Fernando Pessoa-Cartas Astrologicas(En Portug)

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PAULO CARDOSO JERÓNIMO PIZARRO

FERNANDO PESSOA CARTAS ASTROLÓGICAS

BERTRAND EDITORA LISBOA 2011

[7)

Título original: Fernando Pessoa- Cartas Astrológicas Edição: Paulo Cardoso

Í ndice

Colaboração: Jerónimo Pizarro © 2011 Bertrand Editora Todos os direitos para a publicação desta obra em língua portuguesa, excepto Brasil, reservados por Berrrand Editora, Lda. Rua Prof.Jorge da Silva Horta, n. 0 1 1500-499 Lisboa

Introdução de Paulo Cardoso ....... .......... .................... 09 Introdução de Jerónimo Pizarro ........................... ........ 21

Telefone: 21 762 60 00 Fax: 21 762 61 50 Correio clectrónico: [email protected]

Glossário .... . . . .. . .... ... ............... .. .................. 27

Desig11 da capa: Vcra Braga Revisão: Ana Rira Silva e Cristina Silva

Paginação: Isabel Pinto Execução gráfica: Bloco Gráfico, Lda. Unidade Industrial da Maia Depósito legal n. 0 322586/11 Acabou de imprimir-se em Abril de 2011 ISBN: 978-972-25-2261-8

A cópia ilegal viola os direitos dos autores. Os prejudicados somos todos nós.

Fernando Pessoa ............................................... 34 Alberto Caeiro ........ . ...................................... . 70 Ricardo Reis .................................................. 80 Álvaro de Campos ............................................. 88 D. Sebastião .. . ...... ... ........ . . ..... .. . ............... . .... 94 Shakespeare ......... . .................... . ... . ............ ... 98 l\tlilton ...... . ............ . ........ ... ................... . .. 106 Gocthe . .. .................................................. 110 Robespierrc ................................................. 114 Napoleão ....................................... . ........... 116 Byron ............................ ... ............... ... .... . 126 Victor I-Iugo ............. . ................................... 130 Chopin .............. . ..... .. ....................... ... ..... 134 Rusk.in ......... ... ...................................... .. . 136 Baudelaire .................................................. 140 Dante Rosscti. ... . ................ . ................ . ......... 142 Cléo de Mérode c Leopoldo II .................................. 144 Luís IJ da Baviera ............................................. 146 Wilde ...................................................... 150 Guilherme II - Kaiscr ...... . ............ .... . . ............ . . .. 158 D. Carlos c D. Amélia ... . ................ . .................... 166 D. Manuel li e D. L uís Filipe .. .. ............................... 170 Rei de Itália ... . . . . ... .... ............... ... ................. 174 Alfonso XIII .... ... ......... .............................. .. 178 Sidónio Paes ... ....... .......... ....... ..... . ...... ...... .... 184 Salazar .. . .............................. . ................... 190 Mussolini ............ .. .. . ............ .. .. .. .. . ............ . 194 Charles Dickcns .... .. .... .... ............................... . 202 Raul Leal .................................................. . 206 Amadeo de Souza Cardoso .......... ...... .............. ....... 224 Mário de Sá-Carneiro ......................................... 226 Almada Negreiros ............................................ 244 António Botto ............................. . ......... .... .... 248 Aleister Crowley.............................. ....... ......... 256

lutrodurtio- Pnulo Cardoso

Cnrtns Astrológicas

INTRODUÇÃO

A ASTROLOGIA

NA SOCIEDADE P ORTUGUESA

A astrologia tem sido mal vista em Portugal por uma certa intelligmtsia, muito embora, pelo envolvimento de Fernando Pessoa com esta disciplina, c pela leitura do seu imenso espólio nesta área, não se possa afirmar que o escritor nem muitos dos seus contemporâneos a subestimassem. Ao longo destes 34 anos em que tenho lidado com a prática da astrologia, senti o peso do preconceito e da ignorância. Muitas vezes, quando abordei o tema da astrologia associado a Pessoa, percebi que esse assunto era olhado de soslaio, com uma espécie de aceitação condescendente. Porém, a pouco e pouco, as coisas foram mudando, as evidências e as provas que ia apresentando em centenas de palestras que levei a cabo desde 1981, foram atestando que, afinal, a astrologia tinha f.1scinado Pessoa e que este tinha sido um astrólogo competente c esclarecido. Com o passar dos anos, consegui reunir as provas de que a astrologia tinha servido de veículo de conhecimento e de filosofia orien tadora ao homem, ao escritor; e que ela tinha sido, também, um instrumento útil, estrutural c até determinante na criação dos hctcrónimos. Espero que com a publicação deste trabalho se incremente um a visão menos provinciana c mais exacta da astrologia, e se estimule uma percepção mais moderna e mais abrangente da mesma em Portugal.

A

DIVULGAÇÃO DO TRABALHO

Os primeiros escritos que levei ao prelo, com o intuito de difundir este vastíssimo material astrológico de Pessoa, foram dois ensaios publicados pela Editorial Estampa, em 1990 e 1991. 1

1

Paulo Cardoso, J\tfar Portuguez - a memagt!m astrológica da mmsagmz. Lisboa: Editorial Estampa, 1990, 3.3 edição, 1992; Paulo Cardoso, i'Vlnr Portuguez- e a Simbólica rln To rrt de Belém. Lisboa: Editorial Estampa, 1991, 2.' edição, 1992.

[9)

[lO]

FER.fMNDO PESSOA

Tive de interromper o trabalho de edição até 2006, pois os direitos de autor de Pessoa deixaram de estar no domínio público em 1997, e a editora que passou a deter a exclu?ividade desses direitos, contactada para o efeito, não mostrou interesse em publicar o material astrológico pessoano. De 2006 até agora foi o tempo de completar alguns compromissos que vinham de trás e o necessário para passar para o computador o resultado dos trabalhos de investigação já realizados (inventários, transcrições, análises dos textos c astrológicas, consultas bibliográficas, etc.), pois todo esse material tinha sido registado utilizando uma máquina de escrever. Era preciso aproveitar a organização mais versátil e eficiente que as novas tecnologias facultam.

lutrodurtio- Paulo Cardoso

Cartm Astrológicas

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Teoria dos Períodos Astrológicos)\ que atribuiu a Raphael Baldaya, o heterónimo que iria assinar mui tos textos de teor astrológico. Uma das mais antigas menções a Baldaya surge num apontamento de cerca de 1915 em que Pessoa lhe atribui duas obras: um «Systema de Astrologia» e uma ~...,._,·!)

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Meu querido Fernando não será necessário dizer-llie para q[ue] lhe deixo as indicações q[ue] acima verá. Tenha paciencia e creia na velha estima sempre renovada do Antonio

FERNIINDO PESSOII

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lntrodll(tio- jerônimo Pizarro

Cnrtns Jlstrológicns

Essays

I.

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Astrology,

~~Conventions

in Aetl;rology,

{1 ) The Intellectual Zodiac, (2) The Ueasures , (3) The Attributiono.

II. Th..!LZ_odiac, III. Directional Astrology,

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VI. 1!unda_no

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VII. Defenc.:e__a_njl Justifi ·: Jation of Astrology, VIII. Hora.ry Aetrology, IX. The Sortes. X.

The Fixed Sta.rs.

XI.

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XII. General Reading of the Nativity. XII I,

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XIV. The Foreign Element in As~ologY- (rejection of the oocult element, of the syrnbolical element and of the

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Também é importante sublinhar que Pessoa, que terá tentado «fazer pela vida» 1 mediante o envio de leituras astrológicas por volta de 1916, manteve o interesse por determinadas questões astrológicas ao longo de toda a sua vida. Assim, uma indagação autobiográfica datável de 1916, sobre a sua situação económica no futuro próximo («Inquiry re[garding] my financiai situation in thc near future>•), é intitulada Horary Astrology, designação de uma técnica tradicional da astrologia a partir da qual Pessoa tenta resp onder questões repentinas. Hormy Astrology é igualmente o título de um ensaio projcctado em 1931, a par de muitos outros cujo tema é a astrologia.

Ferreira, António M cga. Fazer pela Vida - 11111 retrato de Femrwdo Pessoa, o cmprcmdedo1: Lisboa. Assírio & Alvim, 2005.

Estes documentos, que ficaram inéditos aguando da morte de Pessoa, permitem conjecturar que o autor da Mensagem poderia ter recebido algum reconhecimento como astrólogo c teórico da astrologia se tivesse publicado os seus mapas do céu c os seus ensaios astrológicos. Esse reconhecimento talvez será póstumo, agora que se começam a publicar de maneira mais sistemática esses mapas c esses ensaios sobre os astros. :M as como editá- los? Editar os ensaios não apresenta desafios muito particulares, se o editor conhecer um conjunto mínimo de símbolos astrológicos que surgem com alguma freq uência. Mas como editar um mapa do céu ? N esta edição, considcrámos necessário es tabelecer diferentes passagens textuais, com todos os seus símbolos, mas também «anotar» ou comentar cada carta para perceber o seu sentido o melhor possível. C um pre-me esclarece r que a leitura dos horóscopos pcssoanos foi sempre da autoria de Paulo Cardoso. M in ha foi a revisão das transcrições c de alguns conteúdos (ler «Sexual Neuro tics», num cabeçalho, alterou completamente a interpretação inicial); c mi nha foi a selecção c transcrição dos textos mais literários que encerram alguns capítulos.

FER!MNDO PESSOA

[26]

Comecei este trabalho com o intuito de contribuir para a concretização de uma primeira entrega das investigações astrológicas de Paulo Cardoso, que, no domínio pessoano, começaram na década de 1980. Só me resta esperar que as entregas continuem. Nas transcrições seguimos a ortografia do autor c a simbologia que Ivo Castro propôs nos volumes da Edição Crítica de Fernando Pessoa:

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[i] [l] [->] [ •-]

espaço deixado em branco pelo autor leitura conjecturada lição dubitada pelo autor palavra ilegível segmento autógrafo riscado acrescento na entrelinha superior acrescento na entrelinha inferior acrescento na margem direita acrescento na margem esquerda

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CllrlnJ /lstrológicns

Glossário

ASPECTOS São os ângulos formados entre os planetas, entre um planeta c o Ascendente, ou entre um planeta e o Meio do Céu. Existem dois tipos de aspectos: os aspectos maiores (mais importantes) c os aspectos menores (menos importantes). ASPECTOS MAJORES São os aspectos mais importantes num mapa e podem ser favoráveis ou desfavoráveis, dependendo da natureza dos aspectos entre si e dos planetas: Conjunção (O"), Sextil (60"), Trígono (120"), Qladratura (90") e Oposição (180"). ASTROLOGIA É o estudo da influência que os astros têm sobre a personalidade dos seres vivos e dos acontecimentos da sua vida.

Agradeço muitíssimo o apoio amigo de Eduardo Boavida e o cuidadosíssimo trab;tlho de Isabel Pinto. Dedico este livro à Inês. .fcróiJÍillo Pizarro

CARTA ASTRAL Ver horóscopo. O mesmo que horóscopo pessoal, horóscopo natal, carta astrológica, carta do céu, céu de nascimento, mapa de nascimento, mapa do céu ou mapa astral. CASAS ASTROLÓGICAS São doze, num horóscopo, e representam áreas ou scctores particulares da vida do nativo. Por exemplo, a Casa I simboliza o nosso corpo, a relação com o nosso eu físico; a Casa II refere-se à matéria, ao dinheiro c aos valores; a Casa III correspende ao mundo da comunicação; a Casa IV está ligada à f.'lmília e à intimidade; a Casa V é a casa do Ego, do brio pessoal, da individualidade; à Casa VI corresponde o mundo do trabalho c dos afazeres do dia-a-dia; à Casa VII os amores, as relações amorosas e o casamento; a Casa VIII ilustra o mundo da sexualidade e traduz todos os tipos de poderes; a Casa IX é a da sabedoria, da filosofia e do estrangeiro; a Casa X relaciona-se com a carreira, com o status, exprime as relações sociais; a Casa XI tem a ver com os grupos, as pessoas no seu conjunto, as amizades; a Casa XII liga-se à cspiritualidadc, ao mundo psíquico c religioso. CONJUNÇÃO Reunião de dois planetas ou factores do horóscopo (vide aspectos maiores). Embora, se for exacto, este aspecto corrcsponda a um ângulo de Qo, no entanto, ainda é válido até 10" de afastamento dos factores intervenientes. CÚSPIDES São os pontos onde começam as Casas de um mapa. O Ascendente assinala a cúspide da Casa I; a cúspide seguinte é o começo da Casa II, c assim por diante.

FERNANDO PESS0/1

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DESCENDENT E É, no horósco po, o ponto oposto ao A scendente, e trata-se da cúspide da C asa VII. É o ponto que representa o local onde o Sol se põe, a Ocidente, que por sua vez é simbolizado pelo sig no de Balança. DIRECÇÕES Técnica de prognóstico para um determinado momento da vida do nativo, que consiste em acrescentar um grau a cada planeta por cada ano de vida. E FEMÉRID ES O Sol, a L ua c os planetas mudam de posição no Zodíaco ao longo do tempo, al~:,runs lentamente e outros rapidamente. As Efemérides são as tabelas que mostram as posições dos astros num certo espaço de tempo. ELEMENT OS São quatro: Fogo, Terra, Ar e Água, pertencendo a cada um deles três sig nos do Zodíaco. H ORA Em astrologia, consideram-se vários tipos de «horas,, como por exemplo: H ora Média de Greenwich, Hora Legal, H ora Local, I-Iara de Verão, H ora Sideral. I-IORADE NASCIMENTO O momento do nascimento de uma pessoa. E lemento fundamental para o cálculo, por exemplo, do signo Ascendente. H O RÓSCO PO É um gráfico que representa o mapa dos céus erigido para a hora em que uma pessoa nasceu. T ambém conhecido por outras designações, tais como horóscopo pessoal, horóscopo natal, carta a strológica, carta do céu , céu de nascimento, mapa de nascimento, mapa do céu ou mapa astral. JÚPITER É o rei dos deuses, governa. as leis, e, de entre todos os planetas, é considerado o grande benéfico. Relaciona-se com as convicções, com as crenças, a sabedoria e a fé na vida. LATITUDE GEOGRÁFICA Para traçar um horóscopo de alguém é necessário conhecer-se a latitude e a longitude do lugar do seu nascimento. LUA É a senhora da noite, rege as nossas emoções, os nossos instintos e representa a intimidade, o passado e a família.

Cartns /lstrológirm

Glossririo

MAPA ASTRAL ou 1\llAPA DO CÉU Ver horóscopo. MARTE É o deus da guerra e traduz a conquista em todos os planos. É o planeta da força e da energia e representa o mundo do trabalho, a acção, a actividade física, c a combatividade. MERCÚRIO É o mensage iro dos deuses e governa a adolescência, o despertar do pensamento. Representa a palavra, a escrita, a literarura. A sua energia refere-se ao mundo mental e à capacidade de comunicar. NEPT UNO É o deus dos mares e governa sobrerudo aquilo que não tem a ver com a realidade concreta: o espírito, os sonhos, as inruições, mas também o inconsciente, as drogas, a evasão, etc. É o planeta que simboliza a poesia, apela ao misticismo e conduz à percepção do mundo invisível. OPOSIÇÃO Aspecto de te nsão entre dois planetas ou dois factores astrológicos (vide Aspectos maiores). T ratando-se de um ângulo de 180°, no entanto, é válido até 9° de tolerância. PEREGRINO D iz-se que um planeta está peregrino quando ele não se encontra num sig n o com o qual tenha especial afinidade, não o tornando, por assim dizer, especialmente forte. PLUTÃO É o deus dos I nfernos e governa rudo o que é oculto, nocrurno e secreto. Representa o poder das forças invisíveis, relaciona-se com o sexo, as tensões e as siruações limite da vida do ser humano. PROGRESSÕES Técnica de prognóstico para um determinado momento. É levantando o horóscopo para a mesma hora e para o mesmo lugar do nascimento, mas para x dias após a data de nascimento do nativo, sendo que a cada dia corresponderá um ano de vida do nativo. Por e.xemplo, as progressões para o terceiro ano de vida de uma pessoa nascida a 1/01/ 1900 seriam calculadas a partir das posições astrológicas do dia 3/01/1900. Q UINCÕNCI O Aspecto astrológico realizado quando dois planetas estão separados por 150°. É um aspecto de tensão, c é válido até 2° de tolerância.

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FERNANDO PESSOA

RETRÓGRADO Qyando um planeta parece andar para trás (movimento aparente), na eclíptica, diz-se que está retrógrado. Nessa fase, a sua influência é geralmente considerada fraca ou em retracção.

Ca,.tm Aslrológims

G/omirio

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TRÂNSITO O movimento de um planeta é o seu trânsito, ou passagem. Qyando um planeta atravessa um signo ou Casa, diz-se que transita esse signo ou essa Casa. É através do seu «trânsito» que os planetas formam co njunções c outros aspectos, uns em relação aos outros.

REVOLUÇÃOSOLARouRETORNOSOLAR Técnica de prognóstico que se calcula para um período de doze meses. Consiste em levantar um novo horóscopo para o momento em que o Sol faz conjunção exacta com a posição do Sol de nascimento do nativo.

TRÍGONO Aspecto harmonioso entre dois planetas ou dois factores do horóscopo (vide aspectos maiores). Este aspecto representa um ângulo de 120° e é v~üido até 8" de tolerância.

SATURNO O deus do tempo, governa a idade madura, a disciplina, aquilo que é duradouro. Tem a ver com as certezas, mas também com os medos e com as inibições. SEMISEXTIL . Aspecto astrológico, que acontece quando dois planetas estão separados por 30°. E um aspecto harmonioso. SEMIQUADRATURA . Aspecto astrológico, que acontece quando dois planetas estão separados por 45°. E um aspecto de tensão. SEXTIL Aspecto harmonioso entre dois planetas ou f.1ctores do horóscopo (vide aspectos maiores). Constituindo um ângulo de 60°, ele é válido até 4" de tolerância.

URANO O senhor dos céus, representa o futuro, o inesperado, tudo aquilo que é novo, que muda, ou que surpreende. Visa os valores sociais, a relação com o universo, a liberdade, bem como a amizade c o poder inventiva . VÉNUS É a deusa do amor e da beleza. Ela simboliza a arte, o amor nas suas diversas expressões e tem a ver com as sensações, com o mundo dos afecros, da sensibilidade e da harmonia. ZODÍACO O percurso do Sol, visto da terra, dcfmc uma espécie de estrada por onde também circulam os planetas do sistema solar. Os astrólogos da antiguidade dividiram esse caminho em 12 partes iguais, criando os chamados 12 «signos do Zodíaco», tendo cada um 30°.

SIGNO Parcela do Zodíaco. Na astrologia existem 12 signos, são eles: o Carneiro, o Touro, o Gémeos, o Caranguejo, o Leão, a Virgem, a Balança, o Escorpião, o Sagitário, o Capricórnio, o Aquário e o Peixes. SIGNO ASCENDENTE É o signo zodiacal que se encontra colocado no horizonte, no momento de nascimento de alguém. É o signo que está a «nascer», que está a passar pelo ponto onde nasce o Sol, o local onde ele ascende, a Oriente. O signo Ascendente é um facto r importante no horóscopo, pois revela o temperamento no nativo, assim como o Sol revela a sua individualidade e a Lua a sua emoção. SOL É o senhor da luz, é o centro do nosso sistema solar e, em astrologia, o chamado «dador da vida». Ele representa o eu consciente, a capacidade de criar, a vontade de dirigir, a vitalidade e a criatividade.

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Listagem de casos de Nlorte Violenta(« Violent Death») e os factores que, segundo o astrólogo Pessoa, teriam estado na origem desse acontecimento. De notar que, neste manuscrito de 1917, ou posterior, ao fundo da página, figuram o rei de Portugal, D. Carlos I, e o seu filho, o príncipe real D. Luís Filipe.

FERN/JNDO PESSOA

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uHá apenas um evento no passado que tem, ao mesmo tempo, o caráctcr definitivo e a importância requerida para uma rectificação po r direcção; trata-se da morte do meu pai, que aconteceu a 13 de Julho de 1893. O segundo casamento da minha mãe (que aconteceu a 30 de Dezembro de 1895) é outra data que posso referir com precisão, c é importante para mim, não pelo acontecimento em si, mas por um dos seus resultados - tornando-se o meu padrasto Cônsul Português em Durban (Natal), cu fui educado lá, c esta educação ing lesa constitui-se num factor

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FERJMNDO PESS04

(42]

de suprema importância na minha vida; por isso, qualquer que seja o meu destino, essa educação vai indubitavelmente moldá-lo. As datas das viagens relacionadas com os eventos acima mencionados são (o mais correctas possíveis): 1." viagem para Áfricadei.xei Lisboa no início de Janeiro de 1896; Regresso - dci.xei Durban na tarde de 1 de Agosto de 1901; 2." viagem para África dei.xci Lisboa aproximadamente a 20 de Setembro de 1902; Regresso - dei.xei Durban aproximadamente a 20 de Agosto de 1905.»

!to roo ul t.o - tho r. l row::1rt.at r.!t t.lmt., tol' ot~tl.fat.hor boooc1r.g i'ort.uguooo Car.ou1 ir. Durba.n (l:ata1) , I wao o dunctod thoro , thi u

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1 atratd all t llio 10 rathor p ro l1x but t ~ bour.d to stvo you a o ~ar.y olu~or.to no f nan ror your nalnulAt.1ono. Tlut olo::Jor. to o.ro porl!o.po r.ot vory oattofantory f or a oouroto rooulto; but t.ho r ..o t t o ti'.at tho tmportant part or Ay 1.11'•' u p to tho praoor.t, to not an evtr.t but a pertod - tbe ona ropraoer.tod, ur~ortur.ately, by tho o1oooly ou oaeooivo , and Gl.moot. oimult.auoun, occú:g ot the progrooood Bur. to the uquara or Urar:ua and !.!aro t tho OODqUiqudTGU Of Jupitar llr.d tha Otlllliquara o1' l•aptur.o .

Thankir.g you ir. dvGr.oa ror G rap!y Go ooor. ao you oor. oonver.to r.t.ly gtv~ 1t., I a.:n, Bir, Youro o t adlor.t oorv..r.t ,

P .s,

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Ploaoo n.ddroo a: .t''9rr.o.r.do Peo ooa -

Ap.,rtodo 147 - úiobor..

[BNP/EJ,l l·l' -16']

dem de pagame nto dos se rviços astro lógicos encomendados; nesta carta, o auto r completa alguma s informações sobre o se u caso. As explicações, de carácter essencialmente técnico, destinavam-se, uma vez mai s, a indicar circunstâncias que ajudassem o seu interlocutor a produzir um trabalho corrccto conforme imagem ao lado.

Poucos dias depois, a 11 de Fevereiro de 1918, Pessoa escreve uma nova carta [BNP/E3, 114q7'] para o mesmo editor, ind ica ndo o envio em anexo da or-

Car/fiJ J/Jtrológirm

Fcnumdo PcJJoa

[43]

O tipo de observações feitas por Pessoa mostra que nessa época já detinha conhecimen tos muito especializados na área astrológica.

No espólio existe um documento que inclui precisamente as figuras dos dois horóscopos solicitados ao editor do British ]ou mal oJAstrology- o de Nascimento c o ccEpoch» - e que tudo leva a crer que seja a resposta à sua encomenda [BNP/E3, Sinais 5-87').

Pode ver-se que a primeira das figuras, a carta astrológica natal, exibe uma hora de nascimento muito precisa: 15h 11m e 49 segundos. Trata-se pois da hora já rcctificada pelo astrólogo inglês através das indicações dadas por Pessoa nas citadas cartas. Esta versão, que apresenta o Signo Ascendente colocado a 2" e 27' de Escorpião, é muito semelhante àquela que Pessoa desenhará mais tarde, e que mostra o Ascendente a z• e 26' do mesmo Signo [BN P/E3, Sinais 7-46']. O conjunto destes estudos feitos por outros astrólogos terá decerto despertado Pessoa para as reais potencialidades da astrolog ia e estimulado o seu desejo de aprofundar os conhecimentos nesta área, sobretudo aqueles trabalhos que continham interpretações mais aprofundadas sobre a natureza do nativo, que se encontram por si pacientemente sublinhados e anotados. O s «passos seguintes», dados pelo neófito/astrólogo, serão mostrados no próximo parágrafo.

~·.o .111.&. fi'~ J+l'"'"'-'":

üiobor. , llt.h . P obru"ry 1916. ~ditar

"Brittoh JourrAl ot Aatrology~ , Uonclon.

511:

I ouH la:>or.t with t.h io r.ot.o cy 1ettor or t11e !ltt•. o f th in c or.t.h. I a:n orn1oo1nn ?.O. 0rd9r 42/C-331576 for 2/ 6 Gr.d n tamp td Mdraoned or.va1op o, whloh , t o GV01d rtok or 1oon, I hllva ntamptd w1 t11 5. 1-140 I Sepharial [pseud. de Walter G oro Old] (1924). Tbe Solar Epocb: a new astrological thesis. Londres: W . Foulsham & Co. 90 p. 19 em. 1-1411 Scpharial [pseud. de Walter G oro O ld] (1925). Tbe Theory qfGeodetic Equivalmts: in relation to mundane astrolog;' i7lcludi7lg many remarkable proofi and slriking propbecies. Londres: W . Foulsham & Co. 62, [2] p. 17 em. 1-148 1Synesius (1917)./l Astrologia: a astrommrcia kabalistica. /] ash·ologia scimtifica judiciaria e eiferica. L isboa: Livraria Clássica Editora. 269, [3] p. «Psicologia Experimental; 1h. 19 em. 0

[46]

FERNANDO PESSOI/

CnriM i/slrológims

1-159 I Wcmyss, Maurícc (1927). The Wheel ofLift; or scientific nstrology. Londres: Modem Astrology Office, L. N. Fowler & Co. 3 vols; vol. I , 186 p.; voi.II, 220 p.; vol. III, 156 p. 19 em. 1-160 I Wüde, George (1909). Chnldemr nsh·ology. How to cnst mrd rend the horoscope nnd cnlculnte stnr cormes. 2." ed. Londres: 1\tlessrs. W. Foulsham & Co. 150 p. 21 em. 1-161 1Wüdc, George (1911). A Primer ofNatnl /lstrologyfor beginners: how to cnst the Horoscope nnd read its hnppyAuguries or Portents. 3.• ed. Yorkshire: The Rexo Publishing Co. 88, [3] p.18 em. 5-29 I Raphael, Edwin (1911). Rnpbnel's Astronomicnl Ephemeris of the Planet.r Pinces for 1882. 3." ed. revista e corrigida. Londres: impreso e publicado pelo autor. 30 p.19 em. [pp. 26 e 27 não parecem ter sido impressas]:1

Outra obra publicada anualmente, o Rnpbnel's Prophetic Almannch, teve também um a grande divu lgação entre os amantes e profissionais de astrologia. Além do almanaque referido na listagem acima, também existe na BNP um almanaque para 1935 (que já se editava havia 115 anos, como figura na capa), o último desta série que o escritor terá adquirido, já que corrcspondc ao último ano da sua vida:

Fcmmulo P~ssoa

P"b1h.had Srpl1m.Lcr I •I 1934

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RAPHAEL'S.... ALMANAC ~\\~;nc

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LONDONo

Pll.DmD .ofD rCDL18lJ.ID DY mJJ AUTRDB.

1906.

PRICE ONE SHíLLING.

Refira-se que algumas páginas estão profusamente anotadas por Pessoa c, especialmente, aquelas relativas aos meses de Junho c Julho.;

[BNP/E3, Anexo A-52-1')

4

Jerónimo Pizarro, Patricia Ferrari e Antonio Cardiello,A Bihliotcm Pnrticulnr de Femnndo Pes-

soa. Lisboa: D. ~ixotc, 2010. s Uma das técnicas muito usadas por Fernando Pessoa f.1zia corresponder um dia da tabela com

Nestes dois tipos de publicações, de grande tiragem e distribuição universal, c também de enorme reputação, existe algo em comum: o nome do seu autor: Raphael. Vislumbra-se aqui a génese do nome de Raphael Baldaya, a personagem que Pessoa criou para assinar alguns dos seus textos sobre astrologia.

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ORION'S & ZADKIEL'S ALMAHACS.

Prtbidiono o( l ltr t:brnl o ""à lhr Wulhu

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A REMARKABLE HIEROGLYPHIC

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RAPHAEL"S DOOK Of DREAliiS. :U.

[BNP/ E3, !\nexo ll-1 ')

No espólio existente na BNP também se encontra um documento claramente relacionado com o assunto referido no final da primeira secção: as figu ras dos horóscopos encomendados ao Briti.rh journal ofAstrology, o de Nascimento e o «Epoch». Feito pela mão do astrólogo Fernando Pessoa, o documento expõe precisamente os dois horóscopos solicitados a Londres: O chamado «Epoch» (A ) está feito para a 1 hora, 40 minutos c 10 segundos da madrugada, de 20 de Setembro de 1887 (que teoricamente seria a data do momento de concepção do poeta), enquanto o mesmo estudo, feito em Londres, indica uma diferença de poucos minutos - 1 hora, 47 minutos e 34 segundos da madrugada. Por outro lado, o horóscopo de Nascimento, «Birth» (B), como indica o autor, apresenta uma divergência insig nificante de 1 grau, relativamente àquele que, na sua carta, Pessoa solicitara que fosse corrigido pelo astrólogo inglês, dizendo: «Deixo-lhe a si a rcctificação final». Penso que este documento seja aquele que Pessoa elaborou antes de escrever a referida carta de encomenda, em 1918(•. Na correspondência, ele diz: "· ·· Envio também dois horóscopos - um é o meu horóscopo natal calculado para a hora que obtive quando tentei calcular o meu horóscopo pré-natal, o outro para o próprio momento de concepção.>> Na verdade, este estudo contendo as duas figuras

um ano da sua vida. Assim, com as tabelas do mês de Junho pôde f:1zcr cálculos até aos seus 17 anos de idade, c as do mês de Julho foram utilizadas para analisar o período da sua vida dos 18 anos em diante.

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WEATIIER GUIDE

4

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A1Es.s e4'c

••• ,D. 1935

> (W).

7

Dois meses depois do evento anterior, segundo indicação colocada na parte superior da primeira página [BNP/ EJ, Sinais 2-22']: «For MC aspccts, 2 months !ater•.

8

Também dois meses depois do evento anterior, por envolver o Meio do Céu (MC), de acordo com a indicação colocada na parte superior da primeira p:ígina [BNP/EJ, Sinais 2-22']: «For MC aspccts, 2 months !ater•.

FERNANDO PESSOA

[52]

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• O décimo primeiro evento, que terá ocorrido aos «3 1 anos e 7 meses e Jh, pro_vocou em Pessoa uma forte expressão de admiração pelo rigor com que se vcnficou: «(stupendous! Remembcr 22/1/1920 only 6 days out)>> (X).

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