dicionário de Psicologia adolescente

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DICIONÁRIO DE PSICOLOGIA ADOLESCENTE PSICOLOGia MODERNA

DICIONÁRIO DE PSICOLOGIA ADOLESCENTE AOS LEITORES Para se informar sobre determinado assunto, utilize esta obra como se fosse um dicionário tradicional. Todos os assuntos, quer se trate de pequenas definições (por ex. PERSONALIDADE, pág. 363), quer de estudos desenvolvidos (por ex. O RACIOCINIO, pág. 396), são classificados alfabeticamente. Para encontrar o assunto pretendido basta, como em qual- quer outro dicionário, folhear o livro, reparando nas três letras impressas no canto superior direito de cada página ímpar, que correspondem às três primeiras letras de termos definidos nessa página. Mas, ao ler nesta obra certos termos, ser-lhe-á necessário consultar outras páginas do livro em que esses termos são citados: definidos, desenvolvidos ou comentados. A estrutura da obra permite-lhe encontrar directamente as informações pretendidas, sem ter de consultar um índice final. 1. Os termos antecedidos de seta são desenvolvidos no dicionário. 2. A cada título de assuntos do dicionário segue-se um índice complementar. Fecha esta obra com dois vocabulários: francês-inglês-português e inglês-francês-português. As notas à margem explicam noções e palavras e dão referências bibliográficas.

A cada título de assuntos do dicionário segue-se um Indice complementar

Colaboraram nesta obra: Aimée Fillioud Diplomada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Paris, para «Os tempos livres» e «A escolha da profissão». Maurice Gaudet Director da École communautaire, membro da Comissão Nacional de Ensino da U.N.A.F., para «A socialização». çoise Gauquelin Diplomada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Paris, para «O raciocínio». acqueline Hubert Honoré Ouillon Lydie Péchadre e Yvette Roudy Licenciada em Psicologia, para «A afectividade». Médico conselheiro técnico da Academia de Lyon, secretá rio-geral da União Internacional de Higiene e de Medicina Escolares e Universitárias, para «A fisiologia da adolescência» e «O desenvolvimento da sexualidade». Psicóloga do Trabalho, Redactora-chefe de Femme du XXe siècle, para a «Mesa-redonda». O dicionário foi redigido por André Giordanengo.

SUMARIO DOS ARTIGOS 1 Da criança ao adulto: A fisiologia da adolescência 2 As transformações profundas:

204-259 pelo doutor Honoré Ouillon

O desenvolvimento da sexualidade 3 A aprendizagem da vida social: A socialização 4 A vida sensível: A afectividade 5 A afirmação da inteligência: O raciocínio 6 A determinação do futuro: A escolha da profissão 7 Para as horas de liberdade:

438-491 pelo doutor Honoré Ouillon

492-528 por Maurice Gaudet

18-58 por Jacqueline Hubert

396-416 por Françoise Gauquelin

374-382 por Aimée Fillioud

Os tempos livres 540-557 por Aimée Fillicud 8 Conversas com os adolescentes: Mesa-redonda

320-336 por Lydie Péchadre e Yvette Roudy

e 300 termos classificados por ordem alfabética constituem este dicionário de psicologia prática consagrado à adolescência.

obra foi publicada em França por 3ibliothèque du Centre d'Étude l@ Promotion de Ia Lecture o título original L'Adolescence. concebida por François Richaudeau úizada sob a direcção @,an Feller tidos por Yvette Pesez .10 portuguesa de niano Cascais Franco -tz-C.E.P.L., Paris, R.BO - Lisboa/São Paulo, 19 81 -d. - 1344 “@,4C se imprimir

Guerra[Viseu 1,111981

ABORRECIMENTO (Ennui/Boredom) O aborrecimento é um sentimento que muitos adolescentes conhecem. Não são poucos os que só tiveram consciência da sua passagem à/adolescência por causa do aborrecimento. Isto deve-se ao facto de os/jogos da infância já não proporcionarem prazer algum e serem pouco a pouco abandonados, sem que quaisquer outros os venham no entanto substituir. A reactivação pubertária dos elementos da/ personalidade infantil não se faz senão sob a forma de uma lenta instalação, amiúde hesitante, por vezes incoerente. O adolescente atormentado por/desejos contraditórios sente uma certa repugnância por si mesmo, da qual não é ainda capaz de definir os limites. É assim que nasce o aborrecimento, espécie de lassidão moral provocada pela dualidade: desejos novos - receio ou impossibilidade de os satisfazer. O aborrecimento provoca a inacção, ela mesma geradora de aborrecimento. Os pais devem esforçar-se por não intervir, pelo menos procurando continuar a impor os /prazeres da infância. Convém, por exemplo, evitar tornar obrigatória a/salda dominical. É verdade que os/pais sentem muitas vezes o abandono desta prática ritual da infância como uma espécie de rejeição que os atinge pessoalmente. Por outro lado, é-lhes difícil deixar o adolescente sozinho uma tarde inteira. Mas não intervir directamente não significa de modo algum desafeição. Os/pais podem mostrar que estão disponíveis sugerindo formas de/ tempos livres adaptadas à nova/ personalidade do adolescente. Isto sem ignorar que uma tal espécie de aborrecimento fundamental apenas cessará na/maturidade. Seria excelente que se instaurasse um diálogo sobre este tema. ABSOLUTO (Abudu/Absolute) Página 468. Do latim absolutus: que é acabado, perfeito. Por falta de experiência de uma situação real onde se tenha visto na obrigação de assumir responsabilidades, o adolescente é facilmente inflexível nos seus/juízos. Ele seria incapaz de conceber algo que não fosse

10 perfeito e tende muitas vezes a desprezar os adultos, aos quais a vida do dia-a-dia ensinou o sentido do relativo. Esta atitude está aliás frequentemente na origem dos mal-entendidos entre gerações diferentes: só com dificuldade os mais velhos se recordam desse período da sua vida em que tudo parecia possível às almas de boa vontade. Nesse sentido, os/pais mais aptos a desempenhar a sua delicada missão não serão forçosamente os mais jovens mas os que possuem melhor memória, os que conservam intacta a recordação da sua própria/ adolescência e das intransigências que lhe são habituais. Estes saberão não troçar do adolescente romântico, anarquista ou revolucionário. Só esta/atitude - compreensiva mas não cúmplicepoderá, sem o desencorajar, conduzir o adolescente a uma concepção mais flexível da vida e, por conseguinte, a uma melhor/ adaptação ao real. ACIDENTES (Accidents/Accidents) A/psicologia usa um processo forçosamente esquemático e artificial quando define a,,< adolescência como a aquisição progressiva dos caracteres do adulto. Um tal esquema-tipo, ainda que seja necessário para melhor penetrar a mentalidade deste ou daquele adolescente em particular, não pode obviamente mencionar todos os acidentes de percurso, que são numerosos e inevitáveis. Num caso, é uma admoestação severa que provoca um sentimento de/culpabilidade ou de/revolta. Noutro, é uma experiência/ sexual infeliz que deixa uma rapariga marcada durante muito tempo, que proíbe ao jovem relações absolutamente normais. Pode tratar-se também da separação do casal parental, que afecta muito em especial o adolescente, visto que ele está na idade em que é sensibilizado para os problemas do/amor e do casal, e em que tenta naturalmente identificar-se com um dos pais como membro de um casal. Mas «acidente» na sua acepção original significa: que acontece inesperadamente. Pode então ser também um acontecimento feliz. A descoberta do amor, a primeira emoção artística, são outros tantos acidentes possíveis, que intervêm de maneira súbita no/ desen** do adolescente, apressando ou contrariando a marcha adultizaÇão. «A exploração de tais acontecimentos está eridificuldades, escreve Maurice Debesseo. Quanto Mais o

O M. Debesse:

é inabitual, mais custoso se toma para o psicólogo mesmo facto pode marear Paris, 1967). l'Adoles ent (C.P.M.,

LibrairiecA. Colin,

Coisa ainda mais grave: um

cito e deixar um outro indiferente. O essencial a-sua existência e sabermos utifizá-los para inter- ,,,@jl~cnto dos jovens.»

ACN ACNE (Acnõ/Acno) Página 78. A acne é o terror de algumas adolescentes e, para os próprios adolescentes, constitui um embaraço muito visível. Na idade em que a /beleza física é particularmente apreciada como meio de afirmação de uma/ personalidade ainda informe, os «horríveis pontos negros» têm um efeito muitas vezes desastroso sobre o moral. Assim, na maior parte dos casos, o acneico remedeia o que é mais urgente: extirpa os pontos negros sem de forma alguma se preocupar com as regras de higiene elementares nem com a causa real do mal. Todos os médicos (mas só muito raramente eles são consultados nestes casos) podem esclarecer que tal causa está ligada a certos períodos de/actividade das glândulas genitais. A acne caracteriza-se, as mais das vezes, pelo ponto negro, que cobre a abertura de um poro dilatado. Este ponto negro não é de facto senão a ponta oxidada pelo ar - do rolhão gorduroso que contribui justamente para a dilatação do poro. Pode-se observá-lo facilmente extraindo, por pressão em tomo do ponto negro, o conjunto gorduroso. O aparecimento dos pontos negros não deixa, geralmente, de trazer complicações. Antes de mais, a ame papulosa, caracterizada pela formação de borbulhas vermelhas e duras surgidas à volta dos pontos negros. Mais grave é a acne pustulosa assinalada por uma inflamação mais viva. e Pode mesmo ai pus pelo rosto, for A

localização e a intensidade da acne estão sujeitas a importantes uma crosta tenaz e variações. A maior parte das vezes, manifesta-se apenas por pontos susceptível de deixar vestígios indeléveis negros

sobre o rosto. Mas a acne pode também alastrar às costas

a pele.

e ao peito. O tratamento da acne A acne, que aparece cerca dos 13 anos, desaparece por volta dos 25. O seu tratamento é delicado. Alguns princípios gerais permitem pelo menos evitar um agravamento do mal: a vida ao ar livre por exemplo, é sempre salutar para o acneico. Mas convém desc'@**áar das numerosas medicações, de que as pessoas mais chegadas nunca se mostram avaras. Pois a ame jamais se deve esquecêlo necessita de cuidados especiais que só um médico pode dispensar. Mas este não é consultado senão quando a acne atinge proporções inquietantes. Tais proporções são muitas vezes causadas pela falta de tratamento. O facto de extrair os pontos negros com unhas de asseio duvidoso tem o efeito de transformar a simples ame em acne papulosa e, depois, pustulosa. Seria bom que todos soubessem que não há praticamente nenhum benefício nestas extracções. É preferível aceitar o mal com paciência respeitando estritamente certas prescrições de higiene geral tal como as define, por exemplo, o Dr. **AuzepyO: o pr. Auzepy, in 1 I'Êcole das parents «O

tratamento geral comporta mais recomendações de higiene do regras imperativas: /alimentação racional, sem excesso de

(março

de 1969). que

12 farináceos nem de especiarias; boa mastigação, bom estado digestivo, evitar a prisão de ventre: andar a pé,/ desporto, /férias à beira-mar ou em grande altitude. Se existirem importantes variações endocrínicas, afirmadas por resultados biológicos seguros, é necessário um tratamento endócrino, mas seria mais perigoso do que ú til empreendê-lo na base de conjecturas ou de alegações mal fundamentadas.» aCTIVIDADE (Activité/Activity) O termo «actividade» designa em psicologia o conjunto das manifestações psicomotoras. É simultaneamente sinónimo de «poder de agir» e de «acção». O poder de agir é função de um equilíbrio psíquico. Neste sentido, a actividade sofre importantes variações na/ adolescência. Sob o efeito das transformações /pubertárias, a actividade pode quer acelerar-se bruscamente, quer, pelo contrário, registar um afrouxamento muito nítido. Da maneira de aceitar ou de recusar estas transformações depende efectivamente a actividade. Assim, a/anorexia mental - caso de uma rapariga que recusa toda a alimentação é a maior parte das vezes devida a uma recusa. A anorexia é um caso limite: há outros menos nítidos. O adolescente indolente, ou mesmo/ apático, está, de um modo geral, sujeito a perturbações de saúde. No entanto, uma consulta médica pode revelar-se impotente para o curar. O motivo é, então, uma/ inadaptação parcial. Acontece por vezes o adolescente recusar o seu/sexo: o rapaz com medo das/>’ responsabilidades, a rapariga por causa dos constrangimentos que ela imagina. Esta recusa parcial repercute-se sobre as outras formas de actividade. Em tais casos, importa desvendar a causa psíquica: uma tomada de consciência ocasiona um recomeço da actividade normal. Um dinamismo em potência A aceleração da actividade 6 de facto normal no adolescente. Com efeito, a energia e o dinamismo são o resultado de um poderosíssimo impulso vital, de uma necessidade de conhecer e de experimentar nas novas condições que a adolescência cria. Certas experiências sexuais precoces não têm outra origem. De igual modo, a participação em determinados movimentos de juventude pode evidenciar - mais do que o interesse pelo movimento em causa uma necessidade de actividade. Convém então tomar cuidado com o esgotamento que pode comprometer um ano de estudos. A actividade do adolescente deve assim ser dirigida, para se evitar que ela se disperse ou se torne fonte de perturbações. A actividade física O adolescente abandona as brincadeiras da infância. «Lehmann

ADA e Witty assinalaram que a puberdade coincide nos rapazes com o desinteresse pelos jogos pueris, como a corrida, a subida às árvores, os polícias e ladrões, os índios e cow-boys, etc..»* A actividade- o origlia e **Ouilion: Adolescent dade

física inflecte-se de forma característica: o adolescente recusa /(E.S.F., Paris. 1908). os jogos gratuitos unicamente recreativos a fim de escolher actividades reveladoras da sua /personalidade. Por exemplo, especializa-se num desporto, ao passo que antes praticava indiferentemente todos os exercícios físicos. A adolescente abandona a maior parte das vezes o/esforço físico, que lhe parece pouco compatível com a/feminilidade. Os desportos que ela escolhe são os susceptíveis de pôr em evidência a graça dos movimentos, como é o caso do basquetebol, que se assemelha muitas vezes à/dança. Um interesse exclusivo pelo. desporto traduz uma certa forma de/desequilíbrio: trata-se de uma compensação para fracassos reais ou imaginários no domínio /afectivo ou/intelectual. Isto é tão válido para o rapaz como para a rapariga, podendo esta última manifestar assim a sua recusa da feminilidade. A actividade intelectuais As novas possibilidades que o adolescente adquire no domínio intelectual - como por exemplo a abstracção - dão a este género de actividade um novo interesse. O adolescente arquitecta sem custo grandes teorias para resolver os problemas da humanidade. Ele discute-as longamente sem se preocupar muito com as contradições, unicamente entregue ao /prazer recente da dialéctica. Lê com avidez e sem discernimento aquilo que estiver ao seu alcance e sobretudo o que pretendem esconder-lhe. Este renovo de actividade intelectual é em si uma excelente coisa: constitui uma abertura ao mundo e uma preparação para a inserção na/sociedade. Convém no entanto evitar que o adolescente caia no/intelectualismo e se feche num mundo de imagens e de ideias. O adolescente, que passa horas a ler no seu/quarto, deve exercer uma actividade física compensadora. Se isso não for possível por diversas razões, é indispensável encontrar uma actividade de / grupo, a qual permite uma / aprendizagem da vida em sociedade. ADAPTAÇÃO (Adaptation/Adaptation) páginas lo, 16. 360. 409. 439, 454, 462. A adaptação é a tentativa de um indivíduo para se conformar a um/meio, conciliando as tendências pessoais e as regras impostas pelo meio. Trata-se pois de uma procura de equilíbrio entre o que é possível e o que o não é, a qual vem a traduzir-se por um modo de vida, uma/profissão, etc. Os modos de adaptação Piaget descreveu dois modos de adaptação: - A assimilação: o indivíduo busca conhecer o mundo que o rodeia.

14 Os resultados desta procura são integrados na consciência para «constituírem o plano das acções susceptíveis de ser repetidas»*. O Piaget: /a Psychologie de l'intelligence Podemos

dizer esquematicamente que se trata daquilo a que se (A Colin, Paris, 1962). chama comummente a experiência, a qual orienta o indivíduo para um certo modo de vida. -A acomodação: na maioria dos casos, a experiência mostra que o homem deve ajeitar-se ao mundo exterior que se não deixa facilmente «assimilar». Há discordância entre o/desejo e a realidade. Para se adaptar, o indivíduo deve renunciar ao seu desejo, ou transformá-lo ajustando a sua/conduta a novos dados. A adaptação à adolescência A/adolescência é precisamente a idade em que os novos dados são numerosos. Fisicamente, o adolescente transforma-se na altura da/puberdade: o equilíbrio da infância é ameaçado por alterações orgânicas. A estatura, a voz, a genitalidade são outros tantos dados novos que necessitam de uma adaptação. Afectivamente, a criança dependia estreitamente do meio. Para ela, o mundo eram «os outros». Para o adolescente, são «os outros mais eu». A/personalidade afirma-se: ela tem as suas exigências próprias. Também neste caso é indispensável uma adaptação para «despojar a antiga criança». Intelectualmente, enfim, o adolescente alcança o estádio da abstracção e do conceito. Os obstáculos e os perigos Ao mesmo tempo que impõe uma adaptação nos domínios físico, /*afectivo, /intelectual, a adolescência contribui, devido ao/desequilíbrio passageiro que instaura, para refrear a adaptatividade. Esta exige, para ser ideal, um equilíbrio que só a/maturidade e a experiência conferem. Ora, precisamente, a/personalidade do adolescente, em plena formação, é ainda incoerente. Desde logo, é assaz difícil ao púbere confrontar validamente com o mundo exterior um «eu» que ele ainda não sabe muito bem o que é. A adaptação que se faz pelo jogo da/projecção ou da /identificação dá origem aos /@1 ídolos, cujas flutuações seguem os contornos fluidos da alma adolescente. Na acomodação, intervém um compromisso entre a realidade e o/desejo. A necessidade deste compromisso, ensinada pela experiência, nem sempre aparece ao adolescente, que coloca, por vezes, o problema em termos de / conflito: submeter-se equivale a demitir-se. Ante um tal dilema, o adolescente pode paradoxalmente regressar ao estádio infantil, que ele quer rejeitar, « não se submetendo». seu desejo de escapar à realidade, refugia-se em atitudes nega108 (/ Oposição,,,, revolta) ou utópicas (/idealismo excessivo,

ADO /intelectualismo,/ascetismo), ou então **denúte-se adaptando-se com uma excessiva docilidade: cai assim no/conformismo. Todas estas atitudes constituem outros tantos sintomas de/inadaptação, que podem entravar gravemente o desabrochamento da personalidade. Mas são igualmente outros tantos sinais, que podem guiar os/pais na sua tarefa educativa. Na ocorrência, esta consiste essencialmente - mais do que em descobrir os sinais de uma inadaptação que se pode considerar inerente à adolescência - em favorecer as actividades no domínio em que a adaptação se faz melhor. Isto poderá ser o/desporto, a actividade intelectual ou a actividade artística, por exemplo. Há interferência entre os diferentes níveis de adaptação: um/êxito parcial tem as mais felizes consequências para a personalidade do adolescente. ADOLESCÊNCIA (Adolescence/Adolescence) Período de transição entre a infância e a idade adulta. Os seus limites situam-se entre os 12 e os 18 anos para as raparigas e entre os 14 e os 20 anos para os rapazes. A duração da adolescência é função de factores tais como o/meio (influência climática), a raça e o contexto/ social, os quais activam ou travam as diferentes transformações características desta idade. Transformações físicas A/,,puberdade principia por um crescimento físico rápido, acompanhado de transformações orgânicas que não cessarão senão com a maturidade *. O desenvolvimento dos órgãos genitais e # Ver o artigo A fisiologia o

aparecimento dos caracteres secundários (pilosidade púbica e «do adolescência». axilar, desenvolvimento dos seios, etc.) são os sinais mais manifestos da puberdade. As leis inerentes a estas transformações estão actualmente estabelecidas, e o seu conhecimento preciso permite evitar muitas preocupações aos pais e aos filhos *. O Ver o artigo «A sexualidade

Transformações psicológicas

da adolescente».

O púbere

já não é uma criança mas ainda não é um adulto. Desta ambiguidade resulta uma tomada de consciência de si mesmo e dos outros que se caracteriza pela rejeição aparente dos modelos da infância (pais) e pela procura de novos modelos (/heróis,/ «ídolos») ou parceiros (/grupo, /bando, Iflirt)*. # Ver estas palavra Esta procura é a primeira manifestação da/ inteligência abstracta* cujo aparecimento se dá num contexto de perturbações afectivas ligadas à rapidez das transformações internas e externas *. Da «A afectividade relação

O Ver o artigo «O raciocínio». O Ver o artigo

entre a inteligência pura e a / afectividade depende o / êxito no adolescente».

escolar. «A escolha da profi Escolha

# Ver o artigo

da profissão A adolescência acaba normalmente com a escolha de uma/pro-

lo fissão que confere uma maturidade social tão importante como a maturidade física ou afectiva. Esta escolha, efectuada nas difíceis condições do crescimento, compromete todo o futuro. Por esta razão a orientação profissional deve efectuar-se bastante cedo e com o maior cuidado. 9 Ver «Orientação f] escolar e o artigo O estudo

da adolescência limita-se no entanto com demasiada re- «A escolha da profissão». quência a estes dados de base. Para perfazer um tal estudo, um psicólogo moderno deve conhecer igualmente o/gosto dos adolescentes em matéria de/tempos livres: por um lado, estes últimos adquirem na nossa civilização uma importância que cresce de ano para ano; por outro, enquanto/ actividades livremente escolhidas, são plenamente reveladores da personalidade* dos adolescentes. e Ver o artigo «os tempos livres».

ADOPÇÃO (Adoption/Adoption) Num passado recente, a situação da criança adoptada podia causar graves perturbações. Esperava~se de facto que a criança alcançasse uma certa /maturidade para lhe revelar a sua verdadeira situação. Actualmente, a psicologia pôs em realce os riscos desta concepção: o adoptado considera ter sido enganado durante toda a sua infân- cia. Ao abalo natural causado por uma tal revelação vem juntar-se um sentimento de desconfiança, ou mesmo de rancor, que compromete posteriormente as relações com os/pais adoptivos. É por este motivo que eles são hoje aconselhados a pôr a criança ao corrente assim que ela está em idade de compreender: a partir de então, os laços criados entre pais e filho não assentam numa falsa situação mas numa outra, particular, de adoptante a adoptado. Os pais adoptivos são pais voluntários no pleno sentido do termo. Estão conscientes, num grau muito elevado, das suas/responsabilidades. Mas, por vezes, o/ comportamento do adolescente escapalhes. Eles devem saber que isto resulta, antes de mais, de o adolescente adoptado ter tendência a fantasiar os seus pais. Na idade em que começa a perceber os defeitos dos seus pais adoptivos, ele é levado a imaginar os seus verdadeiros pais perfeitos, dotados de todas as qualidades que não pode deixar de recusar às pessoas da sua convivência. A/oposição natural aos pais acha-se assim reforçada de uma maneira artificial. Na verdade, em vez de preparar * futura autonomia do adulto, ela submete-o durante muito tempo a * uma imagem idealizada, que compromete a sua/adaptação à f d, u @J vida rM**. 1 @AFEC .TIVIDADE (Affectivité/Affoctivity) ver o artigo nas Páginas seguintes e as páginas 68. los, 188, 409. 415, 490.

Fundamento da vida psíquica, a afectividade possui, como Jano, um duplo rosto: por um lado, mergulha as suas raizes no instinto 4 e no /inconsciente, e, por outro lado, representa uma abertura a

AFE outrem. A afectividade manifesta-se pelas,,
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