu rosto. Uma cicatriz profunda e branca atravessava a parte inferior de seu rosto da linha do cabelo até o queixo. Kiara não podia imaginar que coisa tinha lhe acontecido, para haver ganho uma cicatriz tão horrível.

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Sua garganta se apertou ao ver a quantidade de sangue que o cobria. Nunca em sua vida tinha visto ninguém tão maltratado. Girou seu olhar para Nykyrian, a sua mandíbula rígida, e se perguntou quantas vezes ele tinha sido golpeado até ficar em condições similares a Darling. —Vou matar a Arturo. —ladrou Nykyrian com os dentes apertados. Darling estendeu a mão e tocou o braço de Nykyrian. —Deixa-o estar. —sussurrou através de seus lábios inchados. Kiara soluçou, ao imaginar a dor que Darling devia sentir. Não podia acreditar que ainda seguisse consciente. Rachol injetou a Darling um analgésico no braço, e logo se dispôs a reparar a fratura. Kiara o olhou, assombrada que Darling não soluçasse nem fizesse uma careta. Jazia tão calado e quieto. Não parecia real. Mas notava que ainda seguia consciente porque com os olhos abertos olhavam fixamente para o teto. Nykyrian levantou o olhar para ela. Caminhou através do piso, a tomou pelo cotovelo e a tirou do quarto. —Acredito que será melhor que subas ao quarto e me esperes. Kiara assentiu com a cabeça. —Ele vai ficar bem? Nykyrian afastou uma mecha de cabelo de sua bochecha. —Estará bem. —disse antes de lhe dar um beijo rápido nos lábios. Kiara subiu as escadas, e então se deteve. —Nykyrian? —esperou que ele se voltasse e a olhasse— Espero que te vingues de Arturo —dito isso, dirigiu-se ao quarto. Depois de quase uma hora, Nykyrian se uniu a ela na cama. Sem lhe dizer uma palavra, jogou-a em seus braços, abraçou-a, e enterrou o rosto em seu pescoço. Sua respiração acariciou sua nuca através de seu cabelo. Kiara desejava conhecer as palavras que pudessem fazê-lo sentir bem, para aliviar em parte a temão dos músculos que a rodeavam. —Como está? —perguntou ela murmurando entre dentes. Nykyrian suspirou e se separou de seu pescoço. Acariciou-lhe o braço nu com uma mão. —Está dormido. Estará bem, apesar de tudo o que lhe aconteceu. Kiara mordeu o lábio, sua garganta se apertou. —Sabe o que estive pensando enquanto estava aqui deitada? Uma risada curta ressonou atrás dela, fazendo com que uma diminuta ternura percorresse seu corpo apesar da gravidade de seu humor. —Não posso imaginar. —disse isso Nykyrian, enquanto beijava o lóbulo de sua orelha. Kiara lhe agarrou a mão e a atraiu a sua bochecha. —Na vida. —disse ela, enquanto lhe acariciava seus dedos fortes. Sentiu como ele ficou rígido ao redor dela. Kiara fechou os olhos e manteve sua mão perto de si. —Estive pensando no muito que eu desejava abandonar a casa de meu pai enquanto crescia, porque ele nunca me respeitou nem tampouco a minha intimidade. —suspirou, seus pensamentos se amontoavam uns contra os outros— Sempre pensei que era muito cruel de sua parte me vigiar e intimidar meus amigos. Nunca me separava de sua vista, sem que um de seus soldados estivesse atrás de mim. —engoliu as lágrimas que se agruparam em sua garganta—. Eu era tão tola. Minha mãe me dizia que minha vida não era tão horrível, e agora compreendo o que queria dizer. Deus, fui tão cega, tão mimada. Ele lhe apertou a mão ao redor da sua e a levantou para seus lábios onde plantou um beijo tenro em seus dedos. —Me alegro muito que seu pai tenha te protegido. Não teria gostado, ter que matá-lo

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também. Kiara soltou uma risada agridoce. —Tudo o que eu queria era ser livre. —Ela deu a volta e o olhou aos olhos— Isso era o que queira, ser livre de teu pai? Seus olhos se nublaram. —Quer que te diga a verdade? Ela assentiu com a cabeça. —Tudo o que eu queria era morrer como um homem, sem lágrimas ou súplicas. As lágrimas de Kiara transbordaram de seus olhos, deslizando-se até a linha de seu cabelo. —E agora? —sussurrou ela. Ele lhe limpou as lágrimas de seu cabelo e a beijou. Seus lábios se arrastaram sobre seu corpo com uma insistência a qual ela não podia negar-se. Kiara recebeu com alegria o momento no qual ele deslizou o vestido de seu corpo. Fez-lhe amor devagar, enquanto as estrelas cintilavam ao redor deles. Depois, manteve-a aferrada em seus braços, aliviando toda a culpa que ela sentia da única forma que conhecia. Muito tempo depois Kiara compreendeu que nunca tinha respondido sua pergunta. Para o eterno assombro de Kiara, Darling tinha se levantado de sua cama na manhã seguinte. Seus movimentos eram lentos e cuidadosos, mas era capaz de fazer tudo sozinho. Depois de havê-lo visto na noite anterior, Kiara tinha estado segura de que estaria prostrado durante dias. —Sempre tinha me perguntado onde vivia. —disse Darling a Nykyrian. Darling estava sentado na mesa da cozinha, comendo pãozinhos com Kiara— Agora que sei quão agradável é, assegurar-me-ei de dizê-lo ao resto do grupo. Este se converterá em um lindo lugar de descanso para nós. Nykyrian levantou o olhar de seu escritório, um sorriso se desenhou nos contornos de seus lábios. —Termine sua comida antes que eu termine o que Arturo começou. Rachol jogou uma olhada ao alimentador das lorinas na cozinha. —Onde estão esses cães cruzados? —Estão desconcertados por todas as pessoas que há na casa. Da última vez que os vi, estavam escondidos no dormitório. —respondeu Nykyrian. —Eles não mordem, verdade? —perguntou Darling. —Eu sou a única coisa que morde nesta casa. —disse Nykyrian, enquanto revisava seus documentos. Kiara teve que sufocar um sorriso ante sua seca resposta. Seu pescoço ainda picava pela mordida que lhe tinha dado na noite depois que se uniu a ela na cama. Darling coçou seu emplastro de gesso. —O que vamos fazer hoje? Rachol caminhou através do quarto e se uniu a Nykyrian. —Você vai descansar. Nykyrian se levantou e colocou sua jaqueta longa. —E já que está aqui, vai fazer companhia a Kiara enquanto nós perseguimos um par de homens de Aksel. O coração de Kiara deixou de pulsar. —Desejaria que não o fez. Nykyrian suspirou. —Eu sei, mas temos que fazê-lo. Rachol recolheu sua bolsa do chão e lançou a Kiara um olhar cheio de repugnância. Seu olhar se intemificou quando Nykyrian a estreitou em seus braços e lhe deu um beijo de

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despedida. Soltando uma maldição acalorada, Rachol entrou na baía. —Retornaremos antes que escureça. —disse Nykyrian, enquanto lhe apertava o braço em um gesto consolador. Kiara observou sua partida, sentia o coração pesado com o temor e a preocupação. —Devo perguntar o óbvio? A voz de Darling interrompeu seus pensamentos. Kiara deu de ombros. Um sorriso diminuto se desenhou em um canto de sua boca. —Agora que o penso, eu dormi no sofá com Rachol. A outra cama que fica está acima. —Darling a olhou fixamente com uma intemidade que ela encontrou um pouco intimidante — Foi onde Nykyrian passou a noite? — levantou suas sobrancelhas várias vezes. Rindo de sua expressão, Kiara tomou assento frente a ele. —Por que está tão interessado? Darling imitou seu dar de ombros. —Estive apaixonado por Nykyrian durante anos. Se não fora pelo temor que tenho de perder a vida, me teria jogado há muito tempo. Kiara observava a forma em que Darling cortava sua comida com uma mão. —Posso te fazer uma pergunta pessoal? Ele levantou o olhar para ela. —O do por que sou homossexual? Ela sorriu. —Não, isso não me interessa. Ele a assinalou com seu garfo. —Pelo menos tem mais maneiras que muita gente. Qual é sua pergunta? —Como te fez essa cicatriz no rosto? —Ele ficou imóvel, Kiara desejou poder apagar sua pergunta. Inconscientemente, Darling soltou o garfo e esfregou a bochecha que tinha coberta com seu cabelo. —É desagradável, verdade? —Não. —respondeu ela honestamente— Mas é profunda. Darling suspirou. —Sim, terias que tê-la visto antes de me fazer dezesseis operações. Os olhos de Kiara se abriram como pratos. —O que aconteceu? Ele deu de ombros como se o assunto realmente não lhe importasse. —Meu irmão mais velho. Tivemos uma briga há anos e isto, —ele correu seu cabelo por trás de sua orelha para despir a cicatriz— foi o que aconteceu. —Seu irmão? —Kiara estava espantada. Acaso algum deles tinha tido uma infância feliz? Darling assentiu com a cabeça. —Kylar sempre foi um bastardo. Uma fossa de compaixão cresceu em seu interior quando contemplou sua cicatriz. —Sabe, ainda és muito bonito. Ele a olhou com uma expressão que lhe indicou que pensava que se havia tornado louca. —É muito generosa. —disse ele quase sussurrando— A maioria das pessoas torce os lábios e sai correndo. —A maioria das pessoas é idiota. Ele sorriu. —Muito certo. —Darling ficou sério. Reclinou-se em sua cadeira e estudou seu rosto durante vários minutos— Quero que me prometa algo. Kiara olhava a todos os lados, sua mente pensava nas muitas coisas que ele poderia querer dela. —O que?

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—Quero que cuides de Nykyrian. Não posso explicá-lo, mas ele é diferente agora que está aqui. Suponho que é mais feliz. Já não está tão sério e amargurado. —os olhos de Darling se estreitaram em um olhar intemo que sondou sua alma— Quero que me prometa que não lhe machucará. Kiara sorriu. —Eu nunca lhe faria mal. Darling assentiu com a cabeça. —Bom, vamos revisar este lugar para ver que problemas encontramos. Kiara sorriu, feliz que Darling fora uma pessoa tão fácil de lidar. Guiando-o para o armário dos livros, tentou afastar de sua mente a preocupação sobre Nykyrian e sobre os problemas que ele poderia encontrar. ***** Horas depois Nykyrian e Rachol estavam sentados no quarto de trás da Donzela de Bended, bebendo suas bebidas lentamente. A cabeça de Nykyrian pulsava com uma enorme dor. Continuaram revisando seus resultados na tarde, com um pouco de proveito. Nykyrian suspirou. Tudo o que ele queria era pôr fim a todo esse tolo e perigoso assunto para estar junto de Kiara. Agitado ante a aparente inutilidade de seu desejo, seguiu repassando as folhas impressas que estavam sobre a mesa. As paredes de cor canela, os mantinham separados do ruído dos clientes na área do bar. Antilhas serviu outra rodada de bebidas. Nykyrian observou ao ancião lutando para esquivar todas as caixas e barris cheios de alimentos. Antilhas sorriu, enquanto colocava suas bebidas na mesa. —É bom vê-los outra vez. Faz momento que não passavam por aqui. Nykyrian assentiu com a cabeça com um gesto de apreciação e lhe pagou as bebidas. —Chegou Ryn? —perguntou Rachol. Nykyrian notou pela maneira em que Rachol removia os papéis, que estava aborrecido de esperar. Antilhas brindou um sorriso de desculpas a Rachol. —Ainda não, mas te prometo que o enviarei aqui tão logo chegue. Quando estiveram outra vez sozinhos, Rachol soltou um suspiro de cansaço. —Shahara é minha principal preocupação. Aksel vem recarregado com suas pistolas de raios. Enquanto que ela te desliza pelas costas e te empurra uma faca no pulmão. É uma harita muito letal. Nykyrian assentiu, conhecendo muito bem a reputação da assassina. —Irei esta noite a Tondara e tentarei encontrar Driana. Ela me contará felizmente todos os planos do Aksel. Rachol negou com sua cabeça. —Pelos informes que encontrei, estou surpreso que Aksel não a tenha matado. Tudo o que posso te dizer é que eles se odeiam. —Rachol bocejou. Nykyrian tomou um gole de sua bebida, enquanto pensava em Driana. —Aksel não a matou por causa de seu fundo de investimento. Se eles se divorciarem ou ela morrer em circunstâncias misteriosas, todo seu dinheiro passará às mãos de sua família. Aksel é muito ávido para permitir que o ódio interfira com sua riqueza. —Por que está falando dessa escória? Nykyrian levantou o olhar e observou Ryn aproximando-se deles. O cabelo vermelho do Ryn era um pouco mais escuro que o de Darling, mas seus olhos tinham o mesmo tom azul. —Estávamos discutindo as diferentes maneiras de matá-lo. —murmurou Rachol antes

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de beber um grande gole de seu copo de água. Ryn lhe fez um gesto negativo com a cabeça. —Como está meu irmão renegado? —perguntou- ele a Nykyrian, enquanto tomava assento. Darling não era querido por seu irmão, mas entretanto, não podia evitar perguntar por sua condição, por isso Nykyrian mentiu. —Ele está bem. —Bem. —Ryn tomou assento e lhe passou uma cópia do último contrato de Probekein pela vida de Kiara a Nykyrian— Isto ainda não foi anunciado. —disse, enquanto acomodava as volumosas jardas de suas túnicas imperiais— Tudo o que pude averiguar foi que Biardi disse ao imperador Abenbi que ardesse em uma posição inccômoda por muito tempo. Abenbi se nega a cancelar o contrato, ainda quando Biardi lhe entregou o surata. —Eu teria podido averiguar isso através de um computador. —se burlou Rachol. Ryn franziu o cenho a Nykyrian. —O que lhe fez para que ficasse de um humor tão hostil? —perguntou ele, logo continuou antes que lhe respondesse— Abenbi também quer a arma para conquistar o território de Fremick. Acredita que porque são vizinhos, devem ser parte de seus territórios. Desejo realmente que seus rapazes possam detê-lo. —Nos pague nossa cota. — Rachol o olhou com ironia. Ryn lhe devolveu o gesto. —Isso é tudo o que sei. —disse ele com um tom de irritação— Espero que te tenha servido de algo. Ante a brincadeira de Rachol, Ryn enfrentou a Nykyrian. —Deveria mantê-lo amarrado. Nykyrian apenas teve tempo de agarrar o braço de Rachol antes que seu punho fizesse contato com o queixo do embaixador. —Se acalme! —estalou-lhe. A contra gosto, Rachol voltou a sentar. —Sua informação foi de muita ajuda. — disse Nykyrian, estreitando a mão de Ryn antes que o embaixador partisse. —Esperamos todo este tempo para isso? —Rachol sorriu com desprezo. Nykyrian recolheu os papéis da mesa. —Que demônios te sucede? Rachol se levantou. —Dormiu com ela ontem à noite! Esperei até meia noite para que retornasse para baixo. Mas não o fez. Nykyrian suspirou. —Sei onde passei a noite. Rachol estreitou os olhos. —Quando ela nos trair, recorda que te adverti isso. Nykyrian apertou os dentes, tentado de mandar voar a Rachol. —Como o vou esquecer, se você não deixa de me recordar todos os dias de minha vida. Rachol o olhou fixamente e manteve os punhos apertados nos flancos, Nykyrian sabia que queria arrancar a cabeça de seus ombros. —Este é seu enterro. — disse Rachol antes de recolher seus papéis e sair do quarto. Com as horríveis advertências de Rachol ressonando em sua cabeça, Nykyrian retornou lentamente a sua nave. Possivelmente Rachol teria razão. As coisas estavam indo muito bem. Sua vida nunca tinha sido tão fácil. Quando as coisas pareciam melhorar, algo sempre acontecia para arruinar tudo. Nykyrian abordou sua nave. Sentou-se no assento de couro, pensativo. Seu dedo polegar dançou através do painel. Um mau pressentimento se arrastou ao longo de sua

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espinha. Ao verificar sua energia e seus níveis de combustível, Nykyrian não viu nada estranho. Mas ainda assim o sentimento de problemas persistia. Se havia aprendido algo em sua vida, era a confiar sempre em seus instintos e agora esses instintos estavam zumbindo com um alarme escandaloso. Definitivamente, algo horrível ia acontecer.

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Capítulo 11 Nykyrian, Darling e Hauk estavam de pé no quarto principal da casa de Nykyrian. Nykyrian continuava duvidando de sua razão, por ter permitido que Kiara os acompanhasse a Tondara. Se tão somente não lhe tivesse suplicado com esses enormes olhos ambarinos, ele teria sido capaz de ficar de pé rapidamente, e fazê-la ficar atrás. Mas não podia. —Teu conselho não ajudou. — disse Hauk obscuramente, enquanto jogava uma olhada para as escadas. Nykyrian deu a volta e viu que Kiara descia. Como lhe tinha pedido, esmagou o cabelo severamente para trás de seu rosto e tinha deixado que um rabo de cavalo grosso se arrastasse por suas costas em suaves cachos. O traje de batalha velho e rasgado adicionava polegadas a sua cinvocêra, mas não apagava nem o mínimo a sua beleza. —Que mais podemos fazer? —perguntou Darling, observando a Nykyrian como se conhecese a resposta. —Ponha algo em cima de sua cabeça. — sugeriu Hauk. O rosto de Kiara se voltou de um rosa brilhante. —Por que não pões algo sobre a cabeça você, grande… —Basta. — disse Nykyrian, interrompendo-a antes que dissesse algo que enfurecesse a Hauk— Não se zangue! Kiara o olhou confusa, enquanto, Nykyrian passava ao lado dela, subia as escadas e retornava com uma jaqueta de couro grossa. —Vou parecer com uma nave espacial. —disse ela com cara feia— Se levar isto posto, parecerei que peso três vezes meu tamanho. Nykyrian pestanejou. —Essa é a idéia. Kiara franziu os lábios, já não estava tão segura de querer ir com eles. Quando Darling tinha lhe falado sobre o tipo de clube que era, sua curiosidade tinha sido mais forte que ela. Enquanto Nykyrian lhe punha a jaqueta, deslizou o olhar sobre seu corpo. Kiara ardeu com o desejo. Nykyrian vestia com umas calças de couro apertadas e uma jaqueta sob medida sem uma camisa debaixo. Sua carne morena e musculosa, suplicava a sua mão que a tocasse. Se não fora por Hauk e Darling, o teria arrastado pelas escadas para sossegar a necessidade ardente que havia dentro dela. Lambeu seus lábios ressecados enquanto se encontrava com os olhos de Nykyrian. O calor manchou as bochechas de Nykyrian ao precaver-se de seu olhar faminto. A risada de Hauk reverberou no lugar. —Esta pode ser a primeira vez em minha vida que vi a este rosto se ruborizar! — Nykyrian o olhou com um cenho sombrio. Hauk retrocedeu um passo, mas seguia sorrindo. Murmurando uma maldição em Andarion, Nykyrian desatou o cabelo de Kiara e lhe fez três tranças, e logo as juntou em uma só. Endireitou o pescoço de sua jaqueta e se enfrentou novamente a Darling e a Hauk. —Agora que pensam? —perguntou. Hauk negou com a cabeça. —Ainda sigo acreditando que ela é condenadamente atraente. Vai fazer que nos matem! —Relaxe. —disse Darling— Shahara vai ali todo o tempo e ninguém a molesta nunca. Hauk soprou. —Isso é porque ela te mataria por somente lhe perguntar como está o clima.

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Kiara levantou o olhar para Nykyrian, temerosa de que pudesse fazer caso. Depois de ter tido uma vida cheia de restrições a sua liberdade, queria ver desesperadamente um real covil de contrabandistas e delinqüentes. Nykyrian agitou a cabeça ante Hauk. —A vigiaremos de perto. —disse ele, tomando sua mão. ***** O tempo passou rapidamente para Kiara enquanto chegavam ao enorme planeta conhecido como Touras e à cidade porvocêária chamada Tondara. Atrarostom na baía mais imunda que Kiara tinha visto em sua vida. Quando levantou a porta, quase se engasga com o penetrante cheiro do lixo podre e cheiros de corpos. Possivelmente devia ter escutado a Hauk e devia ter ficado em casa depois de tudo. Esse lugar era asqueroso! Nykyrian a soltou. —Tem que saltar sozinha. Aja como se soubesse o que está fazendo e se alguém te olha, lhe grunha. —Fala a sério? —Bastante. Definitivamente queria ir para casa. Com um longo suspiro, saltou e fez o que lhe havia dito. Quando seus pés caíram sobre o pavimento, produziu-lhe uma dor desagradável em seus joelhos. Kiara chiou quando várias espécies sem identificar de insetos passaram pelos pés, correndo para um montão de lixo próximo. Vários seres se voltaram para olhá-la fixamente com muito interesse. Engoliu saliva, levantando o olhar para ver Nykyrian saltando para ela. Ele pôs um cenho feroz aos espectadores, e então murmurou entre dentes: —Odeio saltar para o pavimento. Isso acaba com meus joelhos. Kiara sufocou um sorriso. Darling e Hauk se uniram a eles. —Aqui há uma multidão. — disse Darling, ao observar as naves apinhadas dentro da baía. Hauk estreitou os olhos. —Acredito que devemos retroceder antes que nos pulverizem. Nykyrian empurrou Hauk para a entrada. Os membros de Kiara tremiam ao ver os sujos indivíduos que os observavam enquanto se aproximavam da porta. Eles pareciam muito inclinados a classificar seus companheiros segundo seu tamanho. —Não cruze o olhar com ninguém. —advertiu Nykyrian, enquanto envolvia um braço possessivamente ao redor dela. Kiara assentiu com a cabeça, um nó de terror bloqueava a passagem de suas palavras em sua garganta. Quando as portas se abriram, ela retrocedeu. A música soava tão forte que fez com que seu corpo estremecesse em um segundo. Sua curiosidade murchou com uma onda de pânico. Depois de estar com Nykyrian e seu grupo, tinha pensado equivocadamente que a maioria dos contrabandistas era similar a eles, mas estava enganada. Os homens, mulheres e forasteiros que se moviam dentro do clube escuro eram os mais rudes e intimidantes indivíduos que tinha visto alguma vez e não tinha dúvida que qualquer um deles mataria a alguém por somente olhá-los com suspeita. As luzes escuras pestanejavam no teto. O fedor do álcool se alojou em sua garganta. As criavocêras deram cambalhotas umas em cima das outras, empurrando-se, procurando briga. Suas pernas tremeram. Nykyrian pagou sua entrada. —Não lhe farão mal enquanto esteja junto a nós. — gritou ele em sua orelha,

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tratando de sobrepor-se ao ruído e guiando-a para a multidão. Hauk lhe pôs uma mão no ombro, lhe permitindo saber que estava por trás dela. Literalmente. —Há uma mesa adiante! —gritou Darling, afastando à multidão que o rodeava. Kiara soltou um suspiro de alívio quando chegou à mesa ilesa. Pelo menos na seção das mesas não estava tão lotada de gente. Quando todos se sentaram, uma espécie desconhecida lhes trouxe bebidas. —Ela é nova. —ceceou entre lábios borbulhantes— O que lhe sirvo? —Grenna. —replicou Nykyrian. A garçonete parecia sorrir, mas Kiara realmente não podia afirmá-lo ao ver esses lábios estranhamente formados. —É bom ver-te de novo, guerreiro. Tinha começado a me preocupar de que alguém tivesse dado um tiro de graça a seus rapazes. Nykyrian sorriu com afetação. —Você nos conhece bem, Vrasna. Vrasna levantou o olhar para Nykyrian de uma forma, que fez com que Kiara quisesse afundar-se debaixo da mesa. —Ela é sua? Nykyrian assentiu com a cabeça. Vrasna lhe apertou o ombro. —Espalharei por aí. Kiara observou a partida da criavocêra. —O que é isso? —perguntou, reparando na forma elegante em que Vrasna se movia em quatro patas. Nykyrian desenhou um pequeno sorriso. —Embora não o aches, ela é fêmea. — Nykyrian lhe deu sua bebida. Kiara tomou um pequeno gole, então abriu a boca como um bolo, quando o líquido espesso abriu um buraco em sua língua. As lágrimas pirostom em seus olhos. —Asqueroso, não é assim? —perguntou-lhe Darling, enquanto lhe dava seu copo de água. Agradecida por sua preocupação, Kiara tomou um grande gole tratando de apagar o fogo em sua boca. —Encontrei-a. —gritou Nykyrian a Hauk— Protege a Kiara com sua vida! Kiara observou como Nykyrian os deixou, seu coração golpeava de medo e de preocupação. Não sabia a quem perseguia, só esperava que Nykyrian não estivesse correndo para o perigo. Observou-o enquanto cruzava o quarto e se encontrava com uma mulher loira extremamente atraente. Seus olhos se estreitaram. Os ciúmes roeram seu interior tão ferozmente, que esteve tentada de afastar à multidão para reclamá-lo como seu. Então, quando Nykyrian levou a jovenzinha à parte traseira, ardeu muito mais. A risada revocêmbante de Hauk invadiu suas orelhas. —Relaxe. —disse— Nykyrian necessita de informação, nada mais. Sua explicação, pensou Kiara, não a satisfez ainda. Minutos depois, Hauk se desculpou para ir atrás de um velho amigo. Darling se moveu para sentar-se ao lado dela. Cobriu suas mãos trêmulas com as suas e lhe deu um tenro apertão para animá-la. —Darling! Kiara saltou ao escutar esse som em sua orelha. Um homem alto, bonito, sentou-se em uma cadeira do outro lado de Darling. —Parece como o inferno, companheiro. Kiara estudou o belo rosto do homem. As sobrancelhas de cor ébano se estendiam sobre uns alegre olhos avelãs, paralelos a suas bochechas. Seu cabelo escuro lhe chegava

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até os ombros e o tinha amarrado com um rabo de cavalo. Ele sussurrou algo na orelha de Darling, e logo lhe passou em revista. Um sorriso sedutor se desenhou em seus lábios e Kiara se perguntou quantas mulheres se desmaiaram por isso. —Saudações, bela. — ele estendeu sua mão para ela. Jogando uma olhada a Darling, Kiara esperou para verificar sua amizade com o homem. —Kiara este é meu melhor amigo, Caillen Dagan, extraordinário contrabandista e assassino de damas extremo. — gritou Darling. Com cautela, ela estreitou a mão de Caillen. Ele levantou a mão até seus lábios e plantou um caloroso beijo em seus nódulos. Ao soltar sua mão, olhou-a fixamente aos olhos, desenhando um sorriso de uma forma que Kiara estava segura, haveria feito desmanchar às mulheres em sorrisinhos. —Kiara Biardi? —perguntou Caillen surpreso. Ante seu assentimento, seu sorriso se alargou. —Guay. É um privilégio a um capitão, compartilhar estes goles contigo! Darling empurrou o ombro de Caillen. —Não faça isso com ela. —advertiu. Darling voltou seu rosto para Kiara— Caillen é bastante inofensivo, o que acontece é que acredita que todas as mulheres que respiram morrem para arrastarem-se a sua cama. —A maioria o faz. — respondeu Caillen com uma risada contagiosa. —Olá Caillen! —disse-lhe uma atraente ruiva, enquanto se apoiava no ombro de Caillen para beijar sua bochecha. Caillen enrugou seu nariz e enviou a mulher para passear. Kiara olhava a Darling, enquanto este punha um rosto de incredulidade a Caillen. —Acredito que esta pode ser a primeira vez desde que chegaste à puberdade, que permitiste que uma mulher bonita escape sem que a incomodes! Caillen soprou. —Sim, bom, é que Lilás é uma prostivocêta onipresente. Alguém deveria pintar um x em seu traseiro e assinalar este lado abaixo. Os olhos de Kiara se alargaram ante sua crua resposta. Caillen deu de ombros, com esse irresistível sorriso de novo. —Sinto-o por isso. — disse a Kiara, antes de tomar um gole do copo de água de Darling— Tendo a permitir que minhas maneiras se deslizem nos momentos menos indicados. De repente, apoiou-se na mesa e lhe brindou uma careta sedutora. —Espero que não seja a namorada de Darling. —É a de Nykyrian. — respondeu Darling por ela. O rosto de Caillen empalideceu. —Me retiro daqui. — disse, enquanto ficava de pé. Voltou-se e olhou com suspeita a Darling—. Por que não me disse que ele estava aqui, e que me estava lançando a sua mulher. Jesus, Darling, que está tratando de obter, que me estripem? Darling deu de ombros, desenhando um sorriso em seu rosto. —Realmente, estou desfrutando de sua vergonha. —Isso, isso. —ladrou Caillen, oferecendo a Kiara um tímido sorriso. Seu rosto se tornou sério— Arturo perguntou a Kasen por ti. Ela lhe disse que estava visitando Ryn. Não acredito que tenha acreditado nela, assim vigia suas costas. —Vigiarei. Com uma inclinação de cabeça para eles, internou-se na multidão. Kiara observou o sorriso no rosto de Darling. —Esse é um humano muito interessante. Darling assentiu com a cabeça.

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—Vale seu peso em alívio cômico. Kiara retorceu o canudinho no copo de Nykyrian com seus dedos. —Pensei que Nykyrian era seu melhor amigo. Darling se apoiou no respaldo de sua cadeira e estudou sua rosto. —Nykyrian me protege e o amo por isso, mas ele é muito sério. Por outro lado, Caillen leva a vida a passo largo, sempre com uma piada sobre ela. — dando os ombros e tomou seu copo de água— Não sei por que, mas ele simplesmente me faz rir. Kiara assentiu, compreendendo muito bem a importância de rir. —Você e Caillen são amantes? Darling negou com a cabeça e sorriu. —Não, Caillen é estritamente heterossexual. —jogou uma olhada ao redor da multidão—. Ainda está nervosa? Kiara respirou profundamente. —Um pouco. — disse, mas dentro dela sabia que era muito mais. Darling tomou sua mão fora da mesa e rastreou a linha de seus dedos. —Tocando. — uma malévola voz grunhiu entre eles. Darling lhe soltou a mão e ficou de pé. —O que está fazendo aqui? —estalou. O homem que os olhava com raiva era bonito e mais velho. Umas linhas débeis danificavam sua boca cruel. Seu cabelo branqueado era castanho e curto, os olhos azuis acerados os rastreavam com um olhar frio. —Sente-se heterossexual esta noite? —sorriu-lhes com desprezo, agarrando a Darling pelo braço com um áspero puxão que fez com que Kiara se encolhese em resposta. —Supunha-se que não devia sair de casa até que lhe dissesse isso! Kiara tragou saliva, esse devia ser Arturo. Aterrada, olhou no meio da multidão tentando encontrar a Nykyrian, a Hauk ou a Caillen, mas não viu ninguém que lhe parecese familiar. —Por que simplesmente não vai embora. — gritou Darling, com seu temperamento fora de controle— Te disse que não ia retornar para casa. A resposta de Arturo foi um doloroso tapa. Darling caiu contra a mesa, transtornado. Sem pensar duas vezes, Kiara se levantou e empurrou a Arturo afastando-o de Darling. Apenas o moveu. Com uma maldição ressonante, ele a golpeou forte, lançando-a para um grupo de homens. Ignorando a ardência de sua bochecha, Kiara se levantou do chão, pensando em retornar à luta, mas se encontrou rodeada de um grupo de humanos pestilentos. —Desculpem-me. — disse, tentando passar através deles. —Aonde acha que vai? —perguntou-lhe um deles, com um sorriso repulsivo. —Não acredito que ela vá a nenhuma parte. — respondeu outro, antes de agarrá-la pela cinvocêra e puxá-la de volta ao resto do grupo. O terror a devorou, tinha que fazer algo. Kiara lutou contra o agarrão do homem, lhe arranhando as mãos. Com uma maldição acalorada, lançou-a sobre seu ombro. Kiara chiou e gritou, mas não conseguiu libertar-se. Ao levantar o olhar, viu como Arturo arrastava a Darling através da porta traseira. Renovou sua resistência com vigor. Tinha que ajudá-lo! O homem que a sustentava burlou de seus esforços e a fez ricochetear fortemente contra seu ombro. Soltou sua respiração com um ruidoso e doloroso ofego. Lhe puxou o cabelo e arranhou seu pescoço exposto. O homem a tirou da baía de desembarque e a atirou no chão sujo onde aterrissou de uma forte porrada. Kiara gemeu ante a dor que atravessou todo seu corpo, suas costelas e costas se arquearam até o ponto que pensou que estavam quebradas. —Pagará por isso, harita. — grunhiu o homem, enquanto tirava uma adaga enorme de sua bota.

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Kiara estremeceu, em sua mente via Chenz, vindo atrás dela lhe rasgando o corpo com sua cruel folha. Outros homens pertencentes ao seu grupo a rodearam. Não podia fugir por nenhuma parte. Tragando o medo, cravou os olhos na folha brilhante. Esta brilhava enquanto ele a levantava. Muito aterrada para mover-se, Kiara esperou sua descida. De repente, esta foi tirada de sua mão. —O que acha que está fazendo? —ladrou Nykyrian, balançando a faca debaixo do queixo do homem. Uma gota de suor deslizou pela têmpora do homem. —Este é um problema de humanos, Andarion. O olhar frio do rosto de Nykyrian fez com que um calafrio percorresse a espinha de Kiara. —Ela é minha companheira, peste. O que faça com ela é meu problema. Kiara olhou como o homem se estremecia sem controle. Levantou o olhar para ela, logo para Nykyrian, e novamente para ela. —É sua companheira? —chiou. —Sim. — respondeu Kiara com convicção, tremendo de alívio de que Nykyrian tivesse salvado sua vida. De novo. Nykyrian arrastou a faca debaixo do queixo do homem, deixando um pequeno risco de sangue antes de estender sua mão para Kiara. Agarrando gostosa, essa linha de vida, permitiu que ele a erguesse. —Desculpe. — disse o homem depressa, limpando o sangue de seu queixo com o verso de sua mão—. Ela se chocou conosco. Não tinha nem idéia. Quero dizer… bom… —Eu sugiro que saia. — grunhiu Nykyrian, enquanto mostrava seus dentes ao homem. O grupo correu tão rapidamente que Kiara não podia acreditar. Agitada com suas emoções, Kiara enterrou sua cabeça no ombro de Nykyrian Sorrindo de histérico alívio. —Se lhes houvesse dito buuu, acredito que teriam morrido de medo! Nykyrian a sustentou contra si, aliviando o tremor de seus membros com os braços. —O que aconteceu? —sussurrou-lhe ele contra seu cabelo. Kiara soltou uma respiração tremente. —Hauk viu alguém que conhecia. Então Darling e eu estávamos falando… Arturo apareceu. Ele tem a Darling! O corpo de Nykyrian ficou rígido. —Aonde se foram? —Saíram pela porta traseira. Nykyrian a trouxe de volta ao clube pelo braço e atravessaram a multidão. Quando encontraram a Hauk, Nykyrian o agarrou com uma maldição furiosa. Logo saíram pela porta traseira. Nykyrian caminhou ao redor, examinando a área. —Me recorde depois que te mate. — disse ele amargamente a Hauk, com a rosto retorcida em um gesto de raiva. —O que aconteceu? —perguntou Hauk confuso, ao olhar a Kiara. Nykyrian retorceu seu lábio. —Nada de grande importância. Arturo tem a Darling. —Merda! —Hauk passou a mão com impaciência pelo cabelo—. Aonde acha que foram? —Não tenho nem idéia. Caillen saiu correndo através da porta traseira. —Onde está Darling? —perguntou a Nykyrian. —Arturo o tem. Caillen soltou uma maldição que fez com que Kiara se ruborizasse. —Kasen somente me disse que os viu juntos há um momento. Assim me ajude,

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porque vou estrangular a essa mulher! —Tem idéia aonde Arturo pôde havê-lo levado? —perguntou Nykyrian a Caillen, enquanto tomava a mão de Kiara. —Possivelmente. Nykyrian tomou seu intercomunicador e chamou Rachol e Jayne para que começassem a busca. Logo entregou seu intercomunicador a Caillen. —Mantenha contato com eles. Levarei a Kiara para casa, e logo me unirei à busca. —Como nos manteremos em contato contigo? —perguntou Caillen, enquanto envolvia o intercomunicador em seu cinto. —Eu tenho o intercomunicador de Darling em casa. A culpa carcomeu a Kiara enquanto Nykyrian a levava em sua nave. Se ela não tivesse estado em problemas outra vez, Nykyrian teria podido salvar a Darling a tempo. —Desculpe. — sussurrou ela, enquanto se separavam da baía. —Você não fez nada. — disse Nykyrian com um suspiro— Devia havê-lo pensado melhor antes de deixar a Hauk com vocês dois. Às vezes não pensa. Kiara permaneceu em silêncio o resto da viagem, com seus pensamentos dando voltas em torno do que tinha acontecido. Rezou para que Darling estivesse bem. Nykyrian a levou correndo para casa, recolheu o intercomunicador e partiu antes que pudesse lhe desejar inclusive sorte. Com o coração pesado, deitou-se na cama. Jazeu por horas olhando às estrelas que brilhavam sobre sua cabeça, rezando para que todos estivessem com vida. Quando viu a nave de Nykyrian sobrevoando no teto, seu coração pulsou de alívio. Recolheu sua túnica e baixou as escadas rapidamente para esperar que entrasse na casa. As lorinas se enrosrostom em suas pernas, miando brandamente. Um Nykyrian exausto atravessou a porta. Deixou cair seu capacete ao chão e abriu os braços para receber seu abraço firme. —O encontramos. — disse ele cansado. —Espero que tenhas feito pedaços a Arturo. Nykyrian lhe mostrou uma de suas mãos. Os nódulos estavam inchados e sangrentos. —Fiz meu melhor esforço. Kiara sorriu, enquanto afastava uma mecha de cabelo de seu rosto. —Onde está Darling? Nykyrian se separou dela e se dirigiu às escadas. —Ficou com Jayne e seu marido. ***** Ele fez uma pausa em seu segundo passo e se voltou para olhar o rosto dela. —Dar-te-ia qualquer coisa se me levar para cima. Kiara sorriu. —Vamos, soldado, mova-o! —Kiara o empurrou por seu traseiro. Um gemido lhe escapou quando sua mão se escorregou entre suas coxas. —Se segue fazendo isso poderia reviver depois de tudo. —Se escuta —o admoestou ela— Me diz isso depois que perseguiu a essa loira esta noite.

Nykyrian se atirou na cama. —Eu necessitava de informação. —bocejou sobre o travesseiro. Kiara negou com a cabeça. —Se o universo pudesse ver Némesis agora mesmo, duvido que acreditassem que é uma terrível ameaça. Ela esperou sua resposta. —Nykyrian? —Kiara se inclinou sobre ele, e se deu conta que estava dormido.

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Um sorriso se desenhou em seus lábios. Darling lhe havia dito que estava acostumado a cansar-se assim. Suspirando, apagou as luzes. Kiara lhe tirou a roupa, dobrou-as cuidadosamente, e as pôs no armário. Um caloroso formigamento pulsou dentro de seu peito quando o olhou através da luz tênue do quarto. Parecia tão pacífico. Rezou para que tivesse uma noite livre de pesadelos. Mas ela sabia que não ia ser assim. Sabia que havia noites nas quais ele realmente não dormia. Nessas noites o escutava chamar a sua mãe, amaldiçoando-a, chorando por ela, ou às vezes recordava suas missões e despertava tremendo. Kiara se perguntava se ele recordava seus sonhos. Se o fazia, nunca o tinha mencionado depois. Afastando-lhe o cabelo de sua bochecha, beijou a área áspera. Nunca o deixaria. Kiara o cobriu com uma manta, acomodou-se ao seu lado e envolveu os braços sobre ele. Com um suspiro de felicidade, dormiu. ***** Kiara estava escovando o cabelo, seu rosto ardia ante o olhar luxurioso de Nykyrian. Ele estava apoiado na cama, com um sorriso inteligente desenhado em seus lábios. —Se deu conta que te casaste comigo ontem à noite? Sua mão se deteve a meio caminho. —Eu o que? Ele assentiu com a cabeça. —Na lei dos Andarion, duas pessoas que professam, sem ser forçados, que são companheiros diante de outro indivíduo, estão casados. Uma calorosa emoção disparou através de seu corpo. —Fala a sério? —disse ela quase sem fôlego, enquanto baixava a escova. Ele afastou o olhar dela, com uma expressão estóica no rosto. —Parece-me que quer o divórcio. Kiara mordeu seu lábio inferior, com um sorriso desenhado em seus lábios. —Me deixe pensá-lo. Eu gosto disso de ser a Tara de Némesis. —Kiara se sentou ao seu lado na cama—. Mas tudo foi assim fácil? Ele lhe acariciou a bochecha, desenhando um atalho ardente ao longo de seu queixo. —Assim é. Os Andarions não realizam grandes cerimônias ilustres. —Ele tomou um gole de seu suco. Kiara lhe deu as costas em um gesto falso de pretemão. —Bom, nunca pensei que o dia do meu casamento seria tão tranqüilo. Ele sorriu. —Um divórcio também é fácil de adquirir. Ela negou com sua cabeça, seus cachos revoaram sob seu rosto. —Ah não. Você está unido a mim agora! A mão calosa de Nykyrian se moveu da taça a sua bochecha. A expressão de seu rosto era difícil de decifrar, e a preocupou. —O que acontece? Ele a beijou no cocuruto. —Acredito que te levarei onde esteja teu pai hoje. A surpresa a emocionou. Olhou seus encantadores olhos verdes, sem estar completamente segura de querer ir para casa. —Meu pai te dispararia se se inteira de que estamos casados. — disse ela com um sorriso, enquanto deslizava uma mão debaixo da manta. Quando sua mão se fechou ao redor dele, Nykyrian expulsou seu suco pelo nariz. Kiara sorriu.

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—Isso foi muito cruel. — a acusou. Ela mordeu o lábio, lhe brindando um sorriso sedutor. —O matrimônio é legal sem a consumação? Nykyrian pôs o suco sobre a mesa de noite. Antes que Kiara pudesse pestanejar, a tinha de costas no colchão. Deu a bem-vinda a seu beijo, à força de suas mãos sobre seu corpo. Ele lhe arrastou seus beijos pela orelha, mordiscando seu lóbulo brandamente. Os calafrios dispararam um calor branco através de seu corpo. Por toda parte que ele a tocava, ela ficava ofegante de prazer. Afundou seus talões no colchão e arqueou suas costas para encontrar-se com ele. Nunca se havia sentido tão desejada, tão viva. Kiara percorreu com suas mãos os planos de suas costas, percebendo as cicatrizes. Ele lhe pertencia e ninguém o arrebataria nunca, assegurar-se-ia disso. —Agora. — ofegou ela, enquanto lhe beijava os lábios. Obedecendo-a, afastou-lhe as pernas com seus joelhos. Kiara gemeu quando entrou nela. Deleitou-se com o prazer de senti-lo e o conhecimento de que ambos se pertenciam musuamente. Sua liberação chegou rapidamente. —Te amo. —disse ela, ao lhe acariciar o cabelo que tinha sobre o rosto. Sua resposta foi um profundo e mágico beijo. Ficou em cima dela, seu corpo forte se amoldava ao dele. Kiara se esqueceu de sua carreira, de sua vida. Tudo o que queria era a Nykyrian. Jazeram silenciosos durante vários minutos. Kiara sentia como seu coração voltava a pulsar normalmente. Beijou a pele salgada de seu pescoço, desfrutando do cheiro almisrostodo que fazia parte dele. —Importar-te-ia de se banhar comigo? —perguntou ele. Kiara sorriu. —Eu adoraria. Não demoraram muito tempo banhando-se e vestindo-se. Quase muito rápido, abordaram a nave e se dirigiram a Gouran. Kiara tinha medo de encontrar-se com seu pai. Não sabia como reagiria ele com suas notícias, mas estava segura que não lhe iam fazer nenhuma graça. Quando Gouran ficou à vista, queria pedir a Nykyrian que desse a volta. Mas sabia que não podia fazê-lo. Seu pai estava angustiado por ela. Rezava para poder fazê-lo raciocinar e que não metesse no cárcere a Nykyrian quando chegasse. Cem naves os rodearam quando entraram no espaço aéreo de Gourish. —Não acha que seu pai está um pouco irritado? —perguntou Nykyrian. Ela podia ter notado sem necessidade de escutar seu sarcasmo. Kiara olhou fixamente ao tenebroso número de naves. —Baixe seu escudo e desligue seu propulsor principal. — pediu o controlador. Nykyrian se esticou quando uma luz de advertência lhes notificou que eram os alvos de um sistema de armas de outra nave. —Não há necessidade de tanta hostilidade. — disse serenamente. —Conhecerás minha hostilidade quando aterrissares, filho da puta! O grito ensurdecedor de seu pai reverberou em suas orelhas. —Papai, tudo está bem. — disse Kiara, rezando para que ele se tranqüilizasse. —Anjo? —sua voz soou tremente— Graças a Deus que está viva. O nó que tinha em seu estômago se apertou muito mais. —Vê, tudo está bem. — disse ela a Nykyrian em voz baixa, sem estar segura se suas palavras eram para tranqüilizar a ela ou a Nykyrian. Aterrissaram dentro da baía principal. Kiara tremeu de apreensão. Quando seu pai estava zangado, não era razoável. Observava como mil armas eram apontadas por uma multidão de soldados que estavam na baía.

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—Envia a Kiara para baixo primeiro! —gritou seu pai. As mãos fortes de Nykyrian desataram seu capacete e seu cinto de segurança. —Tudo está bem. —sussurrou ele— Faça o que ele diz. Kiara assentiu. Sua cabeça estava alarmada com o pânico, o medo e a raiva, enquanto descia pela escada de mão. Aproximou-se devagar de seu pai, incapaz de acreditar que todos esses soldados estivessem agrupados ali. —O que significa isto? Tiarun pôs as duas mãos geladas em suas bochechas, e lhe deu um abraço forte. Ela também o abraçou, pensando em que possivelmente ele devia estar mais tranqüilo agora que a havia visto sã e salva. —Papai, é tempo de que detenha isto. — olhou a Nykyrian, que estava longe de sua nave com uma pistola apontada a sua cabeça. —Tem razão, Anjo. —ele sorriu— É tempo de pôr fim a isto. Alguém tem que fazê-lo. Seus braços se apertaram ao redor dela enquanto fazia um sinal a seus homens. —Atirem nele! A ordem de seu pai a aterrorizou. —Não! —gritou ela, tentando libertar-se. O agarrão de seu pai se incrementou e ela deu voltas ao redor. Seu pai a mantinha aferrada de seus braços, lhe impedindo de correr para Nykyrian. —Não! —gritou ela de novo, mas ninguém a escutou. A luz explodiu dentro da baía. Nykyrian retrocedeu pelos disparos. Kiara gelou. Nenhum som saiu de seus lábios quando caiu no chão, com um grito de rechaço ao interior de sua alma, com as mãos de seu pai, ainda fechadas, ao seu redor, lhe impedindo de correr para seu marido. —Ele está morto. — disse um soldado, levantando do lugar aonde jazia Nykyrian. Kiara não podia respirar. Queria morrer. Tudo era um engano, tinha que ser. Os soluços estremeceram seu corpo, enquanto uma agonia insuportável rasgava sua alma. —Disponham do corpo. — as tropas se despensaram. Kiara olhou fixamente a seu pai, incapaz de acreditar que fosse tão frio, tão cruel. —Odeio-o. —gritou ela, quando ele se moveu para ajudá-la a levantar-se. Retorceuse inutilmente em seus braços. Apesar de sua relutância a sair da baía, seu pai a tirou dali, esquecendo sua dor. Dois soldados ficaram para fazer a limpeza na baía. Nykyrian fez seu melhor esforço de não respirar profundamente. Nunca tinha estado mais dolorido em sua vida. Pelo menos tinham disparado quatro tiros a queima roupa. —Estamos mortos. —sussurrou Taneron— Se Biardi se dá conta disto, arrancar-me-á as bolas. Uma vez mais em sua vida, Nykyrian agradeceu a Deus a lealdade dos membros da OMG. Em momentos como este, os espiões eram extremamente valiosos. —Agora, como raios vamos o tirar daqui e a sua nave da baía? —perguntou Taneron, enquanto jogava uma olhada nervosa à baía. Nykyrian fechou os olhos para suportar uma onda de dor. —Diga ao controle, que vai conduzir a minha nave com controle remoto, para se liberar de mim. — sussurrou. Taneron sorriu. —Brilhante. Nykyrian lutou para permanecer flácido quando o recolheram e o descarregaram no assento de sua nave. Os gritos de Kiara ecoavam em seus ouvidos e desejou poder encontrar uma maneira de lhe contar que estava bem, em poucas palavras. A dor o atravessou e por um momento, temeu que pudesse desmaiar. Sua nave andou cambaleando-se enquanto realizavam a decolagem por controle remoto. Tanto sangue o cobria, que não podia deduzir em que lugar estava ferido. Esperou

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até que saiu de órbita antes de sentar-se e tomar o controle de sua nave. A dor nublou sua mente, embotando seus pensamentos. A cada segundo que passava parecia aumentar-se cada vez mais sua agonia palpitante. Quando chegou em casa, não podia quase se mover. Nykyrian saiu cambaleando de sua nave, enquanto sua vista escurecia. Tinha que chamar Rachol para que curasse suas feridas. Na proporção em que ia, sangraria até morrer em menos de uma hora. Apesar do suor que cobria seu corpo, estava frio. Abriu a porta de sua casa, manchando de sangue os controles manuais. Libertou-se do capacete e o deixou cair suas mãos entorpecidas. As lorinas se aproximaram, confusas pelo cheiro do sangue. Tinha que conseguir ajuda. Tinha que voltar até Kiara. Nykyrian deu um passo adiante e caiu ajoelhado. Tentou de levantar-se, mas a dor não o permitiu. Tinha que se mover, devia fazê-lo. Seu último pensamento consciente foi o de uma pequena bailarina que tinha prometido, que nunca o abandonaria.

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Capítulo 12 —O contrato foi revogado! Kiara apenas escutou o grito de júbilo de sua melhor amiga, Tiyana. Em seu lugar, olhou fixamente o calendário de apresentações que tinha em seu colo, incapaz de acreditar que tinham passado seis semanas desde que viu Nykyrian pela última vez. Uma e outra vez, a cena se repetiu em sua mente, os sons, a dor. —Kiara, não me escutou? —perguntou Tiyana, dando batidinhas no braço da cadeira onde Kiara estava sentada— Pode retornar ao teatro! —Escutei-te. — respondeu ela com um suspiro cheio de nostalgia. Tiyana se tranqüilizou e tomou assento em uma cadeira idêntica, branca, de ferro forjado, que estava em frente dela. Kiara sempre tinha se encantado em sentar-se no jardim bem podado que estava no pátio da casa de seu pai, sentir o cheiro de todas as flores que a rodeavam, a luz do sol que esquentava sua pele, não fazer nada exceto respirar o ar doce, mexericando com Tiyana. Mas já não. Agora, tudo parecia aborrecido, vazio. Kiara observou como Tiyana levantava a vista sobre seu ombro e agitava sua bonita cabeça loira, e por essa ação soube que seu pai estava de pé por trás dela. Não se incomodou em olhar. Realmente não podia lhe importar menos onde estava seu pai. —Tiyana. —disse ele com rudeza— Nos dá licença um momento? —Claro comandante. — ficou de pé e tocou a mão de Kiara— Retornarei em um minuto. Quer algo? Kiara negou com a cabeça, enquanto sufocava um soluço. A única coisa que ela queria era seu marido e nada poderia trazer de volta a Nykyrian. Com uma respiração tremente, Kiara afastou o olhar de seu pai quando se sentou na cadeira que tinha ocupado Tiyana. —Anjo. —Não me fales assim! —estalou ela, incapaz de perdoar o que lhe tinha feito, e todas as coisas que lhe havia dito desde esse dia. Ele tomou uma respiração profunda e lhe estendeu uma pasta. —Te trouxe teu informe médico. Desejo poder matar a todos esses bastardos pelo que te fizeram! Kiara estreitou o olhar, querendo lhe tirar os olhos pelo que havia dito. Negou-se a aceitar a pasta de sua mão. Não queria nada dele. Nunca. Seu pai pensava que ela tinha sido violentada por todos os homens do OMG, sem importar quantas vezes tentou lhe explicar o que de verdade tinha passado entre ela e Nykyrian, seu pai só a passava dizendo que lhe tinham lavado o cérebro. Por que não a escutava? Quantas vezes tinha tentado lhe dizer que, nunca teve que fazer nada que não tivesse querido? —Está grávida. — disse por fim seu pai com um tom de amargura. Kiara abriu a boca, e pela primeira vez em semanas, sentiu-se sorrir. —O doutor disse que pode terminar com a gravidez sem nenhum problema. —Não o fará! —estalou ela, ao ficar de pé. Tiarun se levantou, com um gesto de hostilidade no rosto. —Seja razoável. Uma criança acabaria com sua carreira. Isso é o que quer? — perguntou-lhe, lhe agarrando o braço e sacudindo-a com rudeza— Por que quererias acabar com sua vida por uma semente bastarda? Kiara tremeu da raiva e libertou seu braço de seu agarrão. Nunca em sua vida tinha

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querido bater em seu pai, mas nesse momento duvidava que outra coisa, desse mais satisfação. —Foi a meu marido que matou. Meu bebê não é um bastardo! É tudo o que me deixou, tudo o… —Suas palavras se interromperam quando soltou um soluço e saiu correndo do jardim. Quando chegou ao seu quarto, atirou-se na cama e soluçou sobre seus travesseiros. Tudo o que quis foi retornar a esse último dia que tinham passado juntos. Para tocar a Nykyrian uma vez mais. Em seu lugar, tocou o estômago, onde a última parte de Nykyrian florescia. Daria ao seu bebê todo o amor que quis dar a Nykyrian, todo o amor que a Nykyrian tinham negado em sua vida inteira. ***** —Vai retornar ao teatro? Kiara ficou a meio caminho em uma rua lotada de lojas e olhou Tiyana aos olhos. —Hei-te dito mil vezes que já não vou dançar mais. —Mas por que? —insistiu ela, em um tom de voz, que fez com que Kiara quisesse sacudi-la. Kiara suspirou. Passou uma mão sobre seu estômago plano, desejando o dia quando veria alguma prova da existência de seu bebê. —Agora há coisas mais importantes que eu. —Como quais? Kiara ficou rígida. —Como meu bebê. —Sabe que pode dançar uns meses mais. —Tiyana a agarrou pelo braço e começou a caminhar novamente rua abaixo— Deve voltar a pensar no que está fazendo. Deus, eu venderia minha alma para ter sua fama. Kiara abriu sua boca para lhe replicar que ela venderia sua alma para recuperar Nykyrian, mas quando levantou o olhar, viu Darling almoçando dentro da cafeteria pela qual estavam passando. A comoção a fez deter-se na calçada. Sem dizer outra palavra a Tiyana, libertou-se de seu braço e deu a volta, enquanto uma estranha felicidade a percorria. Kiara entrou na cafeteria e vacilou. Pestanejou, sem estar segura do que seus olhos estavam vendo. —Darling? —perguntou, ao aproximar-se de sua mesa. Darling levantou o olhar e se sobressaltou. —Kiara? —disse, com um sorriso desenhado no rosto quando ficou de pé— Tinha me perguntado o que tinha acontecido com você! Kiara envolveu seus braços ao redor dele, estalando de felicidade ao ver finalmente um dos amigos de Nykyrian. —Queria ver-te, mas não pude fazer contato com nenhum de vocês! O que faz aqui? Darling sorriu e a abraçou com firmeza. —Esperando a Caillen. —Kiara? Kiara se voltou e sorriu a Tiyana. —Tiyana, este é meu amigo, Darling. Eles estreitaram suas mãos e Darling afastou uma cadeira para ela. —É muito bom te ver. Depois da forma em que esteve Nykyrian ultimamente, tinha começado a acreditar… —O que? —gemeu Kiara, o sangue abandonou seu rosto enquanto um frio aterrador se arrastou ao longo de sua coluna. Não podia ser possível. Certamente não tinha escutado corretamente.

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Darling levantou o olhar para ela, voltou o lado do rosto que tinha sombreado por seu cabelo. —Nykyrian está vivo? —perguntou Kiara, meio aliviada e meio enfurecida. —Acho que eu não devia cometer este deslize. — murmurou Darling. O coração de Kiara cambaleou. Não podia acreditar. Não, não era certo. Se Nykyrian estivesse vivo, teria vindo atrás dela. —Vi como foi assassinado. — insistiu ela, recordando a forma em que Nykyrian retrocedia pelos disparos, a seu corpo imóvel cheio de sangue, o som da voz dos soldados dizendo que ele estava morto. Darling lambeu os lábios e olhou a Tiyana. —Ele estava muito ferido, mas um par de membros do OMG o ajudaram a ir para casa. Kiara agarrou a beira da mesa com mãos trementes, seus pensamentos se agitavam em sua mente. Nykyrian estava vivo e não a amava. Todo este tempo, havia dito que ele a amava, mas nem sequer se incomodou em lhe dizer que estava vivo! Apertou os dentes com raiva. —Entendo. —disse por fim, sua voz era tão gelada como o sentimento de amargura que a consumia. Ficou de pé e estendeu a mão a Darling. —Foi um prazer ter visto você hoje. Desejo poder passar mais tempo com você, mas temo que tenho que ligar para meu empresário e aceitar um trabalho. Kiara notou a confusão de Tiyana quando saiu da cafeteria e se enfiou na multidão da rua, com ela presa a seus talões. —O que foi isso? —perguntou Tiyana, voltando-se para olhar em direção à cafeteria— Quem era esse sujeito? Kiara estava jogando fumaça. —Ele não é ninguém. — enquanto caminhava através da multidão, desejou poder ver Nykyrian novamente, para poder lhe atirar ela mesma!— Não posso acreditar que tenha esbanjado meu tempo e meus esforços! Minha carreira! —O que? Kiara olhou a Tiyana. —Nada. Estou bem, e vou sair de meu retiro! ***** Nykyrian acariciava a suave barriga de Ulf enquanto olhava a apresentação gravada de um dos balés de Kiara. Sentia o coração pesado. Sabia que devia ter ido atrás dela. — precisava ir detrás dela, corrigiu-se a si mesmo— mas não podia. E não sendo suficiente inferno sentir saudades de Kiara, Rachol também tinha desaparecido. Seu apartamento tinha sido destruído e ninguém sabia quem o tinha feito. O tinham procurado por semanas, mas ninguém pôde encontrar nenhum rastro de seu paradeiro. Nykyrian tomou outro gole de grenna, enquanto a dor o rasgava. Estava sozinho, como sempre tinha querido estar. Mas nunca imaginou quão dolorosa era a verdadeira solidão. Suspirou de frustração. Kiara estava se apresentando essa noite em Gouran. Um ataque de satisfação o invadiu. Suas ameaças tinham funcionado. Némesis tinha conseguido intimidar a Probekeins o suficiente, para que revogassem seu contrato. Kiara tinha recuperado sua vida. Uma vida na qual não o necessitava, nem o merecia. Havia tantas coisas que desejava dizer a Kiara. Se ao menos pudesse tocar seu corpo pela última vez… Ai demônios, o que lhe importava? Passou toda sua vida desejando algo que não

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podia ser. Como lhe diria Rachol se estivesse ali, Nykyrian tinha duas opções. Podia continuar se torcendo em sua própria autocompaixão inútil, ou poderia tentar ver Kiara. Nenhuma das duas opções parecia muito prometedora nesse momento. Suspirando de novo, Nykyrian foi encher seu copo outra vez. ***** As luzes pisrostom sobre o rosto de Kiara, cegando-a. Afastou a cabeça e respondeu algumas das perguntas dos repórteres enquanto se dirigia ao seu camarim. Depois de seu breve e misterioso desaparecimento, ela parecia ser mais popular para os meios de comunicação. Os deixaria mexericar. De todas as formas, o que lhe importava? Esperaria até que eles se inteirassem da existência de seu bebê, então sim teriam seus suculentos bocados de intrigas. Com um suspiro de cansaço, entrou em seu quarto e fechou a porta aos repórteres mais envocêsiastas. Apoiando-se na porta, respirou profundamente para tranqüilizar-se. Perguntava-se, como é que tinha desfrutado de dançar na vida e se algum dia voltaria a desfrutá-lo outra vez. Toda essa suja política por trás de bastidores e os bailarinos ávidos para tirar o posto de outro, todos esses empresários atrevidos que queriam fazer uma só com uma mão e empurrar a outra debaixo de seu vestido. Estava cansada disso. Afastando-se da porta, agarrou uma toalha da mesa de maquiagem e limpou a transpiração de sua testa. —Kiara? Ela congelou, conhecendo essa voz que continuava rondando seus sonhos. Nykyrian saiu das sombras. Olhou-o fixamente, notando os círculos escuros debaixo de seus olhos, a temão ao redor de seus lábios. A barba em seu belo rosto, como se não tivesse se barbeado em muitos dias. Apesar de sua irritação e dor, seu corpo pulsou com o desejo. Como podia desejar querer fazer amor com ele, depois de tudo o que lhe tinha feito? Tinha abandonado a ela e a seu bebê sem lhes dizer sequer adeus! —O que quer? —estalou ela. Ele estendeu uma mão para tocá-la, mas então a afastou. —Queria te explicar. Ela deu a volta e deu puxões ao zíper de seu vestido, amaldiçoando quando seu cabelo se enredou com ele e lhe arranrostom várias mechas. —Não quero te escutar! —grunhiu ela, enfrentando-o— Me deixou acreditar que tinha morrido! Como esperava, seu rosto estava impassível. As lágrimas deslizaram pelas bochechas de Kiara ao recordar sua suposta morte, e seu temperamento ardeu muito mais. —Pensei que tinha sido assassinado por minha causa! Como pode me fazer isso? Ele afastou seu olhar e passou a mão pelo cabelo. —Acaso pensa que eu não sofri? —sua voz era um murmúrio, um sussurro imparcial que quase nem escutou— Quase morro. —Quem dera Deus te tivesse levado! Sua mandíbula puxou bruscamente, mas ele não mostrou nenhuma outra reação. Sem uma palavra mais, desapareceu através das portas abertas do balcão. Kiara se disse, que se alegrava muito de que ele tivesse partido. Não o queria ver depois de tudo o que lhe tinha feito. Ele a tinha deixado. Mas seu coração não a escutou. —Nykyrian! —gritou ela, correndo para o balcão, mas já era muito tarde. A rua abaixo estava tão vazia como sua alma, como sua vida. Uma suave brisa ondeou através do seu cabelo enquanto estava de pé, tratando de

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encontrá-lo, lhe fazendo recordar os ternos dedos que estavam acostumados a brincar ali em seu lugar. ***** Kiara inalou profundamente, aliviada de ter finalizado por fim a entrevista no programa de televisão. Seu pai e Tiyana caminhavam ao seu lado pelo enorme corredor da estação, conversando sobre o êxito que tinha tido em sua volta ao teatro, seus pés golpeavam com um ritmo solene sobre o chão de cerâmica cinza. Kiara esfregou os braços para esquentá-los. Que não daria ela para retornar à solidão e à paz que tinha com Nykyrian. Sentia saudades fazer amor com ele, enquanto as estrelas brilhavam sobre eles. —Está bem? —perguntou seu pai, seu tom de voz era caloroso e preocupado. Seu pai se tornou muito mais compreensivo nas últimas semanas, mas ainda se negava a chamar seu bebê, de outra forma que não fora “isso”. Kiara tinha deixado de estar zangada com seu pai. Agora enfocava sua raiva em outra fonte, uma que tinha um belo cabelo loiro e covinhas, uma que gostaria realmente de matar. —Só estou cansada. — disse ela, arrumando a capa ao redor dos ombros. Kiara captou um movimento pela extremidade do olho. Voltou-se para ver uma pistola apontada diretamente para seu peito. Um gritou se soltou de seus pulmões quando seu pai a afastou. Uma dor intema e palpitante, estalou por seu braço quando caiu ao chão. Mais tiros foram disparados, mas ela não podia saber o que era que estava acontecendo já que estava debaixo de seu pai. Os gritos invadiram ao vestíbulo e alguém passou ao lado dela. —Kiara? Ela pestanejou ao escutar a voz de Nykyrian, esqueceu a dor de seu braço. Seu pai rodou fora dela com um grunhido. Kiara tentou afastar-se de Nykyrian, mas ele estendeu a mão e a agarrou pelo braço, com um agarrão resistente que não pôde romper. —Solte-a! —rugiu seu pai, tentando afastar a mão de Nykyrian dela. Nykyrian afastou ferozmente a seu pai e a levantou por um braço. Com uma selvagem maldição, seu pai se voltou para eles. —Não. — disse Nykyrian, apontando ao peito de seu pai com a pistola. Seu pai se congelou, seus olhos luziam confusos pelo que pudesse fazer. Kiara tentou furiosamente soltar-se de Nykyrian até que observou como o sangue cobria a parte superior de seu corpo. Um terror frio a consumiu. Seu bebê! —Dispararam em mim? —gemeu ela, incapaz de compreender por que razão não sentia dor. Nykyrian a levantou do chão, a jogou em cima do ombro e correu a toda velocidade pelo vestíbulo. Outra rajada de tiros lhes foi disparada. Kiara permaneceu em silêncio, porque não podia acreditar no que estava acontecendo, rezando para que a ferida não arriscasse a vida de seu bebê. Hauk apareceu de repente, disparando sua pistola. —Cobrirei-a. — gritou a Nykyrian— Tire-a daqui. Kiara sentiu duvidar a Nykyrian só um segundo antes que abrisse a porta das escadas e descesse correndo tão rápido como podia com ela em cima. Ela se retorceu, tentando libertar-se. —Se afaste de mim! —gritou ela ao fim. Ele não lhe prestou atenção. Nykyrian a soltou só quando chegaram ao lado de sua nave, mas a seguia sustentando firmemente com sua mão direita enquanto embainhava sua pistola com a esquerda.

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Kiara lutou contra ele, lhe golpeando o braço com toda sua força. —Não vou contigo. —Ao inferno, se não. — estalou ele, puxando-a contra seu corpo para que não pudesse seguir lhe batendo— Os homens de Aksel têm este lugar rodeado. Sua missão é te capturar! —Está mentindo! Não existe nenhum contrato contra mim. Estou segura! A expressão venenosa de seus olhos a congelou. —É a mim a quem querem apanhar usando a ti como isca para me atrair. Suas bochechas empalideceram. Por um momento pensou que estava mentindo, mas a fria gravidade em seu rosto lhe advertiu que estava lhe dizendo a verdade. Atordoada, permitiu que a subisse a sua nave para sair rapidamente de Gouran. —Aonde me leva? —sussurrou ela, tentando deter o fluxo de sangue de seu braço—. Necessito de um médico. Suas ásperas mãos romperam seu vestido sobre a ferida de seu ombro. —Só é um arranhão. — disse, enquanto tirava um pedaço de tecido debaixo de seu assento— Aperte com isto. Deixará de sangrar antes que cheguemos em casa. A Kiara tremeram os lábios. Ele estava zangado, a prova estava em sua voz endurecida quando lhe falou. O que lhe tinha feito ela? Era a única que tinha direito de estar zangada! —Quero ir para minha casa em Gouran. — insistiu ela. Sua mão se apertou ao redor do volante. —Não pode. Kiara não se incomodou em discutir com ele. Sabia que retornaria para casa sem lhe importar o que tivesse que fazer. Não ia ficar com ele, depois que a tinha abandonado! Eles demoraram uma eternidade para chegar a sua casa. Seu silêncio hostil a deixou mais nervosa, mas Kiara sabia que rompê-lo seria muito pior que suportá-lo. Nykyrian entrou primeiro na casa. Não se incomodou em olhá-la, ou ajudá-la com sua ferida. Kiara apertou os dentes furiosa. Estava de pé em frente à porta, entre a baía e sua casa, suas pernas eram acariciadas pelas lorinas. Sem olhá-la, Nykyrian abriu um armário da cozinha e tirou uma bolsa médica. —Aqui. — disse ele, tirando um anti-séptico e um pano branco. Os pôs na mesa antes de dirigir-se para as escadas. Kiara caminhou dentro do quarto, seu corpo estava entorpecido por tudo o que lhe tinha acontecido. Nykyrian fez uma pausa na porta de seu quarto e se voltou para enfrentá-la. Nenhuma emoção se retentou em algum poro de seu corpo que lhe indicasse o que estava passando por sua mente. —Você vai dormir no quarto da televisão. — disse ele distraidamente, logo fechou a porta atrás dele com uma forte porrada. Kiara agarrou a garrafa de anti-séptico, querendo atirar-lhe à cabeça. Como se atrevia a tratá-la dessa maneira! Jogando fumaça, apressou-se a se ocupar de sua ferida, amaldiçoando em todo momento ao homem que estava acima. Não levou muito tempo limpar a ferida e enfaixá-la. Nykyrian tinha tido razão, só era um arranhão. Com um olhar intemo para as paredes escuras de cima, dirigiu-se ao quarto da televisão. Deteve-se na porta, observando uma de suas batas jogadas sobre a cama. Inclusive em meio de toda sua irritação, ele cuidava dela. Kiara sentiu como se apertava sua garganta. Seria tão fácil, correr para cima e bater a porta até que ele a abrisse, mas não podia fazê-lo. Deus, como o desejava, ardia por ele. Mas a ele não lhe importava ela. Se assim fora, nunca teria permitido que passasse todas essas miseráveis semanas nas quais acreditou que ele tinha morrido. Se só soubesse o que dizer, ou o que fazer. Suas bochechas se inundaram

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de lágrimas enquanto se sentava na beira da cama, rezando para que ocorresse um milagre que pudesse lhe curar as destroçadas partes de sua vida. ***** Nykyrian olhava as estrelas que estavam sobre ele. Finalmente Kiara se calou depois de horas a chorar e amaldiçoar sua alma. Inclinou a garrafa de álcool contra seus lábios, permitindo que o líquido ardente descesse por sua garganta. Rachol tinha tido razão, as estrelas eram muitíssimo mais interessantes quando se estava bêbado que sóbrio. Suspirou, doído pelo amigo que sabia, estava morto, doído pela mulher que sabia que não podia ter. Se Driana não tivesse avisado a Hauk essa tarde, Kiara agora estaria morta e tudo teria sido sua culpa. Deus, se tivesse chegado segundos depois, teria sido capturada ou assassinada. Seus intestinos se retorceram. Tomou outro gole de grenna. Que vida. Antes que pudesse deter-se, saiu do quarto e se dirigiu para as escadas, para descer até a cama de Kiara. Abriu a porta do quarto de televisão, tomando cuidado de não fazer ruído. Sua respiração se intemificou e o desejo pulsou em suas veias, lhe exigindo fazer algo mais que ficar absorto como um néscio com a boca aberta. Mas sabia que esta noite não podia escutar essa parte dele que amava a Kiara, essa parte dele que morria por ela. Um amargo e ofegante desejou o invadiu quando olhou como ela levantava e deixava cair seu peito em meio de seu sono pacífico. Estava deitada de lado, seu cabelo encaracolado se esparramava por trás. Sua mão lhe ardeu ao recordar como se sentia ao acariciar essas mechas. Nykyrian apertou os dentes. Seu corpo pulsava e por um momento, temeu que poderia render-se a suas necessidades depois de tudo. —Nykyrian? —sussurrou Kiara, abrindo os olhos para levantar a vista para ele, com o rosto triste e lastimoso. Ele se agarrou ao marco da porta indeciso. Tinha que deixá-la ir. Aksel só era um dos cem assassinos que fariam qualquer coisa para acabar com ele. Ou o que seja. —Volte a dormir. — grunhiu e fechou de repente a porta. Kiara olhou fixamente o portal, com o coração quebrado. Por que tinha vindo vê-la? E por que lhe importava? Colocou a mão sobre o estômago, tentada de lhe falar sobre o bebê, mas não podia. Com seu asual temperamento, quem sabe como reagiria. A última coisa que precisava era de outro assassino furioso vagando ao redor da casa enquanto dormia. Além disso, era seu filho ao que nutria. Uma lembrança de um tempo feliz que duvidava que alguma vez retornaria. ***** —Não está pronta ainda? —grunhiu Nykyrian enquanto Kiara arrumava a última parte de seu cabelo. —Deixa de gritar comigo! Em seu lugar a olhou com intemidade. Kiara apertou os dentes furiosa. Tudo o que tinha feito desde que a despertou rudamente, era gritar e sussurar. —Aonde vai me levar? —Lá fora. Desgostada, Kiara suspirou.

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—É uma grande fonte de informação. Possivelmente deveria considerar conseguir um trabalho nos meios. Por seu rosto, ela pôde dizer que seu sarcasmo não lhe afetou. —Se tiver terminado de fazer seus tolos comentários, acho que devo me encontrar com alguém. Kiara gelou. —E por que vai levar-me? A fúria e o ódio arderam em seus brilhantes olhos verdes. Ela retrocedeu um passo, assustada com ele. —Rachol se foi. —grunhiu— Não tenho nem idéia de quem sabe onde vivo agora. Se te deixar aqui, com a sorte que tenho, encontrar-te-ão. Ela franziu o cenho. —Racho se foi? —repetiu, enquanto seu corpo se invocêmescia—. O que quer dizer com isso? Nykyrian colocou a jaqueta com puxões enfurecidos. —Quero dizer que desapareceu. Ninguém o viu em semanas e seu apartamento ficou destroçado. Assumimos que alguém agiu pelo contrato de seu pai e o matou. Suponho que devo ir à casa de seu pai para ver se entregaram a cabeça de Rachol como ele a pediu. —Não. — sussurrou ela, incapaz de acreditá-lo. As lágrimas se recolheram em seus olhos enquanto pensava na dor que devia estar sentindo Nykyrian, apesar da frieza de seu tom de voz enquanto lhe falava. Nykyrian retorceu o lábio ante ela, com os olhos ardendo. —Desejaria ter matado a seu pai em lugar de salvá-lo. Kiara soluçou ao escutar a amargura de sua voz. —E por que não o fez? —Não sei! —rugiu—. Já não sei por que faço as coisas. Kiara estendeu a mão para tocá-lo, mas ele a rechaçou. —Só entre na nave e me deixe sozinho. As lágrimas caíram por suas bochechas enquanto obedecia a sua ordem. Sabia que deveria estar zangada com ele, amaldiçoá-lo, algo. Mas nesse momento, tudo o que pôde fazer foi ver imagens de Rachol incomodando-a. Eles tinham sido familiares, irmãos de espírito. Sorveu suas lágrimas. Kiara olhava as estrelas a seu passo enquanto voavam para um destino que nem sequer se incomodou em perguntar. Estava cansada de que grunhissem a ela. Tudo o que queria era um dia de paz. Retornar a esses dias antes que disparassem a Nykyrian. Nykyrian aterrissou violentamente. Kiara ofegou, por seu corpo dolorido. Franziu-lhe o cenho, perguntando-se por que tinha aterrissado dessa maneira, mas conteve sua língua. Sem lhe dizer uma palavra, ele a tirou da baía, para uma pequena fileira de casas. Kiara jogou um olhar ao redor, tentando decifrar seu rumo, mas nada lhe parecia familiar. Seguiu-o através de muitas ruas, antes que se detivera em uma enorme casa branca. Ele levantou o olhar e baixou a rua numa maneira que lhe recordou a primeira noite que a tinha protegido, logo golpeou a porta. Empurrou-a a um lado da porta e desencapou sua pistola. A porta se abriu para dar passagem à atraente loira do clube. —Se prefere, pode revisar todo o lugar. —a mulher sorriu com afetação, abrindo a porta amplamente para que pudessem entrar— Me adoece a maneira em que vocês os homens sempre andam esperando uma emboscada. A Kiara não estranhou o ódio subjacente no tom de voz da mulher. Nykyrian colocou Kiara na casa. Com curiosidade, jogou uma olhada ao quarto principal. Uma menina estava sentada no chão, levantando o olhar para eles com seus enormes e luminosos olhos verdes. Seus olhos se abriram como pratos quando olhou a

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Nykyrian, e apertou sua boneca de pano contra seu peito. —Eu não sou perigoso. — disse ele com voz calma, enquanto passava os dedos pelo cabelo da menina, de uma forma, que fez Kiara desejar de lhe contar sobre seu filho. A menina olhou a sua mãe para confirmá-lo. —Ele é um bom homem, Thia. Agora corra para seu quarto. A menina se levantou rapidamente do chão como se um esquadrão de policiais a estivesse perseguindo. Kiara franziu o cenho, perguntando-se por que uma menina tão pequena, tinha tanto medo de estranhos. Driana a levou pela mão até o sofá. —Vocês dois, tomem assento, enquanto eu vou atrás dos discos. Kiara não se moveu. Em seu lugar, observava a estranha expressão no rosto de Nykyrian enquanto este olhava por trás da menina pequena. —Quantos anos ela tem, Driana? —Nykyrian enfrentou à mulher com um duro cenho. Kiara se questionava pela estranha emoção que escurecia o rosto de Nykyrian. Driana baixou seu olhar um pouco inccômoda. —Ela é minha? —perguntou ele e Kiara sentiu como seu mundo se inclinava. A Kiara quase lhe saem os olhos de suas órbitas, quando voltou seu olhar para a Driana, à formosa graça do rosto da mulher e suas maneiras. —Não. — respondeu Driana. Nykyrian suspirou. —Você não sabe mentir. Sempre enrugas o nariz. Inconscientemente, Driana passou os dedos pela ponte de seu nariz. As lágrimas se agruparam nos olhos de Driana quando voltou seu olhar para Nykyrian. —Thia sabe que Aksel não é seu pai. Não pude suportar a idéia de que chamasse a ele de papai. Nykyrian se encontrou com o olhar de Kiara. Que não daria ela para saber que pensamentos passavam por sua mente. Por sua vez, desejava poder ordenar seus próprios sentimentos sobre este descobrimento. —Por que não me disse isso? —perguntou Nykyrian, com voz quebrada. A fúria nublou os olhos de Driana. —E que ia ganhar com isso? Depois do que teu pai te fez quando se inteirou de que éramos amantes, não me atrevi a dizer a ninguém que estava grávida. Ainda tenho pesadelos pela surra que recebeu. — se esfregou os braços e olhou para o chão— Aksel não está seguro de que você seja o pai. Suspeita-o. Não tenho nem idéia do que faria se alguma vez conhece a verdade. —Foi por ela que me trouxeste aqui? Driana olhou fixamente a Kiara. —Quem é ela? —Minha esposa. Kiara se sobressaltou, surpreendida que ele se incomodasse em reclamá-la, depois da maneira em que a tinha tratado desde que a salvou na estação. Driana assentiu com displicência, enquanto as lágrimas rodavam por suas bochechas. —Não é estranho que Aksel esteja tentando apanhá-la. Delirou toda a noite porque não pôde capvocêrá-la ontem. Kiara queria dizer algo para fazer que tudo estivesse bem, para aliviar um pouco a dor na voz de Driana, mas não podia pensar em alguma coisa que não soasse condescendente. —Posso passar algum tempo com Thia? —perguntou Nykyrian, tomando uma foto de sua filha da mesa. Driana limpou as lágrimas de suas bochechas. —Eu gostaria disso. Aksel a tem, totalmente, aterrorizada. Ele me recorda a seu pai. —Driana irrompeu em um soluço— Acredito que poderia arrumar algo para alguma semana

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—olhou a Kiara—. Quer dizer, se não te importar. Kiara levantou o olhar para Nykyrian que a estava esvocêdando com intemidade. —Não me importa absolutamente. — disse ela, surpreendida pela honestidade de sua resposta. Driana assentiu com a cabeça. —Se quiser, pode vê-la agora enquanto eu procuro os discos. Kiara seguiu a Nykyrian enquanto Driana os levava pelo vestíbulo para um quarto na parte de trás. Quando entraram, Thia saltou de sua mesa em miniavocêra com um ofego de sobressalto. —Oh Mamãe. — sussurrou, cobrindo o peito com uma mão diminuta. Kiara observou como Nykyrian se esticava ante seu gesto. —Thia, estes são meus amigos. Quero que os acompanhe enquanto eu faço algo. —Muito bem. — disse ela, retornando a sua cadeira. Driana lhes sorriu, e logo saiu do quarto. Kiara ficou parada na porta, não querendo interferir no tempo precioso que ia passar Nykyrian com sua filha. Mordeu o lábio, sabendo que isto lhe permitiria dar-se conta de quão receptivo ele seria com sua própria condição. Reflexivamente, passou a mão pelo estômago. Thia coçou a cabeça, esvocêdando a estavocêra de Nykyrian. —É amigo de Aksel? —Não. — respondeu ele, enquanto se sentava no chão. —Bom. Nykyrian esfregou seus bíceps direito, e por esse gesto, Kiara se deu conta de que estava incômodo. —Não gosta de Aksel? Ela negou com a cabeça, seu cabelo loiro revoava enquanto continuava escrevendo em uma folha. —Ele é mau com mamãe. Nykyrian procurou ao redor a Kiara. Ela lhe ofereceu um sorriso de estímulo. Ele a olhou com uma expressão estranha que não pôde entender e se voltou para olhar a Thia. Passou a mão sobre uma pilha de livros que estava amontoada ao lado da mesa. Escolhendo um, folheou-o. —Você lê isto? —perguntou ele, voltando a colocar o livro sobre a pilha. Thia se moveu com indignação em sua cadeira como se essa pergunta a insultasse. —Sim. — disse, enquanto escrevia uma nota em sua agenda—. Esvocêdei idiomas na escola, mas ninguém além de meus instrutores pode falar comigo neles. Nykyrian disse algo que Kiara não pôde entender. Thia abriu os olhos como pratos enquanto lhe respondia no mesmo idioma. O calor percorreu a Kiara quando Thia sorriu e desdobrou um par de covinhas idênticas as de Nykyrian. —Quantos idiomas conhece? —sussurrou Thia, usando seu idioma nativo ante sua súbita excitação. —Realmente, nunca os contei. — Ele sorriu e Kiara se zangou porque quase a faz fundir—. Mas se quer, posso te ajudar com eles. Vivi em muito dos planetas aonde esses idiomas se falam. —Esses planetas eram bonitos? —sussurrou Thia, com os olhos sonhadores— Aksel não me deixa sair daqui. — um cenho revoou por seu rosto, e então desapareceu por trás de um sorriso— Vi hologramas e fotografias desses lugares. Na noite, eu gosto de sonhar visitando-os quando for grande. Nykyrian tocou sua diminuta mão e Kiara acreditou que ia estalar em lágrimas. Este era o Nykyrian do qual ela se apaixonou. O homem terno, amável que fazia o que fosse pelas pessoas que amava. —Te direi um segredo. — disse ele, inclinando-se para aproximar-se de Thia— Esses

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lugares não são nem a metade de bonitos que você! Sorrindo-lhe, Thia aproximou sua cadeira até ele. —És mais legal que a maioria das pessoas que visitam mamãe. —Aksel está chegando! —O gritou de Driana irrompeu em sua conversação. Kiara levantou o olhar para Nykyrian, seu coração pulsava de terror. Quando ele afastou a vista de Thia, viu-o duvidando ante o desejo de partir ou de ficar. Encontrou-se com seu olhar e então ficou de pé. —Há alguma via de fuga? —perguntou. —Pelo balcão por trás de você. Nykyrian abriu a porta e ajudou Kiara a atravessá-la. Driana lhe entregou os discos. Ele fez uma pausa por um momento, olhando fixamente a Thia. —Retornarei por ela. Driana assentiu com a cabeça. —Contarei com isso. Desceram pelo canteiro e seguiram rua abaixo. Kiara soltou um suspiro de alívio. Olhou a Nykyrian, mas como de costume, não lhe deu nenhuma pista do que estava sentindo. A tomou pelo braço e a levou de volta até sua nave. Pelo menos, desta vez seu agarrão era mais suave. —Assim agora é papai. —disse Kiara com um sorriso caloroso—. Como te faz sentir isso? Depois da forma terna em que tinha falado com Thia, Kiara esperava que emitisse sua satisfação, seu sorriso, sua felicidade, mas tudo o que conseguiu foi um grunhido profundo. Sua mão se apertou em seu braço. —Sinto-me como o inferno. — grasnou ele com um tom de voz desengoçado. Um calafrio percorreu a espinha de Kiara. Passou a mão pelo estômago. —Por que diz isso? Ele se deteve em um beco e a olhou ferozmente. —Um filho é a última coisa que necessito em minha vida. Só seria outra das pessoas indefesas que dependem de mim para protegê-los. Não posso nem sequer proteger a mim mesmo, Rachol… —sua voz se apagou. Kiara se estremeceu nervosamente, desejando dizer algo que pudesse aliviar a dor em seus olhos. —Eu não sirvo para ser pai. O que se supõe que deve fazer ela, me apresentar a seus amigos: Olá, este é meu papai. Querem-no morto mais governos dos quais posso contar! Kiara se esticou em reação a suas palavras. —Não tem que ser tão sarcástico. Ele negou com a cabeça. —Vamos Kiara, nem sequer você é tão ingênua. Aksel te persegue para poder me apanhar. Quer saber o que meus inimigos farão se alguma vez se inteiram de que tenho uma filha pequena? Sua vida não valeria nada. Kiara deixou que suas palavras caíssem sobre ela e com cada uma delas se encolhia um pouco mais. E se Thia fosse sua filha? O que aconteceria se Nykyrian tivesse razão e alguém raptava a seu bebê para usá-lo contra ele? Poderia resisti-lo? Não poderia. Preferiria que lhe arrancassem seu coração a que tocassem a seu bebê. Seu coração pulsava com agônicos golpes, compreendendo que tinha que tomar uma decisão. Seu marido ou seu bebê. Não podia ter a ambos, o mundo de Nykyrian era muito cruel para isso. Tragando um vulto de remorsos em sua garganta, soube qual era a resposta. Teria que proteger a seu filho da verdade assim como Driana fazia com Thia. Nykyrian nunca saberia nada sobre seu bebê, e ela nunca viveria com ele como sua esposa.

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Capítulo 13 A cabeça de Kiara doía. Acabavam de sair do apartamento de Rachol e a destruição de sua casa incinerada estava crua em sua mente. Tudo tinha sido destruído, nem sequer o colchão tinha ficado intacto. Sua garganta se apertou com o medo e a apreensão, enquanto se recordava a razão pela qual, devia afastar-se de seu marido. O que tinha acontecido a Rachol? Nykyrian se deteve dois passos diante dela e se sentiu como uma escrava esquecida quando se apressou atrás dele, procurando palavras que o fizessem sentir bem, sem saber se existiam. —Por que disse a Driana que estávamos casados? —perguntou. Pelo menos podia ter uma resposta a uma de suas muitas pergunta. Nykyrian se deteve e deu a volta para enfrentá-la. Levava postos seus óculos de novo. Kiara desejo poder vislumbrar as emoções que o invadiam. Seu corpo não dizia nada. —Pela lei de Andarion, és livre para te casar com tantos maridos como quiser. Disse a Driana de nós para que em caso de que Aksel me assassine, possas reclamar minhas propriedades. A Kiara retorceu o estômago ao escutar a forma enfastiada que ele falava de sua própria morte. —Por que não o disse a Darling ou a Hauk? —Eles são bandidos, mu Tara. Enquanto que Driana é filha de um imperador muito bem relacionado. Tudo o que tem que fazer é visitá-la depois de meu falecimento e tudo o que possuo será teu. As lágrimas se acumularam em seus olhos, mas se negou a chorar no meio da rua. —Não quero seu dinheiro. — disse ela com os dentes apertados, furiosa que ele fora tão cruel com sua própria vida e seu futuro. Ele não se moveu. —Bem. Deixe que os bancos fiquem com tudo. Realmente, não poderia me importar menos. Dando a volta, seguiu seu caminho rua abaixo. Kiara o amaldiçoou, querendo lhe arrancar o coração, se é que tinha um. Estava começando a duvidar que verdadeiramente lhe importasse algo. —Kyrian? Kiara quase se choca com Nykyrian quando ele se deteve de repente. Seu corpo estava rígido. Kiara franziu o cenho, perguntando-se o que lhe tinha aborrecido agora. Examinando a rua, viu uma bonita senhora Andarion correndo de uma loja, para eles. A mulher Andarion se deteve diante deles, seu rosto era uma combinação ente cepticismo, agonia e alegria. Era quase tão alta como Nykyrian. Seus olhos vermelhos e brancos examinavam o corpo de Nykyrian, de uma maneira possessiva que Kiara não gostou. O comprido cabelo negro da mulher estava parcialmente oculto por um diadema dourado, que emoldurava os frágeis e pálidos traços de seu rosto. —Kyrian? —disse ela novamente, e estendeu uma elegante mão para Nykyrian, mas então, arrependeu-se e a afastou antes de tocá-lo. Ele manteve sua posição rígida, não reconhecendo à mulher nem o mínimo. Outra senhora Andarion saiu da loja, seguida por seus guardas. —Cairistiona! —disse ela com severidade, suavizando entre linhas seu severo tom— Nunca volte a sair correndo assim! —pôs os braços ao redor dos ombros da mulher e tentou afastá-la deles.

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—Não! —disse Cairistiona, retorcendo-se nos braços dela—. É meu Kyrian, não o vê? A mulher levantou a vista para Kiara e Nykyrian. —Desculpe. — disse, com uma voz suave— Ela não está bem desde que seu filho morreu quando era criança —voltou a pôr seus braços ao redor de Cairistiona e lhe deu carícias consoladoras— Venha comigo Cárie, ele não é Nykyrian, você sabe. A Kiara empalideceu. Pôs sua mão sobre o braço de Nykyrian e sentiu o grau de temão de seu corpo. Cairistiona o olhava, com seus suplicantes olhos vermelhos e brancos. —Diga a ela quem é! —disse, assinalando à mulher que estava ao seu lado. Nykyrian começou a partir, mas Kiara o deteve. —Conhece-a, verdade? —perguntou-lhe, desejando poder lhe olhar os olhos. —Se afaste de mim —estalou. Kiara olhou à mulher que sujeitava a Cairistiona. —Ela é sua mãe? A mulher ofegou. —Nykyrian, me responda! —exigiu-lhe Kiara, desejando ter forças para sacudi-lo. Nykyrian olhou fixamente Kiara, e seu estômago se atou. Isto não podia estar acontecendo. Recordava muito bem, como sua mãe o pôs em numa nave espacial para que o levasem a uma casa de trabalho. Seu sorriso de felicidade, quando lhe disse que devia ser um menino bom e fazer o que lhe dissessem. Odiava-a. Queria matá-la. —Kyrian? Ele se encolheu ante a voz de sua mãe, a voz que tinha desejado escutar durante tantos anos. O que queria dele? A absolvição? Que se esquecesse disso, não estava de humor para perdoar! —Eu não tenho mãe. — sorriu com desprezo— Nunca tive uma. Obviamente, quando começou a passar ao lado de Cairistiona, esta estalou em lágrimas. Nykyrian tentou de ultrapassar Kiara, mas ela o sustentou rapidamente. Nesse momento, ele queria matar a ela também. —Se afaste de mim. — disse ele, em um tom baixo que sempre intimidava às pessoas. Pela primeira vez, não funcionou. Ela só o olhou fixamente com esses condenados e belos olhos ambarinos, lhe exigindo com eles fazer o que ele sabia, só podia feri-lo muito mais. Kiara olhou a Cairistiona. —Seu filho se chama Nykyrian Caesare? Os braços de Nykyrian se flexionaram perigosamente sob suas mãos, mas Kiara ignorou sua advertência. A mulher que sustentava a Cairistiona empalideceu. —Sim! —disse Cairistiona, com seus olhos cravados nas rígidas costas de Nykyrian. —Ele é meio Andarion e meio humano, com belos, claros, e brilhantes olhos verdes? —Kiara! —ladrou Nykyrian. Kiara o ignorou. As lágrimas de Cairistiona se deslizavam debaixo de seu queixo. —Sim. — disse ela, com voz tremente. Nykyrian se separou dela. Em um último movimento para desafiá-lo para seu próprio bem, Kiara ficou nas pontas dos pés e lhe tirou os óculos. O olhar que lhe lançou a fez retroceder um passo. —Oh, Deus. — ofegou a mulher quando viu seu rosto. Suas mãos soltaram a Cairistiona. Cairistiona soltou um sorriso de felicidade, cobrindo a boca com sua mão tremente. —Sabia que estava vivo! —disse tão tonta como um menino em um festival. Nykyrian simplesmente continuou olhando a Kiara como se pudesse matá-la.

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A outra mulher avançou, olhando-o fixamente com um cepticismo gravado em seu bonito rosto. —Supunha-se que você estava morto! —olhou Kiara com seus olhos vermelhos e brancos— Eu vi o corpo. — seu olhar se voltou para Nykyrian— Estive ali quando eles o enterraram. Cairistiona avançou e tocou a bochecha de Nykyrian, sua mão tremia. —Nessa vez te disse que esse menino não era meu Kyrian! Mas você não me escutou. Todos vocês pensaram que eu estava louca. —mordeu seu lábio tremente— Nem sequer me deixaram te buscar. Nykyrian se manteve rígido enquanto lhe tocava a rosto e Kiara sabia que ele queria fugir, queria afastar-se, mas não podia permiti-lo. Esta era a única forma de pôr fim a seus pesadelos. Ele podia negar que tudo isto lhe gostase, mas sabia que ainda desejava o amor de sua mãe. Nykyrian mostrou suas presas, a raiva escureceu seus olhos. —Não mintas para mim! Você não queira gêmeos que dividissem teu império. Ficou com Jullien e a mim enviaste longe! A compreensão golpeou Kiara tão forte, que lhe tirou a respiração. Retrocedeu um passo, olhando a Cairistiona, a Nykyrian e à outra mulher. Não podia ser. Seu olhar fluvocêou sobre os rostos túnicas imperiais das mulheres, os guardas imperiais. Sua garganta secou. A mulher que estava de frente a ela era a Princesa Cairistiona, a senhora que a sustentava era a Princesa Tylie, portanto Nykyrian era… Nykyrian apenas pôde agarrar Kiara quando desmaiou. —Oh, me... —disse Tylie, olhando ao redor da rua— Ela está bem? Nykyrian apertou os dentes, enquanto o medo o invadia. Não podia imaginar que ocorria a Kiara. —Não sei. — disse, enquanto o flácido corpo de Kiara oscilava em seus braços. —Nossa nave aterrissou por trás desse edifício. O doutor de Cairistiona está a bordo. — disse Tylie, olhando a sua mãe—. Esse provavelmente é o lugar mais próximo para que a atendam. Nykyrian olhou a sua tia, querendo afastar-se delas, tão rápido como podia. Mas Kiara estava primeiro. Assentiu e as seguiu ao redor do edifício. Sua mãe se manteve olhando-o, com seu amplo sorriso. Cada vez que a olhava, dividia-se entre o desejo de lhe dar a bem-vinda e querer soltar uma maldição. Parecia ter transcorrido uma eternidade antes que abordassem a nave e o doutor Andarion saísse da parte traseira, queixando de ter que servir a um paciente humano. Aquele prejuízo carcomeu a pouca tolerância de Nykyrian e quis dar uma bofetada ao homem. Nykyrian deitou Kiara brandamente em uma poltrona acolchoada. Seu coração fez um ruído surdo em seu peito quando admirou sua pálida beleza, desejando que despertasse para que pudessem afastar-se dessas pessoas. O doutor exigiu que saísse para que pudesse examinar Kiara sem interferência. Ante o desgosto extremo de Nykyrian, sua mãe o agarrou pelo braço e o levou a parte traseira da nave, para que ela e Tylie pudessem falar com ele. —Quem é a mulher? —perguntou Tylie, levantando o olhar para a poltrona para poder observar ao doutor. —Minha esposa. — disse ele finalmente. Sua mãe sorriu. —Está casado! Ele apenas a olhou fixamente. Incomodou-lhe que sua própria mãe não soubesse a mínima informação sobre ele. Tylie voltou o olhar para ele. —O que aconteceu contigo? Depois que lhe enviamos à escola, disseram-nos que

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tinha morrido em um incêndio. Nykyrian fez um gesto depreciativo com os lábios. —Nunca me enviaram a essa escola, para que se incomodam em mentir. Sua mãe e sua tia trocaram cenhos confusos. Cairistiona lhe tocou a mão. —Subi-te a nave eu mesma. Foi enviado à Academia Pontari —disse ela lentamente, como se lhe estivesse falando com um idiota. Um calafrio percorreu a Nykyrian. Tentou recordar a razão pela qual sua mãe o enviou longe, mas não pôde trazer a sua mente todos os detalhes. Tudo o que podia recordar era ver a ela sorrindo e despedindo-se dele, com sua suave voz lhe dizendo como devia comportar-se. Ele olhou profundamente seus olhos, tratando de encontrar a resposta. Ela poderia estar dizendo a verdade? Não, gritou sua mente. Era uma mentira, tinha que sê-lo. Seu temperamento ferveu. —Enviaram a uma casa de trabalho humana! —grunhiu, enquanto as olhava. Ambas perderam a cor de seus rostos. —Mamãe. —sussurrou Tylie— Queridíssimo Deus, nunca pensei que ela faria algo tão horrível. O cenho de Nykyrian se aprofundou. —Do que está falando? As lágrimas se acumularam nos olhos de Cairistiona enquanto se aferrava a seu colar. —Ela sempre te odiou. Dizia que Jullien poderia passar por um Andarion, mas você sempre pareceu muito humano. —Foi idéia dela que fosses a Pontari. —interpôs Tylie— Ela pensou que você estaria melhor com os humanos. A irritação cheia de amargura na voz de sua tia o surpreendeu. —Tudo era uma mentira. E todo este tempo nós acreditamos nela, — Tylie se voltou e enfrentou a sua mãe— drogou-te para que não o procurasse. Como soube que estava vivo? Cairistiona ofereceu um sorriso inseguro a Nykyrian. —Acabo de me inteirar. Nykyrian se sentou emocionado, não sabendo o que fazer. Olhou fixamente a seus pés, tentando pôr em ordem todas as emoções que revoavam através dele, a raiva, a dor, o pesar, a perda. —Mamãe cometeu um crime terrível! —exclamou Tylie—. O que vamos fazer? Cairistiona agitou a cabeça. Olhava a Nykyrian com uns olhos que penetraram todas as defesas que mantinha ao redor de seu coração e sua alma. Queria chorar, mas sabia que não o faria. Tinha passado seu momento de lágrimas há anos. Sua mãe cruzou as mãos sobre seu colo, lhe olhando o rosto todo o tempo. —O que lhe fizeram quando esteve nessa casa de trabalho? —perguntou-lhe sua mãe, com voz lamuriante. Nykyrian deu de ombros, não querendo recordá-lo. Não havia nada que ela pudesse fazer para aliviar ou corrigir a dor. Só Kiara parecia ser capaz de fazer isso. —Fui adotado. — disse ele, decidindo que essa era a coisa mais fácil de revelar. Sua mãe sorriu. —Por boas pessoas? Um nó se obstruiu em sua garganta e sufocou o impulso de grunhir. —Pelo Comandante, Huwin Quiakides. O sorriso de sua mãe se alargou. —Meu pai o conhecia bem. Ambos treinaram juntos na Liga. —passou sua mão sobre a sua com uma gentil carícia que apertou o nó em sua garganta— É um soldado?

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obter.

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Nykyrian a olhou aos olhos, com sua alma ardendo de pesar e o desejo de feri-la. —Fui. Agora sou um assassino livre. A expressão de surpresa em seu rosto não lhe deu a satisfação que pensou que ia

Antes que ela pudesse lhe responder, o doutor clareou a garganta. Nykyrian olhou sobre a poltrona, angustiado por sua esposa. —Ela está bem? O doutor sorriu. —Oh, sim. Ela deve ter se assustado. Não é muito raro para uma mulher em sua condição. Escutei que muitas mulheres humanas desmaiam quando estão esperando. —Quando estão esperando o que? —perguntou Nykyrian e então um segundo depois, o entendimento caiu sobre ele, e pensou que possivelmente também desmaiaria. O doutor abriu os olhos como pratos. —Você não sabia que ela estava grávida? Os muros se fecharam ao redor da mente de Nykyrian, bloqueando a luz e o ar. Estava apanhado. Queridíssimo Deus, o que tinha feito? Nykyrian olhou fixamente o rosto de sua mãe, desejando poder sentir a mesma felicidade que ela emitia. Em seu lugar, tudo o que podia pensar era em quantas pessoas estavam lá fora para matá-lo. Tinha assinado o contrato de morte de Kiara mais eficazmente, que se tivesse contratado a seus assassinos ele mesmo. —Nykyrian? —disse sua mãe, com um cenho de angústia em seu rosto— Não sabia? Ele negou com a cabeça, desejando nunca ter nascido, nunca haver tocado a Kiara. —O que acontece? —perguntou sua mãe. Nykyrian não sabia o que responder. O que ia fazer? —Está acordada? —perguntou-lhe ao doutor. —Não ainda, mas poderia revivê-la se o prefere. —Por favor. A mão fria de sua mãe lhe tocou a bochecha. —Vai deixar-nos? —sua voz tremeu. —Tenho que fazê-lo. Grandes lágrimas se derramaram pelas bochechas de sua mãe e ele finalmente entendeu como se sentia Rachol quando via chorando a uma mulher. —Você não planeja retornar para mim, verdade? Ele apertou os dentes pela raiva e pela dor. —O que quer de mim? Já não tenho idade para que uma mãe me esteja aceitando. Os soluços atormentaram seu corpo e Nykyrian se sentia como um cretino. Tylie manteve abraçada a sua mãe, balançando-a de um lado a outro. —Poderia jantar conosco? —perguntou Tylie subitamente. Nykyrian afastou o olhar da terna expressão de sua tia. E antes que seu senso comum pudesse intervir, sua boca respondeu: —Claro. Sua mãe sorveu suas lágrimas e o brindou um sorriso inseguro. —Se encontres conosco esta noite. Só passes umas poucas horas e se decides que não quer nos ver mais, então me conformarei com as poucas horas que me deu. O coração de Nykyrian pulsava com força. Definitivamente era um asno. —Certo. Onde nos encontraremos? Sua mãe sorriu. —Aqui em Camry. Sabe onde fica? Nykyrian assentiu com a cabeça. —Às seis e trinta? —Estarei ali. — disse Nykyrian, olhando a Kiara enquanto se aproximava. Seu rosto

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pálido e retorcido, preocupou-o. —Como se sente? —perguntou-lhe enquanto se levantava. Ela esfregou os braços. —Um pouco enjoada. Despedindo-se de sua mãe e de sua tia, Nykyrian envolveu seu braço ao redor dos ombros de Kiara e a ajudou a sair da nave. Permaneceram calados até que estiveram dentro de sua nave e retornavam para sua casa. —Por que não me disse que estava grávida? Kiara gelou quando escutou sua pergunta inexpressiva. —Como soube? Ele deu puxões ao acelerador com a mão e Kiara se perguntou qual tinha sido sua reação ao escutar a notícia. —Disse-me o doutor. —Oh. — disse ela, desejando ter visto seu rosto quando recebeu a notícia— Está contente? —O que acha? Seu coração se afundou. Recordou sua raiva ao encontrar-se com Thia e ela sabia que isso não o tinha emocionado tanto como isto. —Então que significa isto para nós? —perguntou ela, temerosa de sua resposta, mas precisando escutá-la. Seu corpo se esticou ao redor dela. Sentia como seu coração pulsava atrás de suas costas. Queria consolá-lo, mas sabia que não podia. —O que quer fazer a respeito? —perguntou ele quase em um murmúrio, sem que nenhuma emoção penetrasse em sua voz. As lágrimas se acumularam em seus olhos. O que ela queria era viver com ele e criar sua família como tinham feito seus pais. Olhá-lo brincar com seu filho, que lhe ensinasse todos os idiomas que conhecia, que o abraçasse quando chorasse e necessitase de consolo. Mas tudo era um sonho. —Estava planejando criar o bebê em Gouran. —Provavelmente seja o melhor. — disse ele em uma voz tão inexpressiva que fez que seu temperamento ardesse— Uma vez que termine com Aksel, ninguém a incomodará. Sei que Driana não falará com ninguém sobre você e estou seguro de que minha mãe tampouco. A Kiara lhe revolveu o estômago com o medo e a dor. —Voltar-te-ei a ver? Nykyrian se esticou ante sua pergunta. Ele não podia resistir a idéia de viver sem ela, de retornar a sua solidão. Inclusive agora, queria fazer amor a Kiara tão desesperadamente, que pensou que se voltaria louco de necessidade. Se algum dia a via com seu filho, sabia que esqueceria seu senso comum, suas habilidades de sobrevivência, e ficaria com ela. Mas não podia. Não podia arriscar sua vida, a vida de seu bebê, por suas necessidades egoístas. —Não. Kiara sufocou um soluço em sua garganta. Tinha conhecido sua resposta antes que lhe fizesse a pergunta. Quando ele matasse a Aksel, ela o perderia para sempre. Sua alma gritou de dor. Não queria viver sem ele, nem sequer estava segura de que pudesse fazê-lo. Todas as suas esperanças acabaram, Kiara se sentou em seu colo desejando encontrar uma solução, que sabia nunca viria. ***** Jullien estava sentado no quarto de segurança da embaixada, com seu

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temperamento em estado de ebulição. Deu-se conta que sua mãe e sua tia ocultavam algo, pelos olhares furtivos que tinham trocado no vestíbulo antes que fossem cochichar no estúdio. Tinha aprendido a se protejer da traição de sua tia há muito tempo. A ela parecia lhe encantar colocá-lo em problemas. Agora, quando as escutou falando de seu irmão, compreendeu a perigosa posição em que se encontrava. Sua avó lhe tinha contado há vários anos toda a história sobre seu irmão. Assim como ela, ele tinha assumido que Nykyrian estava morto. Só Deus sabia, que sua avó tinha pagado suficiente dinheiro para que seu irmão pudesse passar fome e fosse maltratado na casa de trabalho. Ninguém deveria sobreviver ao tentamento que supunha que Nykyrian tinha recebido! Sabia que não podia confiar em um assalariado. Se quiser que algo seja bem feito, deve fazê-lo você mesmo! Apertou os punhos da raiva. Se sua mãe e sua tia qusessem, podiam reintegrar Nykyrian ao império. Ele perderia toda sua herança! Jullien fincou os dedos em sua mesa de madeira, enquanto sua mente divagava com seus pensamentos. Tinham que ser detidas. Ele era o herdeiro dos impérios Trioson e Andarion. Por Deus, que não toleraria a nenhum usurpador. Mas que podia fazer? Seus joelhos se estremeceram com uma nervosa energia enquanto conspirava. Asseguraria sua posição como único herdeiro a toda custa. ***** Kiara ajustou a renda negra de sua roupa íntima e acomodou umas mechas de cabelo ao redor de seu rosto. Nykyrian estava lá embaixo teclando em seu computador. Ainda faltavam quatro horas antes que fossem encontrar-se com sua mãe para o jantar e ela tinha decidido que estava cansada de desejá-lo. Estirou a seda de sua bata, agradecida pela primeira vez que não mostrasse nenhum sinal de sua gravidez. Um dia deus, Nykyrian poderia apanhar Aksel e enviá-la longe. Quando isso acontecesse, a única coisa que restaria seriam as lembranças. Sabia que passaria o resto de sua vida desejando-o. Bom, agora estava com ele e não tinha nenhuma intenção de começar com seu inferno tão rápido. Com essa firme resolução, abriu a porta e se dirigiu às escadas. A Nykyrian picou o pescoço como se alguém estivesse olhando-o. Levantou a vista de seu computador e viu Kiara ao pé das escadas, seu cabelo comprido se enroscava sobre seu corpo elástico. Sua respiração se estancou em sua garganta. Ela usava a roupa íntima mais escassa que tinha visto em sua vida e seu corpo se acendeu com desejo ardente. Não! Disse-se, mas seu corpo já estava acordado e aproximando-se para ela. Com vacilação, estendeu a mão para tocar a pele cremosa de seu decote. Sabia que o que estava fazendo era um engano, mas não podia deter-se. Aproximou-se dela, sem ter em conta todas as razões que lhe diziam que isto era um suicídio. Kiara percebeu suas defesas, mas as tinha penetrado tantas vezes, para saber que era o que tinha que fazer para não permitir que ele se afastasse. Passou a mão sobre a barba de sua bochecha e enterrou a mão em seu, sedoso, cabelo branco. Sua mão lhe ardeu. Ele fechou os olhos e lhe beijou o braço. O interior de Kiara se desfez. Tinha ganhado esta batalha, se tão somente pudesse ganhar a guerra. Não lhe importava que a tivesse deixado sozinha nas passadas semanas. Inclusive a dor de que ele não tivesse ido atras dela partiu. Kiara duvidava que Nykyrian pudesse fazer algo que não pudesse lhe perdoar. Necessitava-o, amava-o, e tomaria o que ele era capaz de lhe dar, e rezava que chegasse o momento que ele fora livre para lhe dar mais.

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Seus braços se fecharam ao redor dela num abraço que lhe esmagava os ossos. Kiara se aferrou a ele, desejando que pudessem ficar assim para sempre, com o coração quebrado porque sabia que não podiam. Nykyrian a levantou e a levou de volta para cima. Kiara apoiou a cabeça contra seu ombro. —Te amo. —sussurrou, sabendo que não responderia. Em seu lugar, beijou-a profundamente, com mais paixão da que ela tivesse experiente alguma vez. Nykyrian a jogou sobre a cama. Kiara deu a bem-vinda à percepção de suas mãos fortes e exploradoras, enquanto a tocavam com uma brilhante e aguda melodia, através de sua formigante carne. Seus lábios se arrastaram ao longo de seus braços, o topo de seus peitos, encantando-a com a construção de ondas eróticas que caíram sobre ela, lhe fazendo pulsar seu corpo. Ela o desejava. Percorreu com suas mãos a parte inferior de seu corpo, tirou-lhe a roupa, beijando cada parte de sua forte e bronzeada pele, que despia. Sua suave e firme pele se movia debaixo de seus lábios enquanto ela beliscava sua carne salgada, desejando poder perder-se nele para sempre. Passou-lhe a língua pelo osso de seu quadril e ele se estremeceu debaixo dela com um gemido feroz. Um sorriso se desenhou em seus lábios, enquanto continuava sugando a pele sobre seu osso sensível. Sua respiração áspera, a fez estremecer. Ele estendeu as mãos para baixo e a atraiu até seus lábios, onde a beijou com ferocidade, sua língua dançava em seus lábios, em sua garganta. Nykyrian lhe tirou a bata por cima da cabeça. Suas mãos retornaram para brincar sobre seus seios, seu toque a fazia arder com forças refreadas. Seus olhos brilhavam calorosamente enquanto a olhava com firmeza. Kiara pensou que ele queria lhe dizer algo, mas em seu lugar, enterrou a cabeça debaixo de seu pescoço e lhe mordeu a garganta, fazendo que ondas de calafrios a percorressem. Seu corpo palpitava por ele, doía por ele. Ela percorreu com suas mãos as cicatrizes de suas costas, desejando poder penetrar as cicatrizes de sua mente até que admitisse que ela significava algo para ele, que a amava. Sua garganta se apertou de dor. Inclusive se ele a amasse, ambos sabiam que tinha que deixá-la ir. Desesperada por deurrar a realidade de sua vida, pôs seus lábios sobre os dele e insistiu para que aliviasse a única dor de seu corpo que ele podia. Ofegou quando se deslizou dentro dela, mantendo-o aferrado, desfrutando do pouco tempo que tinham. Fizeram amor lentamente, enquanto o sol se apagava no pequeno planeta isolado. Kiara desfrutava do prazer de sentir sua força dentro e fora dela. Tocou-lhe o rosto, tentando memorizar cada uma de suas perfeitas linhas. Aferrou-o fortemente quando encontrou sua liberação física. Nykyrian se uniu a ela. Seus braços se apertaram ao redor de suas costelas, ao ponto que ela não podia respirar, mas nesse momento, realmente não queria fazê-lo. Ele se afastou um pouco dela e abriu a boca para falar. Kiara esperou, desejando que fossem as palavras que tanto desejava escutar dele. O silvo do intercomunicador rompeu o silêncio. —Nykyrian! Ele franziu o cenho antes de alcançar o intercomunicador que estava na mesa ao lado da cama. —Caillen? Como demônios, encontrou um de nossos intercomunicadores? —Encontrei este na casa de Shahara junto com o contrato assinado por ela para acabar com sua vida e a de Rachol. Não vi a ela, nem Rachol, nem Kasen há semanas. Vim por aqui para ver se me encontrava com Shahara, e encontrei tudo isto. Que demônios está acontecendo? Kiara estudou o cenho de Nykyrian. —Acha que Rachol está vivo? —perguntou ela.

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Ele deu de ombros. —Onde está? —No apartamento de Shahara. —Não há nada mais de Rachol aí? Escutou-se um comprido silêncio. O corpo de Nykyrian se esticou sob suas mãos. —Sim. Tenho sua jaqueta de vôo. Não acha que Shahara o tenha ferido, verdade? Nykyrian apertou os dentes e olhou a Kiara. —Como vou sabê-lo, ela é sua irmã. —Se ela o tivesse matado, não teria tomado estes troféus. Esse não é seu costume. Eles têm que estar juntos. Nykyrian suspirou, não sabia se era de alívio ou frustração, Kiara não podia dizê-lo. —Vou a um lugar no qual preciso estar umas horas. Por que não te encontras com Jayne mais ou menos as dez e tentam de decifrar todo este enredo. —Certo. Seguirei tratando de fazer contato com Shahara e Kasen até então. Nykyrian jogou o intercomunicador a um lado e passou as mãos pelo rosto. —Isto só está ficando pior. — resmungou. Kiara franziu o cenho. —Não eram boas notícias, verdade? —perguntou-lhe, enquanto lhe afastava o cabelo do rosto. —Rachol está vivo. Nykyrian suspirou. —Quem sabe o que isso significa. Kiara agarrou o travesseiro da cama e a atirou na cabeça. —Se alegre! Ele a olhou fixamente um pouco ameaçador. —Merecia. — disse isso ela defensivamente— Se voltar a me dizer algo negativo, bater-te-ei fortemente de novo! Um canto de sua boca se levantou. Antes que ela pudesse deduzir o que isso significava, ele a baixou à cama e lhe fez cócegas. Kiara riu, doíam-lhe as costelas. —Basta! —disse ela, tentando sair debaixo dele. Ele deixou de lhe fazer cócegas. Sua respiração caiu contra sua bochecha, apertando seu corpo nu contra o seu. —Não sei como vou te deixar ir. — sussurrou ele, tristemente. —Então, não o deixe. — disse ela, enquanto brincava com seu cabelo loiro, que caía como uma cascata sobre seus ombros— Não tem que fazê-lo. Seus olhos se apagaram. —Ambos sabemos que isso é impossível. Kiara riscou a linha de seus lábios. —Aposto que se alguém houvesse dito há seis meses que você sorriria para mim, você haveria dito o mesmo. Nykyrian se moveu para afastar-se, mas Kiara envolveu seus braços e pernas ao redor dele, mantendo-o perto dela. —Eu não posso me separar de ti. Tenho o pressentimento de que as pessoas te têm feito isso toda a vida. Penso em lutar por você, Nykyrian. Morrerei por você se tiver que fazê-lo. —Isso é o que temo. — disse ele quase murmurando e se libertou de seu abraço. Kiara ficou ali, enquanto o escutava entrar no banheiro. Seu coração pulsava com um ritmo doloroso em seu peito. Sempre tinha pensado que o amor supostamente era coisa fácil. Por que ninguém lhe disse que o amor não respondia a todos os problemas da vida, mas sim só criava mais. Ficando de lado, escutou-o entrar na ducha. Tinha que haver alguma maneira de que

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eles pudessem ficar juntos. Jurou encontrá-la, de qualquer maneira.

Capítulo 14 A fila no Camry era enorme, como de costume. A Kiara revocêmbava o estômago de fome. Ela odiava esperar tanto. Ao deter-se o final da fila, surpreendeu-se que Nykyrian a agarrasse pelo cotovelo e a levasse a frente. —O que está fazendo? —sussurrou ela. Nykyrian a olhou fixamente. —Eu não posso ficar na rua. Muitas pessoas gostariam de me disparar. Sua voz baixa e uniformemente entoada, a machucou. Ele parecia se encantar de recordar constantemente quão precária era sua vida e quantas pessoas queriam acabar com ela. E embora ele tivesse sido um pouco mais agradável desde que tinham feito amor, ainda estava sendo difícil de lidar. Com um suspiro, Kiara o seguiu, surpreendida quando a levou diretamente para a entrada do restaurante. Notou os olhares de aborrecimento das pessoas que estavam esperando diante deles. Isso a fez ruborizar. O maître levantou o olhar de seu pódio, com um luminoso sorriso. —Que bom vê-lo Comandante, seu grupo o está esperando. Kiara jogou uma olhada ao maître por trás de Nykyrian. Uma sacudida afiada de surpresa ao escutar as palavras do maître a estremeceu. —Comandante? —perguntou. Nykyrian deu de ombros. —Minha ordem na Liga. —Foi um Comandante? —ofegou ela, assombrada que ele tivesse chegado a uma hierarquia tão alta. O maître lhe sorriu. —Ele salvou a vida de meu filho na Batalha de Wymon! Nykyrian se moveu um pouco incômodo. —Não acredito. Tudo o que fiz foi lhe advertir de uma bomba iminente. O maître sorriu. —Se não o tivesse feito, agora ele estaria morto. Nykyrian pôs os olhos em branco para Kiara. Ela sufocou sua risada. Pelo menos Nykyrian agora parecia ter melhor humor que antes. Ainda estava surpreendida que ele tivesse saído de casa. Em toda a viagem até ali, tinha esperado que ele desse a volta e retornasse para casa. —Tomei a liberdade de preparar seu prato favorito para você e para sua esposa. Outros já têm feito seus pedidos. — disse o maître, antes de levá-los ao salão de jantar. Kiara seguiu ao maître além das filas intrincadas de mesas lotadas. Levou-os a parte de trás do restaurante onde as mesas particulares eram reservados pelos convidados importantes. Uma pontada de desconforto correu ao longo de sua espinha, quando recordou o fato de que seu marido era um príncipe. Não estava segura que essa idéia lhe importasse absolutamente. O maître abriu uma porta e os anunciou. Kiara vacilou quando reconheceu ao Imperador Aros sentado na mesa junto à mãe de Nykyrian e sua tia. Escutou a débil maldição que Nykyrian murmurou entre dentes. Olhando sobre seu ombro, preocupada, Kiara notou a irritação que ardia em seus olhos. Obviamente, Nykyrian não estava o suficientemente preparado para encontrar-se com seu pai. Cairistiona sorriu e ficou de pé.

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—Aqui está. — exalou ela felizmente— Tínhamos começado a nos preocupar de que tivesses mudado de idéia. Nykyrian não transmitia nenhuma emoção, até parecia uma estásua. Kiara estava tentada de lhe dar um chute. O maître se desculpou e os deixou em particular. Aros se levantou, mais lentamente. Apertava suas mãos de uma forma que disse a Kiara, que ele não estava acostumado a ser inseguro. —Espero que não te incomode minha presença. Quando Cárie me disse que tinha te encontrado, insisti em assistir também. Kiara tomou a mão de Nykyrian e lhe deu um apertão alentador. Seus dedos estavam gelados. Podia jurar que quase tremiam. Durante vários segundos incômodos, ninguém falou. Nykyrian finalmente acabou com o silêncio temo. —Esta é minha esposa, Kiara. Aros sorriu. —Já nos tínhamos conhecido, mas é um prazer para mim vê-la de novo. Kiara lhe devolveu o sorriso enquanto fazia uma reverência. —É uma honra para mim vê-lo outra vez, Sua Majestade. Aros protestou asperamente. —Nada disso, querida. Agora é de minha família. Odeio tudo isso de reverências e venerações. É degradante! Kiara riu de suas palavras, sentindo-se um pouco mais a vontade sobre o jantar. Aros puxou uma cadeira que estava ao seu lado para Kiara. —Venha menina, tome assento. Não deveria estar tanto de pé. Kiara levantou a vista para Nykyrian, para ver como estava sentindo-se com sua família recentemente encontrada. Como de costume, não podia dizê-lo. Sem dizer uma palavra, aproximou-se de seu pai e à cadeira que Aros sustentava para ela. Sua mãe e sua tia trocaram cenhos de angústia e todos permaneceram olhando a Nykyrian nervosamente enquanto ele se sentava em uma cadeira ao lado de Kiara. Kiara inalou profundamente, perguntando-se no que poderia fazer para interferir serviçalmente, mas não queria enfurecer a Nykyrian até o ponto de que se levantasse e partisse. —Sem dúvida teremos netos belos, não é certo, Carie? —perguntou o imperador, enquanto empurrava o assento de Kiara à mesa. Cairistiona sorriu. —Eles serão a inveja de todos. — adicionou. Nykyrian se moveu com desconforto ao lado dela. Kiara pôs uma mão em cima da que ele tinha em seu colo. Ele levantou a vista para ela com algo que parecia ser orgulho. Permaneceram em silêncio enquanto lhes traziam suas comidas e as punham diante deles. Nykyrian sustentou a mão de Kiara brandamente, enquanto se repreendia por ter vindo a esse estúpido passeio. Ele não conhecia essas pessoas, e não estava muito seguro de que queria fazê-lo. E o pior, era que seu temperamento estava piorando. Tinha esperado este momento a maior parte de sua vida. Uma breve oportunidade para falar com seus pais, para obter que o olhassem com amor, que o aceitassem. Agora que o tinha conseguido, não sabia o que fazer. —Sei que isto deve ser muito difícil para você. — disse Aros depois que os serventes abandonaram o quarto—. Deve saber que eu não sabia que estava vivo. Se o tivesse suspeitado, poderia ter atravessado o universo para te buscar. Nykyrian tomou um gole de sua bebida, tentado a retorcer seu lábio e lhe responder cáusticamente. Mas se lembrou de Thia. Ninguém lhe tinha falado sobre ela, e ao conhecê-la, sentiu-se culpado por abandoná-la. Tudo o que Nykyrian sabia, era que Thia albergava os mesmos sentimentos de

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rechaço e isolamento. Essa revelação quase o estrangulou. Como podia culpar a seus pais do mesmo que tinha feito a sua própria filha? —Não a culpo. —Nykyrian captou o olhar de surpresa de Kiara— Por que não esquecemos o passado e começamos a partir de agora? Aros o saudou com seu copo. —Sinto pesar pelos anos perdidos. Posso dizer que são uma de minhas maiores perdas. Nykyrian soprou, enquanto olhava fixamente a Kiara. —Acredito que não deveria te afligir tanto. Eu era um menino revoltado que passava semanas carrancudo. Kiara sorriu. —Algumas coisas nunca mudam. Seus pais riram. Agradecida pela mudança de humor de Nykyrian, Kiara se perguntava que o tinha causado. Ele parecia tão bonito sentado ao seu lado, que não cabia do orgulho. Inclinandose para ele, sussurrou-lhe algo na orelha. —Te mostrarei. — disse Nykyrian, enquanto afastava sua cadeira. Kiara se ruborizou ante os olhares firmes que recebeu. Parecia que ultimamente precisava ir ao banho a cada segundo. —Só me diga onde está e eu o encontrarei. Ele negou com a cabeça. —Está muito cheio. Acredito que não deveria ir sozinha. Kiara sentia o rosto tão quente, que temia explodir. —Posso ir sozinha. — disse, enfatizando suas palavras— Retornarei em seguida. Notou pelo tema linha de sua mandíbula, que ele queria discutir um pouco mais. —Não se demore. Kiara sorriu, aliviada que se rendeu. —Não terá tempo nem sequer para sentir saudades. Desculpando-se de seus pais, dirigiu-se à porta. Não levou muito tempo encontrar o caminho dos salões para os banheiros. Quando saiu do banheiro, sorriu ao maître ao passar ao seu lado, levando a outros convidados a seu posto. Feliz de que seu marido estivesse comportando-se, sem estar muito mal-humorado, fez seu caminho de volta através do salão. —Kiara? Ela se deteve, perguntando-se quem a tinha chamado. Ao dar a volta, tentou localizar a fonte dessa voz tão familiar. Deteve-lhe o coração quando reconheceu a Jullien sentado em uma mesa ao lado de outro homem. Por que não estava ele junto a seus pais? Ela começou a retornar ao salão ignorando-o, mas sua consciência não o permitiu. Como Aros havia dito, agora era sua família e não podia ser tão grosseira. Jullien caminhou e se deteve justo em frente dela. —Não esperava vê-la tão cedo. — disse ele afetuosamente. Tomou a mão e lhe plantou um beijo molhado em cima de seus nódulos. Kiara sufocou seu tremor. Seu sorriso era bastante caloroso, mas ela captou a frieza por trás de seus olhos. —Dou-me conta de que deve estar aqui com alguém. — disse Jullien, jogando um olhar ao redor do quarto— Mas deveria tomar um momento para saudar meu amigo. Ele é um fã seu e morre para ter uma oportunidade de saudá-la. Ela tentou afastar-se, mas sua mão se apertou ao redor da sua. —Prometi não… —Só levará um momento. —rogou, com esses olhos aterradores— Por favor? Recordando-se que era seu cunhado e um príncipe real, assentiu com a cabeça. Jullien lhe brindou um sorriso e a levou até sua mesa.

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—Esta é a mulher da qual estive te falando. O homem se levantou e muito devagar se voltou para olhar Kiara. Seu coração pulsou de terror. —Você! —ofegou ela, ao reconhecer o homem que os tinha olhado intemamente, do piso da baía de sua casa, Aksel Bredeh. Ele apertou uma pequena pistola em seu estômago. —Aja como se estivesse feliz de me ver. — disse ele com um tom baixo e ameaçador— Ou o cozinheiro terá vísceras humanas frescas para servir ao híbrido. Sorria. — sugeriu. Kiara quis lhe cuspir o rosto, lhe arrancar os olhos, fazer algo diferente que lhe seguir a corrente. Mas que opção tinha? Não tinha nenhuma dúvida de que a mataria se ela fazia algo como tentar soltar-se. Algum dia, aprenderia a escutar quando alguém a advertisse sobre não fazer alguma coisa! Se é que sobrevivia a isto, mofou-se sua mente. —Devo-te uma. — disse Aksel a Jullien antes de estreitar seus olhos cinza a Kiara— Caminhe devagar para a porta de saída. Nykyrian levantou a vista de sua comida esperando ver Kiara entrar, em seu lugar viu o maître aterrorizado. —Comandante! —disse, sua voz e suas mãos tremiam—. Sua esposa se foi com um amigo do Príncipe Jullien. Acredito que não foi de boa vontade. A frieza invadiu a alma de Nykyrian e lhe fez apertar as mãos em punhos. Escutou o fôlego de sua mãe e a maldição de seu pai. Mas isso foi tudo o que escutou antes de concentrar-se na fúria crua que pulsava através de seu corpo. Tentou de controlar sua força, porque sabia que ia matar alguém por isso. Nykyrian atravessou a porta, tirando sua pistola de sua capa. Quando cruzou o salão procurando seu alvo, os comensais gritaram, agacharam-se e correram. Saiu do restaurante e se dirigiu para a baía de desembarque mais próxima. Nada. Não havia sinal de Kiara em nenhuma parte. Apertou mais fortemente sua pistola. Nykyrian jogou o botão de descarga para trás. Jullien. Com esse só pensamento ardendo em sua mente, retornou ao restaurante e atravessou a área onde seus pais tinham ao bastardo encurralado. Uma fúria cega nublou seus olhos. Tudo o que Nykyrian quis fazer foi arrancar o coração de Jullien e dá-lo de comer. Com um punho, Nykyrian recolheu a seu irmão do chão e o lançou pela mesa. Estrelou-se com a comida e esta se espalhou, o som de um tinido gelado imitou à frieza que o consumia. Némesis estava acordado e exigia ser aplacado. Nykyrian levantou Jullien do chão pelo pescoço. —Onde está ela? Jullien tentou lhe arranhar a mão para tirá-la de sua garganta. Nykyrian apertou seu agarrão. Queria ver essa gorda doninha arrastada. —Sua vida depende do rápido que me respondas, bastardo! Dois dos guardas de Jullien se aproximaram deles. Nykyrian moveu sua pistola para golpeá-los ou lhes disparar antes que eles pudessem aproximar-se a ele e o ordinário gordo se balançava em seu punho como um gimfry assustado. Nykyrian olhou seus pais para ver se eles interferiam. Olhavam-no fixamente como se ele fora um animal. Que assim fora. Kiara era tudo o que lhe importava. Ao inferno com todo o resto. Nykyrian pressionou o botão de sua pistola de raios para matar e a sustentou debaixo do queixo de Jullien. —Me responda, ou o próximo som que escutarás, será o de seu cérebro golpeando a parede que está atrás de ti.

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O suor cobriu a gorda queixada de Jullien. —Tem-na Aksel. Não sei aonde a levou. Ao estar emocionado por essa resposta inesperada, foi a única coisa que salvou a vida de Jullien. Avocêrdido, Nykyrian o libertou. O quarto parecia dar voltas. Tem-na Aksel, essas palavras ressonavam em sua mente como se fosse um pesadelo. Seu pai estendeu a mão para tocá-lo. Nykyrian partiu com um grunhido. Olhou a seu pai com todo o ódio que ardia em seu interior, borbulhando sua alma. —Ela é a única razão pela qual vim esta noite. — disse Nykyrian, estreitando seus olhos para seu pai— Se algo lhe acontecer, quero que saiba que retornarei atrás de Jullien, e quando terminar com ele não restará nada. Estimulado por sua agonia e raiva, Nykyrian deixou seus pais, que estavam ao lado de seu irmão observando-o com olhos decepcionados. Ao inferno com eles. Deixaria-os consolando a Jullien. Ele não necessitava de seu amor. Não necessitava de ninguém exceto a Kiara. Nykyrian pressionou o timbre na casa de Jayne. Limpou as lágrimas que caíam em suas bochechas, surpreso de que estivesse chorando. Todas as vezes que tinha sido golpeado, ferido, e maltratado nenhuma lágrima lhe tinha escapado. Agora parecia não poder as deter. Trocaria sua vida alegremente pela de Kiara. Qualquer coisa que pudesse fazer, para vê-la sã e salva. Jayne abriu a porta, e ficou atrás com a boca aberta. Nykyrian ignorou sua surpresa, sem se importar que alguém notasse o muito que lhe importava sua pequena bailarina. —Aksel está com Kiara. — disse Nykyrian com uma voz triste, cheia de ódio. Darling e Caillen se levantaram do sofá. Jayne o empurrou dentro da casa e o levou para a mesa da cozinha. Confuso, Nykyrian se sentou na primeira cadeira que encontrou. Nada parecia ser real. Tudo era como um pesadelo espantoso. Levantou seu olhar para Caillen. —Averiguou algo mais sobre Rachol? —Ele está com minhas irmãs, mas não sei onde. Nykyrian assentiu com a cabeça, desejando que Rachol estivesse ali para que o ajudasse a planejar algo. Suas emoções estavam muito enredadas. Não podia pensar claramente. Em tudo o que podia pensar era em Kiara. Nykyrian passou as mãos pelo rosto, suas lágrimas se detiveram finalmente. —Darling, necessito que consiga esses discos que pegou na casa de Rachol, junto com os quais me entregou Driana. Com um pouco de sorte… O timbre soou novamente. O mundo de Nykyrian cambaleou pela segunda vez essa noite. Driana estava lá fora, apertando Thia contra seu peito, a menina estava envolvida em um lençol ensangüentado. Um lado do rosto de Driana estava inchado e vermelho. —Ele se tornou louco. — disse Driana, enquanto abraçava Thia fortemente. Nykyrian saiu disparado de sua cadeira e atravessou o quarto para ver se sua filha ainda seguia com vida, seu coração se alojou dolorosamente em sua garganta, enquanto seu medo se triplicava. Nykyrian afastou a manta e soltou uma feroz maldição. Thia estava coberta de mais manchas que sua mãe. Ela voltou sua pequena cabeça para olhá-lo, mas não podia abrir seus olhos porque os machucados o impediam. —Pensei que não ia deixar de bater nela. — disse Driana, e estalou em lágrimas. Com muito cuidado, Nykyrian carregou a sua filha e a balançou. Ia matar a Aksel essa mesma noite. —Tudo está bem. — disse a Thia, engolindo a onda de lágrimas que se agruparam em sua garganta— Ninguém te machucará nunca mais. Hadrian, o marido de Jayne, aproximou-se para tomar a Thia.

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—Eu cuidarei dela. Nykyrian estava imóvel pelo estado de vocêrbulência de suas emoções. Não importava o muito que tivesse odiado no passado, nada o tinha preparado alguma vez para suportar essa dor ardente em sua alma que lhe suplicava ser aplacado. A contra gosto, entregou Thia a Hadrian, sabendo que Hadrian era capaz de cuidar de suas lesões. —Onde está ele? —perguntou Nykyrian a Driana. —Foi a sua base em Oksana. Pensa que lá estará seguro. —E Kiara? —Está com ele. Nykyrian frisou seu lábio com um grunhido. Fez gestos a Darling, Jayne e Caillen para que fossem com ele. Procurariam Hauk, e antes que terminasse a noite, acabaria com Aksel, de uma maneira ou de outra. ***** Kiara se retorceu contra as algemas que sustentavam suas mãos sobre a cabeça e a mantinham sujeita contra a parede. Tinha que se libertar! Encontrou-se com o olhar de Aksel, ali onde estava sentado no quarto com dois de seus homens, jogando para ver quem ia ser o primeiro a violentá-la. Um sorriso inteligente se desenhou em seus lábios, antes que dobrasse sua aposta. Kiara afastou o olhar. Seu coração pulsava fortemente enquanto puxava as correntes. Tinha que se afastar dele. Aksel levantou o olhar uma vez mais de seu jogo de cartas e a olhou de soslaio, parecendo desfrutar da maneira em que ela lutava desamparadamente contra suas algemas. Kiara se estremeceu. Rezou para libertar-se, mas também rezou para que Nykyrian não viesse a esse lugar para resgatá-la. Muitas vezes, Aksel lhe havia dito o que queria fazer a seu marido. Se capvocêrasse a Nykyrian, Aksel o torvocêraria até matá-lo. Kiara não podia entender seu ódio intolerável, e depois de estar com Aksel, estava segura de que nunca lhe perguntaria o porquê. O homem era completamente maquiavélico. A porta que estava por trás de Aksel se abriu. Kiara levantou o olhar e viu Driana entrando, com o rosto vermelha e torcida. Driana se encontrou com seu olhar e Kiara viu a simpatia nos olhos da mulher loira. —Aksel preciso falar com você. A sós. Aksel fez um gesto displicente. —Não te dá conta que aqui estamos na metade de um jogo? Driana avançou para ele com passos determinados e volteou a mesa. Apontou um rifle contra a cabeça de Aksel. —Lhes diga que saiam. A risada retorcida de Aksel invadiu o quarto. —Claro. Rapazes, se nos desculparem, minha esposa, — se burlou do título— quer me dirigir algumas palavras. Kiara engoliu o nó de sua garganta e observou como os dois soldados saíam do quarto, deixando suas risadas para trás enquanto diziam algo em um idioma que Kiara não pôde entender. Aksel se reclinou em sua cadeira, cruzou os braços em seu peito e olhou sua esposa, com uma confiança muito aparente. —O que quer, bolinho cheio? —apesar da brincadeira, Kiara estranhou o ódio cru e a ameaça em sua voz.

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—Ninguém fere meu bebê e segue com vida. — ladrou Driana— Vou te matar, giakon —pulsou o botão de descarga de seu rifle. Aksel se moveu tão rápido, que Kiara viu seus braços apenas desenrolando-se de seu peito antes que afastasse a arma das mãos de Driana. —Estúpida harita. — exclamou, enquanto a golpeava com a culatra da arma no estômago. Kiara se encolheu instintivamente. Driana caiu ao chão, apertando o ventre enquanto clamava de dor. Ele puxou a Driana pelo cabelo. —Onde está Thia? Driana o olhou fixamente e ao longe da sala, Kiara reconheceu o ódio que ardia em seus olhos azuis. —A entreguei ao seu pai. O peito de Aksel oscilava com respirações profundas e zangadas enquanto olhava a Kiara. —Ao híbrido? —chiou. Kiara fez uma careta de dor ao escutar seu tom, incapaz de acreditar que um homem fora capaz de fazê-lo. —Sim. —disse Driana— Ele era um melhor homem e melhor amante aos dezesseis, do que você alguma vez seria! Aksel levantou a culatra e a baixou sobre as costas de Driana com um forte golpe. Driana gritou, e caiu ao chão. Kiara enterrou a cabeça em seus braços e tentou bloquear o som dos golpes que seguiram em uma rápida sucessão. Finalmente, os gritos de Driana se detiveram. Kiara levantou a cabeça e viu Driana jazendo no chão no meio de uma piscina de sangue. Revolveu-lhe o estômago. Por um momento, acreditou-se doente. Aksel caminhou para ela como se fora uma lorina rondando. Jogou o rifle coberto de sangre para a mesa virada. Os olhos de Aksel, eram de um cinza tormentoso, passou seu olhar sobre o corpo da Kiara e frisou seus lábios quando a visão dela o desgostou. —Alguma vez Nykyrian te contou como treinavam aos assassinos da Liga? Estava louco! Kiara o olhou fixamente com cepticismo, incapaz de compreender seu tom amistoso depois do que acabava de fazer a sua esposa. Aksel estendeu uma mão fria e lhe tocou a bochecha. —Levam-te durante três meses e te mantêm isolado. — continuou, ignorando seus intentos de se afastar— Te enviam a um holoquarto5 onde te mostram uma e outra vez, teus piores medos, até que não temes a nada. Seus dedos risrostom a linha de seu queixo. Kiara se estremeceu, desejando poder lhe dizer algo, em vez de ficar frente a ele à expectativa e vulnerável. Sem ter outro recurso, cuspiu-o. Um sorriso se desenhou em seus lábios por sua reação. Ele limpou a bochecha, sem afastar nunca os olhos dela. Como se ela não tivesse feito nada, Aksel continuou falando com essa voz aterradora e inexpressiva. —Só te alimentam com carne crua e enquanto comes, mostram-te fitas de vítimas agonizantes que suplicam por suas vidas. Sustentou uma mão em frente de seu rosto. Kiara retrocedeu um passo, mas a parede lhe bloqueou sua retirada. —Com esta mão poderia te rasgar a garganta. — a atraiu mais perto e lhe pôs a mão no pescoço. Kiara esperou que lhe demonstrasse seu ponto. Mas ele não o fez. Em seu lugar, sua voz fria seguiu burlando-se.

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Holoquarto: quarto de holograma, imagem óptica tridimensional obtida diante alta tecnologia.

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—O híbrido poderia te arrancar o coração com suas próprias mãos. Isso te excita? —Você me adoece! Aksel lhe brindou um sorriso retorcido, enquanto acariciava com a mão sua bochecha. —Nykyrian te contou que matou dois de seus instrutores antes de terminar o treinamento? Fez-o, sabe. — sua mão se afastou e se voltou para enfrentá-la, com as mãos nos quadris— Sempre foi o melhor para matar, mas eu era quem mais o desfrutava! Seu sorriso ressonou, enquanto Kiara se congelava. —Nykyrian ficava sentado por horas depois de uma missão, olhando fixamente ao espaço, sentindo-se culpado. — sorriu com desprezo, disse essas palavras como se fora a pior coisa do mundo— Eu era um verdadeiro guerreiro. Eu celebrava minha glória depois. Apertou as mãos ao redor de sua cinvocêra. Kiara mordeu os lábios, desejando poder afastar-se dele de algum jeito. —Então, por que meu pai se gabava de seu híbrido adotado? —grunhiu Aksel, seu rosto era uma máscara retorcida— Não eram minhas mortes as quais ele celebrava com orgulho. Sempre eram as de Nykyrian. Sempre Nykyrian! Kiara gemeu quando suas mãos se apertaram em sua carne. Aksel empurrou as costas dela contra a parede com um golpe sólido que lhe tirou a respiração. Apoiou seu corpo contra o dela e ela pôde sentir seu desejo apertado contra seu estômago. O suor caía a gotas de seu corpo enquanto temia seu próximo movimento. Rasgou-lhe o topo de seu vestido. Kiara gritou, tratando de afastar-se dele desesperada. —Deveria te possuir agora. — disse Aksel em um murmúrio áspero, enquanto lhe passava a mão sobre o topo de seu corslet, ignorando a repugnância dela—. Mas não quero. Isso não seria divertido. — retrocedeu e lhe sorriu— Quando o híbrido venha atrás de você, tenho um lugar especial para ele, para que me veja enquanto te violento. Logo poderá me olhar enquanto rasgo seu corpo em pedaços, até que não fique nada, exceto sua orelha que lhe entregarei alegremente como um aviso. —É um demente! —ladrou Kiara, enquanto atirava chutes a ele com suas pernas. —Nunca conheci a um assassino que não o fora. — disse ele com um sorriso, logo saiu tranqüilamente do quarto. Os soluços fizeram estremecer o corpo de Kiara. Puxou contra suas correntes, mas a única coisa que conseguiu foi rasgar a pele de suas munhecas. Tinha que haver alguma forma de escapar. Alguma forma de advertir a Nykyrian. Orou fervorosamente, para conseguir uma resposta.

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Capítulo 15 Nykyrian e Caillen estavam sentados no quarto do conselho da base do OMG, revisando os dados que tinham sobre Oksana. Hauk caminhava de um lado a outro atrás deles, suas botas furavam o chão de cerâmica com um som tenebroso que carcomia a tolerância de Nykyrian. Jayne e Darling estavam sentados no quarto, escutando a ele e a Caillen discutir sobre os procedimentos da batalha. Nykyrian apertou os dentes frustrado, reclinou-se na cadeira e olhou fixamente as folhas de estatísticas que estavam frente a ele. Um ataque frontal acabaria com a aniquilação completa e um ataque escondido era igualmente arriscado. Os homens de Aksel não se conheciam o suficiente para descobrir um estranho imediatamente. A essa proporção, nunca conseguiriam tirar Kiara com vida. Caillen se reclinou na cadeira, com um sorriso desenhado em seu rosto enquanto tamborilava seus dedos sobre a mesa. —Sabe, estive fazendo entregas em Netan Raananah. Se fosse falsificar um embarque, poderia colocar de contrabando a seus homens dentro da base de Aksel. Nykyrian franziu o cenho. —Como poderia fugir dos scanners? Caillen inclinou a cadeira sobre suas pernas e colocou a mão atrás da cabeça em uma careta arrogante que Nykyrian desprezava, enquanto um sorriso se desenhava em seu rosto. —Vai te arrepender de todas as coisas sujas que há dito sobre minha nave. O Malia, está equipado com artefatos especiais que nenhum sistema existente pode rastrear. Teriam que fazer uma inspeção pessoal para verificar meu carregamento. —ele sorriu— Recordem rapazes, sou um contrabandista de terceira geração! Hauk soprou. —Sim bom, uma vez que estejamos dentro, eles não nos vão permitir sair dali tão facilmente. O Malia é muito frágil e lento para fugir de uma nave de combate. Caillen esfregou a mandíbula enquanto sopesava as palavras de Hauk. —Levaremos duas combatentes na adega, mais os passageiros. Nykyrian assentiu em acordo. Era o primeiro plano que tinham proposto com o qual ao menos tinham uma oportunidade para respirar. —O faremos, então. Darling elevou uma sobrancelha para Nykyrian. —Não está se esquecendo de algo? Como vamos sair depois que entremos ali? Nykyrian estudou o rosto de Darling. Um milhão de pensamentos passaram por sua mente. —É a mim a que eles querem. Você e Caillen ficarão a bordo do Malia e controlarãp aos homens de Aksel e aos corredores da base. Hauk se ocupará de Kiara, a meterá em sua nave e a levará a um lugar seguro. Jayne os esperará para cobri-los uma vez que estejam fora da órbita de Oksana. —E o que acontecerá contigo? —perguntou Hauk asperamente. —Eu sou a isca. Voarei em direção oposta com minha nave. Todas as tropas de Aksel me seguirão. —Nykyrian estreitou os olhos para Hauk—. Em nenhum momento atacarás a nenhuma nave. Manterá seus motores acelerados. E deixarás que Jayne se ocupe de qualquer coisa que os siga. Nykyrian voltou seu olhar para Caillen. —Você e Darling precisam utilizar a energia adicional do Malia, para assegurar-se de que podem tirá-la o mais rápido que possam pilotá-la. É muito grande para uma briga de

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cães. Nykyrian jogou a impressão dos exteriores para Darling. —Aksel está retendo a Kiara provavelmente em seu escritório. Necessito uma bomba muda. Pode fazê-la em uma hora? —Meu cabelo é vermelho? Nykyrian se ergueu. —Então nos preparemos. Jayne, Caillen e Darling saíram. Hauk ficou, com uma expressão no rosto que recordou a Nykyrian a ativocêde fatal e escura de Rachol. Ignorando-o, Nykyrian tirou seu traje de Némesis do armário. —Não está planejando retornar, verdade? Nykyrian fez uma pausa. Com um suspiro profundo, tirou suas botas do armário e as pôs no chão. —Sou bom, mas não o suficiente para sobreviver ao número de naves que estarão atrás de mim. Hauk furava com seus dedos a superfície da mesa em um ritmo pulsante que o fazia apertar os dentes. —Por que não envias Kiara de volta no Malia e me deixa voar contigo para lutar? Nykyrian desabotoou a camisa. —O Malia poderia ser apanhado. Confio em que Darling e Caillen retornem para casa. Mas preciso me assegurar de que Kiara retorne para casa de seu pai intacta. —Prefiro que você se matenha com vida. —Kiara é minha vida. — sussurrou Nykyrian. Sentou-se em uma cadeira e colocou a cabeça entre as mãos. Dessa forma tudo tinha sentido. Se ele morria, Kiara seria livre, ele seria livre. Estranhamente, não sentia nenhum remorso. De alguma forma sentia que fazia o correto. Nykyrian olhou o anel que tinha em seu dedo pequeno. Era o anel que tinha comprado, antes de ir ver Kiara pela primeira vez, depois que seu pai tinha lhe disparado. Era o anel que tinha pensado entregar a ela como anel de casamento, mas não foi capaz de fazê-lo. As fileiras de pedras de griata vermelhas, rodeavam a banda de ouro, que brilhava com luz escura. Tirou-se o anel e o entregou a Hauk. —Quero que entregue isto a Kiara. Hauk o examinou, e então o olhou com um cenho severo. —Este é um anel de casamento. —Eu sei. Casamo-nos segundo o costume Andarion há alguns meses. Hauk fechou os olhos e Nykyrian soube que ele desejava amaldiçoar. —Dependo de você, para que se assegure de que ela seja reconhecida como minha viúva. —Nykyrian lambeu os lábios que tinha repentinamente secos— Se eu não tiver a oportunidade, diga que a amo, que sempre a amei. Hauk tinha os olhos chorosos. —Não posso fazer isto. — disse ele com voz quebrada. Nykyrian engoliu o nó de sua garganta. —Tivemos muitas missões juntos como para que se abrande agora. Hauk apertou os dentes e afastou o olhar. —Sempre planejou retornar depois dessas missões. Nykyrian se mofou. —Em realidade não. Esta é a primeira vez em minha vida que quero retornar com vida realmente. É bastante irônico, não parece? Hauk meteu o anel dentro de seu bolso. —O que quer que diga a Rachol? Nykyrian desenhou um sorriso afetado, enquanto tirava as botas.

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—Lhe pergunte onde infernos se mete quando mais o necessito. Hauk estreitou os olhos, incrédulo. Nykyrian sorriu entre dentes. —Só estou brincando. Se lhe disseres isso, começará a beber outra vez. E como controla a força por trás do OMG, deixarei que ele o lidere. —Nykyrian se levantou e alcançou sua roupa— Também lhe diga que as lorinas são suas para que as aceite. Hauk sorriu. —Ele poderia desenterrar seu corpo só para disparar em você por isso! Nykyrian fez uma pausa, ante esse pensamento. Só esperava que Aksel deixase o suficiente dele, para enterrar. ***** Caillen estava sentado frente ao painel de controle do Malia, esperando no escritório da alfândega para entrar na base de Aksel. Sorriu ante as seis cestas de polpas de frutas, que Nykyrian lhe tinha doado graciosamente, para fazer mais acreditável a farsa. A luz estava alaranjada sobre seu tabuleiro, lhe advertindo que os scanners de prova estavam acesos. Ao pressionar uma série de botões, sorriu quando seus artefatos de proteção acenderam. —Tomem isso, idiotas. —sorriu. —O Malia está limpo. — grasnou a voz do controlador— Aterrisse na baía oito. Caillen obedeceu. Amava seu trabalho. Não havia nada como o perigo extremo para obter com que o sangue bombeie e os sucos do cérebro fluam. Vários soldados de pé, esperavam abordar sua nave. Caillen agitou a cabeça e voltou a verificar os controles de seu painel de controle. Caminhou para onde Nykyrian e os outros estavam escondidos, tratando de perder o tempo. Quanto mais tivessem que esperar os guardas, mais ansiosos ficariam. Era uma tática infantil, mas sempre funcionava com os sentinelas. Com uma oração para ter êxito, baixou a rampa muito devagar. Abriu a comporta e olhou fixamente ao canhão de um rifle de laser. —Algum problema? —perguntou serenamente. —Estamos esperando ao Quiakides. — grunhiu um soldado, através de seu capacete. Caillen estalou em gargalhadas. —É você, Marek? O soldado se moveu um pouco incômodo, antes de tirar o capacete. —Sim. Caillen empurrou o canhão fora de seu rosto e retornou tranqüilamente ao interior de sua nave. Outros soldados entraram em filas e começaram a revisar seu carregamento. —Compre esta pista. O que se supõe que faria eu com o Quiakides? Alguém se incomodou em te informar que ele e eu não nos levamos bem? —Você realiza missões para ele. Caillen abriu a boca sarcasticamente. —Sério! Faria missões até para o demônio, com tal de que me pague a tempo. —É por isso que estamos te revistando. Caillen sorriu de novo. —Por acaso Quiakides não pode se permitir o luxo de pagar um transporte melhor que este, para subir neste montão de lixo em ruínas. Se esqueça da pista, compra-te um cérebro. Marek olhou ao redor da nave. —Onde está Kasen? Caillen deu de ombros. —Está com Shahara.

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Outros soldados retornaram, agitando as cabeças. —Está limpo. Marek assentiu com a cabeça. —Está procurando o Netan? —Sim, Onde está? —Está com o Aksel. — disse Marek, enquanto se voltava a colocar o capacete— Direilhe que está aqui. Caillen inalou profundamente, agradecido de que a artimanha tivesse funcionado. —Diga-o. Não estou acostumado a ter muita paciência. Se não vir rapidamente, vou embora. Marek lhe fez gestos a seus soldados para que saíssem da nave. —É. — o chamou Caillen travessamente, ao descer a rampa atrás dele— Espero que não te importe, mas vou fechar meus sistemas enquanto espero. Não posso confiar nos mercenários, todos vocês estão podres. Notou o gesto de rigidez de Marek, mas o sujeito não lhe respondeu. Caillen sorriu com autosatisfação. Fechou a comporta, e correu para libertar o grupo que estava escondido por trás dos painéis das paredes. Darling avançou para fiscalizar as comunicações. —Terá que se apressar. — disse Caillen a Nykyrian, quem verificou o nível de carga de sua pistola de raios— Se Netan ficar a bordo muito tempo, suspeitarão. Nykyrian assentiu com a cabeça, com o estômago revolto. Tinha que ter êxito. Olhando a Hauk, ambos tomaram posições em lados opostos da comporta, preparados para saltar. Sua espera foi curta. Netan certamente estava de humor para desmaiar, porque, terminou estranhamente inconsciente. Caillen abriu a comporta só o suficiente para que Nykyrian e Hauk a atravessassem. O coração de Nykyrian pulsava fortemente contra as costelas. Tinha que resgatar a Kiara. Com extrema facilidade, saíram da baía e desceram ao corredor, Darling lhes dava instruções sobre o caminho que deviam seguir via auricular, apoiado em um mapa que tinha dentro do Malia. De algum jeito, a voz de Darling, que se transmitia através do auricular lhe aliviava a temão. Nykyrian sabia que podia confiar em seus amigos para levar a Kiara a um lugar seguro. —Dois corredores mais, o escritório de Aksel está a sua esquerda. — instruiu Darling. Hauk se moveu. —Espera! —advertiu Darling. O coração de Nykyrian se deteve de um golpe. —Alguém está vindo pelo corredor. Há uma porta atrás de ti Kip, use-a. Nykyrian encabeçou o caminho por volta do quarto escuro. —Odeio isto. — sussurrou a Hauk. Hauk assentiu com a cabeça. Segundos depois, a voz de Darling retornou. —Tudo está limpo. Movam-se. Nykyrian abriu a porta. Dirigiram-se ao escritório de Aksel. Testou o código de segurança na porta, mas não se abriu. Maldição! —O que? —perguntou Hauk, enquanto jogava uma olhada pelo corredor. —Aksel deve ter mudado os códigos. — sufocando seu temperamento, Nykyrian rapidamente reteclou a chave e a porta se abriu. Nykyrian foi o primeiro em ver Kiara. Seu rosto jubiloso o olhou com esses olhos cheios de adoração que lhe rasgaram a alma. Atravessou o quarto e puxou as correntes para soltar o gancho do teto. Uma onda de alívio o percorreu quando tomou as fechaduras e libertou seus pulsos dos punhos de metal.

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Seus olhos se endureceram quando notou a rasgadura em seu vestido. —Fez-te mal? —Não. — soluçou ela, enquanto o abraçava— Ele estava te esperando. Nykyrian a beijou e apertou seus braços firmemente ao redor de sua cinvocêra, agradecendo a Deus que estivesse a salvo. Ela tremia entre seus braços, como um gimfry assustado e ele jurou uma vez mais que Aksel ia pagar por isso com sua vida. —Vamos, não temos tempo! —disse Hauk detrás dele. Nykyrian se separou dela. Hauk tinha razão. Tirou a jaqueta, e a envolveu ao redor de Kiara. —Onde está Aksel? —perguntou Nykyrian. —Não sei. — sussurrou ela, enquanto lhe tocava o rosto— Saiu faz uns minutos. Hauk se clareou a garganta e puxou o ombro de Nykyrian. —Precisa ver isto. Nykyrian deu a volta e ficou avocêrdido. Pela primeira vez, deu-se conta de que Driana estava estirada no chão. Cruzou o quarto e ficou ao lado do corpo de Driana. —Está morta. — confirmou Hauk, ao inclinar-se para tomar o pulso. Nykyrian voltou seu olhar para a Kiara, confundido ante a espantosa visão. —O que aconteceu? Kiara cobriu seus lábios trementes com as mãos. —Ela tentou matar a Aksel, e ele a golpeou até matá-la. Nykyrian se aproximou novamente de Kiara. Ela caiu contra ele, estremecendo. Abraçou-a fortemente, sabendo que possivelmente era a última vez que podia tocá-la. —Está a salvo, shona. Mas temos que nos apressar. Pôs a Kiara nos braços de Hauk e ajustou o auricular. —Darling, se reporte. —O caminho de volta está limpo. Ele assentiu com a cabeça a Hauk. —Leva-a para casa. Hauk vacilou. Com o olhar, Hauk indicou a Nykyrian quão relutante estava ao deixálo para que se defendesse sozinho. —Caminha em paz. — disse Hauk silenciosamente, antes de puxar Kiara por volta do quarto que estava atrás dele. Nykyrian pensou nessa antiga frase da Liga. Finalmente pôde compreender como um assassino podia caminhar em paz. Com um suspiro, deu a bem-vinda à letargia pacífica da morte. Deu-lhes bastante vantagem. Hauk cuidaria de Kiara. Essa era a única solução. —Caminha em paz. — repetiu e abriu a porta. Nykyrian desceu pelo corredor e se dirigiu de volta à baía. —Kip, a sua direita! —gritou a voz do Darling. Nykyrian virou, e tirou sua pistola de raios. Mas era muito tarde. O disparo atravessou seu ombro com uma dolorosa abrasão. Ao retornar o disparo, Nykyrian observou como desabava o soldado. Os alarmes soaram e se acenderam ao redor dele. Nykyrian correu a toda velocidade, tentando chegar a sua nave antes que a área de saída fora selada. O escudo de explosivos da baía estava se fechando. Rodando pelo chão, Nykyrian pôde passar debaixo do pesado aço antes que a enorme porta se fechasse com uma sonora porrada. Desgraçadamente, deixou de rodar justo em frente aos pés de Aksel. —Ainda tão previsível. — sorriu Aksel com desprezo, enquanto pulsava o botão de descarga de sua pistola de raios para trás, observando com desgosto a Nykyrian—. Sabia que um dia seu senso do honra e justiça seria sua morte. Nykyrian se levantou lentamente. —Kiara está a salvo. — disse Darling em sua orelha— Detonação em quatro… e três…

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—É tão decepcionante. — disse Aksel, enquanto apontava com sua pistola de raios à cabeça de Nykyrian. A arma e o carregamento de explosivos dispararam simultaneamente. Nykyrian fugiu do tiro da pistola de raios e se lançou sobre Aksel. Apanhando-o pela cinvocêra, tombou-o ao piso. Aksel se levantou e deu um chute em Nykyrian nas costas. Aksel se lançou sobre ele no mesmo momento em que Hauk separava sua nave. Nykyrian se aproveitou da distração e lhe plantou um duro golpe na mandíbula. Com uma maldição, Aksel caiu de costas. Não esperou para que se levantasse de novo. Nykyrian fechou a comporta do Maita. Tão rapidamente como pôde. Logo subiu pela pequena abervocêra que estava debaixo da nave. —Escudos! —gritou Caillen. Nykyrian ficou deitado sobre o piso, o ombro lhe pulsava da dor. —Estão correndo para suas naves. — advertiu Darling. Afastando a dor de sua mente, sabia que tinha que separar antes que perseguissem a Kiara. Em segundos, abordou o Arcana e ligou os motores. Separou e voou em direção oposta a Hauk. —As naves mudaram seu curso e estão se dirigindo para ti. Três permanecem atrás de Hauk. — disse Darling— Parece que nós estamos a salvo, vamos sair daqui. O coração de Nykyrian pulsou fortemente. Sabia que Jayne podia ocupar-se de três naves sem problemas, mas seus scanners brilhavam quase brancos, pela quantidade de naves que perseguiam a ele. —Te renda! —grunhiu a voz de Aksel, pelo intercomunicador. Nykyrian reduziu sua velocidade. Isto era o que sempre tinha querido. Ser enterrado como um guerreiro. Morreria como um homem, em um breve estalo de luz. —Acredito que não. —Te excedemos em número. — disse Aksel— Tenho vinte naves atrás de você! Nykyrian soprou com amarga diversão. —Quer que aplauda suas habilidades matemáticas? Tem que me apanhar primeiro, e não te acredito capaz disso. —espetou Nykyrian, sabendo que Aksel romperia filas em seu esquadrão e o enfrentaria. —E você que fala de ser previsível. — sussurrou Nykyrian, quando a nave de Aksel rompeu sua formação e saiu atrás dele. Ele deu a volta a sua nave e se preparou para lutar. Kiara estava a salvo. Uma lucidez gelada, tranqüila desceu sobre ele. Aksel disparou primeiro. Nykyrian quase nem teve tempo para fugir da explosão de cores que passou por sua nave para a escuridão do espaço. Foram-lhe disparados três tiros mais em uma sucessão rápida. Nykyrian apertou o volante, o couro de suas luvas rangeu. Outras três naves estavam movendo-se. Tinha que destruir primeiro a Aksel. Só então, Kiara estaria a salvo. Tomando a iniciativa, Nykyrian disparou com seu canhão de íons. Em uma breve labareda de luz laranja, a nave de Aksel se desintegrou. Nykyrian respirou profundamente. O resto das naves o rodeou. ***** Kiara se moveu bruscamente no colo de Hauk. —Temos que retornar! —gritou ela, tremiam-lhe os membros de medo. —Minhas ordens são te levar a um lugar seguro! —reiterou ele pela quinta vez, e pela quinta vez, Kiara quis estrangulá-lo. —É que acaso não se importa? Deu um puxão ao acelerador com suas mãos, pôs a nave de lado antes de lhe

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responder. —Importa-me mais do que pode imaginar, mas fiz uma promessa, e prefiro me cortar as veias antes de rompê-la! —com outro puxão zangado, endireitou a nave. Kiara se reclinou, suas lágrimas ardiam sobre suas bochechas. —Ele está lá fora, sozinho. — sussurrou, sentindo-se um pouco doente do estômago. —Jayne vai retornar atrás dele. Estará bem. Kiara escutou a dúvida em suas palavras. Rezou tanto como pôde. Nykyrian tinha que retornar, tinha que fazê-lo. Finalmente piscou, um pouco aliviada quando avistaram Gouran. —Comandante Biardi? —perguntou Hauk. —Sim. —Kiara reconheceu a voz angustiada de seu pai. —Tenho a Kiara, mas necessito de um esquadrão de naves. Um de nossos pilotos está em perigo. Se lhe enviu as coordenadas, você nos ajudará? Um silêncio respondeu sua demanda. A fúria de Kiara cresceu a alvocêras incontroláveis. —Papai, se me amar um pouco, fará o que te pede. —Muito bem. Ao uníssono, ambos soltaram um suspiro de alívio. Hauk programou a informação no computador. Enquanto se aproximavam da baía de Gouran, passaram ao lado de um esquadrão de naves enviado para ajudar a Nykyrian. Tiarun se encontrou com eles no hangar, depois que aterrissaram. Kiara se atirou em seus braços, agradecida pelo apoio, mas desejando que Nykyrian fora quem a sustentara. Hauk saltou de sua nave e se aproximou de seu pai, em firmes e predadoras pernadas. —Senhor, requeiro outra nave para me unir a suas tropas. Não tenho suficiente combustível para retornar na minha. Seu pai a olhou, apertando seus braços ao redor de seus ombros. Para seu alívio, ele assentiu. —Há três naves totalmente carregadas ao lado da sua. Hauk fez uma pequena reverência antes de afastar-se deles. —Hauk! —Kiara correu atrás dele. Ele se deteve e esperou até que ela se aproximou. A Kiara tremiam os lábios enquanto olhava fixamente seus olhos Andarion. Ela só queria uma coisa, só desejava uma coisa. —Me traga Nykyrian de volta. Ele olhou um ponto além de seu ombro, onde estava parado seu pai. Colocou a mão em seu bolso, tirou o anel de griata e o entregou. —Nykyrian queria que te desse isto. Kiara sorveu suas lágrimas enquanto olhava fixamente o belo anel de casamento que Hauk deixou cair em sua palma. —Ele também me pediu que te dissesse que te ama. Suas lágrimas estalaram com um soluço dilacerador. —Por favor, salve-o —suplicou ela, atirando seus braços ao redor do pescoço de Hauk— Ele tem que voltar para casa! Hauk assentiu, desembrulhou seus braços e separou na nave que estava mais perto. Kiara deslizou o anel frio em seu terceiro dedo, enquanto seus medos e preocupações a estrangulavam. O anel ficava perfeito, assim como o amor de Nykyrian. Voltou-se e se uniu ao seu pai, desejando ser uma criancinha de novo, para que ele pudesse fazê-la sentir melhor beijando sua ferida e abraçando-a. Mas para seu profundo pesar, esses dias, faziam parte do passado. —Me deixe te levar para casa. — sussurrou seu pai, envolvendo um braço sobre seus ombros.

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Kiara negou com a cabeça. —Tenho que saber o que está acontecendo. Me leve a torre de controle. Apesar de seu olhar cético, ele fez o que lhe pediu. Kiara se sentou em silêncio, escutando as vozes dos pilotos enquanto se encarregavam dos homens de Aksel. Rezou por um milagre. Hauk pensou que nunca chegaria a tempo para a batalha. E estranhamente, teve razão. Quando se encontrou com o esquadrão, a batalha tinha terminado. Seu coração pulsou fortemente quando inspecionou as naves, procurando Nykyrian. Ao tentar abrir seu canal para perguntar a Jayne pelo destino de Nykyrian, avistou ao Arcana. Quatro naves de Gourish rodeavam a nave destroçada. —Nykyrian? —seu coração se alojou dolorosamente em sua garganta. —…Bem… ferido… Franzindo o cenho, Hauk revisou o dano que tinha recebido a nave de Nykyrian. As faíscas estalavam, só para serem extintas pelo vazio do espaço. Pelo que podia ver, parecia que só um motor estava funcionando. Não tinha idéia de que Nykyrian pudesse aterrissar a nave nessas condições. —Necessita de uma viga de trator para te ajudar a aterrissar? —Não… nave… destrói… Hauk apenas se podia entender as palavras quebradas e alteradas. Soltou uma maldição feroz recordando que a nave não podia ser arrastada. Se o tentavam, ia se autodestruir. Uma das naves de Gourish quase impacta com a Arcana quando ficou ao seu lado. Hauk apertou os dentes. Nykyrian não ia ser capaz de retornar. Nykyrian permaneceu em silêncio. Seu sistema de comunicações não estava funcionando corretamente e só podia captar retalhos de conversações dos pilotos que o rodeavam. Não podia acreditar que ainda estivesse vivo. Depois que tinha assassinado a Aksel, o resto de seus homens tinham feito uma dúzia de buracos em sua nave. Uma estranha catarse se formou em sua mente depois da batalha, e de algum jeito seus pecados do passado deixaram de incomodá-lo. Olhou fixamente seu painel de controle, o qual tinha uma luz acesa de advertência a bordo. Era um milagre que seus direcionais ainda funcionassem para voar. Pensou em Kiara e em seu bebê. Se pudesse ter um desejo, seria ver seu bebê nascido, e abraçar pela última vez a Kiara. Suspirou, formou um nó no peito. Desde o começo, tinha sabido que algumas coisas não eram suas para tê-las. O planeta apareceu ante ele. Passou a mão por seu braço ferido. O sangue molhava seu uniforme, mas já não lhe doía. Nykyrian olhou fixamente a Gouran, perguntando-se se Tiarun ordenaria que lhe disparassem antes que se aproximasse da baía. A maioria dos governos o faria. Era a prática normal para acautelar que danificassem suas valiosas baías. Nykyrian apoiou sua cabeça no assento. Suas orelhas reverberavam pela estática do rádio, mas ainda assim, pôde jurar que escutou o doce e tenro tom de voz de Kiara, gritando seu nome. Dispôs-se a entrar na baía, suas mãos automaticamente realizaram o procedimento de aterrissagem. Pressionou os interruptores e puxou os freios, mas não pôde reduzir a velocidade da nave. Um frio o invadiu enquanto entrava no hangar a toda velocidade. Em um último esforço para salvar sua vida, puxou o interruptor de expulsão que estava sobre sua cabeça. A força de propulsão do assento o disparou para fora, mas não foi suficiente para evadir ao estabilizador traseiro. O impacto o enviou diretamente à escuridão. Kiara se levantou com um grito, sua mente era incapaz de acreditar no que tinham visto com seus próprios olhos. A nave de Nykyrian impactou e abriu um buraco através da parede exterior da baía. As ardentes chamas vermelhas e douradas lamberam a nave, ao longo do chão e das

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paredes da baía, enquanto as explosões joravam em todo o lugar. As unidades contra incêndios desceram para extinguir o fogo. —Sabia que devia ter detonado essa nave. — grunhiu seu pai ao lado dela. Horrorizada, Kiara o olhou boquiaberta e saiu correndo do quarto. Seus pés a levaram para o calor da baía enquanto se estremecia pelas emoções que a rasgavam. A chama abrasadora congestionou seu nariz com seu cheiro penetrante e lhe fez chorar os olhos. Tossiu, procurando entre os restos da nave com olhos desesperados. Havia pedaços da nave de Nykyrian espalhados por toda parte. Por um momento, pensou que desmaiaria. Não tinha ficado nada inteiro. Nada. Kiara se ajoelhou, agarrando-se a borda da parede até que adormeceu a mão. A dor atormentou sua alma e quis morrer. Isto não podia ser real. Não se supunha que devia acabar dessa maneira! Seu olhar fluvocêou sobre os pedaços pulverizados, os restos acesos, as chamas, debaixo da baía até a abervocêra. Kiara piscou. Não podia ser. Suas esperanças renasceram quando viu Nykyrian jazendo na abervocêra da baía. Estava vivo! Tirou forças de uma fonte desconhecida, correu para ele. —Oh, Deus! —ofegou, enquanto se detinha sobre seu corpo. Kiara ficou de joelhos ao seu lado, temerosa de tocá-lo. Ele jazia sobre suas costas, absolutamente quieto. Seu capacete estava quebrado e amassado. Kiara estendeu uma mão tremente para tocar a ferida que tinha aberta em seu flanco. O peito de Nykyrian não parecia estar movendo-se absolutamente. Havia tanto sangue. Seus lábios tremeram quando caiu presa do pânico. Hauk se ajoelhou no lado oposto. Não a olhou enquanto desabotoava as fileiras que asseguravam o capacete de Nykyrian ao seu uniforme. Quando o tirou, seu mundo cambaleou. —Não! —gritou, ao observar a tinvocêra azulada da pele de Nykyrian. Agarrou sua mão fria que de algum modo se libertou de sua luva, a levou até seu peito e limpou o sangue de sua bochecha gelada. Uma unidade médica os rodeou, forçando Kiara a afastar-se. Tonta, cambaleou-se, sua mente estava muito curvada pelo pesar e pela dor para pensar. Hauk começou a gritar, mas suas palavras eram inteligíveis para ela, como se nada a afetasse. Uma névoa nublou sua visão, seus ouvidos, e por um momento, perguntou-se se essa sensação era o mesmo que morrer. De repente, seu pai estava ali, abraçando-a. Por alguma razão, suas lágrimas se detiveram e uma estranha lucidez invadiu a seu pesar enquanto olhava aos médicos rasgando o uniforme de Nykyrian e lhe conectando uma série de máquinas. Era como olhar aos atores em uma obra representando um libreto6 do qual ela não conhecia o final. Nada do que acontecia lhe parecia real. Kiara olhou a seu pai. —Deve chamar aos seus pais e lhes informar. — disse, em uma voz apagada— Ao imperador Aros e à Princesa Cairistiona. Por favor, diga-os... Eu... eu não acredito que possa. Pela expressão do rosto de seu pai, Kiara se deu conta de que ele pensava que ela estava louca. Possivelmente sim o estava. —Por favor, chame-os. —disse novamente— Tenho que ir com ele. —com o coração quebrado em pequenos pedaços, Kiara entrou na unidade médica e os acompanhou ao hospital.

6

Obra dramática escrita para uma obra de teatro musical, como a ópera ou a zarzuela.

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Capítulo 16 Kiara estava sentada na sala de espera do hospital olhando fixamente para o exterior da janela. Nykyrian tinha estado em cirurgia quase seis horas, e enquanto cada segundo passava, sentia que suas esperanças diminuíam. Thia jazia dormida em seu colo, as lágrimas ainda banhavam suas pestanas fechadas. Falar com a pequena menina sobre a morte de sua mãe e do pai que tinha visto uma só vez, tinha sido uma das coisas mais difíceis que Kiara fez em sua vida. Suspirou, jogando um olhar ao redor do quarto. Jayne estava sentada frente a ela, junto com Caillen e Darling. Hauk caminhava de um lado ao outro pelo corredor, sem dizer nada. Os pais de Nykyrian estavam reunidos com seu pai no outro extremo do quarto. Eles eram um grupo sombrio e Kiara não imaginava o que Nykyrian diria se pudesse vê-los. Levantou sua mão esquerda ante ela, deixando que os raios de sol do amanhecer brincassem através das pedras vermelhas de griata. Daria tudo o que possuía e tudo o que aspirava na vida se pudesse recuperar a Nykyrian. Nem sequer lhe importava que estivesse aleijado, enquanto o tivesse a ele. Kiara soltou uma respiração tremente. Sustentou a Thia como se ela fora um bálsamo contra seu pesar, e afastou os cachos loiros de suas bochechas pequenas e gordinhas. As portas se abriram ao extremo da sala de espera. Levantou o olhar esperando ver o doutor, mas se surpreendeu quando viu Rachol entrando na sala de espera com uma bela mulher ruiva. Caillen se levantou e deteve a ruiva antes que ela pudesse identificá-la. Rachol veio diretamente para Kiara e se ajoelhou aos seus pés. —Como está? —perguntou, com a preocupação gravada em seu rosto enquanto lhe dava um apertão consolador em sua mão. —Não muito bem. — respondeu ela, enquanto as lágrimas se derramavam por suas bochechas. Os lábios de Rachol tremeram. —Sinto muito. Eu devia ter estado ali. Eu puderia havê-lo detido. Kiara lhe tocou a bochecha com uma terna carícia. Sabia que a Rachol doía tanto como a ela. —Você o conhece bem, Rachol. Nykyrian é muito teimoso para te haver escutado. Tenho o pressentimento de que se tivesse estado ali, agora estaria na sala de operações ao seu lado. Rachol assentiu, seus lábios desenharam uma linha tema. —Suponho que tem razão. A ruiva se aproximou com vacilação. —Rachol. — disse ela em um suave e musical acento— Eu não gosto muito de hospitais. Vai estar bem? Rachol levantou o olhar para ela, com seus olhos escuros cheios de dor. —Claro. — disse, e tomou assento ao lado de Kiara. A ruiva assentiu com a cabeça. —Retornarei em um momento para te dar uma olhada. Se necessitar de mim, estarei em meu apartamento. Kiara seguiu o caminhar elegante da mulher com os olhos. O movimento da ruiva recordou a uma bailarina.

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—Quem é ela? —perguntou ao Rachol. Ele suspirou. —Shahara Dagan. Kiara abriu os olhos como pratos. —A assassina que ia matar a ti e a Nykyrian? Ele assentiu com um suspiro de cansaço. —É uma longa história. — replicou e apoiou a cabeça contra a parede. Foram forçados a esperar uma hora mais até que finalmente um doutor saiu. Deteve-se diante de Hauk e este assinalou a Kiara. Kiara olhou a aproximação do doutor para ela, com uma fria apreensão, seu coração pulsava de medo pelo que lhe pudesse dizer. Rachol lhe sustentou a mão. —Senhora Quiakides? Kiara assentiu com a cabeça, incapaz de falar, com o nó que bloqueava sua garganta. —Ele saiu que cirurgia, mas ainda falta muitíssimo para que se recupere. Sofreu muitos danos. — seus olhos cheios de piedade a rasgaram—. Com toda honestidade, não sei como sobreviveu até agora. Nunca vi alguém que tenha sobrevivido a uma cirurgia com todas as lesões que ele tem. Com cada palavra, a garganta de Kiara se apertava um pouco mais. —Se você prefere, pode ficar em seu quarto. — disse ele doutor quase em um sussurro— Poderia aumentar sua oportunidade de sobreviver, se alguém próximo ficar com ele. —Ele pode me escutar? —perguntou ela, com a voz quebrada. —Duvido que possa entendê-la, mas saberá que você está ali. Jayne tomou Thia de seus braços. —A levarei para casa para que fique com meus filhos. Quando ele estiver melhor, voltarei a trazer. Kiara lhe ofereceu um sorriso inseguro, agradecida por sua bondade. —Irei com você. —disse Rachol ao seu lado. Dando-lhe tapinhas à mão de Rachol, Kiara se levantou e seguiu o doutor, com Rachol ao seu lado. Hauk informou as palavras do doutor ao resto do grupo em espera. O doutor abriu a porta do quarto de Nykyrian. Kiara teve vontades de gritar, só sua garganta apertada e ressecada impediu que algum som saísse de seus lábios. Nykyrian jazia na cama com uma série de fios e vocêbos conectados ao seu corpo em várias máquinas. Viase tão pálido. Kiara tremeu, as lágrimas correram por suas bochechas. —Tivemos que voltar a conectar todo seu sistema nervoso. — disse o doutor, enquanto retirava uma cadeira para ela— Há uma grande oportunidade de que ele esteja paralisado se acordar —o doutor clareou a garganta— Se o fizer com o passar do dia, terá grandes oportunidades de recuperação. Rachol saiu. Ao escutar que a porta se fechava atrás deles, Kiara caminhou até a cama. —Nykyrian. — sussurrou, suas lágrimas derramavam por suas bochechas, gotejando sobre o braço dele— Não me deixe. —Tocou o ponto no qual, suas lágrimas tinham caído sobre sua pele gelada—. Não te perdoarei se me deixa sozinha. Olhou fixamente seu rosto bonito, que estava inchado e vermelho onde haviam tornado a juntar a pele de suas feridas. Com muito cuidado, passou os dedos sobre suas sobrancelhas finamente arqueadas, desejando que ele abrisse os olhos e a olhasse. Nesse momento, inclusive agradeceria um de seus ferozes grunhidos. A porta se abriu e Rachol e Hauk entraram. A contra gosto, Kiara soltou a mão de Nykyrian, sentou-se na cadeira ao lado da cama e rezou para que se recuperasse. A semana passou muito lentamente enquanto Kiara esperava por um sinal de

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recuperação. Todos tinham insistido várias vezes, que saísse um momento do quarto e que dormisse em uma cama decente, ou comesse uma comida quente, mas ela não queria, não podia fazê-lo. Ao oitavo dia, dormitava inccômoda em sua cadeira. Um gemido suave a despertou. Kiara se levantou de um salto, com seu coração golpeando. Examinou a Nykyrian, quem a olhava fixamente com os olhos abertos. Chorando de alegria, correu para ele. —Nykyrian! —soluçou, lágrimas de alívio se derramaram por suas bochechas— Como se sente? Ele tragou saliva e tentou clarear sua garganta. —Como se tivesse lutado e perdido com a besta de Tourah. — disse com voz áspera. Tentou lhe sorrir, mas não pôde fazê-lo realmente. A Kiara não importou. Nesse momento, pensou que podia voar. Mordendo o lábio, olhou fixamente os belos olhos verdes que tinha temido que ele nunca voltaria a abrir. —Chamarei o doutor. — disse ela, apertou-lhe a mão antes de sair correndo do quarto. Uma vez fora, contou as notícias apressadamente aos seus amigos e familiares, e saiu em busca do doutor o mais rápido que pôde. Retornou ao seu marido. Seus pais o rodearam com bons desejos e amor. O calor a percorreu ante essa visão. O doutor lhes exigiu que saíssem. Com um último sorriso a Nykyrian, Kiara saiu com seus pais do quarto. Todos conversavam envocêsiasmadamente, enquanto esperavam escutar o último veredicto do doutor. Kiara mordeu as unhas, rezando. Uma hora depois, o doutor saiu do quarto com um amplo sorriso desenhado no rosto. Seu coração pulsou esperançado. —Ele se recuperará. — disse o doutor, ao deter-se diante dela— De fato, deve poder caminhar normalmente, depois de algumas sessões de terapia. É um homem muito aforvocênado. Não, pensou Kiara, eu sou uma mulher aforvocênada. Estava tão debilitada pelo alívio, que seu pai a tomou nos braços e a abraçou fortemente. Havia um Deus e a amava! Sorrindo, Kiara agarrou a mão de Cairistiona e a apertou. ***** Kiara observava Nykyrian lutando no chão com Thia, seu coração se iluminou pela forma em que Nykyrian «Ajudava» a Thia com sua tarefa. De algum modo, suas lições sempre terminavam em brincadeira. Ela sorriu, sabendo que ele era um bom pai e um marido maravilhoso. A brilhante luz do sol se verteu através das portas da biblioteca do palácio. Seis meses tinham passado desde que Nykyrian saiu do hospital, e durante esse tempo, tinham deixado a pequena casa ccômoda aninhada entre as estrelas e foram viver com o pai de Nykyrian, onde este exigiu para ela e Thia, a proteção contra os boowash, que queriam as machucar. Ambos sorriam enquanto rodavam pelo chão. Thia gritou, então saiu correndo para longe, e as lorinas a seguiram enquanto corria a toda velocidade para as escadas. Um amplo sorriso se desenhou nos lábios de Kiara, ao encontrar-se com o olhar de Nykyrian. —Lhe deve ter feito cócegas. Nykyrian riu. Ao tomar sua bengala, ficou de pé. Ainda caminhava com uma claudicação pronunciada, mas estava vivo e são. —Está contente de que Thia esteja conosco? —perguntou ele, enquanto a tomava

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em seus braços. Kiara grunhiu quando sua barriga arredondada se chocou com seu firme e musculoso peito. Ela levava duas semanas de atraso. —Neste momento, desejo que este sim nos una. As covinhas de Nykyrian cintilaram. Kiara as tocou, esperando que seu bebê também as herdasse. —Estou feliz de que Thia esteja aqui. Ontem me disse que queria um irmãozinho desta vez, para que a ajudasse a te vencer, e a uma irmãzinha na próxima vez, para ter com quem brincar de bonecas. Um canto de sua boca se levantou. —Estou desejoso de agradá-la. Uma calorosa felicidade consumiu a Kiara. —Eu também o estou. Enquanto não tenha que criá-los sem sua ajuda. Seus braços se apertaram ao redor dela. —Estou aposentado. Jurei que nunca voltarei a tomar outra missão. Kiara o olhou fixamente, duvidando de suas palavras. —Nem sequer se vier Rachol e lhe pedir isso? Ele a beijou ligeiramente nos lábios. —Te amo. — sussurrou. A Kiara estancou a respiração na garganta. Seus lábios tremiam enquanto finalmente lhe dizia as palavras, que tanto tinha querido escutar. —O que? —disse, desejando que as repetisse. —Te amo, mu shona, e nunca voltarei a te deixar. Kiara lhe sorriu, sabendo que desta vez, estariam juntos para sempre.

Fim Resenha Bibliográfica Nascida do fogo

Despertando de um sono induzido pelas drogas em uma fria cela, Kiara se encontra prisioneira dos desumanos saqueadores que ameaçam o reino planetário de seu pai. Um resgatador aparece milagrosamente, mas por trás de sua temível máscara está o belo rosto de um escuro vingador cujo contato furtivo faz com que até sua alma arda.

Nascido do desejo

Chamavam-lhe Némesis. Uma vez foi um assassino renegado, agora é um guerreiro que tem muitos inimigos, e jurou proteger ao inocente dos desumanos mercenários ao longo e ao largo das diversas galáxias. Assediado por ambos as partes, sabe que é um perigo para a bela mulher que salvou de uma morte segura. Mas a adorável Kiara desperta um faminto desejo em seu endurecido coração, lhe incitando a uma luta que poderia lhe devolver a honra e curar as feridas de um império sitiado... ou arrancar Kiara de seus braços para sempre...
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