Livro Brincar e Inclusão

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Brincar e

inclusão

“A brincadeira é a atividade mais inclusiva para as crianças” Esta frase é o resumo de tudo o que você vai ver neste e-book. Você vai saber, por especialistas, porque o brincar e a inclusão estão tão conectados, vai ter exemplos práticos e dicas preciosas para incluir a criança com deficiência na brincadeira. Aproveite!

Índice Apresentação

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Aproveitar a brincadeira como meio de

inclusão da criança com e sem deficiência

Brincar pra quê?

Para respeitar as diferenças

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Importância do Brincar: o papel da brincadeira

na inclusão de crianças com deficiência

Tão simples quanto deve ser

A ocupação da criança e a brincadeira

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É libras e a experiência dos

familiares de crianças com deficiência

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A brincadeira não precisa ser igual

O autismo e as faces da brincadeira

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crianças iguaizinhas que tem em casa

Um circuito sensorial cheio de aventura

para todas as crianças

Brincadeira que estimula o tato e o

reconhecimento de cores para as crianças

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deficiências físicas de todos nós

Você no Tempojunto: Hedrienny e as

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Brincadeiras que ultrapassam as

Informações finais

Créditos e copyright

Apresentação Bom, você chegou até aqui! Que ótimo! Seja muito bem-vindo! Sei que você quer ler logo as informações que mais te interessam, mas te convido a parar um pouquinho aqui para conhecer quem, afinal, escreveu e organizou este e-book. Muito prazer, eu sou a Patricia Camargo, mais conhecida como Patcamargo e sou sócia da Patricia Marinho, que concebeu o projeto Tempojunto. O projeto nasceu do desejo de melhorarmos o tempo que passamos com os filhos. A consequência foi a constatação de que brincar junto, além de ser divertido, aproxima, reúne e cria um repertório comum de assuntos que enriquece a vida da família e reforça o vínculo entre pessoas que se amam. O Tempojunto tem como principal objetivo mostrar aos pais (e tios, avós...) a importância do brincar para as crianças e para o fortalecimento do vínculo na família. Mais do que isso, queremos oferecer de forma muito prática, dicas, sugestões de brincadeiras e atividades que possam ser feitas pela família toda junta, não importando o local onde estão, o tempo disponível ou a condição financeira. Queremos é contribuir para que tenhamos um mundo realmente mais brincante. Desde o início do Tempojunto, havia uma preocupação minha e da Patricia Marinho de trazer brincadeiras que fossem úteis para o maior número possível de famílias, no dia a dia de cada uma. Por isso, a diversidade está sempre na nossa pauta. Seja de tempo disponível, de espaço disponível, de número de filhos, da idade dos filhos, de condições financeiras. E trabalhar a realidade das crianças com deficiência é uma necessidade nossa também.

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Eu tinha uma bagagem de informação sobre inclusão por conta de meu trabalho junto à Organização Mundial da Saúde no passado. Daí eu fui buscar mais informação e ajuda. Bati na porta de várias instituições que trabalham com as mais diversas deficiências: motora, visual, intelectual, auditiva. E cada conversa foi um crescimento e uma mudança no meu entendimento da relação deste universo. Estes papos, os artigos que estudei e nossas reflexões sobre o assunto estão reunidas neste e-book para você. Além de atividades práticas, dicas e brincadeiras e outras fontes legais de consulta. Como uma parte destes textos foi publicada anteriormente no blog do Tempojunto você pode encontrar algumas informações duplicadas. Não faz mal. Algumas vezes a gente precisa mesmo da repetição para mudar pensamentos, ideias, culturas e comportamentos. Espero que você aproveite muito. E, independentemente de tudo o que você lerá aqui, o mais importante é saber que o principal é que aprendamos a ver a deficiência como mais uma das tantas características que formam uma criança. E ela precisa ser vista nesta totalidade. Desta forma, a brincadeira será algo natural e “adaptada” pelo próprio grupo de crianças que está brincando. Até, Patcamargo

Patricia Camargro e Patrícia Marinho

Sobre o Tempojunto Desde 2015, quando criamos o Tempojunto, seguimos mostrando que é possível mudar a rotina e trazer uma relação mais saudável, feliz e brincante com os filhos. Depoimentos de pais e mães agradecendo pelas dicas de brincadeiras, dizendo que o Tempojunto realmente mudou para melhor seu dia a dia com os filhos comprovam isso. Estamos no blog (www.tempojunto.com) e nas redes Youtube, Facebook, Pinterest e Instagram. O livro Tempojunto - 100 ideias de brincadeiras em qualquer situação foi lançado em outubro de 2015. A caixinha Antitédio Tempojunto foi lançada em 2016.

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Aproveitar a brincadeira como meio de inclusão da criança com e sem deficiência Faz tempo que eu queria falar sobre a brincadeira como uma catalizadora da relação entre todas as crianças. Mesmo aquelas que têm alguma deficiência, seja ela qual for. Eu sempre digo que na minha opinião, brincar é o que existe de mais inclusivo que os pais podem oferecer aos filhos. A gente até falou sobre isso num dos posts da série Brincar prá Quê? sobre diferenças. Mas fomos um pouco mais a fundo sobre a brincadeira como meio de inclusão da criança porque sabemos que sempre estão juntinho conosco os familiares e educadores que vivem a inclusão das crianças no dia a dia.

“É no brincar que a criança tem a possibilidade de desenvolver habilidades motoras, perceptivas e cognitivas”. Fomos pesquisar estudos e artigos científicos e conversar com especialistas e instituições que apoiam crianças com alguma deficiência, como a APAE-SP, o LARAMARA e a AACD e confirmamos o que já imaginávamos: o brincar é o melhor veículo de interação das crianças e as brincadeiras podem ser brincadas por todos.

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Um livro incrível que eu conheci nestas pesquisas é o Brincar para Todos, escrito por Mara O.Campos Siaulys, presidente da LARAMARA, uma associação de assistência ao deficiente visual aqui em São Paulo e referência no Brasil. O livro traz uma enormidade de brincadeiras que podem ser feitas por pais e filhos ou por crianças independentemente de ter ou não um grau de dificuldade de visão. Outro livro que recomendo é Brinquedos e Brincadeiras Inclusivos, do Instituto Mara Gabrilli, que também traz vários exemplos de brincadeiras. E sabe o que é o mais incrível? O título do livro nem precisava do “inclusivos” porque as brincadeiras que estão lá não têm nada de especial ou diferente. São as brincadeiras que postamos no blog do Tempojunto todos os dias. Talvez um olhar ou um cuidado a mais sejam necessários, mas na maioria dos casos, brincar é brincar e ponto final.

Livro: Brincar para todos

“É no brincar que a criança tem a possibilidade de desenvolver habilidades motoras, perceptivas e cognitivas”. Afirmação que tirei do livro e que resume tudo, não é mesmo? Além dos livros, outra referência importante é o curta metragem Cordas, baseado na vida do diretor Pedro Solís, que é pai de um menino com paralisia cerebral. Consagrado com o Prêmio Goya de 2014 - Espanha, o curta mostra a amizade entre Maria, uma garotinha muito especial e Nicolás, seu novo colega de classe, que tem paralisia cerebral. A menina, percebendo algumas das dificuldades do amigo, não desiste e faz de tudo para que ele se divirta e consiga brincar. Usando a criatividade, ela recria jogos e brincadeira para que o amigo possa brincar com ela. Foram essas as referências onde aprendi que não existe receita para que uma brincadeira seja inclusiva, para que se enquadre em todas as situações. No entanto, algumas premissas são básicas para garantir a diversão de todos. Elas estarão espalhadas neste e-book no formato de dicas.

Dicas: • Respeitar o tempo de cada um; • Respeitar o conhecimento de cada pessoa; • Combinar com os participantes a melhor forma de tornar a brincadeira inclusiva.

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Brincar pra quê? Para respeitar as diferenças Conforme eu falei lá na apresentação do e-book, a deficiência é apenas mais uma característica da pessoa. Uma criança também é menino ou menina, baixo ou alto, gordo ou magro, preto, loiro, indígena, quilombola, urbano, rural, tímido, extrovertido, calado, tagarela. Tudo isso junto ou separado, entre tantas outras características, além da deficiência. Então, antes de tudo, a gente tem que fazer uma pausa para falar de respeito às diferenças, quaisquer que sejam. O importante é dar a liberdade de escolha nos momentos de brincar. “Afinal, se a gente não brincar juntos, como é que saberemos viver juntos quando ficarmos adultos?”, foi o comentário da Carol, a filha da Patricia Marinho, quando perguntamos sobre o assunto. Incrível, não é?

“As crianças precisam brincar, independentemente de suas condições físicas, intelectuais ou sociais.” A brincadeira ajuda a criança a respeitar outras as diferenças. Quando elas brincam com irmãos ou amigos de idades muito diferentes, por exemplo, precisam saber os tempos e limites de cada um. O mesmo acontece quando no grupo de amigos há uma criança com alguma deficiência. E o mais incrível é perceber como as brincadeiras funcionam mesmo como um catalisador do respeito. Eu tenho certeza que o brincar é a atividade mais democrática que pode existir entre as crianças. Com uma ou outra adaptação que elas mesmas podem definir ou você, como adulto, pode explicar, não há quem não possa participar de uma boa brincadeira.

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Se você quer que seu filho cresça um adulto que compreenda e respeite as diferenças dos outros, deixe-o brincar livremente com crianças que não sejam iguais a ele. Juntas, elas conseguirão adaptar as brincadeiras para a realidade e possibilidade de cada um. Para saber mais, você pode assistir ao papo que eu e a Patricia Marinho batemos sobre o brincar e o respeito às diferenças:

Ou assista o vídeo no Youtube: https://youtu.be/U6jPhh9B1JU

Dica: • Oferecer brincadeiras que quebrem preconceitos em relação ao gênero; • Não permitir manifestações discriminatórias no grupo.

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Importância do Brincar: O papel da brincadeira na inclusão de crianças com deficiência Mudar a forma como encaramos a deficiência é a chave para a inclusão de toda a qualquer criança, segundo Meire Cavalcante, mestra e doutoranda em Educação e Inclusão pela Unicamp (Campinas/ SP) e bacharel em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero (São Paulo/SP). Sócia-diretora da So Ham (consultoria especializada em educação inclusiva), coordenadora do Fórum Nacional de Educação Inclusiva (região Sudeste) e fundadora do Portal Inclusão Já!

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Este é um texto que não deveria ter sido escrito. (Bom, Patcamargo, então prá quê você escreveu? Calma. Me acompanhe). O Brasil é um país com 7,3% das crianças com deficiência, segundo o Censo de 2010 do IBGE*. E aproximadamente 8% da população mundial possui olhos azuis. Qual a diferença destas duas informações? Uma é mais trágica, poderíamos dizer. Só que não. Ao menos do ponto de vista de sociabilização, interação, convívio e acesso não deveria haver diferenciação, já que tanto um quanto o outro pode precisar de um apoio para facilitar seu acesso a determinada situação. Pessoas com olhos claros, por exemplo, se sentem mais confortáveis de óculos escuros num dia ensolarado.

Na brincadeira, as crianças se ajudam: as que enxergam e as que não enxergam; as que escutam e as que não escutam; as que correm muito depressa e as que não podem correr. Eu conheci a Meire durante uma das conversas da série Diálogos do Brincar, promovido pelo Instituto Alana, quando ela falou sobre o “Brincar na Diferença”. O vídeo completo está no final deste texto. O que me chamou a atenção neste papo foi a assertividade dela ao dizer que as diferenças estão em todos nós e que nenhuma pessoa pode ser vista por um aspecto da sua vida. “A deficiência não é algo a ser combatido, derrotado ou eliminado. A deficiência, qualquer que seja, é apenas uma das múltiplas e infinitas características que constituem um ser humano. E a existência de uma pessoa não pode ser desqualificada, deslegitimada em razão da deficiência”, afirma a especialista. Foi quando eu ouvi este trecho que destaquei em negrito que resolvi convidá-la para conversar conosco no Tempojunto.

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“Estamos passando por um processo profundo de transformação de conceitos e práticas. E a compreensão da mudança do conceito de deficiência é o ponto-chave”, explica. E para isso é preciso compreender o conceito de diferença. A diferença está em todos nós. É uma característica intrínseca do ser humano. E está em constante mudança e movimento. Podemos nos tornar diferentes por causa de um livro, um incidente, a chegada de um filho, por exemplo. E certamente você já deve ter visto como uma mesa experiência, um mesmo acontecimento (a morte, por exemplo) provoca mudanças diferentes em cada pessoa. Por isso é irreal definir uma pessoa apenas por um aspecto da sua existência; apenas por uma diferença. Como também torna-se insuficiente frente à complexidade do ser humano pensar que uma deficiência iguala todos os que a têm. Em outras palavras: se uma criança é cega, ela não é igual a todas as outras crianças cegas só pela sua diferença. “Só é possível falar em brincar e brincar para todos se tivermos dois conceitos: de brincadeira e da diferença” Explica Meire. Leia a síntese do que ela fala na entrevista em vídeo que deu para o blog do Tempojunto. “Temos que entender que a brincadeira é um direito de todas as pessoas. Em seguida, perceber que seria absurdo achar que os seres humanos são todos iguais, e que qualquer diferença seria um defeito.” O que entendemos por diferença (eu sou diferente do outro) não consegue alcançar a complexidade humana. Precisamos compreender que a diferença é um atributo do ser humano e ela não é comparável. Somos únicos porque somos diferentes. Inclusive nós somos diferentes do nosso “eu” de minutos atrás, porque estamos em constante transformação. A deficiência é tão somente apenas uma das características múltiplas que compõem o ser humano.

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Alguém, por exemplo, que tem uma deficiência, ela não é sua deficiência. Ela tem outros atributos físicos estuda em algum lugar, tem um passado e uma história de vida. É alguém que pensa e tem opiniões, humores, sentimentos e sensações. A deficiência não define ninguém, nem pode ser base para dizermos o que uma criança pode ou não fazer; com o que ela pode ou não brincar. Eu posso planejar uma brincadeira maravilhosa ou adaptar o brinquedo para que uma criança deficiente possa usar. E aí eu ofereço para criança e ela quer brincar de outra coisa porque não gostou da cor do brinquedo ou está a fim de outra brincadeira. Simples assim. Aqui no Tempojunto a gente concorda plenamente com isso. E quando a brincadeira entra neste contexto? Confesso que no início do meu trabalho no Tempojunto, eu tinha prá mim que brincadeira é brincadeira e ponto. E como existem uma centena de brincadeiras por aí, certamente há brincadeiras para qualquer turma de amigos. Mas ficava aquela “pulga atrás da orelha”, de quem não é especialista em desenvolvimento infantil. “Será que não temos que escrever aqui no blog sobre brincadeiras para crianças com deficiência?” ou “Será que não valeria ter alguém de uma instituição que apoie crianças com deficiência para olhar as brincadeiras que postamos e sugerir modificações que as tornassem mais inclusivas?”. Fomos buscar ajuda neste sentido. O que a Meire nos trouxe, aliás ela e outros profissionais envolvidos com a questão da criança, a deficiência e o brincar, é que minha primeira premissa estava no caminho mais correto. O brincar, a brincadeira e os brinquedos não enxergam deficiências.

Dica: • Celebre a diferença na brincadeira como algo positivo e necessário.

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“Estamos tentando construir uma sociedade que entenda deficiência como parte das múltiplas infinitas possibilidades das pessoas estarem no mundo isso tira um pouco o peso de ter que ser um especialista para trabalhar com deficiência. Se alguém se pergunta: será que esta brincadeira funciona ou não funciona para quem tem deficiência a pergunta está errada. Qualquer pergunta deste nível perde o sentido quando você olha o ser humano e não simplesmente a deficiência”.

“O grupo pode mudar as regras de um jogo para que todos se divirtam juntos” Então, se você chegou até aqui, já deve ter compreendido que a brincadeira é a atividade mais inclusiva que você pode oferecer para seu filho, seja ela uma criança com deficiência ou não. E que brincar, as brincadeiras e os brinquedos não precisam ser especiais ou diferentes por isso. Daí que eu falei que este post não precisaria ser escrito. Mas a mudança do paradigma de olhar uma criança com deficiência conforme a Meire coloca não acontece do dia para noite e no meio deste caminho nós pais, família, professores temos muitas dúvidas. “Mesmo que seja óbvio que eu disse, quando a gente parte para a realidade concreta, estes conceitos se esvaziam e, em geral, volta-se a ter a necessidade de ‘receitas’, ou especificação em relação a algo que se faça com a deficiência, o que muito provavelmente é o que limita nossa capacidade de criação, de imaginação, interação e de resolução de problemas, já que voltamos a imaginar que é a deficiência que vai estabelecer de primeira a necessidade da criança”, afirmou Meire na série Diálogos. Por isso te convido a acompanhar um pouco mais este texto e a entrevista.

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Questões práticas

Bom, então, a gente não precisa se preocupar, nem planejar nada quando há crianças com deficiência num grupo, no que se refere à brincadeira? Foi minha pergunta. “Se preocupar não”, responde Meire. “Mas ter um olhar atento e propor a construção de soluções conjuntas quando o grupo se ver frente a uma falta de acesso das crianças para aquela determinada brincadeira”, explica. Conforme o grupo de amigos passar a ter autonomia de decisões do que fazer a cada situação, tonar-se-á natural a busca de alternativas, sem que isto se transforme em um problema ou na exclusão. Veja os exemplos que ela dá: “A bola geralmente é um brinquedo que desperta muito interesse nas crianças. Para uma criança cega seria interessante ter um guizo na bola. Mas talvez não seja preciso comprar uma bola especial. O grupo pode pensar em como improvisar algo sonoro para aquela bola. Da mesma forma que o grupo pode mudar as regras de um jogo para que todos se divirtam juntos”. Isso é reconhecer a acessibilidade, reconhecer a necessidade das pessoas do grupo e perceber que é preciso haver mudanças para que haja uma acessibilidade um benefício para todas as pessoas que estão brincando. “E a construção coletiva dos recursos de acessibilidade é altamente pedagógico, porque vai naturalizando a busca por soluções por todos e para todos”, explica Meire na entrevista. “Um brinquedo construído coletivamente vira um brinquedo potente para criança com deficiência e para todas as outras do grupo”. A receita no final é perguntar para a pessoa o que ela precisa e não supor antes. O que significa também aprender a ouvir e compreender a criança, mesmo pequena, em suas outras infinitas formas de comunicação, mesmo sem ser a oralidade ou a escrita. “A diferença não é o que aprisiona a criança em uma definição fixa, que não considera suas outras características, preferências e necessidades e que a impediria de estar ou fazer o que quiser”. Vamos então?

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Se você tem em seu convívio uma criança com deficiência, a “dica” de Meire é primeiro observar e compreender a criança e sua turma. E mais importante do que tentar antecipar é lidar com o imponderável que acontece. Mas dá para se preparar antes para saber conduzir a situação. A Unicef, em parceria com a Vila Sésamo, criou, por exemplo, o Guia Incluir Brincando (gratuito neste link), que ajuda neste processo. Há em sites de ONGs que trabalham com a inclusão e nas instituições de apoio várias indicações de leitura, muitas delas gratuitas e acessíveis a todos. No final da nossa conversa, Meire abordou um tema que eu sei que “pega” também aqui no Tempojunto em duas frentes: a relação da escola e dos pais das crianças com deficiência. As políticas públicas de educação inclusiva da última década foram efetivas e decisivas para garantir o acesso, a permanência e o aprendizado das pessoas com deficiência na escola comum. Em 2003, 71% das 504 mil matrículas de pessoas com deficiência eram em escolas ou classes especiais. Isso significa que tínhamos sistemas de ensino majoritariamente segregadores até então. Em 2014, o número de matrículas saltou para 886,8 mil, sendo que dessas 79% são matrículas inclusivas. Na rede pública de ensino, os dados são ainda maiores: Hoje, 93% das pessoas com deficiência matriculadas em escolas públicas estão em salas comuns (Censo Escolar/INEP/MEC).

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Meire explica que em sua opinião as reuniões entre escolas e pais poderiam ter uma dinâmica diferente da maioria atual. Mais do que falar do desempenho de cada aluno, seria interessante que os pais vivenciassem as atividades propostas por meio das brincadeiras. Inclusive para crianças de ensino fundamental. “Há um susto dos pais quando eles ficam sabendo que as crianças brincam na escola”, ela conta. Que tal, ein? Brincar na reunião de pais? Se você quer se aprofundar mais, vale à pena assistir à participação da Meire Cavalcante na série Diálogos do Brincar.

Ou assista o vídeo no Youtube: https://youtu.be/UuBtRp_nCvg

N.A. Os textos em itálico são as declarações literais da entrevistada *Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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Tão simples como deve ser Fernanda Monteiro é terapeuta ocupacional, formada há 10 anos. Especializanda em Psicomotricidade Relacional, Pós-Graduada em Ergonomia e Gestão Organizacional. Ela sempre trabalhou com crianças, com e sem deficiência, diretamente relacionado à estimulação infantil. Atualmente, realiza orientações para escola referentes à inclusão de crianças com deficiência. Realizou treinamentos para professores da rede pública para inclusão de crianças com deficiência no ensino regular. E é por tudo isso que conversamos com ela sobre a importância da brincadeira no desenvolvimento das crianças com deficiências

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“A ocupação da criança é a brincadeira. O que for feito para que a criança entenda ou interaja precisa ser lúdico”, explica Fernanda. Ela conta que o brincar facilita a aproximação do adulto com a criança (tanto com, quanto sem deficiência) porque coloca todos no mesmo nível. Ele deixa de ser o que sabe mais. “Por exemplo, em uma brincadeira de imaginação, se a criança é o “papai” ou a “mamãe”, o adulto, como filho, terá que obedecer”, esclarece. Fernanda afirma que a brincadeira é a ferramenta que a terapia usa para chegar até a criança, porque esta é a linguagem que elas entendem e se comunicam. Então, uma evolução de desenvolvimento ou dos estímulos é percebida durante a brincadeira. Infelizmente ainda o olhar das pessoas pode trazer dúvidas sobre se a criança com deficiência brincam. A gente sabe a resposta, mas perguntamos também para a Fernanda. Será que a resposta dela é diferente do que você imagina? http://bit.ly/Criança_brinca_muito E como brincar? A Fernanda responde: http://bit.ly/Como_brincar_crianca_deficiencia Outra coisa incrível que a Fernanda confirmou para a gente é a capacidade que a brincadeira tem de colocar juntas crianças com ou sem deficiências. “Porque a criança aprende depois o que é uma deficiência mais para frente”, conta a terapeuta. No momento de brincar criança é criança. Ela até percebe diferenças, mas ela não se atenda a isso. Ao contrário, a tendência é que naturalmente as crianças encontrem meios de fazer a brincadeira funcionar.

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É Libras: A brincadeira na visão de quem quer brincar com naturalidade Quando eu entrevistei o Bruno Straforini e a Flávia Lima, criadores do canal É Libras, a palavra que mais me chamou atenção foi “naturalidade”. Esta naturalidade é a principal mensagem destes dois jovens que passaram pela experiência do brincar na infância com a visão que quem tem a deficiência. Bruno tem deficiência auditiva e fala o idioma Libras. Flávia é cadeirante.

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Sobre a criação do canal, Bruno e Flávia dizem: “Refletimos sobre o privilégio de termos o outro por perto pra poder desabafar, trocar experiências e renovar estratégias pra viver nesse mundo de cobranças. Na mesma hora pensamos na quantidade de pessoas que vivem o que nós vivemos mas não tem alguém que compreenda essa situação pra poder conversar. Filmamos o primeiro vídeo (…) com uma mensagem que nós dois pensamos ser importante falar.” E o que eles falam sobre o brincar: Tempojunto - A brincadeira é inclusiva ou não? Bruno - A brincadeira não é inclusiva, ela é natural. Flávia - A brincadeira é um dos únicos lugares onde não temos regras, então nada mais inclusivo que a naturalidade. Tempojunto - Vocês brincavam quando crianças? Bruno - Eu brincava normalmente com meus amigos ouvintes na rua. Minha família nunca privou, nem obrigou que eu tivesse brincadeiras específicas de surdos. Eu brincava de esconde-esconde, de taco e nem as crianças ouvintes tinham esta distinção comigo. Quando eu podia brincar de algo direto eu brincava. Em outros momentos, as crianças ouvintes mesmo adaptavam a brincadeira. Nada era adaptado quando eu brincava na infância. Eu gostava (e gosto) muito de videogames, por exemplo e não há games para surdos. Flávia - Quando eu era criança eu não era cadeirante, mas tinha já uma limitação física de locomoção. Me lembro de brincar com tudo naturalmente. E quando chegava num limite, ninguém dizia: “Ah, vamos parar ou mudar agora porque a Flávia não pode”. Eu era a única criança com deficiência no meu grupo de amigos e tudo que dava para ser adaptado era, mas era feito na hora, entre a gente. Como o Bruno, era muito natural. Eu brincava muito na rua. Gostava muito de apostar corrida de bicicletas.

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Tempojunto - A família de vocês não colocou barreiras no brincar de vocês. Como foi a relação entre vocês e seus familiares no brincar? Bruno - Minha família disponibilizou para mim brincadeiras que eles conheciam de crianças ouvintes. O que me ensinaram eram brincadeiras e brinquedos típicos de qualquer criança. Nada havia adaptado para surdos. Eu nem pensava que poderia haver qualquer distinção. Flávia - Eu também não me lembro de meus pais buscarem algo mais fácil ou adaptado por causa da minha limitação. Ao contrário, eu tenho mais dois irmãos e sempre brincamos juntos com todas as coisas. Eu fazia até onde conseguia e fazia coisas diferentes. Tempojunto - Como era o brincar na escola? Bruno - Infelizmente eu não tenho coisas boas para falar da época da escola. Os professores eram mal informados e muitos tinham pena, em lugar de facilitar a inclusão. Para jogar futebol ou vôlei eu era sempre excluído. Os alunos é que me puxavam para brincar. Eu não entendia porque não podia, por exemplo, jogar bola se era uma brincadeira que eu fazia em casa. Eu lembro muito da repressão dos professores no meu contato com as brincadeiras com outros alunos. Flávia - Eu sentia a mesma coisa na escola. E, em geral, eram os alunos que me incluíam nas atividades porque os professores não sabiam como fazer, e me deixavam de lado. Mas esta vivência nos fez aprender a não dar ouvidos quando uma pessoa acha necessário nos limitar por nossa deficiência. Nós sabemos até onde podemos ir. Os limites, se existirem, existem a partir de nós. Mas quando você é criança e não entende porque você fica sentado no banco enquanto as crianças estão brincando, corre o risco de se acostumar com a situação. Tempojunto - O que vocês diriam para os pais de crianças com deficiência que têm esta preocupação de encontrar brincadeiras e brinquedos adaptados? Bruno - Para vocês que têm filhos surdos e se preocupam com as brincadeiras que eles podem brincar, o que podem fazer é trabalhar a autonomia e formas que ele possa se comunicar, como uma fono ou a linguagem de sinais.

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Sem essa de “meu filho tadinho”. Tenham orgulho dele para ser como ele é. Flávia - O que tenho a dizer é que vocês se preocupam com as brincadeiras porque olham para a deficiência dos seus filhos. Mas eles não se vêem assim. Nós não vemos. Quem vê a deficiência é quem está de fora. Deixem que eles sejam eles mesmos. Eles vão encontrar o que os diverte. O que eu gosto da brincadeira é que ela não tem regras, não é para ter distinção. Brincadeira é brincadeira. Vocês saberão qual a brincadeira ideal como qualquer criança sabe qual é a brincadeira preferida. Tempojunto - Brincar é... Bruno - Brincar é naturalidade Flávia - Brincar é brincar E ponto final, não é gente?

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Os adultos precisam entender que a brincadeira não precisa ser igual Como nada é por acaso, quando estava pesquisando o assunto, a Michelli Freitas ([email protected]) falou com a gente pelo Facebook porque nos seguia e achava que nossas dicas de brincadeiras funcionavam bastante no seu trabalho com crianças autistas. Ela é mãe do Diogo, que tem autismo, e é Pós-Graduanda em Psicopedagogia, e Ensino Estruturado para Criança Autista. Quando a Michelle disse que poderia colaborar com a gente, eu fiquei bem feliz. Então, dou a palavra a ela.

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Olá pessoal. Afinal crianças autistas brincam ou não? Qual a importância do brincar? Autista, só gosta de ficar sozinho, no canto dele? Autista não gosta de ser tocado? Autismo é sinônimo de retardado mental? E com todas essas “características” eles brincam? Sabem brincar? Quantas perguntas, quantas dúvidas. Bom e para conversarmos um pouco sobre as crianças autistas brincando vamos começar conceituando brevemente o autismo. O autismo é um Transtorno, não é uma doença, que atinge 1 a cada 68 crianças segundo dados do CDC (Center Disease Control) nos Estados Unidos. Existem estudos que já falam 1 a cada 45, prevalecendo maior número de meninos, na proporção de 1 para 4. É um transtorno de desenvolvimento que atinge áreas de comunicação (demoram mais a falar e muitos não chegam a falar), interação social (como a comunicação está prejudicada e existem falhas de habilidades sociais, fica difícil interagir com outras pessoas), comportamentos restritos (ou seja interesses restritos, gostam das mesmas coisas, tendo dificuldade ao novo).

Brincando, a criança entra em contato com o ambiente, torna-se ativa e curiosa. Então se tenho uma criança com todas essas características como é que elas vão brincar? Não é muito mais fácil que ela fique mexendo no computador, vendo vídeos fazendo sempre a mesma coisa? A resposta é: NÃO. São crianças que tem toda a capacidade de brincar, nós só precisamos ensinar, ter paciência para respeitar suas diferenças e dificuldades.

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Mas então essas crianças brincam mesmo com todas estas características? A resposta é: SIM minha gente elas brincam, e podem brincar muito apropriadamente bem como seus pares da sua idade. Para isso acontecer o primeiro passo deve ser sabe de quem? Seu, isso mesmo você que está lendo este texto. A criança autista até que ela aprenda a brincar, até que ela como dizemos adquira o repertório de brincar ela precisa do adulto para mediar essa brincadeira para ensiná-la como brincar, para mostrar o quanto brincar pode ser divertido e prazeroso.

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Como é mesmo que se brinca com as crianças autistas? Primeiro você deve aprender como brincar com as crianças. Será que sabemos brincar temos disposição corporal, emocional para brincar com nossas crianças? Se a resposta é não, você está no local certo porque o Tempojunto está cheio de ideias para você brincar com sua criança.

“Parece que, do ponto de vista do desenvolvimento, a brincadeira não é uma forma predominante de atividade, mas, em certo sentido, é a linha principal do desenvolvimento das crianças na primeira infância” Mas e com as crianças autistas? Bom essas precisam da sua paciência, do seu olhar de observação para ver o que a interessa, precisa de um ambiente com menos estímulos, de apoios visuais para que ela entenda o que você quer dela. De uma fala mais econômica, clara, pausada para que assim ela tenha chance de saber o que você espera dela na brincadeira. Boa Sorte a todos e não desistam nunca de suas crianças tenham a elas a dificuldade que tiverem.

Dica: • Respeitar a criança com hipersensibilidade tátil ou visual (realizar as atividades no ritmo dela); • Interferir quando alguém estiver excluído da brincadeira; • Privilegiar atividades que valorizem as capacidades (e não as dificuldades) de cada um.

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Brincadeiras que ultrapassam as deficiências físicas de todos nós Eu tenho 1,57cm. Durante muitos anos da minha infância, eu era uma das mais altas da turma. Mas em algum momento entre a 3a. e 4a. séries do primário (os atuais 2o. e 3o. anos do fundamental) eu fui ficando “para trás” dos meus amigos. E nem por isso eu deixei de brincar. Ser baixinha significou algumas superações na hora de jogar volei ou brincar de basquete e até de alcançar o fundo da piscina. Mas eu sempre dei um jeito. E quando a altura fazia diferença mesmo, bom, eu brincava de outra coisa. Não me lembro de ter ficado um dia brincando sozinha por causa disso.

O brincar dá oportunidade para a felicidade acontecer. E como eu, cada um de nós tem uma “deficiência física”. Alguns mais gordos, outros altos demais para fazer uma cambalhota descente, outros usando fixadores nas pernas ou cadeiras de rodas. “Ahhh, mas não dá para comparar ter pouca altura com estar em uma cadeira de rodas!”. Dá sim. Dá quando a gente enxerga a pessoa a partir de todas as suas características físicas e não só por uma delas. Porque se olhamos só para as diferenças físicas tenho certeza que muitos de nós estaríamos fadados a ficar em casa, sem fazer nada, já que estamos fora de um padrão estabelecido eu sei lá onde e sei lá porque. As brincadeiras que ultrapassam as deficiências físicas estão em toda parte. Hoje eu vou dar algumas dicas de como uma brincadeira pode ser universal e acessível às crianças que têm uma deficiência ou dificuldade em sua locomoção. Muito do que está aqui foi tirado de textos de pesquisas científicas sobre o assunto e do Guia do Brincar Inclusivo, feito pela Unicef. Como diz a abertura do guia, “você vai ver: incluir é bem mais simples do que parece e torna a brincadeira muito mais divertida!”

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Planejar, sim, mas sem prever tudo Foi publicada recentemente uma reportagem no Catraquinha sobre um garoto que além de apoiar o amigo em todas as brincadeiras, acabou conseguindo fundos pela internet para comprar ao colega uma cadeira nova, que permitiria mais mobilidade. Olha aqui a imagem dos dois brincando juntos. Então, a primeira coisa que vocês pais, amigos e familiares precisam saber é que as crianças, elas mesmas, têm a capacidade de agir para que o amigo seja incluído nas brincadeiras, adaptando as regras ou não, de uma forma muito mais natural. O segredo é, de novo, tratar as características da deficiência como uma entre outras diversas características das crianças. A segunda coisa vai para todos os pais e mães: eduque seu filho para que ele saiba brincar, tenha um “estoque” grande de brincadeiras e entenda que uma brincadeira, mesmo aquela com regras, pode ser mudada e adaptada a nosso bel prazer, sem prejuízo nenhum para a diversão. Desta forma, seu filho será uma criança com capacidade, criatividade e jogo de cintura para enxergar além de qualquer possível barreira e ser um ser humano inclusivo. E por fim, planejar, claro é importante. Mas você jamais será capaz de prever todas as variantes que podem acontecer num dia de uma criança. Já pensou, por exemplo, que pode ser um dia de mau humor, como qualquer um de nós tem? Então, não se frustre se uma atividade planejada não foi pelo caminho que você pensou. Isso não quer dizer que tenha dado errado. Aproveite para simplesmente conduzir e deixar que o grupo resolva a situação sozinho, seja propondo outra adaptação, seja trocando a brincadeira ou o brinquedo.

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Nos casos de crianças com deficiência física, há algumas adaptações simples, como prender o brinquedo no braço, usar materiais que não deslizam facilmente e pedir a alguém que movimente a cadeira de rodas durante o brincar. Deixar a criança interagir com os brinquedos é essencial para que você possa observar quais mudanças e adaptações são necessárias em cada situação. Alguns exemplos de brincadeiras com uma possível adaptação:

Cesta Um galão de água com o fundo cortado e a alça preservada torna-se uma cesta. Pinte-a para deixá-la bem colorida. Uma ou mais crianças arremessam a bola, que deve ser apanhada por quem segura o objeto (use bola com guizo para as crianças com deficiência visual). No caso de alguém com o movimento dos braços reduzido, é possível amarrar a cesta à cadeira de rodas ou ao braço, por exemplo. Um colega pode ajudar na brincadeira ao movimentar a cadeira de rodas ou a própria cesta.

Caixa dos sentidos Faça dois buracos na lateral de uma caixa de papelão para permitir que as mãos acessem seu interior. Deposite um ou mais objetos e feche. O jogador precisa tatear, ouvir e até cheirar para adivinhar o que tem ali. Ganha quem descobrir tudo (deixe o tempo de contagem flexível, pois crianças com deficiência intelectual podem levar mais tempo para brincar). Quando houver uma pessoa com deficiência física, por exemplo, que não fala, use comunicação alternativa, como placas ou letras móveis.

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Livro: Guia do Brincar Inclusivo

Piscina de bolinhas

As crianças se sentem muito bem nesse brinquedo, pois as bolinhas coloridas e macias estimulam os sentidos e acalmam. Aquelas com deficiência física podem precisar da ajuda de um colega ou do educador para se acomodarem. Importante: nas brincadeiras em que é preciso tirar a criança da cadeira de rodas, peça sempre orientação de como fazer isso à família ou ao profissional de saúde que cuida da criança. Para tornar inclusivas as brincadeiras, bastam algumas mudanças nas regras ou nos acessórios utilizados. Muitas vezes, quando uma criança com deficiência participa, é preciso estimular o espírito colaborativo em todos. Por exemplo: é possível que um amigo empurre a cadeira de rodas ou ajude a criança com deficiência física a realizar certos movimentos.

Brincadeira supreendente Em uma palestra sobre deficiência e o brincar que assisti, a palestrante comentou sobre o caso de uma menina que sempre pedia aos pais para brincar na casa de uma colega paraplégica. Ela ficava horas brincando e voltava feliz e satisfeita. Os pais se intrigavam curiosos em saber como, afinal, as meninas brincavam. Um dia, resolveram perguntar: “de boneca, ué”, foi a resposta simples, como toda criança. Às vezes, quem complica somos nós ;)

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Fui ao zoológico Uma criança, andando na parte interna da roda, diz: “Fui ao zoológico e vi uma girafa!” ou “Fui ao zoológico e vi um elefante!”. Em seguida, aponta para uma das crianças que, junto com os colegas ao lado, precisa “criar” o animal escolhido pelo colega (elefante ou girafa). Quem se atrapalhar na hora de criar o bicho e errar entra na roda e passa a apontar. Se a criança tiver movimentos reduzidos, um colega pode ajudá-la a mover os braços, por exemplo. Dado de hitstórias Confeccione dados grandes, feitos de papelão. Em cada face,coloque desenhos em alto relevo (e o nome escrito e em braile) das imagens. Cada dado pode ter um tipo de informação em suas faces: animais, verbos, objetos, pessoas, adjetivos, lugares… Quando a criança lança o dado, precisa inventar na hora uma história que contenha o objeto descrito. A complexidade das histórias aumenta se dois ou mais dados forem combinados.

Dica:

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• Não interfira a favor de ninguém, mas permita que eles encontrem soluções para as diferenças; • Estimule as crianças a ajudarem quem tem mobilidade reduzida e outras dificuldades.

Jogos de tabuleiro No caso de crianças com dificuldade de mobilidade, é possível que o educador ou um colega vire a carta, ande com o pino, jogue os dados ou faça as jogadas. Por exemplo, em um jogo da memória, funcionaria assim: a pessoa vai apontando as cartas desde o início e, quando a criança escolhe, ela pisca ou fala. Daí, o ajudante vira a carta. Para revelar a segunda peça, o ajudante recomeça os apontamentos até a sinalização da nova carta, até se formarem os pares.

...

Viu como é possível? Sem traumas ou crises?

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Você no Tempojunto: Hedrienny e as crianças iguaizinhas que tem em casa Ao contrário dos outros especialistas que publicamos neste e-book, o currículo da Hedrienny deve ser bem parecido com o seu:ela é mãe, trabalha fora e divide os afazeres da casa com o marido (que também trabalha fora) e com a babá. Mãe de três filhos como eu. Mas dois de seus filhos, o Daniel e a Júlia, além de todas as outras características de crianças pequenas, têm deficiência visual e, no caso do Daniel, também autismo.

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Mas outra coisa que a Hedrienny tem em comum comigo, com você, com a gente, é que ela é uma pessoa que valoriza a brincadeira e sabe da importância dela para seus três filhos. E é por isso que ela está aqui, para contar sobre sua rotina, seu dia a dia e a relação com a brincadeira na sua família. Tempojunto - Como é a rotina de vocês? Hedrienny - Eu trabalho em período integral. Sou coordenadora financeira de um shopping aqui em Brasília. Meu marido também trabalha; é gerente de desenvolvimento. Temos uma verdadeira operação logística em casa rs. Daniel (5 anos, quase 6) vai pra escola de manhã e fica em casa à tarde com a babá. Júlia (3 anos, quase 4), fica em casa de manhã com a babá, e vai pro colégio à tarde. Pedro (1 ano) fica em casa o dia todo com a babá. Dan e Júlia estudam em um colégio “especial” para deficientes visuais aqui em Brasília, Dan vai todo dia e a Júlia duas vezes por semana. O colégio que Júlia frequenta é um contraturno regular, com metodologia montessoriana. Lá ela faz atividades como balé, música e também atividades pedagógicas. Ela convive com crianças sem deficiência e é muito bem aceita por todos.

Hedrienny e seus filhos

O Daniel infelizmente ainda não está preparado para frequentar um colégio regular, pois além de ser deficiente visual, tem autismo. E este é um fator que dificulta sua socialização. Hoje no CEEDV (Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais) ele tem total suporte e atendimento de uma professora especializada (excelente por sinal) exclusiva para ele. Isso tem ajudado muito. Em um colégio “normal” ele não teria esse apoio... Já tentamos e foi um desastre.

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Tempojunto - Em que momentos a brincadeira entra na rotina de vocês? Hedrienny - Sempre brincamos à noitinha, quando todos estão em casa, e aos fins de semana. A noite é bem corrida, e temos uma rotina para ir dormir, mas faço questão de pelo menos ler um livro. Júlia é a criança mais brincante que conheço! Topa tudo! Tem muita criatividade e imaginação. Mesmo com algumas limitações ela sempre se envolve! Dan já é um pouco mais limitado, o autismo somado à cegueira diminui esse potencial imaginativo e por isso temos um pouco mais de dificuldade em envolvê-lo na fantasia. Mas quando tem algo mais motor e concreto na brincadeira, ele gosta! Parquinhos são a brincadeira favorita dele. Tempojunto - Seus filhos brincam juntos? Você consegue brincar com eles em algum momento? Hedrienny - Sim. Júlia ajuda muito Daniel! Ela convida ele, e chama pra brincar. Consegui muitos avanços com Daniel com apoio dela! Tempojunto - Como é a relação da Júlia com os irmãos na hora de brincar? Hedrienny - A Júlia é nossa parceira! Impressionante como cativa a todos e contamina Daniel de forma positiva. Ela é uma líder nata! Se impõe e ninguém passa a perna nela rsrsrsrs. Tinha um pouco de dificuldade em dividir, mas hoje em dia já superou. O carinho entre eles é a coisa mais linda que já vi... Daniel procura por ela, é a única criança que ele aceita. Ela desperta interesse nele. Tempojunto - Você se preocupa em ter brincadeiras “especiais” ou “adaptadas” para a Júlia, ou prefere deixar acontecer o brincar naturalmente? Hedrienny - Sim, brincadeiras e atividades direcionadas para deficientes visuais são muito importantes. Sobretudo o desenvolvimento da coordenação motora fina, habilidade que eles precisam desenvolver para a escrita e leitura braille.

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Mas, Dan e Júlia já são supridos disso no colégio. Por isso, em casa eu tento brincar de coisas tradicionais apenas direcionando a forma de brincar, usando o tato, olfato e audição a favor deles. Júlia brinca de TUDO. Boneca, comidinha, carrinho... Ela até desenha! Me pergunta “mamãe, que cor desse lápis?”. Eu respondo verde da cor da grama, vermelho da cor da maçã etc... Direciono para o concreto e dá super certo. Tempojunto - E com relação a brinquedos? Hedrienny - Daniel tem preferência por brinquedos sonoros, musicais... Júlia gosta de tudo! Brinquedo de montar, brinquedo caseiro, boneca, tudoooooo na vida rsrsrsrs. Pedro, com um aninho, entra na farra e se interessa por absolutamente tudo que os irmãos estejam brincando. O mercado tem muito brinquedo adaptado e em braille, mas como eles ainda não são alfabetizados em braille, não vemos necessidade em adquirir apenas brinquedos “especiais”. O colégio concorda com esse posicionamento. No quarto deles, tenho um alfabeto em braille em MDF, para que eles possam tocar de forma espontânea na cela braille e despertar interesse, aos poucos. Tempojunto - Qual a importância da brincadeira na vida da família? Você acha que a brincadeira ajuda no desenvolvimento dos seus filhos? Hedrienny - Brincar com os filhos é uma das formas de demonstrar amor, cuidado, interesse... Quando a família consegue se envolver, mesmo numa rotina super agitada, o vínculo é fortalecido. Não somos uma família típica, ter um filho com deficiência não é fácil. Ter 2 filhos com deficiência então... É um desafio constante! Nosso caçula, Pedro, não tem nenhuma deficiência, então a diferença entre eles é enorme! Embora Daniel e Júlia sejam cegos, Daniel tem autismo e o direcionamento que temos com ele é totalmente diferente do que praticamos com Júlia, e Pedro. Aprendemos com Júlia e Daniel que a deficiência visual não é NADA, e isso não os impede de serem crianças normais e brincantes. Pois antes de serem deficientes, cegos ou autista, são apenas CRIANÇAS. Tempojunto - Complete a frase: brincar é... Hedrienny - Obrigação de criança.

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Um circuito sensorial cheio de aventura para todas as crianças Quando falamos de inclusão, estamos supondo que há alguém que não faz parte do grupo. E nossa experiência como adultos nos indica quase automaticamente que uma criança com deficiência será excluída do grupo. É. Pode acontecer. Mas quando deixamos a exclusão como premissa, tendemos a raciocinar valorizando a deficiência e limitando a criança a ser apenas alguém com uma deficiência. E a realidade é bem outra. Me explico. Quem já viu minha foto, pode dizer que sou “japinha”. Ou se me apontarem na multidão, podem dizer “é aquela baixinha ali”. Agora quem convive comigo, pode dizer que a Patcamargo é faladeira; é brava; é engraçadinha. Todas estas características sobre mim estão corretas. Acontece que eu não sou só UMA destas coisas. Sou todas estas juntas e muitas outras caraterísticas além destas. Da mesma forma, alguém com deficiência está longe de ser só isso. Ainda no meu exemplo, eu não me recordo em nenhum momento da minha vida ter alguém facilitando minha convivência na hora de brincar com outras crianças porque sou mais baixa que a média. Não havia mãe, avó, professor da escola, irmão ou coleguinha que chegasse e dissesse: “olha, gente, vamos combinar de jogar a bola mais baixo porque a Patricia vai brincar e ela é baixinha”. Ninguém também baixou a cesta de basquete para mim na aula de educação física (que lástima!kkkk). O que acontecia, é que na hora que qualquer brincadeira começava, automaticamente ou eu ou quem estava comigo íamos adaptando o jogo para que a minha “baixeza” fosse compensada. Em resumo, procure deixar que a brincadeira seja moldada pelas crianças com deficiência e sem deficiência durante o trajeto e não previamente.

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Este longo início foi para contar que a brincadeira de hoje tem muito a ver com inclusão porque ela possibilita incluir vários sentidos que normalmente não percebemos: o circuito sensorial. Minha primeira motivação para este circuito foi a foto que fiz quando visitei o Laramara, uma instituição que faz um trabalho com crianças com deficiência visual e suas famílias, mostrando como ter autonomia e estar integrado nas atividades sociais. O caminho construído por eles tem detalhes interessantes que eu quero destacar e que vão servir de inspiração para você elaborar um circuito sensorial na sua casa, no parque, usando os recursos disponíveis. Reproduzir em casa Olhando a foto do circuito, ela é um caminho que se inicia na parte azul, que é um chão lisinho. Em seguida vem um trecho com areia, uma escada, a ponte que é ligeiramente instável e de madeira, a escada e o chão de pedrinhas. Só aí já é possível brincar de exploração descalços experimentando com os pés vários tipos de pisos diferentes. Além disso, as mudanças do terreno (piso instável, escada) são excelentes para trabalhar coordenação, noção espacial e equilíbrio. Observando ainda o circuito, as paredes também têm texturas diferentes, seja o granulado da pintura, as varas de bambus pregadas ou a parte com pedras. Cada uma destas etapas desperta um sentido novo nas crianças.

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E como brincar? Propondo que as crianças explorem o espaço com os pés descalços, com as mãos. Em uma vez andando bem devagar; outras vezes mais rápido. De olhos vendados, tentando adivinhar em que parte do circuito estão. E até só tentando produzir barulhos diferentes em cada etapa do caminho. Tenho certeza que será um momento de diversão e exploração incrível. Mas a minha dica é antes de propor qualquer coisa, simplesmente deixar as crianças testarem o circuito sozinhas.

A brincadeira é a vida da criança. Brincando, a criança desenvolve os sentidos e adquire habilidades para usar mãos e corpo. E como fazer um destes em casa? A proposta é aproveitar o que há na sua casa ou, por exemplo, usar os recursos de um parque ou uma praça. Você pode criar um chão diferente usando pedaços de tecidos, tapetes com tramas diferentes (de linha, de sizal, de plásico). Aproveitar folhas secas, papel amassado para diferenciar o chão. Outra alternativa é andar descalço na grama ou na areia da praia. Prenda cordas na parede. Aproveite paredes com textura, mais rústicas, mais lisas ou com revestimento de azulejo. Deixe que as crianças toquem em árvores e plantas de olhos fechados.

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Dica: • Mostre como dá para se divertir; • Ajude quando for necessário.

Aproveite escadas, rampas e degraus que possam existir num caminho em volta do quarteirão.

Ou seja, dentro ou fora de casa é possível montar um circuito sensorial cheio de aventuras para todas as crianças brincarem juntas. Que tal?

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Brincadeira que estimula o tato e o reconhecimento de cores para as crianças Volta e meia recebemos em quase todas as redes do Tempojunto uma solicitação de brincadeira que contemple crianças com deficiências. Por conta disso, eu e a Patricia Marinho fomos buscar informação com especialistas no assunto, que pudessem nos orientar sobre dicas para adaptar brincadeiras possibilitando a inclusão. Um destes grupos que buscamos foi a Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, ou simplesmente, Laramara, uma das referências em atenção à criança com deficiência visual de São Paulo. Além de conversar com os profissionais de lá, conhecer a brinquedoteca deles e ser apresentada ao livro Brincar para Todos (gratuito, de 2005), eu acompanhei o trabalho com duas turmas de crianças e conheci as brincadeiras feitas na Laramara. Saí de lá com a sensação que, com algumas ressalvas, as brincadeiras feitas lá eram próximas, senão iguais às que fazíamos no Tempojunto. Isso ficou guardadinho. Depois de algum tempo, publicamos aqui um post falando sobre a brincadeira como sendo a mais inclusiva das atividades para a crianças. No post, duas especialistas em psicologia e neuropsicologia dão um passo a mais na explicação sobre a relação do brincar e a deficiência. Outra vez a sensação de estarmos num caminho sem tantas distinções assim nas brincadeiras e brinquedos caseiros.

Tinta e sagú A brincadeira que aprendi no Laramara que vou mostrar precisa de materiais simples: tinta de duas cores bem contrastantes, como azul e amarelo; sagú ou bolinhas de isopor e papel sulfite ou tipo craft.Separe as tintas em duas vasilhas grandes, em que as crianças possam colocar as mãos livremente. Em uma delas, coloque o sagu ou as bolinhas de isopor (precisam ser das bem pequenas). Deixe a outra sem nada.

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Chame as crianças para brincar. Estimule-as a criar desenhos com as mãos sem misturar as tintas, apenas sentindo diferença sensorial provocada pelas bolinhas. “Se para toda criança a brincadeira é muito importante, para a criança com deficiência visual ela é fundamental”, afirma Mara Siaulys, fundadora do Laramara em seu livro Brincar para Todos. Esta é a foto que eu fiz do trabalho que eles fizeram.

O mais legal é que a brincadeira que estimula o tato e o reconhecimento as cores trabalha o sensorial em todas as crianças. Para as com cegueira total, a cor pode ser entendida pelo tato. Já as que tem baixa visão, conseguem diferenciar também pelo contraste das cores escolhidas. E as crianças sem estas deficiências experimentam também o sensorial e o visual. A boa notícia que a entrevista com a jornalista, mestra e doutoranda em Educação e Inclusão, Meire Cavalcante traz é que as brincadeiras são mesmo inclusivas e, os pais de crianças com deficiência não precisam se preocupar em adaptar brincadeiras para seus filhos.

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Informações finais: Bom, é isso que gostaríamos de dizer para você sobre o brincar e a inclusão das crianças com deficiência. Mas este assunto não se esgota aqui. Muito ao contrário, todos os dias são elaborados mais e mais conteúdos sobre o tema. E ainda bem que é assim. Esperamos que você possa aproveitar todas as informações, dicas e brincadeiras que colocamos aqui e se inspire a buscar muitas outras mais. Inclusive no Tempojunto, já que brincar é para todos mesmo, certo? Você nos encontra nestes canais: Blog: www.tempojunto.com Facebook: https://www.facebook.com/tempojunto/ Youtube: https://www.youtube.com/c/tempojunto Instagram: @tempojunto Pinterest: https://br.pinterest.com/tempojunto/ quequiser não faltam são alternativas se inspirar! SeOvocê compartilhar algumapara coisavocê conosco, sugerir,Divirta-se! corrigir, conversar, tem também nosso e-mail: [email protected]

Agora vamos brinca r?

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Saiba mais sobre nossos produtos O e-book vem com 43 fichas de brincadeiras para você guardar, imprimir e consultar sempre que quiser propor atividades estimulantes para o seu bebê. As atividades são separadas por faixa etária e nível de desenvolvimento da criança, para que você saiba exatamente o que propor para o bebê à medida que ele cresce. http://bit.ly/E-book0a2

Com o e-book “Como Brincar com eu Filho de 2 a 4 anos” você aprende 60 brincadeiras para fazer em casa que vão estimular o movimento, a coordenação motora fina, a linguagem, a criatividade, os sentidos e a regulação emocional das crianças. Tudo no formato de fichas que você pode acessar e imprimir para nunca ficar sem ter ideias do que brincar.E você ainda aprende 10 maneiras de brincar de massinha, 10 brincadeiras rápidas para fazer a qualquer hora e dicas para incentivar o hábito da leitura. http://bit.ly/E-book2a4 Para quem quer criar uma rotina de brincadeiras mais estimulante e ter sempre uma sugestão bacana prontinha, desenvolvemos o e-book Brincadeiras Simples e Surpreendentes para Crianças de 3 a 6 anos. Nele você conta com 42 fichas de brincadeiras inovadoras, testadas pelo Tempojuntoe organizadas pensando em todas as características das crianças nesta fase. As brincadeiras são divididas em “Dentro de Casa”, “Fora de Casa” e “Artes” e cada ficha vem com a lista de material necessário, instruções de como repetir em casa e dicas para tirar o melhor proveito de cada atividade proposta. http://bit.ly/ebook3a6

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Saiba mais sobre nossos produtos O e-book Tempojuntonas Férias resolve para você o planejamento dos 31 dias de férias das crianças, com 200 brincadeiras divididas em 4 calendários por faixa etária e muitas dicas sobre como aproveitar o mês de férias para ter o melhor tempo possível com as crianças! Você encontrará um calendário de 1 a 2 anos; outro de 2 a 3 anos; um terceiro de 3 a 6 anos e o último para quem tem filhos com mais de 6 anos, com as dicas de brincadeira dia a dia. Tem também um modelo em branco para vocês criarem o tempo junto nas férias do seu jeito. http://bit.ly/bm_ebkferias Brincar pode ser mais fácil do que imagina. São 100 brincadeiras para você fazer em 10 situações diferentes: em casa, com os amigos, enquanto espera, na piscina, no engarrafamento, na viagem longa, no parque, no quintal, no restaurante e quando você só tem 10 minutinhos. Indicado para crianças a partir dos 3 anos. https://www.tempojunto.com/lojinha/

Que tal ter 40 ideias no seu bolso para sacar na hora em que precisar? Leve no bolso ou na bolsa o livro em forma de caixinha que vai acabar com o tédio dos seus filhos. Convide seu filho para tirar uma das 40 cartas. Em cada uma a sugestão de uma brincadeira inteligente e estimulante para aproveitar o tempo que você tem com as crianças. https://www.tempojunto.com/lojinha/

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Aviso Legal Antes de finalizar este e-book, tem algumas coisas que são importantes que você saiba. Podem parecer não tão divertidas como todo o conteúdo que disponibilizamos, mas gostamos de tudo muito bem explicado, como nas brincadeiras que compartilhamos com você. O e-book ‘Brincar e Inclusão’ é um produto que faz parte do projeto Tempojunto. Isso quer dizer que ao adquirir este conteúdo você concorda com os avisos legais descritos aqui: 1- O conteúdo não pode ser copiado, reproduzido, comercializado e distribuído, sem a autorização formal. 2- As fotos são de uso exclusivo do projeto Tempojunto. Lembre-se! Pirataria é crime. Você sabe que fazemos tudo com muito carinho, respeito e cuidado. E como as brincadeiras aqui foram feitas com nossos filhos, ou com crianças que conhecemos, imagina o quanto a gente se esforçou para conquistar o melhor resultado. Mas, mesmo assim, ainda podem haver erros de digitação e de links. Se você encontrar algum, por favor, escreva pra gente que faremos a atualização rapidinho. Outro ponto importante é que qualquer coisa na vida tem riscos. E no nosso caso, a ideia é sempre que você aproveite as dicas aqui para curtir um tempo junto com a criança. Mesmo escolhendo atividades próprias para o momento do seu filho, não o deixe sozinho, evitando que coloque objetos indevidos na boca ou que se machuque. Sua supervisão é fundamental em todas as atividades para a diversão ser completa e inesquecível.

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Créditos e copyright Como o e-book é fruto da nossa experiência prática, pode ser que seu filho reaja diferente do que publicamos. Normal. Não queremos esgotar o assunto ou ser a única referência. Se você tiver alguma dúvida com relação ao desenvolvimento ou adequação das brincadeiras, fale com um especialista. Espero encontrar você no nosso blog e nas nossas redes sociais. Até breve!

Copyright © 2017 Tempojunto Texto e conteúdo: Patricia Camargo Entrevistas: Patricia Camargo Arte e diagramação: Victor Morais Fotos: Arquivo pessoal, Tempojunto e Pixabay Dicas e Frases: Brincar é para Todos - Mara O. Campos Siaulys - Imprensa Oficial Incluir Brincando - Guia do Brincar Inclusivo - Vila Sésamo Brinquedos e Brincadeiras Inclusivos - Instituto Mara Gabrilli

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Livro Brincar e Inclusão

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