Apenas Uma Noite escrita por bells

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Existe um lugar no mundo onde amar é proibido. Um lugar que pensei ser seguro, um lugar onde desde menina acreditei que todos me amassem. E se de repente tudo o que conhece é um cerco de mentiras? E se, num passe de mágica, as pessoas em que mais confia te jogam no inferno? O único consolo que lhe resta é saber que poderá se salvar com a lembrança de apenas uma noite... Classificação: +18 Categorias: Saga Crepúsculo Personagens: Bella Swan, Edward Cullen Gêneros: Drama Avisos: Incesto, Nudez, Sexo Capítulos: 2 (7.728 palavras) | Terminada: Sim Publicada: 22/12/2012 às 17:40 | Atualizada: 05/02/2013 às 12:18

Apenas Uma Noite Autor(es): bells

Sinopse Existe um lugar no mundo onde amar é proibido. Um lugar que pensei ser seguro, um lugar onde desde menina acreditei que todos me amassem. E se de repente tudo o que conhece é um cerco de mentiras? E se, num passe de mágica, as pessoas em que mais confia te jogam no inferno? O único consolo que lhe resta é saber que poderá se salvar com a lembrança de apenas uma noite...

Notas da história Personagens de Stephenie Meyer. SHORTFIC contedo 3 capítulos.

Índice (Cap. 1) Entrelaçados (Cap. 2) Sua Lembrança

(Cap. 1) Entrelaçados Sempre pensei que o fato de viver em uma cidade totalmente escondida do mundo fosse apenas um modo eficaz que meus antepassados encontraram para proteger nossa cultura e família dos avanços do mundo atual. Mamãe sempre explicara que seus avós eram rígidos demais com absolutamente tudo e prezavam, acima de qualquer coisa, a permanência da identidade de seu povo. Eram os últimos sobreviventes de um grupo de nômades Ingleses do século XVII e, ao se darem conta da rapidez com que evoluía o mundo, resolveram se esconder nos confins da Austrália para

preservar seus costumes singulares e por muitos repudiados. Mamãe sempre descrevera os costumes de sua família como singulares. Por muito tempo realmente não dei atenção a tal fato, porém quando fui crescendo e reparando nas coisas a minha volta realmente me dei conta de que singular era o termo correto. Durante toda minha infância fui uma menina feliz, porém com algumas privações... Algumas não, diversas. Mesmo vivendo em uma cidade onde noventa e cinco por cento dos habitantes são minha família, ainda assim sempre estive ciente de que as meninas da escola possuíam regalias que deveras desconheci. Celular? Shopping? Televisão? Computador? Internet? Para mim não passavam de palavras que com o passar do tempo tomaram cor e forma e levaram consigo minha curiosidade. Assim que comecei a me dar conta disso, fui retirada da escola por meus pais e junto a meus primos chegados passei a ser educada em casa, longe dos perigos da cidade vizinha. Eu podia correr... Brincar no quintal com meus primos, montar minha casinha de boneca, ouvir histórias de meu avô, passear com minhas tias e tios... Sempre fui uma menina muito querida, uma vez que sou a única garota da família. Meus antepassados quando chegaram aqui na Austrália trouxeram consigo os seguidores de sua cultura e eles passaram a ser os representantes vivos dos antepassados, ou seja, a família da minha mãe é a única que possui o sangue puro da cultura correndo em suas veias. Meus avós tiveram três filhos... Tio Joe, que já é casado e vive com os dois filhos bem perto, mamãe, que se casara com papai muito jovem e tivera apenas eu como filha e... Ele. Quando minha avó já passava dos quarenta e tinha mamãe com catorze anos e tio Joe com vinte, engravidara novamente dele... Tio Edward. O único membro da família que vivia longe de nós. O filho pródigo, o excomungado. Desde que nasci, pelo que escuto de meus primos, tio Edward me odeia. Nunca fiz nada a ele, mamãe sempre me disse que era mentira de todos, que tio Edward nunca me odiara, mas... No fundo eu sabia que era real. Ele brincava com meus primos, filhos de tio Joe; era atencioso e sorria demais com todos, menos comigo. Sempre falava bastante e era agradável... Menos quando eu estava perto. Para uma criança de seis anos isso é um choque. Durante meus primeiros seis anos de vida tio Edward me deixara de lado a todos os momentos, nem sequer me dirigia um olhar de bom dia ou me desejava feliz aniversário. Nada! Nunca sequer me dera um presente ou um beijo na testa como fazia com meus primos... Porque isso? Eu sou má? Porque comigo?

Às vezes sozinha encostada na janela de meu quarto lá encima eu parava e dedicava todo meu tempo assistindo tio Edward correr pela grama do quintal e jogar futebol com os meninos. Ele era tão... Bonito. Somente carregava dez anos a mais do que eu, sendo bem jovem, na época contando dezesseis anos. Sempre que mamãe lia histórias de princesa minha mente logo formava cenas de tio Edward no lugar dos príncipes... Loiro. Alto. Um pouco forte. Os olhos verdes e apaixonantes... Ela dizia: “Imagine um homem muito bonito, Bella, assim como seu tio Edward”. E realmente o era. Realmente era o único que poderia ser encaixado nas características narradas... Mas ele me odiava! Nunca me dirigira à palavra nem mesmo quando eu puxava assunto; até uma noite estranha... Uma noite enigmática. Mamãe colocara uma fita branca em meu cabelo escuro. Vestira-me totalmente de branco, desde a calcinha até os enfeites do vestido, que na verdade era muito simples, contando apenas com alguns lacinhos na barra. Era meu aniversário de sete anos, eu não desejava parecer uma nuvem branca, mas sim uma boneca... Porque branco? Porque não pude escolher minha roupa? Toda a família, toda a cidade, estava lá. O velho casarão de meus bisavôs, fundadores da cidade, estava lotado naquela noite. Espiei por todos os lados, encontrando rostos familiares enquanto mamãe e papai me levavam até o centro da sala pelas mãos. Papai parecia temeroso, mamãe muito orgulhosa... Então, assim que chegamos, papai se abaixou em minha frente e disse... – Não se preocupe Bella. É nossa tradição! Você deve ficar feliz em fazer parte dessa família tão unida e que manteve seus laços e cultura intactos ao decorrer do tempo. Um sorriso brotou em seu rosto. Cultura. Manter os laços... Não renunciar jamais a tradição. Cresci ouvindo que deveria dar a vida pela tradição da família. Que devo seguir tudo o que me impõe sem protestar. Do contrário serei expulsa da cidade e estarei morta para todos. Jogada a própria sorte em um mundo que desconheço... Devo seguir a tradição. É tudo o que importa. Meus pais me deixam e... Tio Edward está ao meu lado usando uma roupa preta. Preto... Caramba. Olho-o de baixo já que sou pequena. Aproxima-se com o rosto impassível e triste. Os punhos cerrados ao lado do corpo como se estivesse com raiva. Usa um terno todo escuro e parece... Um príncipe das trevas. Tem uma rosa branca enfiada no bolso de seu terno. Estamos sozinhos do centro da sala enorme, todos os outros presentes fazem um circulo ao nosso redor. Somos o meio do circulo, isolados e frente a frente. Uno minhas mãos

em frente ao corpo totalmente tremula. Sinto medo de tio Edward. Sinto medo do que está por vir, mesmo sem entender. É a tradição. Mordo os lábios. Ele para a dois passos de mim e ainda não me olha nos olhos... – Minha cara família... Estamos aqui essa noite para finalmente celebrarmos um acontecimento histórico de nossa cultura. Depois de uma geração, fomos presentados com uma linda garota para compor nossa linhagem, minha querida e amada neta Isabella – é meu avô quem fala. Olho para ele um segundo. Está falando para todos. Atrás dele está mamãe, usando um vestido preto, e seu velho tio Jordan usando um terno idêntico ao de Edward. Eles... Estão como eu e Edward! Por quê? – como acontece há anos em nossa família, selamos o destino de nossa amada criança em seu sétimo aniversário. O responsável por garantir sua transição de menina para mulher, aos dezesseis anos, como manda nossa tradição, é Edward, meu filho e seu tio mais novo. Do que eles estão falando? Transição... ? Que transição? Dezesseis anos? Mas eu só tenho sete! Olho para tio Edward... Ele nem sequer presta a atenção em mim, faz questão de ignorar-me. Meu avô continua falando, mas não presto atenção. Isso está me irritando! Pouco tempo depois diz algo que capto. – Minha filha Stacy – minha mãe, neste caso. Olho-a fixamente parada ao lado de seu tio – e o irmão mais novo de minha esposa demonstram que a tradição da filha mulher fora cumprida pela ultima vez antes de seu matrimonio. Portanto, ambos passarão adiante a responsabilidade de entregar nossa Isabella, em sua transição de menina para mulher, para Edward, como manda a tradição. O tio de minha mãe tira do dedo dela um anel vermelho que sempre achei maravilhoso, porém nunca pode sair de seu dedo quando pedi para ver. Mamãe disse que, segundo a tradição, ele seria meu um dia. O tio de minha mãe anda até tio Edward e passa para ele o anel, quero dizer, um novo anel que caiba em meu dedo. O mesmo reluz na luz forte. Tio Edward o pega sem dizer nada e, em um movimento rápido, se abaixa e toma minha mão entre a sua. Minha mão é minúscula perto da sua, gigante e forte. Ele faz algo para que o anel se encaixe em meu dedo anelar e o desliza ali, como uma aliança. Finalmente, depois de sete anos, meu tio me olha nos olhos. Aquele olhar doce, mas que trás consigo certo ódio... Um dia o ouvi dizer que odeia a tradição. E... Pelo que vejo, estamos unidos na tradição. Foi à única coisa que compreendi entre isso tudo. Tio Edward tem que fazer algo comigo quando eu tiver dezesseis anos.

– Prometo garantir a continuidade da tradição. Prometo que te farei mudar na data em que a tradição requisita. Em nome de nossos antepassados – então se inclina e me beija na testa rapidamente. Acabou. Simplesmente ficou de pé e se foi para longe de mim, mesmo sob os olhares de todos. Meu avô, seu pai, chamou seu nome bem alto, porém tio Edward ignorou com um levantar de mão. Seguiu para fora do casarão em passos largos e impassíveis. Senti-me absurdamente estranha inicialmente... Tinha tantas perguntas! Porém ninguém ali tinha cara de que seria meu esclarecedor, por isso segui calada e praticamente esqueci o assunto depois que minha festa de verdade começou. Pude tirar o vestido e colocar um que eu gostasse. Pude voltar a brincar e ser uma criança como as outras... Porém não vi mais tio Edward. Mesmo ligados pela tradição, ele ainda me odeia. Durante a noite, quando todos retornaram para suas casas e foram se deitar, descobri que meu tio enigmático estava hospedado em minha casa, já que por ter ido embora sem falar nada meu avô o castigara com o silencio. Ele estava na varanda sentado de frente para o jardim... A noite está quente e bonita, as estrelas brilham no céu da primavera. Olhando-o de cima como sempre fiz, de minha janela, saio de meu quarto e desço as escadas em silencio indo na direção dele. Essa é, talvez, a primeira chance que tenho de confrontá-lo sozinha. Nunca fiquei verdadeiramente sozinha com ele... Meus passos fazem barulho quando piso no assoalho velho da varanda. Rapidamente ele espia por cima dos ombros e me vê indo em sua direção. Detenho-me quando nos encaramos, porém tão pouco dura muito. Edward volta a olhar para frente e me deixa sozinha mais uma vez, ignorada. Enchome de coragem e caminho até seu lado, me sentando no mesmo degrau que ele, bem perto. O silencio ainda domina e sei que devo começar a falar... Do contrário nada fará muito sentido. – Porque você não me deu os parabéns? - quase perco as esperanças, uma vez que ele nada diz – porque você nunca me dá os parabéns? – Isso é hora de meninas como você estarem na cama, Isabella, não importunando aos mais velhos – sua voz é baixa e calma. Não me olha. –Eu nunca te fiz nada... Sou boazinha. E, além disso, você nem é tão velho

assim... Mamãe diz que poderia ser meu irmão – um sorriso corta o rosto bonito de tio Edward... Deus. Eu nunca o vi sorrindo assim para mim! – Sua mãe e os demais são malucos. Completamente alienados... Nenhum deles tem o direito de dizer qualquer coisa para você, porém estão loucos demais pela maldita tradição – não entendo verdadeiramente sobre o que fala, mas escuto – não os culpo, apesar de tudo. Faz parte da cultura... – Não acho que sejam loucos. Gosto deles... Eles gostam de mim também – então me olha. Ainda está vestido seu terno negro. A coisa que mais se sobressai nele são os olhos verdes, contrastando com o tom absolutamente pálido de sua pele branca. O jeito como me olha me põe temerosa... Estremeço em antecipação. Porque tio Edward sempre quer me intimidar? Porque nunca sinto medo dele como deveria? – Está errada. Aqueles que tanto venera não gostam de você. Se gostassem não estariam te colocando em uma bandeja de prata e... – detêm-se quando nota que o encaro sem entender. Suspira e passa a mão no cabelo acobreado – eles são maus. – Nunca me fizeram nada... – sussurro, envergonhada. Mas é a realidade! Seria injusto dizer que todos são maus, uma vez que sempre fui feliz com eles. – Ainda. Volta a olhar para frente com interesse em algo que não está visível para mim. Abaixo a cabeça totalmente tímida e fico calada, sem saber o que dizer. Ele não está me desprezando agora... Mas sempre foi mau comigo. Tio Edward sim pode ser chamado de mau. – Você é muito bonita. Ergo os olhos um pouco surpresa por sua fala. Nunca fizera elogios a mim antes, ao contrário. Sempre falava sobre a inteligência de meus primos, ressaltava a todos, menos a mim. Muito menos minha... Beleza. Muitos dizem que sou uma bela criança, mas o modo como ele falou foi... Diferente. Eu nem sabia que tio Edward passava tempo suficiente reparando em mim para

enaltecer minha beleza. Fico de pé em postura decidida. Minha calça rosa do pijama infantil suja a barra no chão, porém não me importo. Paro de frente a ele de modo que não possa fugir de meu olhar. – Porque você não gosta de mim? Nada diz. Somente me olha fixamente. Sou uma criança... Todos gostam de mim... Porque ele não? – Quem te disse isso? Sua voz é dura e ressentida. Está querendo me passar para trás, mas não sou besta. Sou pequena, não idiota. Continuo do mesmo jeito. – Agora tem a audácia de dizer que estou enganada? – entorta a sobrancelha diante de minhas palavras. Endireita-se, cresce para cima de mim. – Tenho a audácia de dizer que nunca disse que te odiava. Nunca disse também que gostava. – Porque não gosta? – Porque não tenho coragem suficiente. Sua frase paira no ar. Não entendo, porém não sou capaz de perguntar. Algo me diz que será além do que posso compreender sendo tão pequena. É melhor esperar para saber a resposta, concluo. Volto a me sentar ao seu lado, ele nada faz... Olha para o céu bonito. – Gosta das estrelas? – questiona. – Prefiro a lua. Sorri de canto de modo encantador. Perto dele, o príncipe das histórias, nem o

céu pode ser mais bonito. Porque tio Edward é tão bonito assim? Porque gosto de olhar para ele? – Sabe o que eu deveria fazer? Pegar você e levar para longe, muito longe, onde nenhum desses malucos pudesse te fazer mal. – Mas eles não são malucos! – Um dia vai se lembrar dessa noite e ver como tenho razão – fica de pé diante de mim e estica a mão em minha direção – agora venha. Vou te colocar na cama, local onde deveria estar desde as nove. Estico a mão para ele sem hesitar. Sempre desejei uma migalha do carinho de tio Edward. Sempre quis ser paparicada por ele como meus primos. Passei a vida toda desejando ser sua querida, mas sempre recebi ódio. Pela primeira vez está sendo bondoso e devo aproveitar. Não me movo quando fico de pé. Ele me encara perplexo ao notar que quero ser carregada. Não hesita também. Abaixa e me pega no colo sem dificuldades, carregando-me escada acima. Durante todo o percurso olho seu rosto bonito de perto, o mais próximo que cheguei dele. Rapidamente alcançamos o quarto. Ele abre a porta sem muito esforço e me deposita sobre a cama desarrumada. – Deite-se. Ordena. Deito-me ainda olhando para ele, que espera eu me ajeitar para cobrir meu corpo com a coberta. Assim que o fez, para ao lado de minha cama e fica olhando... Não sei o que dizer. – Você me odeia por causa da tradição não é? – sussurro baixinho. – Nunca odiei você. Odeio a tradição – toca a ponta de meu nariz com o dedo indicador. Sorrio. – O que a tradição quer de nós dois? – Quando chegar a hora você irá descobrir, bonita – abaixa-se. Entro em

choque quando me dá um beijo na testa novamente. Isso é tão estranho! – Boa noite bonita. – Boa noite tio Edward. Então ele sai... E depois disso nunca mais o vi. Nove Anos Depois... Ele dissera que chegaria o dia em que eu me lembraria daquela nossa conversa e reconsideraria... Edward tentara me alertar sobre os perigos, porém tão pouco o escutei. Tão pouco entendi... O sacrifício pelo qual todos se referiam era demasiado para suportar. Depois de tantos anos entendi que ele não me odiava, tio Edward apenas queria me proteger. Odeio a tradição que me afastara de todos os meninos que gostei. Odeio a tradição que me reprimira, que me tornara uma escrava de suas vontades. Odeio os antepassados que trouxeram para nosso povo os costumes primitivos dos quais estavam adaptados. Odeio fazer parte desta família, todos são loucos e escravos de seu próprio devaneio... Todos estão cegos pela lavagem cerebral que os mais velhos exercem sobre os mais novos. E o pior é que ninguém pode me salvar disso... Ninguém. Sou como um objeto chave para um ritual sádico. Porque vão me fazer sofrer assim em nome de uma tradição? A única pessoa que pode me salvar está longe, muito longe. Fugir? Inviável! Essa cidadezinha macabra e escondida nos confins da terra é a única coisa que conheço. Fora de suas fronteiras eu viraria coisa pior do que um objeto de ritual, sendo meus valores distintos e minha cultura totalmente diferente dos demais. Como viver em um mundo que nunca conheci totalmente desamparada? Tio Edward... Ele sim teve coragem de se aventurar, mas pode contar com sua parte da fortuna para isso. Porque não me levou junto? – Sabe o que eu deveria fazer? Pegar você e levar para longe, muito longe, onde nenhum desses malucos pudesse te fazer mal.

Dissera um dia e jamais irei esquecer. Ele queria ter me levado, mas não teve coragem... – Se Edward não chegar a dois minutos teremos de fazer uma substituição. Minha mãe não fala comigo, mas sim com meu avô. Todos estão aqui como manda à tradição, me entregando em uma bandeja de prata. É minha ultima noite com dezesseis anos, por isso tio Edward deve aparecer e cumprir seu compromisso para com a família. Caso contrário perderá seus direitos a fortuna. Caso contrário será excomungado realmente da família e perderá a todos, será um homem totalmente sozinho e impuro aos olhos de todos. Ele jurou diante de todos em meu aniversário de sete anos, ele tem um compromisso com nós... Não pode faltar. Sei que se não for ele será meu tio Joe. É o que mais temo. É o que me faz sentir mais ódio. Como pude ser tão enganada durante todo esse tempo? Como poder aceitar algo assim? A revolta me domina, ensaio jeitos para fugir quando ele aparece diante de todos naquela sala grande e iluminada pelo fogo calmo da lareira. Usa sua roupa preta de sempre, aquele terno bonito. Depois de tantos anos, nove na verdade, o vejo novamente. Está mais... Homem. Mais lindo do que nunca, bem mais forte e trás um olhar marcante que me busca a todo custo. Não me ignora. Encontra-me. Tio Edward... Fico de pé ali também, usando o vestido branco a qual fui designada. O alivio toma conta de todos ao redor. – Pensei que não fosse vir... – sussurra meu avô chegando perto de tio Edward, que se recusa a abraça-lo. – Tenho um compromisso, não tenho? O silêncio toma conta de todos. Ele me olha da cabeça aos pés... Somente me olha. Ninguém precisa nos apresentar. Apesar do tempo, sabemos muito bem quem somos. Do mesmo jeito como ele mudara, também mudei. Cresci, amadureci, virei mulher... Ou quase. Ainda falta tio Edward completar o ritual da filha mulher. De repente não odeio tanto a tradição.

– Edward... – diz minha mão tomando sua mão – obrigado. Ele recusa seu toque com nítido desprezo. – Vou subir. Levem-na quando estiver pronta – todos assentem a suas palavras e ele sobe pelas escadas de vidro. Desaparece novamente diante minha visão. Estou sem palavras... Sem saber o que pensar! – Vamos. Você precisa se aprontar! – minha avó, minha mãe e minha tia me levam dali para um lugar onde devo me arrumar para ele. Deixo que façam o que precisam comigo, uma vez que minha mente martela em direção a uma única certeza: essa noite terei que me deitar com meu tio Edward por um... Ritual tradicional. Caminho pelo corredor de pedra sendo guiada pelos braços. De um lado minha mãe, do outro seu tio. Ambos no passado viveram o mesmo momento que vivo com tio Edward agora... Céus. Não posso pensar nisso. Não consigo ver minha mãe em dada situação! Fui obrigada a usar uma roupa de baixo branca e bonita, adornada e cheia de detalhes mínimos e perfeitos. Soltaram meu cabelo e me perfumaram... Colocaram em meu pescoço um colar tradicional, assim como aquele anel vermelho. Eu deveria estar com eles quando o momento chegasse. Estou coberta com um roupão branco de seda. Bateram na porta do quarto mais alto do casarão de meus avós. Dou-me conta que está chovendo apenas quando o silencio toma conta do lugar e tudo o que escuto são respingos de chuva e o barulho desenfreado de meu coração. Depois de tantos anos... Tio Edward! O mesmo abre a porta e nos encara sem surpresas. Não me olha nos olhos, apenas abre passagem para que eu entre. Está belo... Usa uma blusa preta sem mangas e calça de moletom escura. Sinto de longe seu cheiro másculo e forte. Dou um passo em sua direção. Minha mãe abre a boca para dizer algo, mas é tarde. Tio Edward me pegou pelo braço com rapidez e me puxou para dentro, batendo a porta na cara deles. Quando me dou conta estou em um quarto maravilhoso, branco, impecável. Possui uma janela enorme na qual posso ver a chuva e uma cama gigantesca com lençóis incrivelmente alvos. Inutilizados. Cheirando novo. Ele é o único ponto escuro em meio ao branco imaculado, incluindo a mim... Frente a frente e sozinhos pela primeira vez nos olhamos.

Mordo os lábios. Aguardo. O que esperar? – Você é muito bonita. Como suspeitei... Repete a frase que disse há nove anos. Mordo os lábios novamente e encaro-o com surpresa. Analisa-me dos pés a cabeça, tem os punhos cerrados ao lado do corpo. – Você também. Um sorriso irônico aparece em sua bela face. – Não se iluda... Apenas tire sua roupa. Notas finais do capítulo @izabellamb http://ask.fm/Bellanyah http://bellamancini.blogspot.com.br/

(Cap. 2) Sua Lembrança Como o mundo pode ser resumido em uma pequena frase?

Apenas tire sua roupa.

Estremeço. Sinto medo de repente. Lembro-me que apesar dele ser bonito e um sonho em forma de homem, é um completo estranho. É meu tio... Céus, isso é tão problemático! Isso vai contra as leis de... Quem sou para falar de Deus? Agarro-me mais as bordas de meu roupão de seda e estremeço dos

pés a cabeça quando ele se move. Não para perto de mim, mas para fechar a janela.

Não se preocupe... Será apenas uma noite.

Tentaram me consolar com isso quando minha avó me comunicara sobre a tradição. Sobre o que eu teria que vivenciar ao lado de tio Edward. Apenas uma noite. Mordo os lábios diante da ameaça evidente, porém algo me deixa esperançosa. Sei que ele não está feliz... Vejo em seus olhos a luta interna que trava contra si mesmo.

– Você não quer isso, quer? – sussurro. Minha voz sai entrecortada e baixa, quase imperceptível.

– Te desvirginar?

Não me olha quando diz. Está de costas para mim tratando de fechar bem as janelas, tratando de deixar tudo pronto. Ainda posso ouvir a chuva em contraste a minha respiração. Anda até a porta e passa a chave nela e ainda por cima o trinco. Estou isolada com ele aqui, a merecer de sua vontade. Tio Edward... Por quanto tempo te esperei? Sei que não vai me salvar mesmo que queira. Eu sei que quer... Sei que vai seguir a tradição, afinal, não seria nem louco de perder a todos.

– Não seria louco de te deixar viver isso nas mãos de outro.

Suas palavras me baqueiam. Pisco algumas vezes diante de sua afirmação. Parece sincero apesar de não me encarar. Está de costas para mim quando tira a blusa por cima da cabeça e a joga em um canto qualquer. Vejo os músculos de suas costas, o quão forte é... Suspiro. Tão... Atraente. Bonito. Agradável... Por um minuto imagino como deve ser estar envolvida por aqueles braços, como deve ser sentir seu corpo tão próximo e...

– Porque não tirou a roupa ainda?

Finalmente me olha e agora está sem camisa. Coro.

– Se não fosse com você seria com quem?

Ele ri diante de meu interrogatório. Sei que sou patética, por isso abaixo o olhar. Estou disfarçando meu nervosismo com palavras.

– É sempre com o tio mais jovem por parte de mãe. Se ele não existe, passa para o único tio por parte de mãe. Se o mesmo não existe vai para parte de pai. Se não há tios, o primo mais velho – parece estorvado em falar do assunto – agora, por favor, não me faça recordar a sujeita que é essa família. Por favor, seja compreensiva e vamos logo com isso.

Encaro-o. Sinto que a qualquer momento meu peito vai explodir em antecipação. Minha garganta seca arranha a cada vez que puxo o ar, mas nada disso me impede de seguir com isso. Temos que fazer, não temos? Este quartão não é todo branco à toa, é claro. Pela manhã eles irão querer o lençol com sangue para provar que perdi a virgindade, como manda a tradição, e se ali não houver qualquer mancha seremos obrigados a fazer novamente em frente a algum deles... Isso não. Isso é humilhação demais! Tem que ser rápido, como dissera tio Edward. Logo.

– Se você não tirar a roupa serei obrigado a tirá-la para você.

Lanço um olhar de desdém em sua direção e desamarro o roupão puxando sua fita de seda entre meus dedos. Rapidamente se abre, revelando as rendas bonitas do sutiã branco. Obviamente me sinto constrangida, mas o mistério que sempre envolver tio Edward e a mim me puxa... É como se eu

houvesse esperado a vida toda por esse momento. Mordo os lábios e aperto os olhos. A quem estou querendo enganar? Sempre fui apaixonada por uma lembrança. Sempre sonhei com tio Edward, sempre desejei estar com ele de uma maneira que jamais compreendi... Sou apaixonada por ele secretamente. Será isso obra da tradição? Será que depois desta noite essa fascinação que ele exerce sobre mim desde menina irá passar?

Não retiro o roupão de meus ombros. Estou perdida em meio a meu raciocínio e apenas desperto quando as mãos dele, fortes e macias, roçam meus ombros para livrar-me do que me cobre. Não me toca sobre a pele... Nem sequer rela em mim. Sinto as lágrimas ardendo nos olhos quando me dou conta de que se essa fascinação não passar serei obrigada a cometer um suicídio! Não posso viver apaixonada por ele! Tio Edward sente ódio por mim, nunca gostou de estar por perto. Deve estar sendo um martírio para ele ter que fazer amor comigo, o que diria se soubesse que sou louca por ele mesmo tendo ficado tanto tempo longe?

– Não se preocupe. É apenas uma noite.

Sua voz é calma e conformada. Está parado em frente a mim e não olha para meu corpo, mas sim nos meus olhos. Estar quase chorando não é algo muito positivo em dada situação. Devo ter plena consciência de que ele tão pouco tem culpa disso tudo. É tão vitima quanto eu. Seco uma lágrima quando desliza antes que tio Edward possa fazê-lo, e nossas mãos se encontram sobre meu rosto. Afasto a mão rapidamente e abaixo-a, cerrando os punhos ao lado do corpo da mesma maneira que ele faz. Seu suspiro é alto.

– Tudo bem. Eu vou te tocar o menos possível... Podemos fazer isso da maneira mais fria que se possa imaginar.

– Como assim? – perdida, dou um passo para trás.

– Não quero te tocar. Você também não quer isso.

– Quem te disse que não?

Confuso, me olha cheio de expectativas.

– Não seja infantil. Isso é ridículo – passa a mão pelo cabelo em sinal de nervosismo. Estamos brigando e estou de lingerie. Ele seminu. Céus! – vamos tornar isso mais fácil para você. Não precisa me beijar se não quiser e...

Tarde demais. Talvez fosse o movimento doce que seus lábios realizavam em movimentou ou a forma bonita como estava preocupado comigo. Ele me odeia sim, mas no fundo existe uma parte dele que quer me proteger. Lanço-me para frente antes que sua frase seja concluída e passo os braços ao redor de seu pescoço, colando meus lábios nos dele. Inicialmente não reage a nada, somente se deixa beijar. Meus lábios movem-se sobre os dele de maneira descoordenada, fora de sentido. Pressiono o corpo contra o dele brevemente, sem resposta. É como se tivesse uma estátua em meus braços. Uma estátua quente e acolhedora. Ele é tão... Alto. Tão... Forte. Tão... Cheiroso. Cheira maravilhosamente bem. Decido parar de beijar sozinha. Estou me arriscando em um mar sem fim, acabei de ter a certeza de que ele me odeia e não sente nada por mim.

Afasto-me, porém não o solto do abraço. Encaro seus olhos próximos dos meus, sua respiração roçando-me a face. Ele me encara com confusão, não com ódio ou raiva. Está assustado? Parece surpreso com minha atitude, por esse motivo nada diz... Não tenho coragem de me afastar. Algo dentro de mim sussurra para não soltá-lo.

– Por favor, tio Edward, não me odeie.

Sussurro. Edward aperta os olhos como se sentisse dor e abaixa o rosto. Aquilo me parte o coração... Porque tudo isso? Porque é tão difícil para ele me aceitar? Sinto sua mão forte finalmente reagindo, subindo por minha

cintura delicadamente, pousando no centro de minhas costas. Estremeço totalmente com esse simples gesto, desfalecendo contra seu corpo. A sensação de estar em seus braços é melhor do que imaginei.

– Não me chame nunca mais de tio Edward.

Engulo o choro que se forma em minha garganta. Sua voz é... Sensual. Aveludada. O que houve? Antes que possa pensar novamente, os lábios firmes e macios buscam os meus com sofreguidão. Agarro-me a seus ombros com força, de maneira nenhuma querendo me livrar de sua maravilhosa presença. Sei que esses beijos são a melhor coisa que já experimentei, mas ainda temo ser dele mais do que tudo. Temo o que está por vir... Não tenho certeza se estou pronta. Ele se afasta de repente. Abaixa o rosto e cobre seus lábios com uma das mãos, a outra fica apoiada na cintura. Não sei o que fazer... Estou perdida! Ouço sua voz abafada me dando um norte em meio a tudo.

– Deite na cama. Pode se cobrir se quiser.

Faço o que manda e no meio do caminho a luz se apaga totalmente, mergulhando o quarto em uma imensa escuridão. Ainda não me despi da roupa de baixo, mas tio Edward não disse nada sobre isso. Agarro-me a ponta do lençol com certa antecipação. Vamos lá. É apenas uma noite. Não me demoro muito na deterioração pessoal... Em segundos sinto o corpo dele deslizando para baixo das cobertas também. Não posso ver nada, porém sou capaz de senti-lo. Estremeço com a proximidade, porém não movo sequer um musculo para ficar longe. Delicadamente, como se fosse tão fácil, sua mão quente roça meu rosto, sobre meus lábios. Por um minuto desejo poder vê-lo... Tenho tantas coisas para dizer...

O lençol que cobre nossos corpos se enrola ao nosso redor e não demora nem um segundo para que seja atirado ao chão. Retiro coragem não sei de onde para erguer a mão e tocar o rosto dele também, porém assim que o faço sou presa contra o colchão. As mãos fortes pressionam as minhas, nossos dedos entrelaçados. Estremeço ao notar que ele está nu. A constatação me divide entre a vontade de gritar ou tocá-lo. Talvez eu deseje tocá-lo mais do que tudo, porém a coragem e a possibilidade não chegam até mim.

Delicadamente, deliberadamente, ele solta uma de minhas mãos e desce a palma por meu corpo acariciando minha cintura. Estremeço diante de seu toque experiente e doce... Aperto os olhos com o friccionar de nossas peles quentes. Nunca pensei que pudesse sentir esse tipo de coisa. Tão simplesmente.

Ergo a mão livre e puxo-o para um beijo. Hesitante, ele me evita, porém insisto. Roço os lábios nos dele com cuidado, porém nada de retribuição. Um gemido doloroso escapa de sua garganta antes de se abaixar e me deixar beijá-lo. Não nos lábios, mas posso acalentar seu rosto com minha boca. Roçar delicadamente seu queixo, sua bochecha, seu pescoço... Aperto as mãos em suas costas, ele se fricciona contra mim também. Agarro sua cintura com as pernas, pretendendo aproximá-lo mais, porém a única coisa que sinto é o toque acalentador de suas mãos nas laterais de minha calcinha. Movo-me em baixo dele, ajudando-o a remover a peça intima de meu corpo.

Não sei como acontecera, mas de repente anseio por isso mais do que tudo. De repente meu corpo queima e sei que não poderei parar antes de terminar o que começamos. Deito-me contra o colchão e me mantenho relaxada apesar de tensa. Minha respiração ofegante compete com meu coração no que diz respeito à intensidade. Ele se afasta de mim dois segundos e não sei o que está fazendo... Gostaria de poder vê-lo, mas a falta de luz me permite não sentir vergonha de estar quase totalmente nua. Exceto pelo sutiã.

Em segundos seu corpo está de volta, perto, presente. Pousa seus braços ao lado de meu corpo e me beija no rosto também, no pescoço. Sinto como se o tio Edward de antes, o que me odiava, tivesse desaparecido. Este é apaixonado, é o que sonhei durante todos esses anos. Deixo-me ser beijada no pescoço, nos ombros, me deixo levar pelas caricias que nos proporcionamos...

– Fique quieta.

Foi à única coisa que sussurrou antes de prender-me contra seu corpo e me penetrar delicadamente. Em surpresa, não pude evitar gemer alto e assustada. Uma dor aguda e seca se espalhou em minhas entranhas, porém logo fui capaz de me conter. Era suportável, mas talvez não fosse somente à

dor que me distraísse. Ele se movia contra mim e aquilo era bom... Sua pele colando a minha... Suas mãos fortes... Eu não podia vê-lo, mas imaginava perfeitamente meu tio Edward sorridente e bonito naquela noite na varanda, há tanto tempo. O fogo que crescia dentro de mim me levava a crer que explodiria. Uma sensação doce e crescente dançava em meu ventre, que empurrava contra Edward. Segurei seu rosto movida pela paixão do momento, puxei sua boca contra a minha e, pela primeira vez desde sempre, trocamos um beijo mutuamente apaixonado, cheio de significados e... Amor?

Se deixando beijar, me guia em direção ao inexplorado. Nunca imaginei que pudesse perder a cabeça dessa maneira nos braços de tio Edward. Sua boca cálida se parte sobre a minha e partilhamos gemidos doces e doloridos. Suas mãos me acalentam, me acariciam, dançam por meus braços, movem-se delicadamente em minha cintura... Eu o aperto contra mim bem próximo. Pouso os lábios nos dele e não o liberto, apenas quando sinto aquele fogo derretendo dentro de mim e sendo expulso.

Os braços dele sumiram de perto. Seu corpo também saiu de cima do meu e gemi baixo ao senti-lo saindo de dentro de mim. Agora noto como estou ardendo, mas nada disso faz sentido. Deito-me contra o travesseiro e deixou meu corpo totalmente amolecido e maravilhado repousar contra o lençol aquecido. Aperto os olhos e tento normalizar minha respiração... Isso foi tão... Se eu soubesse que seria assim, não teria temido esse momento um só segundo. Sinto um par de mãos roçando meu rosto tranquilo. Mãos macias e grandes... Agradáveis. Murmuro algo incompreensível sob o afago quente que me proporciona, principalmente quando os lábios são colocados no lugar das mãos.

Edward me beija com devoção e cuidado sobre os lábios. Nossas línguas se movem juntas, se encontram, isso é mágico para mim... Senti-lo... Tão intimamente... É o paraíso. Abraço-o perto, não quero me afastar um só segundo dele.

– Você está bem?

Sua voz não é ressentida quando ecoa pelo quarto. É tranquila e um pouco surpresa. Posso imaginar como deve estar sua cabeça agora... Deve ter pensado que tudo iria dar errado, que eu seria contrária a ele... Mas não. O que senti e como reagi surpreendeu a nós dois. Acaricio sobre seu rosto delicadamente, percorrendo os dedos pela pele levemente áspera de seu maxilar. Mesmo sem barba ali é rustico e masculino... Deixa-me louca apenas com a possibilidade de sentir aquela região roçando em minha pele.

– Eu te amo.

Ele para um pouco, já está novamente sobre mim. Uma de suas mãos acaricia meu cabelo delicadamente, sua boca está a centímetros da minha... Não sei mais o que dizer. Toco seu rosto e seus olhos estão fechados com força.

– Eu também... Desde que você era menina... Somente agora você foi perceber?

Paraliso, entregando meu corpo estático a ele. Meus olhos estão cheios de lágrimas, mas não sei o que pensar sobre suas palavras... Delicadamente Edward abaixa as alças de meu sutiã, a única peça sobre meu corpo, e puxa para baixo o bojo, revelando meus seios para ele. Com sutileza toca com a língua a ponta de meus mamilos e usa os lábios para me levar a loucura. Aperto sua cabeça contra meu peito enquanto penso em tudo... Em nós durante os anos...

Seu olhar de ódio agora é de pura paixão. Suas palavras ríspidas agora são banhadas de puro carinho. Seu toque não existia, agora é vivido demais. Sua raiva era paixão. Era preocupação... Ele não me queria ver sofrer. Ele achava que tudo isso iria me matar de tristeza, mas... Agora sabe que não. Agora sabe que sempre o esperei...

Durante todos esses anos Edward nunca me odiou. Tio Edward sempre me amara.

~~ ~~

Naquela manhã quando todos nos reunimos à mesa os olhos dele não deixaram os meus. Talvez ninguém houvesse percebido, porém a bagagem de lembranças me obrigava a notar. A olhar de volta. Um olhar de promessas. Um olhar que sempre desejei receber por parte dele. Delicadamente ergui a xicara olhando em sua direção, um gesto simples, mas que fez todo sentido. O sorriso que recebi compensara o fato, mas os olhos minuciosos de meu avô captaram o gesto e a intenção por trás daquilo... Segundas intenções.

Entre nós deveria ser apenas uma noite.

~~ ~~

Ele fora embora naquele verão, praticamente expulso após acatar sua obrigação comigo. O afastaram da família porque sabiam do risco que corria, sabiam que se ficássemos mais tempo juntos o sentimento mutuo entre nós somente aumentaria. Nunca apaguei da mente o momento em que ele se foi... Aquele momento doce e necessário. Edward não se despedira. Edward somente me deixara o número de uma caixa postal sob meu travesseiro... A caixa postal que meus avós usavam para se comunicar com ele no mundo externo a família. Se ele não relutara, porque ei de fazê-lo? Se ele realmente me amasse, deveria ter ficado e lutado por meu amor... Não deveria?

Talvez devesse ser assim. Eu já tinha a lembrança naquela única noite. A mesma me bastaria? O pior de tudo estava por vir... Eu teria de me casar!

Mas havia um problema... O amor não morrera. Ele crescia dentro de meu coração a cada minuto. Dentro de meu ventre a cada dia. Exatamente. Isso aconteceu antes? Todos se olharam entre si quando descobriram a novidade. Todos me encaravam assustados, atônitos diante da eminente quebra de tradições. Somente me sentei na varanda com a mão sobre o ventre esperando o tempo passar... Esperando uma decisão que não era minha. Presa no meu próprio mundo. Um mundo cruel. Um mundo no qual não quero fazer meu filho viver. Escrevi uma carta... Quis enviá-la. Não tive permissão. Ele não deve saber. Por quê?

Conforme a barriga adquiria forma, meus pensávamos clamavam por ele. Será que iriam me matar? Será que me tomariam a criança? Será que matariam minha criança depois do nascimento? Eram perguntas sem resposta, mas através dos olhos de minha avó, que cobria meu ventre dilatado com as mãos e sorria, pude supor que me deixariam em paz. Supor que isso era bom. E me apeguei a ele. Aquela criança que tomava conta de meu ser. Podia visualizá-lo brincando entre as flores, engatinhando com sua pele alva e os olhos claros brilhando contra o sol. Era um filho do meu amado tio Edward... E isso me fazia feliz. Pensei que tudo seria diferente dali para frente. Pensei que me deixariam em paz. Deixaram-me sozinha e tranquila durante o tempo em que julgaram preciso, durante o tempo em que confabularam o que fazer com essa quebra de tradição que crescia de baixo de minha pele. E fiquei absorta do mundo, subjugada por uma saudade dilacerante.

Até que me reportaram a novidade... Meu amado tio Edward nunca mais iria voltar. O bebê estava salvo.

Equilibrada, desequilibrada, doente, machucada... Estava nublado quando senti uma dor horrível me subindo pelo corpo todo. Arrastei-me até em casa sustentando o peso de meu ventre com uma das mãos até encontrar o olhar cauteloso de minha avó. Então horas e horas depois de uma sessão horripilante de descontrole e escuridão, pela primeira vez vi a luz em meio a todo esse caos. A todo esse sofrimento. Eu o tomei nos braços quando saiu para o mundo. Seus olhos pequenos deslizaram para mim com calma, com serenidade... Dizendo-me que tudo iria ficar bem. E sim, eu acreditava... Acreditava porque nunca perdi a fé, tanto menos a esperança. Seus dedos eram minúsculos, o cabelo claro cobrindo sua pequena cabeça me enobrecia

de felicidade. Ele se parece com o pai. Tem olhos verdes e expressivos... E graças a Deus é um grande garoto. Poupado de sofrimento.

Tio Edward se foi. Eles nos separaram. Eles vão mata-lo se sentar se aproximar...

Sussurrei seu nome em seu ouvido como um segredo. Era tudo o que nós poderíamos partilhar. Tudo o que estava a meu alcance para oferecer-lhe.

~~ ~~

6 meses... Tic-toc. As coisas não estão difíceis, mas acaram de dizer que devo me casar.

1 ano... Tic-toc. Começo a perder as esperanças... Ele vai voltar, não vai? Vou poder encarar aquele rosto mais uma vez, não vou? O meu bebê se parece tanto com ele. Nosso filho já caminha, mas não fala. Por quê? Será que está esperando?

1 ano e 8 meses... Tic-toc. Esse relógio vai parar. Essa tortura não para! Já enrolei muito tempo... Meus familiares vão me casar com um homem que desconheço, imporão um pai ao meu filhinho. Posso aceitar?

2 anos... Escuto minha mãe dizendo em segredo que meu grande amor morreu. Que meu amado tio Edward se foi. Eu posso aceitar? Ele tentou se aproximar?

Não.

Então ele se foi? Então ele nos deixou? A mim e ao bebê? Eu não sofro, porque sei que irei reencontrá-lo. Antes que isso aconteça, tomarei eu mesma o rumo de meu destino. Mesmo que isso signifique a morte. A morte para mim. A morte para meu pequeno garoto, que sorri com seus dentes bonitinhos e as cozinhas. Que aperta suas pequenas mãos em minhas bochechas. Esperando.

Está sol naquela manhã. Um sol que demorei a ver depois da tempestade. Encontrei a solução. Talvez por isso o dia esteja raiando. Talvez por isso tudo seja luz. Meu bebê está deitado ao meu lado na cama, seus olhos verdes me encaram curiosos. Ele nada diz... Ele nunca falou. Talvez estivesse ali em uma curta e rápida missão... Fazer-me enxergar algo além do que posso ver, me faz viver um pouco mais. Somente um pouco. Tomo meu filho nos braços depois de colocar uma roupa bonita e branca sobre seu corpo. Nós dois descemos e sentamos na varanda, aquela mesma em que conversei com meu amado e falecido tio Edward há muito tempo. Sua mamadeira está entre minhas mãos.

– Espero que você possa me perdoar... – sussurro assim que o veneno toca seus pequenos lábios, misturado ao leite. Ele não sente nada, assim como eu, que acabei de ingerir quase metade do conteúdo da mamadeira da morte.

Aos poucos o sono recai sobre ele com uma calmaria invejável. Seus pequenos olhos se fecham para o mundo e nunca mais irão se abrir. Nunca mais. Graças a Deus. Sinto o mesmo sono quando sinto o coraçãozinho dele parar de bater sob meus dedos. Indolor. Somente uma passagem. Uma passagem que se achega a mim. Uma passagem luminosa e reluzente no final do arco-íris. Meu coração também para de bater, mas tenho a visão perfeita do vale de lírios amarelos a minha frente. Aquela linda cena. Um maravilhoso cenário de morte.

...E de repente desperto. É claro que estou do outro lado. A casa de meus avós se foi, apenas estou sentada na varanda olhando para o vale de lírios com meu pequeno nos braços. Ele sorri. Ele me olha e diz:

– Eu te amo, mamãe.

Ajeito sua franja loira em sua testa. Eu sabia que aqui viveríamos para sempre. Abraço-o contra mim sentindo cheiro de flores frescas... De sonhos. Sobre seu ombro, avisto uma figura de movendo no horizonte, subindo o vale de lírios, se tornando visível de longe, dançando com o reflexo do sol. A figura toma cor. A figura tamborila sobre minha visão nítida. É ele quem toma forma ao longe... Tio Edward, como o era da ultima vez em que o vi. Lindo. Carregando sua mala como se houvesse vindo para ficar. É isso. Agora nada nos impede. Agora a vida é eterna. Seu sorriso se alargar quando nos vê... Existem lágrimas em seus olhos. Olhos verdes que se encontram com os meus... Com os de nosso bebê. O bebê que salta de meus braços e corre em direção aos lírios amarelos, onde está parado seu pai com os braços abertos.

Braços que nos reconfortam. Braços que nos acolhem. Todo um amor provindo de anos... Toda uma história quebrada constituída de apenas uma noite.

FIM

Notas finais do capítulo @izabellamb http://bellamancini.blogspot.com.br/ http://ask.fm/Bellanyah

Todas as histórias são de responsabilidade de seus respectivos autores. Não nos responsabilizamos pelo material postado. História arquivada em http://fanfiction.com.br/historia/308221/Apenas_Uma_Noite/
Apenas Uma Noite escrita por bells

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