História No Mercy - Capítulo 1 - História escrita por xback - Spirit Fanfics e Histórias

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História No Mercy (https://www.spiritfan ction.com/historia/no-mercy-7857728) - Capítulo 1

Escrita por: xback (https://www.spiritfanfiction.com/perfil/armydiota) 

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Postado em 26/01/2017 19:49 Categorias Bangtan Boys (BTS) (https://www.spiritfanfiction.com/categorias/bangtan-boys-bts) Personagens Jeon Jungkook (Jungkook), Jung Hoseok (J-Hope), Kim Namjoon (RM), Kim Seokjin (Jin), Kim Taehyung (V), Min Yoongi (Suga), Park Jimin (Jimin), Personagens Originais Tags Abo (https://www.spiritfanfiction.com/tags/abo), Alfa!taehyung (https://www.spiritfanfiction.com/tags/alfataehyung), Bottom!jeongguk (https://www.spiritfanfiction.com/tags/bottomjeongguk), Jihope (https://www.spiritfanfiction.com/tags/jihope), Kthyung (https://www.spiritfanfiction.com/tags/kthyung), Mpreg (https://www.spiritfanfiction.com/tags/mpreg), Ômega!jungkook (https://www.spiritfanfiction.com/tags/omegajungkook), Taegguk (https://www.spiritfanfiction.com/tags/taegguk), Taekook (https://www.spiritfanfiction.com/tags/taekook), Top!taehyung (https://www.spiritfanfiction.com/tags/toptaehyung), Vkook (https://www.spiritfanfiction.com/tags/vkook), Vmin (https://www.spiritfanfiction.com/tags/vmin) Visualizações 8.751 Palavras 7.356 Terminada Não

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS Gêneros: Drama (Tragédia) (https://www.spiritfanfiction.com/generos/dramatragedia), Família (https://www.spiritfanfiction.com/generos/familia), Ficção (https://www.spiritfanfiction.com/generos/ficcao), Romance e Novela (https://www.spiritfanfiction.com/generos/romance-e-novela), Universo Alternativo (https://www.spiritfanfiction.com/generos/universo-alternativo), Yaoi (Gay) (https://www.spiritfanfiction.com/generos/yaoi-gay) Avisos: Álcool, Bissexualidade, Gravidez Masculina (MPreg), Homossexualidade, Insinuação de sexo, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo Aviso legal

Os personagens encontrados nesta história são apenas alusões a pessoas reais e nenhuma das situações e personalidades aqui encontradas refletem a realidade, tratando-se esta obra, de uma ficção. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual. História sem fins lucrativos, feita apenas de fã para fã sem o objetivo de denegrir ou violar as imagens dos artistas.

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Notas do Autor

Essa história aborda alguns temas que podem causar desconforto como gravidez na adolescência, depressão e ansiedade. Nada aqui é retratado de forma romantizada, desde o lado escuro de passar por uma gestação até sobre como transtornos psicológicos afetam a vida de uma pessoa. Não ataquem o Jeongguk antes de pensarem um pouco sobre ele, por favor. Tenham uma boa leitura! Capítulo 1 - Kill Our Way To Heaven

Encarava o pequeno teste em suas mãos totalmente trêmulas e lágrimas grossas já desciam pela pele um tanto avermelhada de seu rosto por conta do choro. Os dois risquinhos no produto indicavam o que ele estava negando a si mesmo durante a última semana. Positivo. Não podia ser, ele não queria que fosse. Sua vida estaria estragada no momento que chegasse em casa e contasse para sua mãe e seu pai a novidade. Realmente estava fora de cogitação encarar a senhora Jeon e dizer que havia transado com o alfa que seus pais, principalmente a mulher, proibiram de manter contato. E, agora, o mais novo e único neto da família estava a caminho. Na melhor das hipóteses que sua cabeça insistia em planejar, ela apenas o mandaria ter a criança em outro país, de preferência um do outro lado do mundo, e logo em seguida o deserdaria pelo tamanho desgosto que havia causado a família. Deveria ter respeitado sua mãe quando ela disse que ele, Jeon Jeongguk, não poderia andar com pessoas da classe de Taehyung. Sabia que ela não dizia tais palavras no sentido do jovem dois anos mais velho que si ser um alfa, coisa que o tornava seu predador, e sim pelo mesmo estar algumas classes sociais abaixo da sua.

Porém, mesmo se tratando de um grande preconceito por parte da mais velha, evitaria a realidade que estava fadado a encarar a partir daquele momento. Não podia simplesmente ter uma criança, havia acabado de completar dezesseis anos e como presente indesejado teve o seu primeiro cio, onde Taehyung entrava pela janela de seu quarto para ajudá-lo. Pior que ter fugido, ele simplesmente deixou que o mais velho entrasse em sua casa e o satisfizesse. Uma escolha sua. Seus pais iriam matar Taehyung assim que descobrissem, matariam Jeongguk e, de quebra, matariam a criança que agora existia dentro de si. Talvez essa fosse a única parte boa nisso tudo. Deitou-se na cama, levando as mãos até a barriga sem volume algum, apertando-a enquanto deixava as lágrimas molharem o travesseiro de Jimin, o único amigo que tinha além do Kim. Ele se perguntava a cada segundo sobre como iria lidar com aquela situação. Não podia ter essa criança, ele nem ao menos tinha dezoito anos, ainda não havia acabado o ensino médio e não sabia nem mesmo como se sustentar. E, em relação a Taehyung, ele nem contaria com apoio financeiro, o rapaz mais velho não tinha onde cair morto, segundo sua mãe. Seria apenas ele e aquele ser dentro de si que mal existia e já havia estragado toda sua vida. O ômega chorou por minutos a fio, sentindo sua confusão mental cada vez maior. Estava sozinho, mesmo após ouvir a porta do quarto de Jimin ranger e o beta ir em sua direção. Jeongguk se sentia abandonado antes mesmo de qualquer veredito. — Jeongguk… deu positivo, não foi? — Sentou-se na beirada da cama, tocando o braço do garoto que ainda soluçava. O mais novo apenas assentiu e mordeu o lábio inferior, chorando com mais intensidade. — Olha, não precisa ficar assim… O Taehyung e eu vamos te apoiar em tudo. Eu tenho certeza que ele não vai te virar as costas... — Jimin tentou consolar. Era completamente inútil. — E daí se o Taehyung vai me apoiar?! A minha família nunca vai aceitar esse filho. Eu tenho dezesseis anos, Jimin! Essa coisa dentro de mim é filha de um alfa que mal consegue se sustentar! — O beta partiu os lábios ao ouvir o amigo se referir ao seu filho como “coisa”. — Não fale essas coisas horríveis... O que deu em você? — Jimin levantou-se, sendo acompanhado pelo outro. — Eu não quero esse bebê! — gritou, mas de fato não importava se o amigo iria entender o que pensava ou não.

Ele não queria, era uma decisão sua, o corpo era seu, no entanto, o amigo parecia decidido a convencê-lo de tratar bem um amontoado de células que estava pronto para destruir sua vida. — Não é só você que vai decidir isso, você não fez ele sozinho. Espere o Taehyung chegar pra vocês conversarem. Ele vem aqui hoje, não vem? — Jeongguk assentiu. — Então… fica calmo, come alguma coisa e não toma nenhuma decisão precipitada. — Não é como se ele fosse mudar alguma coisa. Isso está dentro de mim. O Taehyung querendo ou não, eu não vou ficar com ele. Jeongguk limpou as lágrimas de seu rosto e saiu do quarto batendo a porta, deixando um Jimin frustrado cair na cama, suspirando em derrota. O ômega andou a passos largos até a porta de entrada, não via a hora de chegar em sua casa e se jogar em sua cama, podendo chorar o quanto quisesse. Chorar escondido, como todas as vezes anteriores. Precisava pensar em uma solução, não poderia ficar com um feto tanto tempo dentro de si, de forma que em alguns dias o cheiro de Taehyung iria estar impregnado em seus lençóis — isso se já não estivesse. Abriu a porta, preparado para fugir dali o mais rápido possível, mas se arrependeu logo em seguida. Taehyung estava ali, pronto para bater na madeira desgastada e com um grande sorriso no rosto. — Você chegou mais cedo hoje! — exclamou o alfa animado, abraçando o corpo de Jeongguk com possessão. Ele era sempre muito carinhoso consigo. — Eu comprei algumas coisas para você comer enquanto nós assistimos àquele filme que escolheu ontem e… — Você não precisa gastar seu dinheiro comigo— esforçou-se para não demonstrar o choro recente em sua voz. Ver Taehyung disposto a gastar suas únicas economias pelo seu bem estar momentâneo o fez pensar ainda mais, tinha um bebê a caminho e não tinham como comprar nem mesmo um pacote de fraldas completo.  — Hyung, eu realmente preciso ir agora. Vemos isso outro dia. — Ah, Jeongguk… você prometeu que ficaria comigo hoje! — choramingou feito uma criança. — Sua mãe nem está em casa nesse horário, você vai ficar fazendo um grande nada lá. Fique aqui, por favor? Eu juro que vou cuidar muito bem de você, eu sempre cuido. Jeongguk não conseguia negar um pedido vindo do seu Taehyung.

Era por isso que no momento seguinte se encontrava no sofá da sala de Jimin, forçando sorrisos falsos sempre que o Kim fazia uma piada sobre o filme ou comentava sobre como o Jeon estava cabisbaixo naquele dia em especial. Apenas suspirava a cada questionamento sobre o que estava sentindo direcionado a si. Ele não estava bem, ele não ficaria bem até voltar a ser um ômega normal. Jeongguk se encolheu quando sentiu Taehyung abraçar seus ombros e cheirar seu pescoço, o desconforto no ambiente era quase palpável desde que Jimin pigarreava vez ou outra quando Jeongguk agia de maneira fria demais, afastando-se dos braços do mais velho ou apenas sorrindo a cada “eu amo você, sabia?” que o alfa dizia em tom apaixonado. O ômega sentiu um beijo singelo em seu rosto, era assim que o Kim fazia quando queria lhe beijar e ele não poderia negá-lo um beijo. Sentiu o alfa tocar seu queixo e virá-lo para o lado, para que assim ele pudesse alcançar seus lábios e lhe beijar, por fim. Era um beijo calmo, lento, faziam um carinho mútuo em ambos os braços. Jeongguk sentia-se protegido. Era o pai de seu filho ali, o seu primeiro alfa, o único que beijou seus lábios e teve seu corpo. Taehyung era seu alfa sem nem mesmo tê-lo marcado. Mas aí veio o maldito embrião para atrapalhar tudo. Jeongguk desgrudou seus lábios rapidamente, engolindo em seco e, para não parecer tão estranho, deitou o rosto no peito do alfa, que lhe acolheu em seus braços e voltou a assistir o filme, vez ou outra lhe arrancando selinhos e umas palavras monossilábicas. Jimin apenas observava tão desconfortável quanto. — Jeongguk, você está mesmo bem? — Taehyung perguntou, acariciando seus fios negros. — Estou — disse simplista, saindo o aconchego do alfa e se espreguiçando ao final do filme. — Posso estar sendo chato, mas eu me preocupo com você — continuou o mais velho, olhando para o outro. — É o que eu sempre digo… — disse Jimin, parecendo indiferente, porém, apenas jogando uma indireta para seu amigo. — Não se preocupe comigo — respondeu o Jeon, e logo em seguida deu um sorriso. Seus sorrisos eram a melhor escolha quando não queria parecer grosso, mas também não gentil demais. — Eu vou ao banheiro. — Taehyung se levantou, deixando um beijo casto na testa do ômega. — Eu volto já, e vocês... — Apontou para os outros dois ali presentes — Não falem mal de mim enquanto eu estiver fora.

— Pode ir em paz, Taehyung. — Jimin riu, se levantando e indo sentar próximo a Jeongguk. — Eu cuidarei muito bem desse bebê aqui. — Abraçou o mais novo. — Vá logo, Taehyung! — Você está me expulsando de perto do meu ômega, que absurdo! — brincou, bagunçando levemente os fios pintados em um tom alaranjado de Jimin. Taehyung logo saiu, deixando os dois ali sozinhos, Jeongguk aproveitou para encostar a cabeça no ombro do mais velho entre os três, suspirando e piscando várias vezes para impedir que as lágrimas de voltarem a escorrer pelo seu rosto. Jimin, notando o quão abalado o mais novo estava, apenas levou uma de suas mãos aos fios negros, acariciando-os levemente como o Kim fazia quando o Jeon apenas parecia querer carinho. — Você não contou ainda, não é? — Jimin parou de acariciar o cabelo do ômega, vendo-o voltar a sua posição inicial e confirmar a pergunta com um movimento de cabeça. — E quando pretende contar, em algum momento ele vai notar que aqui… — Tentou levar sua mão à barriga sem volume algum do mais novo, sendo impedido bruscamente. — Calma… Em algum momento alguém vai tocar aí, em algum momento o Taehyung vai querer sentir o filho de vocês… — Essa coisa não é meu filho, que droga! — exclamou irritado, deitando-se no sofá e apoiando a cabeça sobre o colo de Jimin. — Vamos apenas voltar a assistir filmes e esquecer disso. — Jeongguk… — Por favor, respeite minha decisão, pelo menos um pouco. E Jimin deveria respeitar, de fato acreditava que o mais novo ainda estava em choque, era até mesmo uma situação normal. O garoto ainda estava na escola, Taehyung se desdobrava para pagar os livros de sua faculdade de Direito e ambos ainda estavam na adolescência. Jeongguk deveria estar se perguntando como os dois juntos sustentariam um bebê, pagariam fraldas, leite, roupas, brinquedos e tudo que uma criança precisa para viver confortavelmente. Porém, Jimin estava sujeito a ajudar e esperava que o amigo estivesse ciente disso. — Jimin, Jimin! — Taehyung voltou para a sala, gritando pelo amigo que murmurou para que ele prosseguisse. — Por que você não me contou que está esperando um filho? — Balançou o teste de gravidez na frente do amigo, não notando os olhos arregalados de Jeongguk e as lágrima finas saindo pelos mesmos. — Eu achei que fosse seu amigo e que você contaria tudo para mim, mas não! Eu só descobri por ver isso jogado no lixo do banheiro e… — Cala a boca! Cala a boca, por favor… — Jeongguk murmurou, tendo a atenção de Taehyung voltada para si e só assim o alfa notou o que estava acontecendo.

— Tae… — Jimin tentou falar, mas foi parado por um Taehyung indo na direção de Jeongguk e levantando seu rosto, obrigando-o a olhá-lo. — Por que está chorando, meu amor? — Limpou as lágrimas nas bochechas de Jeongguk, mas suas mãos foram jogadas com força para fora de seu toque. — Jeongguk, o que você…  — A expressão no rosto de Taehyung era tristonha. — Está feliz agora, Jimin?! — Jeongguk direcionou a voz com tom amargurado para o amigo ruivo que negou com os lábios partidos. — Ele descobriu, finalmente. Agora pode ficar satisfeito — o Jeon o acusava e Taehyung franziu o cenho. Quando o alfa finalmente entendeu do que estava acontecendo, ele olhou para os garotos que se encaravam com diferentes emoções. — Isso é seu, Jeongguk? — Apontou para o teste de gravidez em sua própria mão. — É meu, sim. — Ergueu o nariz, por mais que as lágrimas ainda deixassem seus olhos. Estava tentando inutilmente mostrar sua posição ali, mesmo que a ansiedade estivesse o corroendo. — Então, quer dizer que você está… — Taehyung, por favor… — Jimin interferiu, tentando evitar uma possível briga. — O filho é meu? — Jeongguk riu sem humor com a pergunta do maior, que olhava fixamente para sua barriga coberta pelo largo moletom. — Claro que o filho é seu! Você sabe que eu não tive mais ninguém. — Estava ofendido, a simples dúvida de Taehyung fazia seu coração doer. — Eu sei, eu sei… Me desculpe — Taehyung tremia com aquela notícia. Sentia-se feliz e desesperado ao mesmo tempo. — Eu só… Nossa, nós vamos ter um filho! — Andava de um lado pro outro, sorrindo largamente. — Nós vamos ter uma família, mesmo que estejamos novos ainda e isso é um pouco confuso para mim já que um filho nessa idade é um passo muito grande e.... É a nossa família, vamos ter um bebê! — Pare de criar expectativas de uma família! — Jeongguk gritou, se levantando. — Não podemos fazer isso com as nossas vidas, você não entende?! — Empurrou Taehyung, calçando seus sapatos com rapidez e saindo pela porta a passos largos. — Jeongguk! — Taehyung tentou ir atrás do ômega, mas foi impedido por Jimin.

— Ele precisa de um tempo para aceitar tudo isso sozinho, Tae. Deixa ele ir para casa e mais tarde você o manda uma mensagem, aparece no quarto dele, seja o que for. — Jimin... — Sentou-se no sofá, Jogando a cabeça para trás e tentando conter os ânimos. — Eu vou ser pai. —x— Jeongguk chegou na grande casa onde morava com a expressão abatida, nem mesmo cumprimentou os empregados que estavam no jardim, apenas correu até a sala, se jogando no primeiro sofá que viu. Sua cabeça doía e seu estômago parecia ter criado vida, mas ele sabia que realmente existia outra vida dentro de si agora, uma vida que não deveria existir. Suspirou, sentando-se e encarando o teto branco, tentando ao menos fazer com que o enjoo parasse e ele não precisasse correr em direção ao banheiro para jogar o jantar da noite passada fora. Não queria que aquele ser dentro de si o controlasse de tal maneira, nem mesmo pensar que ele estava conseguindo isso com aquele incômodo que aumentava cada vez mais. Mal notou quando seus pais entraram pela porta, Chaeyoung, sua mãe, reclamava do dia cansativo em que teve por esperar a cabeleireira de confiança estar disponível e o pai escutava tudo sem de fato responder a esposa. Apenas mais um dia comum na família Jeon, eles esperavam. — Boa tarde, Guk. — A mulher deixou um beijo na testa do filho, sem notar o estado abalado do mesmo. — Você está bem, Jeongguk? —   questionou o alfa, notando o rosto pálido do ômega. — Eu estou bem, eu apenas estudei demais para a prova da semana que vem. — Colocou-se de pé, sentindo o enjoo voltar fortemente, mas sorrindo de forma falsa logo em seguida e sendo obrigado a sentar-se novamente.. — Eu irei descansar um pouco no meu quarto. Nem mesmo deu dois passos e uma tontura forte lhe atingiu, apenas dando tempo de que ele voltasse a se sentar para não cair no chão. Respirou pesadamente, tentando recobrar todos os sentidos e o foco em sua visão, logo sentiu a mão de Jangjae, seu pai, em seu ombro e a voz do mesmo soar em um tom mais sério: — Jeongguk, me conte o que está havendo. Agora. — A boca do ômega, que já tremia, se partiu em um choro lamentável. Chorava copiosamente, podendo ser ouvindo apenas o som da sua respiração sendo puxada quando lhe faltava o ar. Sua mãe ficou sem reação, apenas observando o choro do filho.

— Filho, pode confiar em nós dois… somos seus pais — disse a mulher, passando a acariciar o cabelo do menino à sua frente, que respirou fundo e soltou o ar em seguida, se recompondo pelo menos um pouco. — Eu… eu sou uma vergonha pra vocês. — Jeongguk abaixou o olhar, mirando o tapete felpudo. — O que está dizendo? Você é o meu maior orgulho — pronunciou Jangjae, um pouco temeroso. — Não… Eu fiz algo muito, muito errado… — continuou o ômega. — Está começando a me assustar, Jeongguk. Fale logo de uma vez! — ditou Chaeyoung. — Mãe, pai… me perdoem… — Jeongguk fechou os olhos e, quando os abriu, encarou os rostos de seus pais que aguardavam ansiosamente um esclarecimento. — Eu estou esperando um filho — revelou e prensou suas pálpebras enquanto sentia mais lágrimas escorrerem por seu rosto. — Um filho?! O quê… Do que está falando, Jeon Jeongguk? É algum tipo de piada? Pois saiba que não tem a menor graça! — JangJae levantou-se do sofá, vendo esposa e filho ainda sentados. Chaeyoung parecia em choque, não conseguia pronunciar uma palavra. — É verdade… eu… Aconteceu, pai, foi um acidente! — O ômega queria acreditar que sim, mas a verdade era que de acidente aquilo não tinha nada. Ele dormiu com Taehyung em seu cio porque quis o alfa junto a si, e o Kim nunca fora um acidente para ele. — Acidente?! Quem engravida por acidente?! — O alfa gritou e Jeongguk se encolheu no sofá. Logo sua mãe levantou-se e parou junto ao homem. Os dois lhe encaravam com um olhar mortal, carregado de desgosto e decepção. — Quem é o pai? — questionou Chaeyoung pela primeira vez. — Diga, Jeongguk. Quem foi o responsável por isso? — Apontou para a barriga do menor, essa bem coberta pelo moletom folgado. Mesmo que sua barriga ainda não tivesse mudado nada, ainda fosse lisinha e sem protuberância, deixá-la marcada era como um lembrete instantâneo para Jeongguk sobre sua situação e ver sua mãe olhar aquilo como algo imperdoável o machucou ainda mais. — Mãe… eu sou o responsável, eu que… — Diga o nome dele! — Chaeyoung gritou descontrolada. Jeongguk negava com a cabeça várias e várias vezes. — Não vou falar, ele não…

— Diga o nome do desgraçado ou você pega suas coisas e vai embora dessa casa! — Jangjae disse em um momento de explosão. — O senhor não faria isso… — Jeongguk tentava convencer a si mesmo, encarando seus pais com um olhar triste. — Não queira pagar para ver — respondeu e Jeongguk sentiu todos os seus músculos travarem. — Por favor… por favor… — o mais novo falou apertando os olhos e os braços, negando com a cabeça. — Eu não vou falar mais uma vez, Jeongguk, eu quero que você fale… É a sua chance de continuar vivendo aqui, isso caso não queira ter essa maldita criança no meio da rua. — Taehyung! É o Taehyung! — gritou, desesperado com a ameaça. Ele abaixou o cabeça e colocou-se a chorar novamente. Chaeyoung e JangJae soltaram os braços ao lado do corpo, olhando chocados o filho que chorava aos soluços. — Taehyung? Kim Taehyung? — Chaeyoung perguntou ainda incrédula. — Nós te proibimos de até mesmo ser amigo desse tipo de gente e você me aparece com um filho desse marginal, Jeongguk?! — A mulher estava possessa, enquanto seu marido massageava as têmporas, pensando em algo para ser dito. — Ele não é um marginal! Ele é um garoto bom, é gentil e gosta de mim! — gritou, ainda com os braços ao redor de si mesmo. — Gosta de você?! Ele se aproveitou de você! Não podemos dar confiança a esse tipo de gente! — Chaeyoung fez uma série de exclamações. — Mãe, não fale assim… — implorou Jeongguk. — Vá para o seu quarto agora, Jeongguk. Vamos resolver isso — Jangjae se pronunciou, sem olhá-lo nos olhos. — Dar um jeito? Pai, o que vão fazer? — Saia da minha frente antes que eu não responda por mim... — Jeongguk se assustou com as palavras do alfa, sentindo seu corpo tremer. Levantou-se em silêncio, assentindo à ordem e mirando seus pés. Subiu as escadas rapidamente, ainda sim observando o alfa levar a mulher até o sofá, enquanto a mesma encarava o filho com desprezo. Não julgava seus pais, ele estava errado, ele havia se colocado naquela situação e nem mesmo tinha como sair dela sem deixar alguém machucado. Entrou em seu quarto, se jogando na grande cama no centro do mesmo. Nem mesmo sabia o que fazer agora, seus pais já sabiam de tudo e isso poderia ser um alívio. Não iria precisar se esgueirar

pela casa sempre que estivesse com tonturas como na última semana, mas o medo do que poderia acontecer consigo era alto. Ficou ali, encarando o teto branco por um bom tempo, apenas fechando os olhos rapidamente quando a porta fez o barulho clássico, indicando que alguém estava entrando e, pela falta do anunciado, só podia ser o alfa da casa. Jeongguk o temia tanto. — Eu sei que você não está dormindo, abra esses olhos — falou o homem, indo em direção ao corpo do filho. — Vamos, Jeongguk. Levante! — O que o senhor quer comigo? — A voz do ômega ainda estava rouca, indicando o choro que ainda se mantinha presente há alguns minutos. — Nós vamos até a casa daquele desgraçado e você virá com a gente. — O alfa suspirou. — Ele vai lidar com as consequências de ter feito isso com você. — Não, vocês não podem ir! — Jeongguk gritou, sentando-se na cama. — O taehyung não tem culpa de nada, vocês não podem simplesmente xingá-lo por ter acontecido! — Eu ainda sou seu pai e você me deve respeito! — aumentou seu tom de voz, pegando o ômega pelo braço. — Você irá nos levar até a casa daquele Kim e lá vamos decidir o que fazer com vocês dois. Espero que tenha entendido. — Pai, o senhor está me machucando — Referiu-se ao braço sendo apertado com brutalidade, nunca havia sentido os dedos de seu pai agressivamente contra sua pele antes, mas acompanhado do olhar decepcionado aquilo doía bem mais que o normal. — Por favor, me solte. — Você não pediu para ele te soltar quando ele fez aquele tipo de coisa com você. — Suspirou, largando o braço do filho.   — Estaremos te esperando na sala em cinco minutos, lave esse rosto, não quero que os empregados comentem sobre você estar chorando. Se você não descer por conta própria, nós vamos subir para te levar à força. — Olhou Jeongguk de cima, exalando sua superioridade — Além disso, passe um perfume forte. O cheiro dele está impregnado em você. Isso me enjoa. Jangjae saiu do quarto do filho e Jeongguk afundou o rosto em seus travesseiros, ainda podendo sentir, como seu pai disse, o cheiro de Taehyung em seus lençóis e em seu próprio corpo. Estava tão evidente cada rastro daquele crime que os dois haviam cometido, apenas podia rezar para qualquer ser celestial que sua punição não fosse tão dura.

Quando desceu ao local que lhe fora indicado teve seu corpo conduzido silenciosamente até o carro, onde partiram em direção à casa de Taehyung. Não conseguiria imaginar se ele estava bem com tudo isso, se estava triste, feliz, com raiva… Simplesmente não sabia. Só tinha ciência de uma coisa: temia por seu alfa. Ao chegarem na simples casa no subúrbio, Chaeyoung torceu o nariz diante a situação daquele bairro tão diferente do luxuoso onde moravam. Jangjae riu com escárnio e se perguntou em que ponto havia errado na criação do filho, e Jeongguk apenas abaixou o olhar, seguindo seus pais rumo a entrada da casa de Taehyung. O ômega tomou a iniciativa e bateu cinco vezes na porta, onde foram recebidos pela mãe de Taehyung, Kim Haesoo. A mulher olhou os três de cima a baixo, logo os encarando com uma expressão nada feliz. Não era novidade para Jeongguk que a alfa não gostava muito de si, o que só piorava ainda mais a situação, pois sentia-se intimidado com sua voz autoritária e postura severa. — Kim Taehyung está? — Jangjae tomou partida. HaeSoo suspirou e, com um nariz erguido, deu passagem para que eles entrassem. A alfa, então, chamou pelo garoto em um tom alto, fazendo os pais de Jeongguk revirarem os olhos com a falta de elegância no ato. Era com aquele tipo de gente que o filho deles estava se envolvendo, gente sem classe que mal tinha educação diante de visitas. — Ele desce em um minuto. Pode sentar, Jeongguk. Senhores… — Forçou um sorriso e indicou o sofá simplório para que a família se sentasse. — Obrigado, estamos bem de pé — respondeu Jangjae, puxando Jeongguk pelo braço que ia para se sentar. — Mas eu estou tonto… — murmurou o garoto, apelando. — Não vamos nos demorar — proferiu Chaeyoung, sem dar atenção ao clamor do filho. — Deixe que o garoto sente, ele está se sentindo mal — disse Haesoo olhando duramente para Jangjae que ainda o segurava. — Não há necessidade — respondeu o alfa, encarando a mulher que tinha o olhar até mesmo mais firme que o seu. — Estou aqui, mãe… — Taehyung desceu as escadas rapidamente. — Jeongguk? Senhor e senhora Jeon… O que os senhores… — Eles querem te ver, Taehyung. — Jeongguk tinha um olhar triste quando mirou o alfa que alternava seu olhar para ele e sua família.

— Então é você. — Jangjae se aproximou do garoto que deu um passo para trás por receio do alfa maior. O mais velho riu com escárnio e olhou o Kim de cima a baixo, além de nem mesmo ter bons tecidos para vestir, se amedrontava como um filhote incapaz de se defender. — É uma piada mesmo... — Me desculpe, mas não entendi muito bem — a mãe de Taehyung interrompeu. — Você veio até a minha casa para dizer que o meu filho é uma piada? — Seu filho é um marginalzinho, piada é um elogio — disse Chayoung, se encolhendo assim que recebeu o olhar raivoso de HaeSoo. — Viemos conversar sobre o que o seu filho fez com o nosso Jeongguk — prosseguiu Jangjae com o que a esposa queria ter dito. — Queremos deixar tudo bem claro antes de decidir o futuro desses três. — Três? — Haesoo indagou confusa. — Por favor, sentem-se. Tenho em mente que essa conversa será longa. — Vem, Jeongguk. Você parece estar mal. — Taehyung segurou as mãos do mais novo, guiando-o em direção ao sofá. — Você comeu quando chegou em casa? — O menor negou, estava fraco e não aguentaria continuar ali daquela maneira. — Jeongguk, você deveria estar comendo por dois e não passando fome. — Eu estou bem. — Abaixou a cabeça, aguardando seus pais sentarem à sua frente e a senhora Kim ao lado do filho. — Vocês podem começar me explicando o porquê dos dois ficarem cochichando entre si e vocês estarem direcionando esses olhares cheios de desprezo para meu filho — sugeriu a alfa, colocando as mãos sobre os ombros do filho. — O Taehyung não fez nada de errado, não que eu saiba… — Engravidar o meu filho não é algo errado?! — Chaeyoung gritou, sendo impedida de se levantar pelo marido. — Ele destruiu o futuro do meu garoto, o usou e agora meu filho está gerando outra criança. Aonde está o futuro que havíamos planejado para ele? — Taehyung, você engravidou o garoto? — De fato a mãe do Kim era bastante nervosa, o que não era pra menos se tratando de uma alfa. — Vocês têm noção do que fizeram? Uma criança é uma grande responsabilidade, meu Deus! — Deu um tapa no braço do filho, seguido de mais outros, vendo-o se encolher com toda aquela sessão de agressão. — Você nem terminou a sua faculdade ainda, Taehyung, e o Jeongguk ainda está no colegial. Vocês são tão irresponsáveis! — Continuou a bater no braço do garoto.

— Está doendo, mãe! Por favor… — Taehyung gritava, tentando se esquivar. — Mãe, o Jeongguk está assustado! — gritou, segurando os pulsos da mulher e vendo a mesma olhá-lo com grande raiva. — Me desculpe, mãe. Eu não posso deixar que ele se assuste, não quero o mal dele. — Como vocês vão cuidar de uma criança, meu filho? — Haesoo estava inconformada. — Ela já está feita, não podemos voltar atrás. — Eu posso sair da minha faculdade e trabalhar em dois empregos, posso usar aquele dinheiro que eu junto com o papai, posso… Eu não sei, mãe. — Taehyung suspirou. — Eu faço qualquer coisa para dar um futuro bom ao meu filho. Haesoo assentiu derrotada, sendo solta pelo filho e logo acariciou o local em que havia o machucado. Jeongguk mexia suas mãos juntas quase de forma compulsiva, enquanto olhava os pés juntos sobre o chão. — Você acabou com a vida do meu filho. — Jangjae se dirigiu ao Kim com desprezo. — Abusou do meu garotinho! — Pai! — Jeongguk gritou, com nojo do que o homem falava. Taehyung nunca seria capaz de abusar de si, nunca o forçou a nada. — Abusei? O senhor deve ter ouvido uma história bem errada sobre mim… — Taehyung sentiu uma onda de tristeza se apoderar de si, decepção ao olhar para o ômega que segurava as lágrimas. — Não… Tae, eu não falei nada… — o ômega tentou contornar a situação, lhe explicar que jamais havia ao menos insinuado aos seus pais que Taehyung o obrigou a fazer algo que ele não quisesse. Aquilo era culpa de ambos, nenhum dos dois estava livre de acusações. — Cale-se, deixe que seu pai converse com essa gente e… — a frase da mãe de Jeongguk ficou inacabada. — Chaeyoung, não é? — a voz da alfa voz fora ouvida no ambiente depois de alguns minutos em silêncio, a ômega concordou com a cabeça, o ar superior nunca abandonando sua face, contudo, parecia mais dócil por estar na presença de tantos alfas. — O que acha que ganha vindo à minha casa e ofendendo a mim e ao meu filho? — Olhou com faíscas para a outra mulher que suspirou e ergueu o nariz em contradição às suas palavras. — Estou aqui unicamente para resolvermos a situação que o seu filho provocou. — Apontou para Taehyung, que rosnou baixinho para ela. — O meu filho? E quanto a esta miniatura sua? Seu garotinho não tem culpa? — Haesoo a acusou, olhando como Jeongguk a mirava com os olhos grandes arregalados.

Estava surpreso, pois pela primeira vez alguém havia lhe acusado e aquilo pareceu lhe deixar mais leve, saber que alguém, por mais que fosse uma única pessoa além dele, tinha consciência de que o ômega não era inocente. Jeongguk já se sentia o maior dos culpados. — O que está querendo dizer? — Jangjae questionou com o cenho franzido. — Não é óbvio? Você e eu, senhor Jeon, sabemos como alfas se comportam. Acha mesmo que meu filho iria fazer algum mal a Jeongguk? Ou melhor, acha que, apaixonado como Taehyung é, iria forçá-lo a dormir com ele? — Taehyung sentiu-se emocionado ao perceber que sua mãe falava realmente o que ele sentia. Jamais faria mal a Jeongguk porque o amava e aquilo não era segredo para a mais velha. — E, acredite, por mais que eu não goste desse garoto nenhum pouco... — Olhou para o ômega encolhido, que abaixou o olhar. — Eu apoio a escolha do meu filho e não vou deixar que humilhem Taehyung ou Jeongguk em minha casa, este que está carregando meu neto. — Ergueu a cabeça assim como os pais de Jeongguk, mostrando que não se deixaria intimidar. — Então, senhores, podem ir embora. De Taehyung cuido eu, ele com certeza não fugirá de suas obrigações. Agora, por favor, deem um jeito no comportamento do rapazinho de vocês, pois o meu filho merece alguém doce e agradável, não esse poço de soberba que carrega o sobrenome Jeon. —x— Quando Jeongguk completou dois meses de gestação, seus pais o mandaram viver com Taehyung. Contraditório para dizer, no mínimo,

mas

queriam,

de

certa

forma,

puni-los

pela

irresponsabilidade e nada mais conveniente do que mandá-los para viver uma vida em que deveriam aprender a se cuidarem sozinhos. Jeongguk estudava em casa. Não tinha motivação para ir a escola desde que descobriu a gravidez, tinha vergonha de todos os olhares daqueles adolescentes que apenas iriam destilar palavras ruins sobre si e ressaltar o quanto ele era um jovem irresponsável. Não se deu ao luxo de abandonar os estudos por completo, sabia que, logo que aquele feto estivesse fora de seu corpo seus pais o aceitariam de volta e o colocariam em uma boa faculdade. Mas, até lá, concordaram que o ômega se afastasse do colégio para que não houvesse um escândalo tão grande envolvendo a família Jeon. E tudo estava indo de mal a pior. Taehyung não abandonou o curso de Direito, pelo contrário, vivia enfiado com a cara nos livros quando não estava trabalhando para pagar o aluguel daquele apartamento mínimo que por ora dividiam, planejando ao menos terminar o segundo semestre com

boas notas. Apenas o tempo estava responsável por ser necessário ou não trancar a faculdade após isso, mas já era uma certeza quando o pequeno salário que recebia não comprava nem mesmo os alimentos necessários para viver saudavelmente. Os pais de Jeongguk ajudavam somente com suas próprias necessidades, como se Taehyung não existisse ali. Em poucos meses teriam um bebê nos braços e os gastos aumentariam com fraldas e roupas para a criança. As preocupações cresciam, os preparativos para o nascimento já deviam se iniciar visto que não podiam deixar tudo para o último momento e, naquela relação estranha que nem mesmo podiam chamar de namoro, os dois encontravam restos de tempo para ao menos terem algum carinho. E era assim que viviam por ora. —x— Jeongguk se encontrava assistindo uma animação de um conto de fadas qualquer na pequena televisão do quarto que deveria dividir com Taehyung, mas não sentia-se confortável em deitar novamente em uma cama com o Kim. já estava deitado há horas naquela mesma posição e nem mesmo sentia fome ou vontade de sair dali, se pudesse voltar para sua casa e voltar a viver a sua vida estaria um pouco melhor. Sentia falta do conforto da sua cama, da vista que tinha pela janela e até mesmo de aguardar ansiosamente Taehyung ligar para si o chamando para um programa aleatório no início da tarde. Naquele momento, nem mesmo queria a presença do alfa o pedindo para que saísse do amontoado de cobertores para comer alguma coisa queimada pelo mais velho que ainda estava aprendendo a cozinhar devidamente. Taehyung havia ido trabalhar novamente e ele agradecia mentalmente por isso já que esses eram os únicos momentos em que ninguém o lembrava que agora existia mais alguém ali entre eles. Desde que seus pais decidiram mandá-lo ficar com o Kim até que aquela criança estivesse fora do seu corpo a sua vida se tornou ainda mais monótona e sem sentido. Não queria ouvir seus pais xingando Taehyung por ter tirado sua pureza, segundo os mesmos, mas também não era nada bom ver o mais velho preocupado com o filho, perguntando a todo tempo quando Jeongguk iria deixá-lo tocar em sua barriga e forçando um tom de voz fofo para se comunicar com uma criança que nem mesmo estava ali presente. Também tinha Kim Haesoo, essa não gostava de si e não escondia sua opinião de ninguém. Apenas lembrava a todo momento que Jeongguk carregava o seu neto e deveria fazer o seu

filho feliz. Ele já estava fazendo Taehyung feliz da forma que podia; ele estava infeliz por Taehyung, mas Haesoo parecia não notar isso. — Vamos! Levante, Jeon! — A alfa entrou no quarto, abrindo a cortina e permitindo que a luz do sol entrasse no ambiente, iluminando cada canto de maneira incômoda. — O Taehyung vai chegar e esse quarto ainda se encontra uma bagunça, depois que ele estiver aqui só amanhã para conseguirmos. Levante! — Eu não quero sair daqui… — respondeu sincero. — Me deixe aqui, por favor. O filme já vai acabar, eu quero saber o final… — Na verdade, não se importava com o final em que o príncipe e a princesa viveriam felizes para sempre, apenas queria enrolar a mulher e dormir, podendo se isolar completamente. — Nada disso — respondeu, puxando os cobertores do corpo do Jeon, fazendo-o se levantar. — Ainda tenho que te ensinar a como preparar a comida do Taehyung, o meu garoto trabalha e estuda, não pode se esforçar tanto quanto está fazendo. Você precisa aprender a se cuidar e manter meu neto saudável. — Eu não quero cuidar de mim, eu não quero cuidar dessa criança! — Jeongguk gritou, assustando a mulher. — Eu não queria nem estar aqui, parem de me lembrar que eu preciso cuidar de mim para essa criança sobreviver! Já estava chorando, sentado no chão enquanto murmurava que não queria nada daquilo, Haesoo encarava a cena sem saber como fazer o garoto parar de chorar. Sabia que estava sendo difícil para Jeongguk descobrir que iria ser pai antes mesmo de ser considerado um adulto segundo a lei, mas não custava ele aceitar que agora viveria a três, certo? Tentou levar a mão ao ombro do garoto, não sendo impedida e sabia que era por sua presença forte, mas Jeongguk não se mostrava confortável com aquilo. O ômega continuava a chorar copiosamente, soluçando alto e deixando que toda a sua frustração fosse revelada. Ele parecia tão mimado daquela maneira, mesmo preocupada a mulher só conseguia pensar em como aquele garoto não era a pessoa certa para seu filho. — Gukkie, eu cheguei! — Taehyung entrou animado no quarto, logo notando o Jeon chorando enquanto sua mãe encarava a cena totalmente estática. — O que está acontecendo aqui? — perguntou preocupado, indo em direção ao garoto para abraçá-lo. — Calma, Jeongguk… E foi daquela maneira que permaneceu durante os dias que passou naquele lugar. —x—

O garoto estava parado em frente ao local dito como clínica clandestina, sentindo as mãos suarem e o seu dilema interno crescer a cada momento. Sabia que tudo aquilo podia piorar, que no dia seguinte Taehyung nem mesmo iria olhar na sua cara, mas era a sua vida em jogo. Se via tendo que escolher entre a sua vida ou a do bebê, e ele não estava disposto a dar ainda mais desgosto, trocando tudo que seus pais haviam planejado para si, por uma criança a qual não sentia afeto algum. Suspirou,

colocando

a

touca

do

moletom

na

cabeça,

escondendo-se de si mesmo, e entrando pelo pequeno portão do bairro pobre. Subiu alguns degraus de escada e logo se encontrou diante da madeira bastante desgastada, sabendo que era ali. Bateu na porta algumas vezes, logo anunciando seu nome para a mulher de voz fina, que a abriu e deu passagem para o adolescente entrar. — É nosso dever perguntar se você tem certeza disso… — Enquanto anotava em um papel as informações de Jeongguk, a ômega que aparentava já estar a beira dos quarenta anos comentou. — Sabe que depois que ele estiver morto você vai carregar o peso de uma morte e isso pode trazer traumas psicológicos, não sabe? — Aquela mulher falava como uma mãe preocupada e Jeongguk não estava nem um pouco interessado em ouvi-la. — Essa… Ele não sente nada, não é como se cuidar dele fosse algo que me deixaria com uma mente equilibrada. — Entregou o dinheiro para a mulher, que contou o valor, nota por nota. — Eu… eu quero que vocês queimem esse papel quando estiver acabado, por favor. — Você ainda é jovem, garoto. As pessoas que vem aqui não têm a mínima condição de cuidar de uma criança, na maioria das vezes é apenas uma certeza de que a criança nascerá doente e no nosso país, não é permitido que elas evitem o nascimento de forma segura. — Sorriu triste. — O alfa responsável pelo serviço vai chegar em breve, se puder aguardar ali — apontou para algumas cadeiras em um corredor. — Eu achei que a minha vida pessoal não interessasse aqui — murmurou, caminhando em direção a uma das cadeiras. Já faziam alguns minutos que estava ali, esperando o tal médico clandestino chegar, seu celular não parava de tocar e já estava sentindo medo com a hipótese de Taehyung ter descoberto tudo e agora estava tentando impedir que ele acabasse com aquilo que estava o destruindo diariamente. Pegou o aparelho, agradecendo mentalmente a qualquer entidade divina por se tratar apenas de Jimin, logo atendendo.

— Oi, hyung… — Estava sem ânimo para iniciar uma conversa, de fato, mas queria ter alguém para distraí-lo durante os minutos que teria que esperar ali. — Jeongguk, eu vi uma reportagem agora e você logo me veio à cabeça. — Jimin tinha a voz animada, diferente do mais novo. — Eu vi um ômega tão fofo contando sobre a experiência de ter um bebê, de cuidar da vida de outra pessoa. Ter filhos deve ser algo lindo, eu estou tão emocionado que quis contar logo para você! — Diferente dele, eu não tenho capacidade de cuidar de uma vida — respondeu baixo, mas o suficiente para que o Park escutasse. — Mas de qualquer forma deve ser muito bonita a paternidade, não? Uau! Um bebê chorando, comendo e dormindo! Realmente, espetacular... — É uma pequena vidinha que começa a crescer e se desenvolver, um bebê recém nascido é a prova de que a vida é especial. — Sabia que Jimin estava sorrindo enquanto falava. — Ah, eu fico imaginando como você se sente em saber que existe uma vida dentro de você, ela já é uma coisa preciosa com poucos meses. — Esse embrião, melhor, feto, não tem nem quatro meses. Ele não sente nada, Jimin. — Suspirou, levando um de suas mãos à barriga sem volume aparente por conta do moletom largo, mas quando se olhava sem roupas, Jeongguk já conseguia notar a pequena elevação ali. Havia virado um costume apertar suas mãos na tentativa de escondê-lo sempre que alguém citava o tal. — A vida não é tão simples assim para se surgir, não é só questão de uma combinação e um útero disponível. — Claro que ele é uma vida, Jeongguk! — Jimin gritou, fazendo o mais novo afastar um pouco o aparelho da orelha. — Ele está dentro de você, é uma parte sua e do Taehyung. Uma vida. Todos nós já o consideramos da família, o Taehyung até mesmo já contou para todos da faculdade que o filho de vocês está a caminho. Não diga que ele não é uma vida, porque ele é! — Tudo bem, Jimin. Eu preciso desligar agora. — Observou o homem com luvas cirúrgicas entrar no corredor, logo chamando por si. — Até mais tarde, eu acho. Nos vemos qualquer dia. Guardou o celular no bolso, se levantando e seguindo o alfa. Entraram num pequeno quarto, com uma mesa e cama provisória, além dos equipamentos necessários para acabar com tudo aquilo. Realmente uma situação precária. Sentou-se à frente do alfa, que explicava novamente tudo que ele havia lido na internet e ouvido falar em jornais, explicando cada detalhe, mas a mente de Jeongguk apenas vagava em como Taehyung iria reagir caso chegasse na sua casa dizendo que havia matado o filho dele. Era o filho de Taehyung de qualquer forma.

— Você pode vir por aqui, Jeon. — O alfa se levantou. — Jeon? Você tem certeza de que quer fazer isso? — Eu não tenho certeza de nada. — Abaixou a cabeça, limpando uma lágrima que não havia notado escorrer antes. — Eu não posso fazer isso com o Taehyung... — Você não precisa fazer o processo se não quiser. — O mais velho exibia calma, como se já soubesse que o ômega iria desistir antes mesmo de entrarem ali. Foi até a sua gaveta, pegando uma pequena embalagem. — Leve isso, caso se decidir em abortar a gestação isso pode ser suficiente. Não devolvemos o dinheiro. Ele era frio no que dizia, e jeongguk não queria ser visto daquela maneira por Taehyung. Não podia tirar de si o que motivava o alfa a se esforçar diariamente. Pegou a pequena caixa com alguns comprimidos e se despediu do homem, não seria nada fácil passar pelos próximos meses, mas faria de tudo para não usá-las. Naquele momento, não existia mais o seu futuro com o Kim, então ao menos algo que o fizesse feliz ele deixaria. A felicidade de Taehyung sempre seria mais importante que a sua.

Notas Finais

Edit: o capítulo foi corrigido sem que ocorresse alteração em seu sentido. Achei necessário adicionar alguns avisos nas notas iniciais, por isso elas foram modificadas. Caso não se sinta realmente confortável em algum momento, recomendo que pare e pense se quer realmente continuar sabendo que nada aqui se cura magicamente. Precisamos

falar

sobre

depressão,

precisamos

falar

sobre

ansiedade e precisamos falar sobre transtornos psicológicos. Sim. Mas também precisamos nos colocar como prioridade em alguns momentos.

CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA Apoio emocional e prevenção ao suicídio: 188 - válido para todo o Brasil
História No Mercy - Capítulo 1 - História escrita por xback - Spirit Fanfics e Histórias

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